Astronomia de Posição: Aula 10

Documentos relacionados
Astronomia de Posição: Aula 06

Programa Analítico de Disciplina EAM423 Astronomia de Campo

CORREÇÕES DAS ALTURAS DOS ASTROS

Geodésia II - Astronomia de Posição: Aula 07

Nascer e Ocaso dos Astros

ASTRONOMIA DE CAMPO POR Prof. Dr. JOSÉ MILTON ARANA Departamento de Cartografia FCT/Unesp Presidente Prudente OUTUBRO/2013

MEDIDAS DE BASES E ÂNGULOS: REDUÇÕES

SISTEMAS CELESTES. GA116 Sistemas de Referência e Tempo

Energia Solar Térmica. Prof. Ramón Eduardo Pereira Silva Engenharia de Energia Universidade Federal da Grande Dourados Dourados MS 2014

SISTEMAS DE REFERÊNCIA Coordenadas celestiais e terrestres

Instituto de Física. Departamento de Astronomia


As tabelas desta seção contém as efemérides do Sol, Lua e grandes planetas.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA - UNIPAMPA CURSO DE ENGENHARIA DE AGRIMENSURA DISCIPLINA: ASTRONOMIA DE CAMPO

Tópicos Especiais em Física. Vídeo-aula 3: astronomia esférica 25/06/2011

31.6 CÁLCULO DO AZIMUTE PELA PUB.229

NIVELAMENTO TRIGONOMÉTRICO

Copyright LTG 2016 LTG/PTR/EPUSP

COORDENADAS GEOGRÁFICAS E COORDENADAS GEODÉSICAS. Professor: Leonard Niero da Silveira

JOSÉ MILTON ARANA DETERMINAÇÃO SIMULTÂNEA DA LATITUDE E. LONGITUDE ASTRONÔMICA (uma nova solução)

Definição: Definição:

1 SOLUÇÃO ANALÍTICA DA POSIÇÃO ASTRONÔMICA

EXPLICAÇÕES DA SEÇÃO C 1 C. As tabelas desta seção contém as efemérides do Sol, Lua e grandes planetas.

Coordenadas. Prof. Jorge Meléndez

Energia Solar. Samuel Luna de Abreu. Introdução à Energia Solar

Blumenau Engenharia Civil

TOPOGRAFIA ALTIMETRIA: LEVANTAMENTO TAQUEOMÉTRICO. Prof. Dr. Daniel Caetano

Universidade Federal do Rio Grande do Sul Instituto de Física Departamento de Astronomia. Fundamentos de Astronomia e Astrofísica

APÊNDICE AO CAPÍTULO 26 CIRCUNSTÂNCIAS FAVORÁVEIS PARA DETERMINAÇÃO DA LONGITUDE 1 ESTUDO DAS CIRCUNSTÂNCIAS FAVO- RÁVEIS PARA O CÁLCULO DA LONGITUDE

Universidade Federal do Rio Grande do Sul Instituto de Física Departamento de Astronomia. Profª. Daniela Pavani

15. DETERMINAÇÃO DO AZIMUTE PELO ÂNGULO HORÁRIO DE ESTRELAS

As tabelas desta seção contém as efemérides do Sol, Lua e grandes planetas.

As tabelas desta seção contém as efemérides do Sol, Lua e grandes planetas.

TRANSFORMAÇÃO DE COORDENADAS GEODÉSICAS EM TOPOGRÁFICAS E VICE- VERSA

Radiação Solar parte 1

TOPOGRAFIA ALTIMETRIA: LEVANTAMENTO TAQUEOMÉTRICO. Prof. Dr. Daniel Caetano

FUNDAMENTOS DE TOPOGRAFIA

Introdução: Tipos de Coordenadas

Universidade Federal do Rio Grande do Sul Instituto de Física Departamento de Astronomia. Fundamentos de Astronomia e Astrofísica: FIS02010

P1 CORREÇÃO DA PROVA. GA116 Sistemas de Referência e Tempo

ASTRONOMIA DE POSIÇÃO

RELATÓRIO DA SEGUNDA AULA PRÁTICA: DETERMINAÇÃO DO AZIMUTE DE UMA MIRA OBSERVANDO A ELONGAÇÃO DE UMA ESTRELA

1 Conceitos iniciais. 2 Índice de refração absoluto. 3 Dioptro plano (conceito) 4 Elementos da refração. 5 1ª lei da refração. 6 2ª lei da refração

