Introdução Revisão de literatura

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Transcrição:

1 O uso da Internet como fonte de pesquisa entre universitários: em estudo de caso. Marcelo Tadeu dos Reis Pimentel 1 Monica Franchi Carniello 2 Moacir José dos Santos 3 Resumo O presente artigo tem como objetivo discutir o uso da internet como fonte de estudo e pesquisa entre os universitários do Vale do Paraíba - SP. A pesquisa foi desenvolvida para verificar como os estudantes universitários fazem uso das fontes de pesquisa como parte de sua formação acadêmica. O estudo caracteriza-se como exploratório-descritivo, de abordagem quantitativa, com método de coleta de dados por meio de questionário estruturado. Foi considerada uma amostra de 590 estudantes universitários de uma universidade de Taubaté, de um universo de 17 mil alunos. Os resultados indicam que a agilidade e o conforto possibilitados com o uso da comunicação online para o desenvolvimento da formação profissional, impõe o uso absoluto deste mecanismo em comparação aos recursos impressos e com meios consolidados de controle da informação fornecida. Palavras-chave: Comunicação; pesquisa; formação acadêmica. 1 Professor Mestre da Universidade de Taubaté/ Departamento de Comunicação Social, Rua do Colégio, 334, Taubaté, SP, pimentel.marcelo@gmail.com 2 Professora Doutora da Universidade de Taubaté/ Mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional, Rua Expedicionário Ernesto Pereira, 225, Taubaté, SP, monicafcarniello@gmail.com 3 Professor Doutor da Universidade de Taubaté/ Mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional, Rua Expedicionário Ernesto Pereira, 225, Taubaté, SP, santos.mj@ig.com.br

2 Introdução Os primeiros usos da Internet antes de sua abertura comercial se deram em ambiente acadêmico. Sendo a função da Universidade a produção e divulgação de conhecimento, é de extrema utilidade um sistema de comunicação em rede que permita o armazenamento e troca de informações. Com a abertura comercial da Internet, em meados da década de 1990, multiplicaramse as funções e usos da rede mundial de computadores, que adquiriu finalidades comerciais, de lazer, entretenimento, educação e manteve a finalidade de pesquisa. Entretanto, com tamanhas possibilidades e facilidade de acesso, ficou mais difícil discernir o tipo de informação obtida, de identificar as fontes de credibilidade científica. O acesso à informação para o desenvolvimento da pesquisa acadêmica foi ampliado de maneira significativa nos últimos anos. O aprimoramento das ferramentas de pesquisa online permite aos internautas buscar informações com relativa facilidade. Consolidou-se o hábito de utilizar os serviços online para entretenimento, trabalho, comunicação e educação. Esta pesquisa tem como objetivo verificar os tipos de fontes mais utilizados por estudantes universitários de Taubaté para pesquisa acadêmica e, dessa forma, caracterizar as formas de uso da internet para estudo e pesquisa. O estudo justifica-se pela existência de preocup ação existente no meio acadêmico em relação ao grau de confiabilidade das informações obtidas, uma vez que na Internet as atividades de produção, edição e veiculação podem ser realizadas por todos os usuários da rede, o que reconfigura os modelos e fluxos de comunicação vigentes até então, gerando novos desafios, problemáticas e potencialidades para vários campos de atuação, dentre os quais o meio acadêmico. Também faz-se pertinente verificar como o advento da Internet alterou a utilização de meios tradicionais de pesquisa, como livros e periódicos científicos. Para a realização adequada da pesquisa foi necessário verificar aspectos essenciais da relação estabelecida entre os integrantes do grupo analisado e a comunicação digital. O procedimento elementar foi identificar a frequência de uso da Internet para finalidades de pesquisa, pois suas distintas possibilidades de uso estimulam a permanência dos internautas por diversas horas diárias na rede mundial de computadores. O recorte desta investigação enfoca o uso da Internet para pesquisa acadêmica. Revisão de literatura Com o desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação (TICs), pesquisadores passaram a utilizar a Internet como meio de veiculação de seus trabalhos científicos, seja em páginas pessoais, institucionais ou revistas científicas eletrônicas. A internet possibilitou a ampliação da circulação de periódicos e, portanto, a agilidade na divulgação das informações, o que, consequentemente, gerou uma acessibilidade maior à comunicação científica. Se, por um lado, houve a otimização na circulação das informações, por outro o meio acadêmico deparou-se com novas problemáticas. A primeira delas refere -se a uma maior dificuldade em checar a credibilidade das fontes, uma vez que o sistema de comunicação em rede permite a fácil publicação, edição e veiculação de mensagens por usuários comuns em um mesmo veículo. Editar uma revista científica tornou-se mais acessível, pois os custos de manutenção de um periódico em ambiente eletrônico são bem reduzidos se comparados aos custos de impressão. A sistemática de edição, no entanto, deve ser tão rigorosa quanto o exige o meio científico. Para atestar a credibilidade dos periódicos, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino

