. ATA DE APRECIAÇÃO DE RECURSO PREGÃO ELETRÔNICO AA - 25/2009 - BNDES MARDEN DIVISÓRIAS E CONSTRUÇÕES LTDA apresentou, tempestivamente, RECURSO contra a decisão que declarou vencedora a empresa CONSTRUTORA SANTANA E PONTES LTDA no Pregão Eletrônico AA nº 25/2009, que tem por objeto contratação de empresa especializada na realização dos serviços de montagem, desmontagem e transporte de painéis divisórios, consoante especificações do EDITAL e ANEXOS. A RAZÃO RECURSAL As razões de recurso seguem o conteúdo literal apresentado ao sítio do Comprasnet pela empresa MARDEN DIVISÓRIAS E CONSTRUÇÕES LTDA: MARDEN DIVISÓRIAS E CONSTRUÇÕES LTDA, já qualificada, nos autos do processo administrativo acima numerado, vem tempestivamente, por seu advogado, in fine, a presença deste Ilustríssimo Presidente, apresentar RECURSO a decisão desta Comissão que decretou a empresa CONSTRUTORA SANTANA E PONTES LTDA, CNPJ 04.101.645/0001-71, ora recorrida, como vencedora deste referido pregão: I DAS RAZÕES PARA REFORMA DA DECISÃO Em que pese o esforço desta Ilustre Comissão, a referida decisão não merece prosperar, pelos fatos e fundamentos abaixo expostos. A empresa CONSTRUTORA SANTANA E PONTES LTDA, apresentou a melhor proposta no valor de R$ 49.675,00 (quarenta e nove mil seiscentos e setenta e cinco reais). Ocorre que, a empresa MARDEN, ora recorrente, apresentou um preço no valor de R$ 49.678,00 (quarenta e nove mil seiscentos e setenta e oito reais), apenas três reais a mais. Desta forma, para critério de empate considera-se até 5 % (cinco por cento) de diferença entre as propostas, com base no art. 5º, 2º, do decreto 6.204/2007, em favor das empresas de pequeno porte, o que é o caso da empresa ora recorrente. Uma das vantagens com advento da nova lei, foi a opção pelo Simples Nacional, que em muito diminui o encargo tributário sob as micro e empresas de pequeno porte, que são as grandes geradoras de emprego no nosso País. Em consulta ao site oficial da Receita Federal observamos que a referida recorrida não é optante pelo simples, tendo sido inclusive Excluída por ato administrativo da Receita Federal, demonstrando não ser esta, micro ou empresa de pequeno porte. Em virtude da presente alegação, requer a recorrente que a empresa recorrida apresente o seu FORMULÁRIO DE ENQUADRAMENTO ME OU EPP, DEVIDAMENTE REGISTRADO NO ORGÃO COMPETENTE (JUNTA COMERCIAL/RCPJ), a fim de comprovar a sua real situação. Por fim, a empresa recorrente oferece um novo lance no valor de R$ 49.600,00 (quarenta e nove mil e seiscentos reais), se valendo da sua real condição de empresa de pequeno porte EPP, devendo desta forma ser considerada a vencedora deste pregão. II - CONCLUSÃO Ante o evidente direito da recorrente, requer-se que a decisão desta Comissão Permanente de Licitação seja reformada em seus termos, sendo o recurso interposto julgado procedente in totum, declarando a empresa MARDEN DIVISÓRIAS E CONSTRUÇÕES LTDA VENCEDORA, por ser medida de mais pura JUSTIÇA.
- 2 - Termos em que, Aguarda deferimento. B CONTRA-RAZÃO RECURSAL As contra-razões de recurso seguem o conteúdo literal apresentado ao sítio do comprasnet pela empresa CONSTRUTORA SANTANA E PONTES LTDA: CONSTRUTORA SANTANA & PONTES LTDA., sociedade empresária regularmente inscrita no CNPJ sob o n. 04.101.645/0001-71, Avenida das Américas, 2.901 Sala 803 Barra da Tijuca Rio de Janeiro Cep. 22.531-002, representada por seus sócios, nos termos da Legislação que regula a matéria, apresentar CONTRA RAZÕES RECURSAIS nos seguintes termos: O Pregão Eletrônico encontra-se regulado pela Lei n. 10.520, de 17 de julho de 2002 e pelo Decreto n. 5.450, de 31 de maio de 2005. Alega a recorrente, em síntese, que a empresa declarada vencedora do certame deve ser excluída por não ser optante do Simples Nacional e, em decorrência deste fato, não estar configurada como microempresa ou empresa de pequeno porte. Todavia, nenhuma razão assiste a recorrente, que aborda equivocadamente a matéria, confundido à inscrição no SIMPLES NACIONAL com a condição de EPP ou ME. O Simples Nacional, nos termos da LC 123/2006, é um sistema unificado de tributação, opcional, que regula a taxação e cobrança de tributos devidos ao Fisco, podendo para ele migrar pequena empresa, microempresas e/ou empresas de pequeno porte. O conceito jurídico de microempresa ou empresa de pequeno porte encontra-se previsto especificamente no artigo 3º, incisos I e II - Capítulo II, daquele mesmo diploma legal (LC 123/2006), assim redigido: Capítulo II Da Definição de Microempresa e de Empresa de Pequeno Porte Art. 3º Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se microempresas ou empresas de pequeno porte a sociedade empresária, a sociedade simples e o empresário a que se refere o art. 966 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que: I - no caso das microempresas, o empresário, a pessoa jurídica, ou a ela equiparada, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais); II - no caso das empresas de pequeno porte, o empresário, a pessoa jurídica, ou a ela equiparada, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos mil reais). Obviamente, considerando-se a lisura de todo o processo licitatório, sendo esta uma condição essencial a participação no certame, a autoridade licitatória examinou o
