Direito Penal ROTEIRO DE ESTUDO Prof. Joerberth Pinto Nunes DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL 1) art. 1º, CP : princípio da anterioridade da lei penal e princípío da legalidade ou da reserva legal 2) art. 2º, CP : abolitio criminis e art. 107, III, CP 3) art. 3º, CP : lei excepcional e temporária : princípio da ultra-atividade 4) art. 4º, CP : teoria da ação ou da ativdade 5) art. 6º, CP : teoria mista ou da ubiqüidade 6) art. 5º, CP : princípio da territorialidade 7) art. 7º, I, e par. 1º, CP : princípio da extraterritorialidade incondicionada 8) art. 7º, II, e par. 2º, CP : princípio da extraterritorialidade condicionada 9) art. 7º, par. 3º, CP : princípio da extraterritrialidade condicionada 10) art. 10, CP : contagem de prazo 11) art. 8º, 9º, 11 e 12, CP : leitura 12) art. 7º : princípio da extraterritorialidade; art. 7º, I,CP: a, b, c : princípio real, da defesa ou da proteção; art. 7º, I, d, CP : princípio da justiça universal; art. 7º, II, a, CP : princípio da justiça universal, art. 7º, II, b, CP : princípio da nacionalidade ativa; art. 7º, II, c, CP : princípio da representação; art. 7º, parágrafo 3º, CP : princípio real, da defesa ou da proteção ou personbalidade passiva
TEORIA GERAL DO CRIME 1) Infração Penal : crimes (CP e leis especiais) e contravenções (DL 3688/41) 2) Conceito de crime (analítico) : fato típico + antijurídico + culpável (concepção tripartida); há, contudo, a concepção bipartida, a qual adotamos, sendo crime fato típico e antijurídico, onde a culpabilidade um pressuposto para a aplicação da pena; sujeitos ativo e passivo, objeto jurídico e objeto material do crime; classificação dos crimes :instantâneos, habituais, permanentes, unissubisistentes, plurissubisistentes, etc. 3) Fato Típico : 3.1 - conduta humana voluntária (dolosa ou culposa) : Teorias : causalnaturalística, finalista, social da ação. Causas de exclusão da voluntariedade : coação física irressistível, atos de sonabulismo e atos reflexos. Espécies de dolo : dolo direto ou eventual (dentre outras) Espécies de culpa : consciente (com previsão) ou inconsciente (sem previsão) 3.2 - resultado : teoria naturalística; concepção normativa; classificação : materiais (art. 121, CP), formais (de consumação antecipada ou de consumação por antecipação : art. 316, CP), mera conduta (art. 150, CP) - crimes materiais : o tipo penal prevê um resultado e somente se consuma com sua ocorrência; Ex.: art. 121, CP - crimes formais : o tipo penal prevê um resultado, mas se consuma independente de ocorrência do resultado; Ex.: art. 316, CP - crimes de mera conduta : o tipo penal não prevê nenhum resultado; Ex.: art. 151, CP 3.3 - nexo de causalidade : art. 13, CP : Teoria dos equivalentes causais; art. 13, par. 1º, CP : Teoria da Condicionalidade Adequada : superveniência causal; art. 13, par. 2º, CP; garantidores : nexo normativo 3.4 - tipicidade : art. 18, CP: tipo normal e anormal, aberto e fechado, básico ou derivado; crimes qualificados pelo resultado, entre os quais, o preterdoloso (dolo + culpa : ex.: art. 129,par. 2º, V, CP e art. 129, par. 3º, CP)