3 Superior (Capes) criou o sistema Qualis, que avalia periodicamente as revistas científicas em circulação. Uma segunda problemática diz respeito à dificuldade de se fazer a triagem da informação para finalidades de estudo e pesquisa, devido à grande quantidade de dados disponíveis na Internet, principalmente por parte de estudantes, que ainda estão em processo de formação acadêmica. Pelo fato de a Internet ser em sua essência uma mídia que permite a execução de tarefas de naturezas distintas simultaneamente, informações de toda natureza se misturam em um mesmo veículo de comunicação. Na história ocidental, as universidades constituíram local privilegiado de construção do conhecimento. A pesquisa científica ficou concentrada nos departamentos das universidades, que assumiram as funções relacionadas à produção e divulgação do conhecimento como concomitantes e relacionadas à formação dos estudantes. Essa configuração das universidades acompanhou, em uma relação bilateral, o desenvolvimento de tecnologias da informação e comunicação, que favoreceram a execução da pesquisa e difusão do conhecimento, bem como a formação de profissionais para as diversas áreas do saber. A adequada preparação dos alunos dos cursos de ensino superior também depende da qualidade das fontes de informação. As formas de difusão do saber são essenciais para a sua consolidação e a formação de pesquisadores, uma vez que a comunicação científica é a fase final das etapas que compõem uma investigação. A preocupação com o acesso a fontes confiáveis de informação não é recente. Desde o século XVIII a organização de meios de comunicação concernentes a pesquisa científica preocupou intelectuais e cientistas. Nos três últimos séculos consolidou-se um padrão amplamente reconhecido para a divulgação do conhecimento, cujo recurso principal é a revista. Congressos e outras formas de debate geraram o registro das pesquisas efetuadas nas áreas das ciências biológicas, exatas e humanas. As formas anteriores de divulgação de experimentos isolados apenas influenciaram o surgimento das revistas que, com o tempo, assumiram o papel de principais divulgadores das investigações. O surgimento das revistas não significou que esses dois tipos de registros anteriormente mencionados, as cartas e as atas, deixassem de existir. Houve, isto sim, uma definição de papel entre os diversos canais de divulgação da ciência: a correspondência tomou apenas um caráter de comunicação pessoal entre os cientistas, e as atas, também conhecidas como memórias ou anais, passaram a se constituir em um documento de registro dos trabalhos apresentados em reuniões científicas e profissionais (STUMPF, 1996). O modelo de discussão de problemas científicos mediante organização e publicação de revistas especializadas passou por um lento, mas firme, processo de consolidação. Vários fatores colaboraram para a divulgação do conhecimento científico, principalmente, por revistas. Os recursos financeiros aplicados na confecção e divulgação do livro são maiores em comparação às revistas. E a necessidade de comunicar mais rápido os resultados obtidos com as pesquisas encontram mais praticidade na revista, evitando, inclusive, a possibilidade de perda do ineditismo em divulgar os resultados alcançados. Portanto, dois problemas são resolvidos com a publicação em revistas especializadas: os custos da impressão de teses e a superação da possível perda da primazia para os resultados inovadores da pesquisa (STUMPF, 1996). Segundo Appolinário (2006, p.48-51) as principais características dos periódicos científicos são: a avaliação dos textos submetidos por um comitê científico-editorial; a indexação dos artigos publicados em bases de dados setoriais; são especializados em áreas do conhecimento

