Panorama Mundial do Trabalho Infantil e a Experiência Brasileira Laís Abramo Diretora do Escritório da OIT no Brasil Brasília, 8 agosto de 2013
TRABALHO INFANTIL Forma inaceitável de trabalho, cuja prevenção e eliminação é prioridade da OIT Antítese do trabalho decente Grave violação aos direitos humanose aos direitos fundamentais do trabalho O trabalho infantil pode ser erradicado desde que haja um compromisso sustentadoda comunidade internacional e que sejam enfrentadas tanto as suas manifestações mais evidentes quanto as suas causas sistêmicas
O TRABALHO INFANTIL PODE SER ERRADICADO Desde que haja um compromisso sustentado da comunidade internacional Desde que sejam enfrentadas tanto as suas manifestações mais evidentes quanto as suas causas sistêmicas Um esforço que supõe a colaboração entre : Governos e outras instituições do Estado Organizações de Empregadores e de Trabalhadores Organizações da Sociedade Civil Organizações internacionais
IDADE MÍNIMA PARA A ADMISSÃO AO TRABALHO C. 138 e R. 146, (1973) Ratificada por 156 países (pelo Brasil em 2002) Idade mínima: não deverá ser inferior à idade correspondente à escolaridade obrigatória (e em nenhum caso inferior a 15 anos) Formulação de políticas nacionais para: abolição efetiva do trabalho infantil aumento progressivo da idade mínima de admissão ao trabalho até um nível que possibilite o completo desenvolvimento físico e mental dos jovens
PIORES FORMAS DE TRABALHO INFANTIL C. 182 e R. 190 (1988) Ratificada por 182 países(pelo Brasil no ano 2000) Adoçãode medidasimediatase eficazespara eliminaras pioresformas de trabalhoinfantilemcaráterde urgência, independentemente do nível de desenvolvimento do país todos os setores de atividade econômica crianças e adolescentes até 18 anos atenção especial aos mais vulneráveis(crianças pequenas) e àsmeninas/ adolescentes (importante dimensão de gênero)
PIORES FORMAS DE TRABALHO INFANTIL Escravidão ou trabalho forçado Atividades ilícitas Tráfico de drogas, prostituição e pornografia (exploração sexual comercial) Atividades perigosas, insalubres e degradantes
Panorama Mundial
PANORAMA MUNDIAL: TRABALHO INFANTIL RelatórioGlobal da OIT de 2010, com dados de 2008 215 milhõesde crianças(5-17 anos) emsituaçãode trabalho infantil no mundo 115 millhões envolvidas no trabalho perigoso Nesse período o ritmo de redução foi insuficiente e decrescente: 2000-2004: redução de 10% 2004-2008: redução de 3% Mantendo-se a atual tendência, o objetivo de eliminar as piores formas de trabalho infantil até 2016 não será atingido
TENDÊNCIA GLOBAL TRABALHO INFANTIL
TRABALHO PERIGOSO: TENDÊNCIA GLOBAL 12 11 Tendência Global no trabalho perigoso (faixa etária 5-17, percentual) 11.1 % 10 9 8 7 6 8.2 7.3 5 2000 2004 2008 Ano
DIFERENÇAS POR FAIXA ETÁRIA E SEXO (2004-2008) 5 a 14 anos: o redução de 10% no trabalho infantil total o redução de 31% no trabalho infantil perigoso 15 a 17 anos: o aumento de 20% no trabalho infantil, principalmente entre o sexo masculino: o adolescentes que atingiram a idade mínima para trabalho(em alguns países), mas estão envolvidos em trabalhos perigosos. Meninose adolescentesdo sexomasculino: o incidência do trabalho infantil é maior o ritmode reduçãoé maislento
TENDENDÊNCIA GLOBAL 18.0% Tendência Global do trabalho infantil por sexo (faixa etária 5-17, percentual) 17.0% 16.8% 16.0% 15.0% 15.2% 14.9% 15.6% % 14.0% 13.0% 13.5% 12.0% 11.0% 11.4% 10.0% 2000 2004 2008 Boys Meninos Ano Girls Meninas
TENDÊNCIAS REGIONAIS Ásiae Pacífico: 96 milhões(14,8% do total); redução significativa AméricaLatina e Caribe: 10 milhões(9% do total); redução leve ÁfricaSub-Saariana: 58 milhões(28.4% do total); em aumento
TENDÊNCIAS REGIONAIS África Subsaariana 58 milhões 28.4% do total América Latina e Caribe 10 milhões 9% do total Ásia e Pacífico 96 milhões 4,8% do total
TENDÊNCIAS REGIONAIS Crianças trabalhadoras (faixa etária 5-14, milhões) 140 120 127 122 100 96 Milhões 80 60 40 20 17 11 10 48 49 58 0 Região Ásia e Pacífico América Latina e Caribe 2000 2004 2008 África Subsaariana
TRABALHO INFANTIL POR SETOR ECONÔMICO Trabalhoinfantil, distribuiçãoporramode atividade econômica(%) faixa etária 5-17 Não Definidos Serviços Indústria Agricultura
Panorama Brasileiro
