O estado actual e perspectivas sobre os investimentos estrangeiros directos NOTA DE TRABALHO REPRESENTAÇÃO COMERCIAL GENEBRA - SUÍÇA

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MISSÃO PERMANENTE DA REPÚBLICA DE ANGOLA JUNTO AO OFÍCIO DAS NAÇÕES UNIDAS REPRESENTAÇÃO COMERCIAL GENEBRA - SUÍÇA NOTA DE TRABALHO O estado actual e perspectivas sobre os investimentos estrangeiros directos G E NEBRA A OS 17 DE JULH O DE

A Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e Desenvolvimento (CNUCED) publicou no início deste mês de Julho de o seu relatório sobre o investimento estrangeiro directo no qual ressalta que os fluxos de investimento estrangeiro directo (IED) aumentaram de 16% em 2011, superando o nível do período pré-crise (2005-2007). O IED para a África Subsaariana cresceu de 29,5 bilhões em 2010 para 36,9 bilhões de dólares americanos em 2011. No World Investment Report, a CNUCED realça que o ressurgimento da incerteza económica e a possibilidade de um crescimento mais lento nas principais economias emergentes poderiam minar o dinamismo do IED em 1. Tendência global em certas regiões 1. Apesar dos efeitos persistentes das crises financeira e económica de 2008-2009 e das contínuas crises de dívida soberana, os fluxos globais de IED aumentaram de 16 por cento em 2011, superando pela primeira vez o nível do período pré-crise (2005-2007). 2. Os fluxos de IED para os países desenvolvidos cresceram vigorosamente em 2011, atingindo 748 biliões de dólares americanos, ou seja um aumento de 21 por cento em relação a 2010. No entanto, o nível das entradas de investimento estrangeiro foi ainda um quarto abaixo do nível do período pré-crise. 3. Os países em desenvolvimento e com as economias em transição continuaram a representar mais da metade de IED global (45 e 6 por cento, respectivamente), aumentando de 12 por cento para 777 biliões de dólares. Os fluxos de IED para os países em desenvolvimento foram impulsionados pelo aumento de 10 por cento na Ásia e de 16 por cento na América Latina e no Caribe. 1 CNUCED, World Investment Report : Towards a New Generation of Investment Policies,. 1/6

O IED para as economias em transição aumentou de 25 por cento para 92 bilhões de dólares americanos. Tabela 1 : Fluxos de IED por região, em bilhões de dólares Effectivo Projecções Fluxos global de IED Países desenvolvidos 2009 2010 2011 2013 2014 1 198 1 309 1 524 1 495 1 695 1 630 1 925 1 700 2 110 606 619 748 735 825 810 940 840 1 020 União Europeia 357 318 421 410 450 430 510 440 550 América do Norte 165 221 268 255 285 280 310 290 340 Países em desenvolvimento 519 617 684 670 760 720 855 755 930 África 53 43 43 55 65 70 85 75 100 América Latina e no Caribe 149 187 217 195 225 215 265 200 250 Ásia 315 384 423 420 470 440 520 460 570 Economias em transição 72 74 92 90 110 100 130 110 150 Tendências de IED para a África 4. Os fluxos de IED para a África foram de 42,7 bilhões de dólares em 2011, marcando um terceiro ano consecutivo de declínio. Em termos de participação nos fluxos globais de IED, a posição do continente diminuiu de 3,3 por cento em 2010 para 2,8 por cento em 2011. O IED para a África proveniente dos países desenvolvidos caiu drasticamente, resultando no aumento de participação dos países em desenvolvimento e com economias em transição. 5. No entanto, essa imagem de uma tendência geral de redução do IED não reflecte a situação em todas as partes do continente. O crescimento negativo para o continente foi impulsionado em grande parte pela redução dos fluxos em direcção à África do Norte (causada 2/6

pela instabilidade política). Os fluxos para a África Subsaariana passaram de 29,5 bilhões em 2010 para 36,9 bilhões de dólares americanos em 2011, um nível comparável com o pico de 2008 (37,3 bilhões dólares). 6. Os fluxos para a África Ocidental foram destinados principalmente para o Gana e Nigéria, que juntos representaram cerca de três quartos de IED da sub-região. A Guiné Conacri foi onde houve mais fortes ganhos em termos de crescimento do IED, uma tendência que deverá continuar nos próximos anos. Em geral, os fluxos de IED para a África Ocidental cresceram de 36 por cento para 16,1 bilhões de dólares americanos. 7. A maior parte do IED na África Central foi para os três países ricos em matérias-primas: a República do Congo, a Guiné Equatorial e a República Democrática do Congo (RDC). Embora os fluxos de IED para a República do Congo tenham crescido fortemente em 2011, a diminuição dos fluxos para a RDC afectou o total alocado à região. 8. O IED para o Sul da África recuperou do declínio de 78 por cento de 2010. Em 2011, o total do IED foi de 6,37 bilhões de dólares americanos. Esta inversão foi precipitada, principalmente, pela forte recuperação dos fluxos em direcção à África do Sul, a maior da região destinatária de IED. 9. A África Oriental, historicamente a região da África subsaariana com mais baixos fluxos de IED, inverteu a tendência de queda de 2009-2010 para chegar a 3,96 bilhões dólares americanos, um nível de apenas 5 por cento abaixo do pico de 2008. Como a maioria dos países desta sub-região não é rica em recursos naturais, poucos grandes investimentos são atraídos. No entanto, a descoberta de gás é susceptível de alterar significativamente esse padrão. 10. Os países produtores de petróleo e de gás são os principais beneficiários do IED. A produção de petróleo na África Subsaariana tem sido dominada pelos dois principais países produtores, Angola e Nigéria. A Nigéria foi o maior receptor de África dos fluxos de IED 3/6