4 específicas. As observações de Appolinário confirmam a complexidade dos periódicos científicos em relação ao controle de qualidade dos artigos publicados. Os leitores dos periódicos os concebem como confiáveis por conhecerem a estrutura de controle dos textos submetidos. O reconhecimento do periódico decorre da qualidade dos textos publicados e dos membros do comitê científico-editorial. A indexação e a avaliação constante por instituições e órgão s responsáveis tornam as revistas instrumento imprescindível para a aquisição de conhecimento. O ensino superior no Brasil experimentou uma intensa expansão no final do século XX e nos primeiros anos do século XXI. Aliás, o acesso ao ensino superior no Brasil não alcançou o patamar ideal para incluir a maioria dos jovens brasileiros. Como país em desenvolvimento, é necessário superar a histórica defasagem do ensino superior. A ampliação de vagas e cursos é importante para a conquista de indicadores mais positivos quanto a educação e capacitação científica e tecnológica. Educação e ciência são dimensões da experiência humana cujo sentido decorre da capacidade de produzir bem estar social no mais amplo sentido. Conceber essas duas áreas somente como mecanismo para preparar indivíduos para o mercado de trabalho é subestimar a função social que a educação e a ciência devem desempenhar. A partir da concepção da ciência como instituição social, entende-se que pesquisa e divulgação de resultados são atividades inseparáveis (TARGINO, 2005, p. 364). A ciência no Brasil é financiada majoritariamente com recursos públicos. As agências financiadoras e a renúncia fiscal constituem importantes estratégias para investimento na geração do conhecimento. As universidades públicas, responsáveis por gerar o maior volume de pesquisas no Brasil, absorvem fatia expressiva do orçamento do governo federal e das administrações estaduais. Não é lícito pensar e fomentar ciência no Brasil sem atrela-la à formação de cidadãos aptos a colaborar com a construção de uma sociedade mais justa. O conhecimento no Brasil deve ser estimulado a partir de sua dimensão pública. O crescente volume de recursos aplicados no PROUNI tem inserido a participação indireta da União na formação dos estudantes que frequentam o ensino superior privado. E a fiscalização do exercício das funções educacionais das universidades, centros universitários e faculdades, no Brasil, é atribuição do poder público. Portanto, é necessário organizar e implantar meios para otimizar o ensino superior no Brasil, afinal país desenvolvido é aquele que investe em pesquisa e divulgação de resultados, dentro dos preceitos de pesquisa e desenvolvimento (TARGINO, 2005, p. 367). Portanto, o acesso a fontes confiáveis de informação é fundamental. O desenvolvimento de uma educação de qualidade tem como pressuposto a utilização de suportes adequados para a divulgação e a aquisição de conhecimento cientifico. A eficiência da circulação da informação é complementada com a confiabilidade da informação transmitida. No entanto, a verificação da confiabilidade da informação cabe ao leitor ou pesquisador. O excesso de informação requer o uso de filtros para discernir entre a informação elaborada a partir de procedimentos de investigação cie ntifica e as informações cuja origem é duvidosa. A consagração do sistema de periódicos ao longo do século XX provocou a adoção de um parâmetro seguro para a divulgação e aquisição de resultados de pesquisa. A validação das pesquisas mediante a análise dos pares acadêmicos, tanto na submissão para publicação quanto na apreciação por parte da comunidade de leitores, configurou a autonomia dos pesquisadores em comparação aos leigos e, simultaneamente, um sistema de poder que organizou a produção de saber em uma hierarquia. Na definição concisa de Zamboni (2001, p.41) a divulgação científica opera como uma força de reconhecimento e legitimação dos círculos de saber, conferindo à atividade científica um lugar de prestígio e saber. Porém, o avanço rápido das formas de comunicação digital ampliou a circulação da informação em uma escala sem precedentes. A produção de informações é dinamizada, pois a

5 tradicional divisão de funções para a produção e divulgação dos periódicos foi estilhaçada. Para o historiador Roger Chartier o mundo do texto eletrônico desafia os parâmetros tradicionais de circulação das informações: um produtor de texto pode ser imediatamente o editor, no duplo sentido daquele que dá forma definitiva ao texto e daquele que o difunde diante de um público de leitores: graças à rede eletrônica, esta difusão é imediata. Daí, o abalo na separação entre tarefas e profissões que, no século XIX, depois da revolução industrial da imprensa, a cultura escrita provocou: os papéis do autor, do editor, do tipógrafo, do distribuidor, do livreiro, estavam claramente separados. Com as redes eletrônicas, todas estas operações podem ser acumuladas e tornadas quase contemporâneas umas das outras. (CHARTIER, 1998, p.17). A proliferação de títulos de periódicos nas diversas áreas do conhecimento tem preocupado os profissionais interessados na qualidade da informação científica, sejam autores, editores, publicadores, serviços de indexação, centros de documentação, bibliotecas e, especialmente, pesquisadores (usuários da informação) ( KRZYZANOWSKI; FERREIRA, 1998, p.165). Verificar a origem da informação é fundamental para seu manejo seguro. Também é necessário instruir os estudantes acerca dos meios corretos para verificar a credibilidade da informação acessada. Esta pesquisa investigou os procedimentos dos estudantes universitários do Vale do Paraíba quanto ao uso de ferramentas online de pesquisa, principalmente sobre a existência de cuidados em relação à qualidade da informação. Metodologia A pesquisa caracteriza-se como exploratório-descritiva, quantitativa, com método de coleta de dados por meio de questionário estruturado. A coleta de dados foi realizada no mês de fevereiro de 2009. Foi considerado um universo de 17 mil universitários de uma Universidade do Vale do Paraíba, SP, Brasil. O cálculo amostral considerou nível de confiança de 95,5% e margem de erro de 5%. A amostra, composta por 590 entrevistados, é pequena e insuficiente para conclusões acerca dos universitários brasileiros, porém válida para o universo estudado, que representa um recorte da comunidade acadêmica nacional. O método pode ser usado como modelo para estudos posteriores que considerem universos mais amplos ou de regiões geográficas diversas. Os resultados foram sistematizados em forma de gráficos. Resultados e discussão Uso da Internet como fonte de consulta para atividades de estudo e pesquisa solicitadas no curso de graduação 1% Sim Não 99% Sim 583 Não 7