Medidas de Direções. Material de apoio Topografia

Universidade Federal do Ceará Centro de Ciências Agrárias Departamento de Engenharia Agrícola Disciplina: Topografia Básica Facilitadores: Nonato,

Sistemas de Coordenadas

LEVANTAMENTO DE PONTOS DETALHE. Copyright LTG 2013 LTG/PTR/EPUSP

Caderno 1 Frente 2 Módulos 13 a 16. Profº Almir Batista

Topografia Aula 4 (Parte 1)- Planimetria - Goniologia RESUMO PARTE 1

2. Alguns conceitos e convenções na relação da Terra com o Céu

O CÉU NOTURNO: CONSTELAÇÕES E AFINS

LINHA DE POSIÇÃO ASTRONÔMICA OU RETA DE ALTURA

Topografia 1. Métodos de Levantamento Planimétrico. Prof.ª MSc. Antonia Fabiana Marques Almeida Outubro/2013

Astronomia de posição (II)

Universidade Federal do Paraná Setor de Ciências da Terra - Departamento de Geomática Prof a Regiane Dalazoana

Explorando o Universo: dos quarks aos quasares. Astronomia de Posição. Professor: Alan Alves Brito Agradecimento: Professor Roberto Bockzo

EXPLICAÇÕES DA SEÇÃO D 1 D

Sistema local de Coordenadas. J. Melendez, baseado/r. Boczko IAG - USP

AGA5802 Astrofísica Observacional

Uma atividade para um dia ensolarado

Medição de ângulos. Sextante. Teodolito

Astronomia de posição (II)

Universidade Federal do Rio Grande do Sul Instituto de Física Departamento de Astronomia. Fundamentos de Astronomia e Astrofísica: FIS2001

Sistemas de Coordenadas

Identificação de Astros. Preparo do Céu para Observação dos Crepúsculos

Cartografia Esferas celeste e terrestre e seus elementos astronômicos e cartográficos

Astronomia de posição (II)

TRANSFORMAÇÕES DE COORDENADAS UTILIZADAS NO GEORREFERENCIAMENTO DE IMÓVEIS RURAIS

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL. Paralaxe Solar e a Escala de distâncias astronômicas. Arthur P. O. Bastos

Introdução à Astronomia Semestre:

Movimentos da Terra. Planetas e sistemas planetários (AGA0502) Enos Picazzio - IAGUSP

Fundamentos da navegação astronómica.

PROF. D. Sc. JOÃO PAULO BESTETE DE OLIVEIRA

Sistemas de coordenadas tridimensionais

Fís. Monitor: João Carlos

Topografia. Distâncias. Aula 5. Prof. Diego Queiroz. Vitória da Conquista, Bahia. Contato: (77)

USO DO ALMANAQUE NÁUTICO PARA OBTENÇÃO DAS COORDENADAS DOS ASTROS

LISTA DE EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO Planimetria Parte 01 TOPOGRAFIA B-I

Sistemas de coordenadas e elementos orbitais

a) Classifique todas as imagens obtidas da esquerda para a direita, na ordem que elas aparecem:

TOPOGRAFIA PLANIMETRIA: AZIMUTES E DISTÂNCIAS. Prof. Dr. Daniel Caetano

PROJEÇÕES. Prof. Dr. Elódio Sebem Curso Superior de Tecnologia em Geoprocessamento Colégio Politécnico - Universidade Federal de Santa Maria

SISTEMAS DE COORDENDAS CELESTES

Sistemas de coordenadas e tempo

AULA 03 MEDIDAS ANGULARES. Laboratório de Topografia e Cartografia - CTUFES

UNICAP Universidade Católica de Pernambuco Laboratório de Topografia de UNICAP LABTOP Topografia 1. Coordenadas Aula 1

Sistemas de Energia Solar e Eólica Professor: Jorge Andrés Cormane Angarita

TOPOGRAFIA PLANIMETRIA: AZIMUTES E DISTÂNCIAS. Prof. Dr. Daniel Caetano

Refração da luz. Prof.: Luiz Felipe. Ciências da Natureza Física

Aula 11: Distâncias Astronômicas

SISTEMA TOPOGRAFICO LOCAL (STL)

