Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos

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Transcrição:

CIDADE DE DEUS: UMA ANÁLISE DA VIOLÊNCIA LINGUÍSTICA Daniela da Silva Araújo (USP) danielaaraujo421@hotmail.com Soraya Ferreira Alves (UnB) 1. Introdução Segundo Silva (2010) a violência é um aspecto constituinte da relação que estabelecemos com o mundo um mundo, como enfaticamente afirma (TALAL ASAD, 2008, p. 596), em que violência verbal e física são variavelmente constitutivas. A violência é vista, pois como parte de uma condição humana e não como alguma coisa que lhe seja externa ou é estranho e, como tal é constitutiva de nossa experiência social. Baseada na obra do filósofo J. Austin, Judith Butler (1997) trabalha a violência das palavras. Para a autora, a fala do ódio é uma forma de violência como a violência física que ameaça o corpo, nesse caso o corpo moral, a partir da ideia de que a linguagem é uma ação. 2. Violência linguística O filme Cidade de Deus traz exemplos da violência linguística, uma vez que a linguagem da narrativa retrata as falas do crime, construindo subjetividade violentas na utilização de palavras usadas forma de imposição e poder pelos traficantes que dominam a favela. Em Cidade de Deus, observa-se que a língua serve para impor medo na comunidade, e ofender os mais fracos em meio ao tráfico de drogas. Na briga entre gangues, a lei do mais forte através da imposição da voz, o chamado moral que o traficante tem perante a comunidade da favela. Podemos perceber em diversas cenas do filme a constituição de representações da favela como locus da violência a partir de expressões grosseiras conferidas às personagens, cenas em que através do verbal e do não verbal, a favela é naturalizada como essencialmente violenta. Percebemos em Cidade de Deus um tipo de narrativa cujo objetivo é reestruturar experiências de vida afetadas por um tipo de violência: a fala do crime (CALDEIRA, 2000 apud Silva, 2010). Para Caldeira, a fala do crime é uma fala simplística e essencializada (...) que engendra um 260 Revista Philologus, Ano 18, N 54 Suplemento: Anais da V JNLFLP. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2012

sistema de oposições entre bem e mal, cidadãos e criminosos, segurança pública e privada. Segunda Silva (idem) usamos nossa linguagem sobre o crime para organizar aquilo que para nós é uma desordem: o mundo tomado pela violência. Como no nosso caso em estudo, a fala performática no livro e no filme Cidade de Deus pode ser considerada como o tipo de fala que caldeira considera fala do crime. Assim, as narrativas que tematizam o crime, narrativas que trazem falas sobre violência, sobre crime, e sobre a descrença em instituições democráticas, como a polícia, são a nossa forma de ordenar a violência em nossa volta. Assim, as narrativas sobre crime como as narrativas da Cidade de Deus são consideradas como artifícios que tanto agem contrariamente como reproduzem a violência (2000, p. 38). 3. Resultados Observa-se como a situação do local vai se degradando e a criminalidade vai se institucionalizando, até se tornar ponto do tráfico de drogas. Russo faz uma análise do filme e explica sobre a violência na favela, no trecho em que Buscapé serve como testemunha da história do bairro. Cidade de Deus tem por objetivo mostrar não apenas a história da favela que dá nome ao filme, mas também debater o porquê da escalada da violência no local. O filme possui uma clara divisão em três fases, todas interligadas a- través dos olhos de Buscapé, morador local que reluta em seguir a vida criminosa (RUSSO, 2007). Na terceira fase, praticamente todas as cenas, como relata Russo (2012), foram rodadas com a câmera na mão dos cinegrafistas, em cenas tensas e tremidas, a transmitir uma sensação de quem realmente está no fogo cruzado. Meirelles não poupa o espectador de cenas chocantes e, muitas vezes, extremamente violentas para realmente mostrar como funciona o tráfico de drogas na favela. No livro existem cenas bem mais impactantes que no filme, por exemplo: a narração passo a passo do marido traído que esquarteja sua mulher. Cidade de Deus (MEIRELLES, 2002), por exemplo, obteve reconhecimento por escancarar na tela uma parte da realidade atual brasileira de uma maneira bem diferente. O filme de Meireles se tornou o paradigma de representação da favela e da marginalidade. Revista Philologus, Ano 18, N 54 Suplemento: Anais da V JNLFLP. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2012 261