6 Gráfico 1 Uso da Internet como fonte de consulta Internet - Frequência de consulta para estudo e pesquisa 10% 0% 90% 529 60 1 Gráfico 2 Internet - Frequência de consulta Os gráficos 1 e 2 indicam o predomínio da comunicação online na busca de informações relacionadas a formação universitária. Cerca de 90% dos entrevistados sempre usa a internet como forma de consulta e os demais 10% a utilizam ocasionalmente. Nota-se que todos os entrevistados recorrem a rede mundial para buscar informações relativas às atividades solicitadas durante a graduação. Livros próprios - Frequência de consulta para estudo e pesquisa 16% 28% 56% 168 326 96 Gráfico 3 Livros próprios - Frequência de consulta

7 Livros de bibliotecas - Frequência de consulta para estudo e pesquisa 10% 49% 41% 242 288 60 Gráfico 4 Livros de bibliotecas - Frequência de consulta Revistas - Frequência de consulta para estudo e pesquisa 26% 18% 56% 109 329 152 Gráfico 5 Revistas- Frequência de consulta

8 Jornais - Frequência de consulta para estudo e pesquisa 17% 35% 48% 103 279 208 Gráfico 6 Jornal - Frequência de consulta Revistas científicas - Frequência de consulta para estudo e pesquisa 16% 33% 51% 92 301 197 Gráfico 7 Revistas científicas - Frequência de consulta Verifica-se que a consulta a livros próprios, livros de bibliotecas, revistas, jornais e periódicos cientificos é muito menor em comparação ao uso da internet, o que a coloca como principal fonte de acesso à informação. Entre os entrevistados apenas 28% usam semp re livros próprios para pesquisa e somente 41% utilizam sempre livros de bibliotecas. A consulta a períodicos impressos é mais reduzida. As informações (gráficos 3, 4 e 5) revelam que apenas 18%, 17% e 16% sempre consultam, respectivamente, revistas, jornais e revistas científicas. Considerando o perfil do público selecionado, é revelador o descrédito quanto às fontes impressas de informação. Afinal, as universidades devem possuir bibliotecas atualizadas e com acervo concernente a

9 formação acadêmica dos estudantes. A possibilidade de consultar a internet em qualquer local, com o uso de computadores, laptops ou celulares, combinada à emergência de uma geração habituada a utlizar a comunicação eletrônica explica a reduzida consulta às fontes impressas. Tipos de textos consultados para fins de estudo e pesquisa capítulos de livros 421 artigos científicos 323 artigos/ matérias de revistas 319 notícias de jornais ou portais on line 297 verbetes de dicionários ou enciclopédias on line 226 sites de empresa 213 notícias de jornais impressos 179 verbetes de dicionarios ou enciclipédias textos de blogs ou foruns de discussão 115 159 outros 33 Gráfico 8 Tipos de textos consultados 0 100 200 300 400 500 Frequência de uso da Internet para lazer 2% 24% 74% 437 140

1 0 13 Gráfico 9 Uso da Internet para lazer Frequência de uso da Internet para trabalho 15% 27% 58% 340 161 89 Gráfico 10 Uso da Internet para trabalho Frequência de uso da Internet para estudo 3% 23% 74% 439 136 15 Gráfico 11 Uso da Internet para estudo O hábito de usar a internet em vários momentos da vida social constitui prática constante na vida dos jovens universitários. Lazer, trabalho e estudo (gráficos 9, 10 e 11) são realizados sempre com o uso da internet, respectivamente, para 74%, 58% e 74% dos entrevistados. A alta utilização da internet, portanto, não ocorre somente para a pesquisa acerca das tarefas e trabalhos solicitados. Esse hábito torna as ferramentas online prioritárias para a busca de informações.

