O fenômeno do presenteísmo no serviço público: impacto das demandas e do controle do trabalho. Msc. Rose Helen Shimabuku Msc. Maria Tereza Godoy Drª. Helenides Mendonça
Objetivo geral O objetivo deste estudo foi investigar a influência das demandas psicológicas de trabalho sobre o presenteísmo, assim como poder moderacional do controle do trabalho e do apoio da chefia nessa relação; em uma Instituição de Ensino Superior Federal do Estado de Goiás.
Presenteísmo Ausência mental ou emocional no trabalho, apesar de estar presente fisicamente. Ter seu desempenho reduzido ou não conseguir cumprir na totalidade suas atribuições, devido ocorrências físicas ou psicológicas. (Hemp, 2004; Grativol, 2008; Silva, 2010; Raycik, 2012). Ato de comparecer ao trabalho mesmo se sentindo doente. (Aronsson, Gustafsson e Daller, 2000; Bokerman e Laukkanen, 2010).
Antecedentes utilizados para explicar o fenômeno do presenteísmo: 1) Fatores relacionados ao trabalho 2) Circunstâncias pessoais Pressão do tempo; Falta de recursos; Controle sobre as tarefas de trabalho; Relacionamento com os colegas; Condições de emprego. Situação financeira; Família; Fatores psicológicos (indivíduos com ausência de fronteiras). 3) Atitudes Escolha (crianças e vulneráveis); Interpretação da escolha. Figura 1. Possíveis hipóteses utilizadas para explicar o fenômeno do presenteísmo Fonte: Construída pela autora para esta apresentação. Barreto (2003); Hemp (2004); Dew, Keefe e Small (2005); Flores-Sandi (2006); Gorovisk (2008); Johns (2009), Hansen e Andersern (2008), Ribeiro (2011), Araujo (2012); Barcaui e Limongi-França (2014); Zapelão e Martino (2014).
Contribuições do Modelo Demanda-Controle MD-C Pressões psicológicas; Pressão do tempo; Concentração requerida; Interrupção das tarefas; Necessidade de espera; Custo da execução da tarefa. Demandas Controle Uso e desenvolvimento de habilidades; Novas fontes de aprendizado; Uso de criatividade e da espontaneidade; Variedade de tarefas; Autonomia e de poder decisório. Apoio de colegas; Apoio dos superiores. Suporte Social Figura 2. Modelo Demanda-Controle (Karasek, 1979) Fonte: Construida pela autora para essa apresentação. Karasek (1979); Karasek e Thoerell (1990); De Araújo, Graça e Araújo (2003); Durk e Selligmann-Silva (2010); Araújo (2012); Costa e Ferreira (2014); De Mello Alves, Braga, Faerstein, Lopes e Junger (2015)
As demandas psicológicas de trabalho podem provocar tensões, sofrimentos e distúrbios mentais (Aronsson, Gustafsson & Dallner, 2000; Aronsson & Gustafsson, 2005; Jonhs, 2009; 2010; Mascarenhas e Fernandes, 2013). Reações adversas à saúde dos trabalhadores acontecem devido ao desgaste psicológico oriundo da exposição do trabalhador a elevadas demandas psicológicas e ao escasso controle sobre seu processo de trabalho. (Karasek, 1979; De Mello Alves, 2015). H1 - As demandas psicológicas estão associadas positivamente ao presenteísmo de forma que, quanto maior a demanda, maior o presenteísmo; H2 - O controle do trabalho está associado negativamente ao presenteísmo, de forma que, quanto maior o controle de trabalho, menor o presenteísmo. 6
Nas organizações de trabalho onde as condições de trabalho são precárias e as relações interpessoais desgastadas, o trabalhador sente-se obrigado a comparecer ao trabalho mesmo se sentindo doente para evitar aborrecimentos, constrangimentos e humilhações por parte da chefia. Relações estabelecidas com o trabalho ou as condições impostas pela organização e sua chefia atuam como opressores em relação ao trabalhador, que se torna a cada dia mais presenteísta (Barreto, 2003; Dew, Keefe e Small, 2004; Mendes, 2008). H3 - O apoio da chefia está associado negativamente ao presenteísmo, de forma que quanto maior o apoio da chefia, menor o presenteísmo. 7
O controle do trabalho está positivamente associado à qualidade de vida do trabalhador, de forma que à medida que o controle do trabalho aumenta, amortece o impacto das altas demandas do trabalho (Johnson, Hall e Theorell, 1989; Presseau et al, 2014; Barcaui & Limongi-Franca, 2014). O suporte social proporciona ao trabalhador maior controle sobre suas emoções e mais possibilidade de enfrentamento quando submetidos a situação de estresse (Griffith et al, 1999; Doef et al, 2000; Barcaui & Limongi-Franca, 2014). H4a - A relação entre demandas psicológicas de trabalho e presenteísmo é moderada pelo controle no trabalho; H4b A relação entre demandas psicológicas de trabalho e presenteísmo é moderada pelo apoio da chefia recebido pelo trabalhador. 8