INTRODUÇÃO A GEODÉSIA FÍSICA

Universidade do Algarve Escola Superior de Tecnologia

LISTA DE EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO Planimetria Parte 01 TOPOGRAFIA I

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA - UNIPAMPA CURSO DE ENGENHARIA DE AGRIMENSURA DISCIPLINA: CARTOGRAFIA II

Curso de Geomática Aula 2. Prof. Dr. Irineu da Silva EESC-USP

Topografia. Introdução à Topografia. Aula 1. Prof. Diego Queiroz. Vitória da Conquista, Bahia. Contato: (77)

Transcrição:

Engenharia Cartográfica e de Agrimensura Astronomia de Posição: Aula 10 Capítulos 10 e 11 Profa. Dra. Daniele Barroca Marra Alves

SUMÁRIO Circunstâncias favoráveis às determinações astronômicas o Latitude; o Longitude; o Azimute; o Métodos de observação ao Sol - Uma tangência e uma bisseção; - Dupla tangência. o Correções - Ponto zenital (P z ); - Paralaxe (p); - Semidiâmetro do Sol (SD); - Refração astronômica (R); - Correção total nas distâncias zenitais.

Circunstâncias favoráveis às determinações astronômicas Triângulo de posição

Circunstâncias favoráveis às determinações astronômicas Latitude d dz = cos tga dh cos A A = 0 ou A = 180 Longitude dh = dz cos sen A d tga cos A = 90 ou A = 270 Azimute 1 da = d + sen z sen Q sec H 1 dz sen z tgq Q = 90

As coordenadas geográficas de um ponto podem ser retiradas de uma carta geográfica por interpolação linear. Mas, quando não existe uma carta do lugar, pode-se por observações ao Sol determinar por processos expeditos a latitude, longitude e azimute de uma direção. Existem diferentes maneiras de se visar o Sol, seja para a medida da distância zenital, seja para leituras azimutais ou para fazer ambas as medidas simultaneamente.

As coordenadas das estrelas estão catalogadas no sistema uranográfico, cuja origem coincide com o centro de massa da Terra (geocentro). As observações astronômicas, por sua vez, são realizadas na superfície da Terra (topocentro), então faz-se necessária a transformação das observações topocêntricas em geocêntricas. Essas correções referem-se à paralaxe, semidiâmetro do Sol e refração astronômica. Além destas correções, deve-se realizar também a correção do Pz (erro do ponto zenital).

Ponto Zenital (P z ) A graduação do teodolito com origem no zênite proporciona a distância zenital de uma visada, que é uma quantidade sempre positiva, eliminando assim o inconveniente dos sinais existentes quando a contagem se inicia no horizonte, os quais podem ser positivos (visadas acima do horizonte instrumental) ou negativos (visadas abaixo do horizonte instrumental). Pz = 180 PD+ 2 PI Onde: PD e PI corresponde as leituras das distâncias zenitais nas posições direta (limbo a esquerda) e inversa (limbo a direita), respectivamente. Para a determinação do Pz recomenda-se a realização de, no mínimo, três séries de leituras a um determinado alvo fixo.

Paralaxe (p) As observações são realizadas na superfície da Terra, porém devem ser reduzidas ao centro da mesma, pois as coordenadas uranográficas são geocêntricas. A mudança de posição do observador da superfície para o centro da Terra ocasiona no deslocamento das projeções do astro E na esfera celeste, pois, do centro da Terra o astro é visto na posição E. Assim, a Paralaxe (p) astronômica pode ser definida como o ângulo sob o qual é visto do astro o raio da Terra. p = p 0 sen Z' onde: p 0 paralaxe horizontal do astro (Sol), isto é, paralaxe que o astro teria se estivesse situado no horizonte (vem tabelado para o início de cada mês nas efemérides); e Z distância zenital observada no instrumento.

Semidiâmetro do Sol (SD) Dada a dificuldade de se visar diretamente o centro do Sol devido ao seu grande diâmetro aparente, limita-se a observar um de seus bordos e depois, com a correção do semidiâmetro, as observações são reduzidas ao centro do Sol. O semidiâmetro do Sol (SD) vem tabelado nas efemérides astronômicas para todos os dias no ano. Analisando a Figura observa-se que dependendo do bordo em que se realiza a tangência, o sinal de SD pode ser positivo ou negativo na etapa de correção da distância zenital observada. Utiliza-se o sinal positivo quando a observação ao Sol for realizada em seu bordo superior, e o sinal negativo quando a tangência do retículo for realizada no bordo inferior do Sol.