1 1 Sites consultados com mais frequência para atividades de estudo e pesquisa Google Outros Cadê Yahoo Scielo Wikipedia Google acadêmico 69 56 46 42 15 172 386 Gráfico 12 Sites mais consultados 0 100 200 300 400 500 Sites que os entrevistados conhecem 242 www.universiabrasil.net/ http://probe.bvs.br www.ibge.gov.br 27 33 393 http://qualis.capes.gov.br/webqualis/ www.bireme.br www.teses.usp.br www.portcom.intercom.org.br www.scielo.br 63 64 130 126 127 www.periodicos.capes.gov.br http://scholar.google.com 238 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 Gráfico 13 Sites que os entrevistados conhecem As atividades de estudo e pesquisa via comunicação online são realizadas a partir dos sites de busca, com predomínio do site de busca Google (gráfico 12). E entre os sites que os entrevistados conhecem (gráfico 13) são mais citados o universiabrasil, o do IBGE e o schoolar.google.

1 2 Conclusão Este artigo teve por objetivo verificar os meios mais frequentes de acesso às informações utilizadas por estudantes universitários de Taubaté. A expansão rápida dos meios online de comunicação provocou mais acesso à informação e, portanto, a necessidade de verificar se ocorre a preocupação, entre os estudantes universitários, com a qualidade da informação recebida. A aplicação de uma pesquisa exploratório-descritiva, quantitativa, com método de coleta de dados por meio de questionário estruturado permitiu perceber a relação dos universitários do universo selecionado para a pesquisa com os meios de acesso à informação. A análise permite afirmar que o hábito dos estudantes universitários de consultar a internet para obter informações não é acompanhado da preocupação em verificar a credibilidade das informações ou se os resultados alcançados são adequados a sua formação. O acesso a internet é um hábito socialmente estimulado a partir do uso das ferramentas eletrônicas em áreas como lazer e trabalho. Esse hábito é transferido para as práticas relativas a vida universitária. Dois fatores demonstram a ausência de preocupação quanto a confiabilidade das informações obtidas via online. Primeiro, a consulta reduzida às fontes impressas, o que não permite comparar dados obtidas em diferentes fontes. Segundo, os sites mais citados não evidenciam a preocupação em refinar as informações a partir da área de formação, ou seja, a consulta a periódicos online com caráter cientifico reconhecido. O desenvolvimento das possibilidades de acesso à informação científica mais efetivas não pode ser negligenciado na formação dos universitários brasileiros. Entretanto, a formação deve ser complementada nas instituições de ensino superior quanto ao uso da comunicação eletrônica. Os estudantes universitários devem ser orientados quanto a necessidade de verificar as fontes de informação que consultam e sobre a necessidade de utilizar, também, fontes impressas. Essa orientação permitirá a otimização da comunicação online para a formação dos estudantes universitários e dos demais recursos a disposição para estudo e pesquisa. Referências APPOLINÁRIO, F. Metodologia da ciência. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2006. CHARTIER, R. A aventura do livro do leitor ao navegador. São Paulo: UNESP, 1998. TARGINO, M. das G.; Libertação pela redação técnico-científica. In: DUARTE, J.; BARROS, A. Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação, São Paulo: Editora Atlas, 2005. KRZYZANOWSKI, R. F.; FERREIRA, M.C.G. Avaliação de periódicos científicos e técnicos Brasileiros. Ciência da Informação. v. 27, n. 2, p. 165-175, maio/ago. Brasília, 1998. MARCONI, M. de A. & LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, elaboração, análise e interpretação de dados. 5 ed. São Paulo, Atlas, 2002. SAMARA, B. S. Pesquisa de marketing: conceitos e metodologia. São Paulo: Pearson, 2007. STUMPF, I.R.C. ET. AL. Connotea: site para a comunicação científica e compartilhamento de informações na internet. Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação. v.5, n. 1, p. 77-94, jul/dez. Campinas, 2007

1 3 STUMPF, I.R.C. Passado e futuro das revistas científicas. Ciência da Informação. vol 25, n. 3, 1996. ZAMBONI, L.M.S. Cientistas, jornalistas e a divulgação científica. Campinas: Autores Associados, 2001.