(8,92 bilhões dólares) em 2011, respondendo por mais de um quinto de todos os fluxos para o continente. 11. Em termos brutos, Angola atraiu fluxos de IED de 10,5 bilhões de dólares. No entanto, em termos líquidos, os desinvestimentos e a repatriação das rendas das entidades estrangeiras baseadas no país resultaram num saldo negativo de 5,59 bilhões de dólares americanos. Tendências da política de investimento 12. Apesar do cenário de incerteza económica caracterizada por uma contínua turbulência nos mercados financeiros e um crescimento lento, os países continuaram a liberalizar e promover o investimento estrangeiro como forma de apoiar o crescimento e desenvolvimento económicos. Ao mesmo tempo, as actividades reguladoras no que diz respeito ao IED continuaram. 13. As medidas de investimento adoptadas em 2011 foram em geral favoráveis aos investidores estrangeiros. Em comparação com 2010, a percentagem de medidas mais restritivas diminuiu significativamente. No entanto, seria prematuro interpretar esta diminuição como indicação de uma reversão da tendência de um ambiente político mais rigoroso ao investimento que tem sido observado nos anos anteriores. 14. A tendência global em termos de política para a liberalização e promoção de investimentos parece cada vez mais orientada às indústrias específicas, em particular em alguns sectores de serviços (ex. fornecimento de electricidade, gás e água, transporte e comunicação). Vários países perseguiram as suas políticas de privatização. Outras medidas incluiram as relacionadas com a facilitação dos procedimentos de admissão para o investimento estrangeiro. 4/6

As indústrias extractivas foram a excepção. As medidas políticas neste sector foram menos favoráveis ao investimento. 15. A regulação, parcialmente motivada por considerações de política industrial, tornou-se manifesta principalmente em duas áreas: (i) um ajustamento de políticas de entrada no que diz respeito ao IED através da introdução de novas barreiras à entrada ou ao reforço dos procedimentos de triagem (por exemplo, na agricultura, produtos farmacêuticos); e (ii) políticas mais reguladoras nas indústrias extractivas, incluindo a expropriação, nacionalização ou requisitos de alienação, bem como os aumentos nas taxas de tributação das empresas, royalties e renegociações de contratos. 16. Em 2011-, vários países adoptaram uma abordagem mais crítica em relação ao IED. À luz da taxa de desemprego interno elevado, a preocupação está a aumentar em relação ao papel do IED direccionado ao exterior na contribuição à exportação de empregos e ao enfraquecimento da base industrial doméstica. Outros objectivos políticos incluem a estabilidade cambial e um melhor equilíbrio da balança de pagamentos. As medidas políticas empreendidas incluíram as restrições ao investimento directo estrangeiro e incentivos para repatriar o investimento feito no estrangeiro. Perspectivas futuras 17. Um ressurgimento da incerteza económica e a possibilidade de menores taxas de crescimento nos principais mercados emergentes quebrariam a tendência favorável perspectivida para. A CNUCED prevê que a taxa de crescimento do IED desaceleraria em, com os fluxos a estabilizar-se a cerca de 1,6 trilião de dólares americanos. 5/6

18. As projecções da CNUCED para o médio prazo mostram que os fluxos de IED aumentariam a um ritmo moderado, mas constante, atingindo 1,8 e 1,9 trilião de dólares americanos em 2013 e 2014, respectivamente. Estes níveis impediriam quaisquer choques macroeconómicos. No entanto, a incerteza dos investidores sobre o curso dos eventos económicos para este período seria ainda alta. 19. Indicações sugerem que os países em desenvolvimento e com economias em transição continuariam a acompanhar o ritmo de crescimento do IED global no médio prazo. 20. O crescimento dos fluxos de IED em seria moderado em todos os três grupos de países (países desenvolvidos, em desenvolvimento e com economias em transição). Nas regiões em desenvolvimento, a África veria a entrada de IED a aumentar, enquanto na Ásia o crescimento seria modesto. Os fluxos de IED para as economias em transição poderão crescer ainda mais em e ultrapassar o pico de 2007 em 2014. 21. As perspectivas de fluxos para a África para são promissoras. O forte crescimento económico, as reformas económicas em curso, assim que os preços elevados das matériasprimas têm melhorado as percepções dos investidores sobre o continente africano. A rentabilidade relativamente elevada de IED no continente é um outro factor que impulsionaria a chegada de fundos estrangeiros. Além dos padrões tradicionais do IED para as indústrias extractivas, a emergência de uma classe média está a promover o crescimento do IED nos sectores de serviços como os serviços bancários e de telecomunicações. REPRESENTAÇÃO COMERCIAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA, EM GENEBRA, AOS 17 DE 6/6