4) conduta omissiva (non facere) : crimes omissivos próprios ou puros; impróprios (comissivos por omissão); omissivos por comissão 5) Princípio da insignificância : afasta a tipicidade; Princípio da adequação social : afasta a tipicidade 6) Teoria da tipicidade conglobante : para haver tipicidade, além da previsão em lei (tipicidade legal), deve procurar se não há uma norma que permita a conduta, numa visão harmônica do direito. Tipicidade legal mais tipicidade conglobante é a tipicidade penal. (Eugênio Raul Zaffaroni) 7) crimes dolosos : Teoria da vontade e do Assentimento : art. 18, I, CP 9) crimes culposos : conduta voluntária; resultado involuntário; nexo causal; tipicidade; previsibilidade objetiva (não a previsibilidade subjetiva culpabilidade); ausência de previsão (exceto na culpa consciente); quebra do dever objetivo de cuidado (negligência, imprudência, imperícia) 10) culpa inconsciente (sem previsão) e culpa consciente (com previsão); culpa imprópria ( por extensão ou equiparação erro de tipo inescusável : art. 20, parágrafo 1º, CP) 11) compensação de culpas : não há em nosso direito penal 12) concorrência de culpas : pode haver 13) Tentativa : art. 14, II, CP : o crime não se consuma por motivos alheios à vontade do agente. -imperfeita : o agente não pratica toda a execução do crime. -perfeita ou crime falho : o agente pratica toda a execução, mas não consuma o crime. -branca ou incruenta: a vítima não é atingida -cruenta : a vítima é atingida. não admitem : infrações culposas; preterdolosas; contravenções penais; crimes omissivos próprios; habituais; crimes em que a lei pune somente o resultado (art.
122, CP); crimes em que a lei equipara a tentativa a delito consumado (art. 352, CP). Em tese, cabe tentativa nos crimes unissubsistentes e crimes formais 14) desistência voluntária e arrependimento eficaz : espécies de tentativa abandonada ou qualificada : art. 15, CP : o agente desiste voluntariamente do crime ou impede a produção do resultado. 15) arrependimento posterior : art. 16, CP.É causa de diminuição de pena. (ver regra especial do art. 312, parágrafo 3ª, CP, a qual não é arrependimento posterior, mas espécie de reparação de dano) 16) crime impossível : art. 17, CP : não se pune sequer a tentativa; Teoria objetiva temperada; Súmula 145 do STF 17) - erro de tipo : art. 20, CP : caput : erro de tipo incriminador; parágrafo 1º : erro de tipo permissivo - erro de proibição : art. 21, CP 18) antijuridicidade (ilicitude) : art. 23, CP : causas de exclusão e supralegais; consentimento do ofendido : -elementar objetivo do tipo penal : art. 126, CP; - excludente do tipo : art. 164, CP; -excludente de ilicitude : art. 163, CP 19) culpabilidade : imputabilidade, potencial consciência da ilicitude, exigibilidade de conduta diversa. - Causas de exclusão : art. 27, 26, 28, par. 1º, 22, 21, primeira parte, CP. 20) art. 20, parágrafo 3º, CP : erro sobre a pessoa (diferenciar do erro na execução, previsto no art. 73, CP) ERRO DE TIPO E ERRO DE PROIBIÇÃO É a falsa percepção da realidade, seja quanto a elementos do tipo erro de tipo-, seja quanto à ilicitude da ação erro de proibição. ERRO DE TIPO INCRIMINADOR : art. 20, caput, CP : o agente ERRA sobre elementos objetivos do tipo penal. Neste caso, resta excluído o DOLO (tipicidade do crime doloso), contudo, pode ser responsabilizado pelo crime na forma CULPOSA, uma vez previsto na lei (tipicidade). Assim, caso haja a previsão deste crime na forma culposa,