Semidiâmetro do Sol (SD) Em relação à correção do ângulo azimutal observado (H ), com o intuito de obter o ângulo azimutal corrigido (H), deve-se determinar a correção devido ao semidiâmetro do Sol (dh): dh = SD sen Z' H = H' dh H = H' SD sen Z' Quanto a raiz dupla da equação, utiliza-se o sinal positivo para as observações realizadas no bordo esquerdo do Sol, e o sinal negativo para observações realizadas no bordo direito do Sol.

Refração astronômica (R) As camadas de ar que envolve a Terra, sendo de índices de refração diferentes, atuam como um meio refringente, produzindo desvios dos raios luminosos que emanam dos astros. A Refração Astronômica (R) é o deslocamento que um raio luminoso sofre ao passar de um meio a outro de densidades diferentes. Quando o raio incidente passa de um meio de densidade menor para um meio de densidade maior (menos refringente para um meio mais refringente), o raio se aproxima da normal.

Refração astronômica (R) Na atmosfera, à medida que se afasta da superfície terrestre, o ar vai se tornando menos denso. Assim, a luz do astro ao adentrar a atmosfera vai sucessivamente atravessando meios de densidade maiores, ou seja, o raio luminoso vai se aproximando sucessivamente da normal.

Refração astronômica (R) O efeito da refração astronômica é a elevação aparente do astro, assim, a correção desse efeito nas determinações das distâncias zenitais é sempre positiva. A refração no instante da observação pode ser calculada a partir da refração média (Rm), cujo valor encontra-se tabelado nas efemérides astronômicas em função de Z. A refração média é válida para a atmosfera padrão, no entanto, em campo as condições de temperatura e pressão são diferentes. Assim, deve-se introduzir a correção em virtude da temperatura e pressão (C TP ), valor esse tabelado nas efemérides astronômicas em função da temperatura e pressão em mmhg: R = Rm C TP O valor da refração astronômica (R) também pode ser calculado com uma boa aproximação, válida para qualquer observação astronômica, a partir da equação: P[mbar] R" 16,27" tgz' 273,15 + T[ C] = onde: T temperatura ambiente em graus centígrados; P pressão atmosférica ambiente em mbar; R refração astronômica em segundos de arco.

Método de uma tangência e uma bisseção Se o Sol for bissetado no fio vertical as leituras azimutais são isentas da influência do semidiâmetro solar. Observando o Sol na posição direta (limbo a esquerda) do instrumento e depois na posição inversa (limbo a direita), a média das distâncias zenitais estará isenta da correção do semidiâmetro.

Método de dupla tangência Quando observa-se o Sol na posição direta, conforme a Figura a), e na posição inversa, Figura b), a média das leituras azimutais estará isenta da influência do semidiâmetro, entretanto as leituras zenitais terão que ser corrigidas do efeito do semidiâmetro solar. Se a observação for na posição direta conforme a Figura c) e na posição inversa como na Figura d), então as médias das leituras azimutais e zenitais corresponderão às leituras feitas para o centro geométrico do Sol e portanto estarão isentas da influência do semidiâmetro.

Correção Total nas Distâncias Zenitais A distância zenital corrigida (Z) é obtida a por: Z = Z' + Pz p SD + R onde: Z distância zenital observado no instrumento; Pz erro do ponto zenital; p paralaxe astronômica; SD semidiâmetro solar (tabelado); e R refração astronômica. Observação: uma vez determinada a distância zenital corrigida (Z), para se obter o ângulo azimutal corrigido (H) deve-se substituir Z por Z na equação: H = H' SD sen Z' H = H' SD sen Z

Exercício Proposto 1. No dia 19 de maio de 2011 foi observado o bordo inferior do Sol com distância zenital de 42º 09 37,5, temperatura de 19ºC e pressão atmosférica de 977,5 mbar. Calcular a distância zenital corrigida, sabendo-se que p 0 = 8,67, SD = 15 48,7 (ver o sinal ao usar) e para fins de determinação de Pz foram feitas as seguintes leituras no limbo vertical do instrumento: Série/Posição PD PI 1ª Série 87º 23 14,3 272º 36 24,2 2ª Série 87º 23 15,6 272º 36 35,8 3ª Série 87º 23 13,9 272º 36 30,1