Método Tabela1. Principais dados sociodemográficos Amostra 204 servidores (24,11%) TRATAMENTO DE DADOS Sexo Feminino 60,8% SPSS 21.0 e AMOS 21.0 Estado Civil Escolaridade Casados/ Amasiado Pós- Graduação 57,8% 60,8% Análise Fatorial Exploratória Análise Fatorial Confirmatória Enquadramento Faixa etária Nível superior 43,1% 38,8 anos/ Dp 9,97 Análise Descritiva e de Correlação Tempo de IES 7,6 anos/ Dp 9,3 Análise de Moderação
Resultados e discussão Tabela 2. Estatísticas descritivas e intercorrelações entre as variáveis Variável M DP 1 2 3 4 5 6 7 1 Idade 2 Sexo 3 TEMP_IFG 4 Presenteísmo 5 Controle 6 Demanda 7 Apoio 35,88 9,976 -- 1,61,489,008 7,59 9,30,564 **,065 3,15 1,16,164 **,090,229 ** 2,47 1,28,023,012 -,034 -,175 ** 3,51 1,04,039,010,050,134 *,393 ** 3,31 1,20 -,022,004 -,001 -,251 **,338 **,047 **. Correlation is significant at the 0.01 level (1-tailed). *. Correlation is significant at the 0.05 level (1-tailed). As demandas psicológicas estão relacionadas positivamente ao Presenteísmo. O apoio da chefia está associado negativamente ao presenteísmo.
Tabela 3. Resultado da Análise de regressão hierárquica Passo 1 Passo 2 Passo 3 Passo 4 Variáveis de controle Idade 0.10** 0.10** 0.11** 0.11** Sexo 0.07** 0.07 0.07 0.08 Tempo de IES 0.07** 0.06 0.05 0.06 Efeitos maiores Demandas Psi 0.12** Controle -0.19** Apoio da -0.23** chefia Efeitos de Interação DemXControl -0.16** DemXApoio 0.04 Total de R 2 0.03 0.04 0.16** 0.18** R 2 0.01 0.12 0.02 R 2 ajustado 0.01 0.02 0.13 0.15** Nota: *p 0.05; ** p 0.01 Controle do trabalho Apoio da chefia A inclusão do termo de interação entre a variável antecedente e a moderadora eleva o poder explicativo do modelo de 13% para 15%
Presenteísmo 5 4,5 4 3,5 3 2,5 2 1,5 1 low Demanda Psicológica high Demanda Psicológica Na presença de altas demandas psicológicas de trabalho, quanto maior for o controle do trabalho, menor será o presenteísmo. low Controle high Controle Figura 4. Efeito moderacional do controle do trabalho na relação entre demanda psicológica e o presenteísmo. Fonte: Contruída pela autora para essa apresentação. O controle do trabalho está positivamente associado à qualidade de vida do trabalhador, de forma que à medida que o controle do trabalho aumenta, amortece o impacto das altas demandas do trabalho. (Johnson, Hall e Theorell, 1989; Presseau et al, 2014; Barcaui & Limongi-Franca 1 2
Considerações finais Apesar de haver correlação positiva entre apoio da chefia e o presenteísmo, o apoio não se configura como moderador na relação entre a demanda psicológica e o presenteísmo.
Considerações finais Alta demanda psicológica e baixo controle favorecem os efeitos negativos sobre a saúde dos mais variados tipos, como transtornos mentais comuns, doenças cardiovasculares, muscoesqueléticas, cefaléias; geralmente associados a prevalência das causas do presenteísmo.
Considerações finais Quando o trabalhador pode desfrutar de sua autonomia e independência, ele consegue manter garantido seu direito de cuidar da própria saúde, não se fazendo presenteísta.
Considerações finais A impossibilidade de se ausentar do trabalho para o tratamento da própria saúde pode provocar adoecimento físico e mental ainda maior com o passar do tempo. (Goetzel et al, 2008; Allen et al, 2005; Collins, 2005; Martinez, Ferreira, Sousa & Cunha, 2007; Durck & Seligmann-Silva, 2010)
Suporte social atua de forma a proporcionar ao trabalhador maior possibilidade de enfrentamento quando ele está submetido a fim a situações de estresse, como as advindas das altas demanda psicológicas de trabalho, por exemplo. (Goetzel et al, 2008; Allen et al, 2005; Collins, 2005; Martinez, Ferreira, Sousa & Cunha, 2007; Durck & Seligmann-Silva, 2010)
Obrigada! Tenham um bom dia! rosehelen.rh@gmail.com mttgodoy@gmail.com helenides@gmail.com