- 3 - preenchimento da referida formalidade e admitiu a recorrida, o que por si só bastaria para afastar a alegação aleatória da recorrente. Aliás, tal condição (de EPP) pode ser consultada diretamente na Internet, o que ora se afirma para demonstrar que a própria recorrida poderia ter chegado facilmente a tal conclusão pelo exame da NIRE. Todavia, a fim de afastar toda e qualquer dúvida, neste ato, como medida salutar, a recorrida apresentara a colação Certidão emitida pela JUCERJA comprobatória de sua condição de EPP. Ante tais considerações, dada a simplicidade da matéria abordada no recurso e do equívoco evidente cometido pela recorrente, a ela não assistindo qualquer razão, impõese o afastamento do apelo e a consequente manutenção do resultado, confirmando-se a recorrida CONSTRUTORA SANTANA E PONTES LTDA como vencedora do certame, prosseguindo-se nas demais fases pertinentes, conforme instrumento convocatório. C ANÁLISE RECURSAL A Lei Complementar 123, de 14 de Dezembro de 2006, institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. Na sua sistemática, o enquadramento das empresas como ME ou EPP está previsto no Artigo 3º, que basicamente expõe parâmetros monetários de receita. Assim, para concretizar o mandamento constitucional de tratamento favorecido contido no Artigo 179 da Constituição da República, a LC 123 delimita os parâmetros para o enquadramento das empresas que farão jus aos benefícios legalmente estabelecidos. Na esfera das licitações, o Capítulo V da LC 123, que trata do acesso aos mercados, iniciado no Artigo 42, dispõe sobre o conjunto de benefícios dispensados pela Lei Complementar às Micro Empresas e Empresas de Pequeno Porte. Dentre esses benefícios, destaca-se, para o presente caso, o desempate, conforme os Artigos 44 e 45, nos seguintes termos: Art. 44. Nas licitações será assegurada, como critério de desempate, preferência de contratação para as microempresas e empresas de pequeno porte. (...) Art. 45. Para efeito do disposto no art. 44 desta Lei Complementar, ocorrendo o empate, proceder-se-á da seguinte forma: (...) 2o O disposto neste artigo somente se aplicará quando a melhor oferta inicial não tiver sido apresentada por microempresa ou empresa de pequeno porte. (grifos nossos)
Paralelamente, na esfera tributária, estão estabelecidos requisitos para que a empresa já enquadrada como ME ou EPP opte pelo recolhimento simplificado de tributos, aderindo ao Sistema SIMPLES Nacional, conforme o Artigo 12 da LC 123, que institui o Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições. - 4 - Assim, a opção da empresa pelo recolhimento dos tributos pelo SIMPLES é uma questão meramente tributária, não possuindo qualquer relação com os benefícios de acesso aos mercados previstos no Capítulo V da LC 123. Para que a empresa goze das vantagens de acesso aos mercados previstas no referido Capítulo, ela deve, simplesmente, se enquadrar como ME ou EPP, nos termos do Artigo 3º do Estatuto. No presente caso, verifica-se que a empresa que ofertou o menor preço e foi declarada vencedora, CONSTRUTORA SANTANA E PONTES LTDA, é uma Empresa de Pequeno Porte, o que pode ser comprovado pela declaração constante no Comprasnet, bem como do seu registro na Junta Comercial do Rio de Janeiro (JUCERJA). Dessa forma, como a empresa CONSTRUTORA SANTANA E PONTES LTDA é uma EPP, não há que se falar em benefício do desempate para a segunda colocada, ora recorrente, conforme o já citado Artigo 45 2º da LC 123. O fato da empresa CONSTRUTORA SANTANA E PONTES LTDA não estar devidamente inscrita no SIMPLES é totalmente indiferente para a sistemática do processo licitatório, por ser uma situação meramente tributária entre a empresa e o fisco. Diante disso, verifica-se que as razões expostas pela recorrente não podem prosperar, uma vez que a empresa mais bem colocada na fase de lances também é beneficiada pelas prerrogativas legais, por ser uma Empresa de Pequeno Porte, sendo completamente indiferente para o presente certame a sua inscrição junto ao SIMPLES Nacional. D JULGAMENTO Diante do exposto, o pregoeiro manifesta-se pelo IMPROVIMENTO do recurso apresentado, mantendo, assim, a decisão proferida no Pregão Eletrônico AA 25/2009 que declarou a empresa CONSTRUTORA SANTANA E PONTES LTDA vencedora do certame. Submete-se o presente procedimento licitatório ao Sr. Superintendente da Área de Administração, nos termos do inciso IV, do artigo 8º do Decreto nº 5.450/2005, para julgamento. Rio de Janeiro, 19 de agosto de 2009.
Mônica Gallardo Rey Coordenadora de Serviços AA/DELIC/GLIC2-5 -