Seminário sobre defesa do consumidor reúne 200 participantes no MP-SP Cerca de 200 pessoas entre Procuradores e Promotores de Justiça, Defensores Públicos, representantes de órgãos de defesa do consumidor, servidores públicos e sociedade civil, participaram do seminário O fortalecimento do sistema de defesa do consumidor e desafios atuais, realizado na última quartafeira (15/5), no auditório Queiroz Filho, no edifício-sede do Ministério Público de São Paulo. O evento foi promovido pelo Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça Cíveis e de Tutela Coletiva, em parceria com a Escola Superior do Ministério Público e Fundação Procon-SP. Coordenadora do CAO-Cível, Procuradora Lídia Helena Passos: para avançar no combate à desigualdade é preciso criar condições para mais crédito Na abertura do evento, a Procuradora de Justiça Lídia Helena Ferreira da Costa Passos, Coordenadora-Geral do CAO-Cível, que representou o Procurador-Geral de Justiça, Márcio Elias Rosa, afirmou que para avançar no combate à desigualdade precisamos também criar condições para que a maior disponibilidade de crédito, de oportunidades de consumo e de acesso à publicidade seja aproveitada como benefício autenticamente popular, como vantagem igualitária de todos os grupos sociais, que contribuem com seu trabalho e esforço para a construção da vida coletiva".
Durante a abertura do seminário, o Diretor da Escola Superior do Ministério Público, Mário Luiz Sarrubbo, declarou que o estado democrático de Direito somente se efetivará a partir da superação dos problemas atuais de consumo, principalmente no tocante ao superendividamento da população. O tema central do evento foi organizado em forma de painéis de debates e contou com a participação de especialistas atuantes na área de defesa do consumidor. 1º Painel discutiu superendividamento e educação para o crédito A mesa do primeiro debate foi presidida pelo Promotor de Justiça do Consumidor da Capital Roberto Senise Lisboa e teve como palestrante o professor da escola e administração da Fundação Getúlio Vargas Eduardo Henrique Diniz que, ao falar sobre Superendividamento e educação para o crédito, citou o impacto do acesso aos serviços financeiros no País, a partir da criação dos correspondentes bancários criados há mais de 10 anos, movimentando a economia dos municípios mais distantes com o acesso aos serviços bancários. O acesso é fundamental, mas é preciso trabalhar a educação financeira para o uso dos serviços bancários para se evitar a armadilha do crédito fácil, ressaltou.
Ao debater o assunto, a Coordenadora Institucional da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (PROTESTE), Maria Inês Dolci, falou das cartilhas lançadas pelo Instituto e disponíveis no site da PROTESTE, com o objetivo de ajudar aqueles que contratam um financiamento no sistema financeiro no País. A defesa do consumidor não pode fechar os olhos para estas questões. Para ela, se não houver mudança substancial na política de educação para o consumo, milhões serão alijados por dívidas impagáveis. O Promotor de Justiça Roberto Senise Lisboa encerrou o primeiro painel declarando que uma solução possível está no aperfeiçoamento do Projeto do Código de Defesa do Consumidor a ser sancionado pelo Congresso Nacional e na elaboração de outro Projeto que outorgue aos PROCONs a missão de promover a educação para o consumo no tratamento individual das dívidas e, ainda, de reforçar a sua estrutura para ser o órgão responsável pela tutela de renegociação de dívidas do consumidor. Disse ainda que esse mesmo projeto deveria contemplar aos Ministérios Públicos a especialização de Promotor de Justiça do Consumidor para serviços bancários e financeiros, com atribuição, inclusive preventiva, para tutela dos interesses difusos e coletivos, através do inquérito civil e ações civis públicas. Fortalecimento do sistema de defesa do consumidor foi o tema discutido no 2º Painel O tema do segundo painel foi: O fortalecimento do sistema de defesa do consumidor, que teve como palestrante Ricardo Morishita Wada, professor da Escola de Direito da FGV-RJ e ex-diretor do Departamento Nacional de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC). Ele fez uma ampla abordagem sobre o assunto, lembrando que a história da defesa do consumidor se mistura à história do MP-SP, incluindo os debates que antecederam a elaboração do
Código de Defesa do Consumidor há mais de duas décadas. Lembrou que o sistema é composto por órgãos federais, estaduais e municipais e por entidades civis. Para ele, órgãos descentralizados equilibram o funcionamento do sistema dentro de uma sociedade democrática. Ricardo Wada também afirmou ser fundamental para fortalecimento do sistema que a responsabilidade recaia sobre todos nós, porque, explicou, isso depende da ação e todos. Como debatedor do segundo painel, Paulo Arthur Lencioni Góes, Diretor Executivo da Fundação PROCON-SP e um dos idealizadores do seminário, disse que o sistema composto pelas instituições avançou muito. Afirmou que, se por um lado ainda tem sérias deficiências, por outro constituiu uma base sólida na proteção e defesa do consumidor. Destacou também que as instituições tem um longo caminho a percorrer. O Promotor de Justiça Carlos Cezar Barbosa, Assessor da Área do Consumidor do CAO-Cível, que idealizou o Seminário em parceira com a ESMP e PROCON-SP, disse que o sucesso do seminário foi demonstração clara de que os profissionais envolvidos na defesa da coletividade consumidora estão empenhados em se fortalecer para o enfrentamento das constantes inovações que se apresentam no mercado de consumo, inclusive no que diz respeito ao desmedido e nada criterioso oferecimento de crédito, que tem levado as pessoas ao superendividamento, e à publicidade abusiva que explora o sentimento de inexperiência da criança, gerando uma cadeia de efeitos deletérios. O Procurador de Justiça Edgard Moreira da Silva foi quem presidiu a mesa sobre fortalecimento do sistema de defesa do consumidor.
Debate no 3º Painel abordou publicidade e consumo infantil O último debate teve como tema Publicidade e consumo infantil e contou com palestra do Procurador de Justiça Vidal Serrano Nunes Jr, membro do Conselho Superior do MP-SP, membro do Conselho Diretor do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), Livre docente pela PUC-SP e professor da PUC-SP, que discorreu amplamente sobre legislação, colisão de direitos, proteção à criança e proteção ao consumidor. A advogada e Diretora de Defesa e Futuro do Instituto Alana, Isabella Henriques foi a debatedora do painel e apresentou dados da experiência adquirida ao longo de sua atuação à frente do Instituto e resultados de pesquisas feitas por instituições internacionais que estudam a vulnerabilidade infantil e os apelos de mercado através de publicidades que violam o Código de Defesa do Consumidor. E alertou: Bastam apenas 30 segundos de contato com determinado produto ou marca, para influenciar uma criança. O Procurador de Justiça Marco Antonio Zanellato, que também é Vice- Presidente do Instituto Brasileiro de Política e Direitos do Consumidor (BRASILCON), presidiu a mesa do terceiro painel e encerrou os debates salientando a importância da realização de eventos dessa natureza na área do Consumidor. No encerramento do evento, o CAO-Cível área do consumidor e o PROCON-SP anunciaram a criação de um fórum estadual permanente de defesa do consumidor, que será integrado por membros do MP, PROCONs, Defensores Públicos e entidades não governamentais que se dedicam à defesa do
consumidor. O fórum terá por objetivo analisar situações que representam lesão à coletividade consumidora, com apresentação de propostas para solução dos problemas. Núcleo de Comunicação Social - comunicacao@mp.sp.gov.br Ministério Público do Estado de São Paulo - Rua Riachuelo, 115 São Paulo (SP) Tel: (11) 3119-9027 / 9028 / 9031 / 9039 / 9040