A realidade de Cidade de Deus aparece "nua e crua", de maneira realista, diante dos olhos dos espectadores? Parece-nos que o tratamento dado às imagens e à montagem afasta o real do neorrealismo no cinema. A partir de uma fórmula que inclui a estrutura narrativa não linear, muitos cortes e linguagem de videoclipe, num verdadeiro turbilhão imagético, Cidade de Deus se distancia da abordagem realista. Num primeiro momento, por trazer no elenco atores não profissionais que, inclusive, são moradores da favela e, por abordar um tema tão próximo da realidade de muitos brasileiros o tráfico de drogas e a marginalidade, o filme nos remete ao real. O filme de Fernando Meirelles mostra a evolução da violência na favela carioca de Cidade de Deus por meio do tráfico de drogas. A narrativa é em primeira pessoa, a partir da estória de Buscapé, um garoto que decide não seguir o caminho da criminalidade, que acabou tirando a vida de seu irmão mais velho. A história de Buscapé é o fio condutor de outras biografias, diferentes da sua: a de colegas que se tornam jovens traficantes. Uma das críticas mais contundentes ao filme Cidade de Deus: em nenhum momento ele contextualiza o problema do tráfico de drogas ou mostra suas origens nos problemas sociais pelos quais passa o Brasil. A maior parte das críticas feitas ao filme de Fernando Meirelles na época do lançamento referia-se aos reflexos negativos da "forma" sobre o conteúdo, com pouco ou nenhum apelo reflexivo. Para muitos críticos de cinema, Cidade de Deus é um filme puramente descritivo, quando por a- bordar um tema de grande relevância social para o país, deveria induzir o espectador à reflexão. Se partirmos do pressuposto que, enquanto espectadores, aceitamos como real o que é esteticamente próximo da nossa cultura e realidade, Cidade de Deus, com seus cortes frenéticos e imagens de videoclipes vai de encontro a isso. O filme mostra outra realidade das favelas, a de que o povo vive apavorado, com o constante medo de serem mortos. A construção da marginalidade e da violência inicia-se com o Trio Ternura: três criminosos que roubam para comer e depois passam a roubar e a matar pelo poder. A imagem de Buscapé registrando tudo em sua máquina fotográfica para divulgar à sociedade revela que no mundo do crime os homens morrem cedo e acabam não sendo registros vivos que possam contar a história. 262 Revista Philologus, Ano 18, N 54 Suplemento: Anais da V JNLFLP. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2012

4. Considerações finais Cidade de Deus é uma obra que retrata com precisão a construção da marginalidade com o transcorrer do tempo. Isso fica explícito para a maioria da sociedade através do filme homônimo, sob a direção de Fernando Meirelles, o qual se utiliza dos diálogos, fotografia e das cores, por exemplo, para mostrar a degradação do ambiente e dos personagens. A importância dada às questões ligadas à periferia possui a intenção de mostrar uma sociedade dividida, na qual a diferença entre as classes sociais só tem aumentado. Cidade de Deus, da maneira como é representada no filme, revela que quem está economicamente e socialmente excluído, ao perceber que não tem acesso a determinados espaços, pode então decidir adentrar à força esses locais, com os recursos que tem à disposição, o que nos remete a uma realidade cada vez mais forte na lei do vale-tudo. Por esse motivo, a utilização dos recursos existentes no filme serve para apresentar uma realidade bastante incômoda ao espectador. Nesse sentido, a montagem, a música e a fotografia, do ângulo que a câmera exibe ao público, ou seja, tudo o que ocorre direcionado a quem assiste, pode causar um grande mal-estar no telespectador. Concluiu-se que os recursos cinematográficos utilizados pelo diretor Fernando Meirelles no filme Cidade de Deus foram importantes e expressivos para a compreendermos como a fala do crime constitui e performatizam uma representação sobre a realidade social das favelas, fazendo circular a significação da favela como um lugar de violência, a partir das narrativas que pretendem retratar testemunhos da violência em nosso país. Tais narrativas constroem subjetividades violentas através do meio não verbal. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS RUSSO, Francisco. Cidade de Deus: entretenimento e realidade, 2007. Disponível em: <http://www.adorocinema.com/colunas/cidade-de-deus- 18>. Acesso em 20-02-2012. SANTANA, S. R. L. As várias faces de Ripley: entre a literatura e as a- daptações cinematográficas. Salvador: UFBA, 2009. SILVA, Márcio. (Org.). Palavra e imagem, memória e escritura. Chapecó: Argos Editora Universitária, 2010. Revista Philologus, Ano 18, N 54 Suplemento: Anais da V JNLFLP. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2012 263

STAM, Robert. Beyond Fidelity: the dialogics of adaptation. In: NAR- EMORE, James. Film Adaptation. London: The Athlone Press, 2000. PAULO Lins. Disponível em: <http://www.novacultura.de/0305paulolins.html>. Acesso em: 10-08- 2012. ANEXOS FILMOGRAFIA Ficha Técnica Título Original:... Cidade de Deus Gênero:... Drama Tempo de Duração:... 135 minutos Ano de Lançamento (Brasil): 2002 Site Oficial:... www.cidadededeus.com.br Hot Site:... www.adorocinemabrasileiro.com.br Distribuição:... Lumière e Miramax Films Direção:... Fernando Meirelles Co-direção:... Katia Lund Roteiro:... Bráulio Mantovani Produção:... O2 Filmes, VideoFilmes, Andrea Barata... Ribeiro e Mauricio Andrade Ramos Co-Produtores:... Walter Salles, Donald K. Ranvaud, Daniel... Filho, Hank Levine, Marc Beauchamps,... Vincent Maraval e Juliette Renaud Produção executiva:... Elisa Tolomelli Co-produção:... Globo Filmes, Lumière, Wild Bunch e Bel... Berlinck Música:... Antônio Pinto e Ed Côrtes Fotografia:... César Charlone Direção de Arte:... Tulé Peake Edição:... Daniel Rezende Oficina de atores:... Nós do Cinema e Guti Fraga Preparação de atores:... Fátima Toledo 264 Revista Philologus, Ano 18, N 54 Suplemento: Anais da V JNLFLP. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2012