SIGNIFICATIVA REDUÇÃO DO TRABALHO INFANTIL (1992-2011) Númerode criançase adolescentesentre 5 e 17 anos ocupados 9000000 8000000 7000000 6000000 5000000 4000000 3000000 8.423.448 6.492.745 5.125.455 4.849.223 4.250.401 3.673.000 1992 1993 1995 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 Fonte: IBGE - PNAD 56% de redução entre 1992 e 2011
8.423.448 1994 Criaçãodo FNPETI 1996 Início do PETI EVOLUÇÃO NO BRASIL 1995 Criação dos GECTIPAS Programas de Ação Integrados MS e BA 2000 Ratificação C182 2002 Ratificação C138 Criação do Catavento 6.492.745 5.125.455 2004 Caravana Nacional Bolsa Família Política Nacional de Saúde Plano Nacional 2007 iniciativade Cooperação Sul-Sul 4.849.223 2008 Decreto nº 6.481 Sistema de Informação sobre Trabalho Infantil 4.250.401 3.673.000 2011 Plano Brasil Sem Miséria
TRABALHO INFANTIL POR GRUPO ETÁRIO (2004 2011) % 40.0 35.0 30.0 25.0 20.0 15.0 10.0 5.0 0.0 Nível de ocupação das crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos 35.1 28.6 19.9 13.5 11.8 8.4 8.6 4.5 1.4 0.6 05 a 09 anos 10 a 13 anos 14 e 15 anos 16 e 17 anos 05 a 17 anos Fonte: IBGE - Microdados da PNAD 2004 2011
REDUÇÃO DA POPULAÇÃO OCUPADA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES (2004 2011) 16.0 14.0 12.0 10.0 8.0 6.0 14.3 Ritmo Médio de redução por faixa etária (% ao ano) 13.5 13.3 6.7 4.0 2.0 2.1 3.0 2.6 3.7 0.0 05-09 10-13 14-15 16-17 Faixa Etária 2004-2007 2007-2011
TRABALHO INFANTIL POR GRUPOS ETÁRIOS (PNAD 2011) Número de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos (em mil) 4,000 3,000 963 + 2007 = 82% 3,600 2,000 2.007 1,000 615 963 0 89 5 a 9 anos 10 a 13 anos 14 a 15 anos 16 a 17 anos 5 a 17 anos
CRIANÇAS E ADOLESCENTES OCUPADOS (PNAD 2011) Número de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos Dados e Indicadores 5 a 9 anos 10 a 13 anos 14 e 15 anos 16 e 17 anos 5a 17 anos População Ocupada 89.072 614.832 962.846 2.007.148 3.673.447 Número de Aprendizes - - 32.499 127.016 159.515 % emrelaçãoaototal de ocupados - - 3,4 6,3 4,3 Empregadoscom carteira assinada - - - 437.332 437.332 % emrelaçãoaototal de ocupados - - - 21,8 11,9
Elementos Chave da Experiência Brasileira
ELEMENTOS CHAVES DA EXPERIÊNCIA BRASILEIRA 1. Reconhecimento oficial da existência do problema (desde meados dos anos 1990) 2. Compromissocom o enfrentamento no mais alto nível: prioridade nacional 3. Desenvolvimento da base de conhecimentos Estudos e diagnósticos Estatísticas sistemáticas desde 1992- PNAD Criação do Mapa do Trabalho Infantil, desenvolvido pelo IBGE, com base no Censo 2010, disponibilizando diversosindicadoresmunicipais(emconsultacom MDS, MPT e OIT) Aprimoramentoda mediçãocom a implantaçãoda PNAD-Contínua, mediante consulta aos usuários
ELEMENTOS CHAVES DA EXPERIÊNCIA BRASILEIRA 4. Existência do Plano Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao Adolescente Trabalhador (2004, revisto em 2010) 5. Criação de mecanismos nacionais de coordenação (FNPETI, CONAETI): Intersetorialidade no âmbito governamental: MTE, MDS, MEC, SDH, MS, MDA, ME, MJ, MP, MTur, MinC Tripartismo + Sociedade Civil Outros poderes/instâncias do Estado (PGU, MPT, JT, PF, PRF, Parlamento) Organismos Internacionais 6. Reprodução nos Estados e Municípios 7. Papel da inspeção do trabalho
ELEMENTOS CHAVES DA EXPERIÊNCIA BRASILEIRA 7. Políticas públicas: Bolsa Escola, PETI, Bolsa Família, Brasil sem Miséria 8. Campanhasde mobilização e sensibilização: fundamentais para desnaturalizar o problema 9. Prioridades na Agenda Nacional de Trabalho Decente (2006), no Plano Nacional de Emprego e Trabalho Decente (2010) e nasagendas Estaduaisde TrabalhoDecenteda Bahia (2007) e Mato Grosso(2009) 10. Cooperação Sul-Sul o Demanda constante de outros países em relação às boas práticas brasileiras de prevenção e eliminação do trabalho infantil. o Programa de Cooperação Triangular entre OIT e Brasil em 13 países em desenvolvimento.
Desafios
DESAFIOS 1. Aceleraro ritmode redução 2. Entender melhor as características atuais do trabalho infantil e seus determinantes, inclusive com estudos qualitativos 3. Desenvolverestratégiasparamonitoraras pioresformasde trabalho infantil 4. Aprimorar políticas para o campo 5. Municipalizarpolíticasde prevençãoe eliminaçãodo trabalho infantil fortalecer a gestão municipal 6. Aprimorar e ampliar a inserção de adolescentes na aprendizagem 7. Implementarescolaemtempo integralatrativae de qualidade em todos os municípios 8. Desenvolver estratégias de transição escola trabalho