deve-se verificar se o ERRO é ESCUSÁVEL (INEVITÁVEL) ou INESCUSÁVEL (EVITÁVEL). Se o ERRO for INEVITÁVEL, o agente não responderá pela forma culposa, ou seja, não haverá o crime. Já se o ERRO for EVITÁVEL, uma vez previsto na forma culposa, responderá o agente pelo crime CULPOSO. Ex.: Uma pessoa age desreipeitosamente em relação a outro sem saber que se tratava de um funcionário público no exercício da suas funções. O agente ERROU sobre o elemento do tipo penal do art. 331, CP, qual seja, funcionário público. Aplica-se o art. 20, caput, CP, nos termos do acima exposto. ERRO DE TIPO PERMISSIVO : art. 20, par. 1º, CP. É sinônimo de DESCRMINANTE PUTATIVA ou DESCIMINANTE PUTATIVA POR ERRO DE TIPO. Parte da doutrina, o considera um ERRO DE PROIBIÇÃO. Possui um tratamento legal parecido com o ERRO DE TIPO INCRIMINADOR, mas possui conseqüência semelhante ao ERRO DE PROIBIÇÃO (art. 21, CP). Neste caso, o agente ERRA sobre a existência dos pressupostos fáticos de uma causa de exclusão de ilicitude (antijuridicidade). Assim, resta a afastada a CULPABILIDADE DOLOSA, (não responderá pelo crime na forma dolosa), se o ERRO é EVITÁVEL. Mas responderá na forma culposa, se prevista esta modalidade na lei (tipicidade), a não ser que seja o ERRO seja inevitável, caso em que restará excluída, ainda, a CULPA (crime na forma culposa) e não responderá pelo crime. Ex.: O agente é abordado por um amigo seu, devidamente disfarçado, o qual simula tratarse de um assalto. Assim, diante da situação, supondo estar em legítima defesa, saca de uma faca que possui na cintura e reage, vindo por matar o suposto assaltante. Aplica-se a regra do art. 20, par. 1º, CP. O agente achou que estavam presentes os pressupostos da legítima defesa. (legítima defesa putativa) ERRO DE PROIBIÇÃO : art. 21, CP. O agente ERRA quanto ao conteúdo da norma, ou seja, quanto à ilicitude do fato. O agente sabe exatamente o que está fazendo, não se enganando sobre a realidade fática. Neste caso, sendo o ERRO INEVITÁVEL, resta o agente isento de pena. (exclui culpabildade). Contudo, sendo o ERRO EVITÁVEL, somente haverá uma REDUÇÃO DA PENA. A doutrina divide em ERRO DE PROIBIÇÃO DIRETO E INDIRETO. No ERRO DE PROBIÇÃO DIRETO, o agente ERRA sobre a norma proibitiva. O agente, por interpretar mal a norma, acha que está cometendo uma conduta permitida. Aplica-se o art. 21, CP. Mas, em contrapartida, se o agente ERRA sobre a EXISTÊNCIA de uma norma pemissiva de conduta ou sobre os limites desta, há o ERRO DE PROBIIÇÃO INDIRETO (diferente do ERRO DE TIPO PERMISSIVO). É chamado por parte da doutrina de ERRO DE PERMISSÃO. Recai o art. 21, CP nesta hipótese. Ex.: supondo que estejamos em grande discussão no país sobre a legalização da eutanásia, sendo por um meio de comunicação é divulgado erroneamente que tal foi aprovada. Um leitor, apressado, estando com um parente em situação de desengano, apressa sua morte. Aplica-se o art. 21, CP. Aí, é de verificar-se se o erro era inevitável ou evitável.
ERRO SOBRE A PESSOA : art. 20, par. 3º, CP. O agente quer cometer o crime contra uma pessoa e comete contra outra, achando tratar-se de quem queria de fato. Responderá como se tivesse acertado contra quem queria. Ex.: O agente quer matar a esposa, porém mata a prima desta, achando que fosse sua esposa. Responderá como se tivesse acertado a esposa, incidindo a circunstância agravante do art. 61, II, CP. OBS.: NÃO CONFUNDIR COM ERRO NA EXECUÇÃO DO ART. 73, CP, onde o agente erra não quanto à pessoa, mas quanto a um erro de fato na execução do crime. A pessoa atira em outra e acerta um terceiro. Responde como se tivesse acertado quem de fato desejava. (art. 73, CP)