II Congresso Nacional de Formação de Professores XII Congresso Estadual Paulista sobre Formação de Educadores O CURSO DE EXTENSÃO DA UNIRIO EDUCAÇÃO INFANTIL: ARTE, CORPO E NATUREZA : RELATO DE EXPERIÊNCIA. Nuelna Vieira, Adrianne Ogeda, Léa Tiriba Eixo 2 - Projetos e práticas de formação continuada - Relato de Experiência - Apresentação Oral Esse trabalho tem como objetivo principal relatar a experiência vivida no Curso de Extensão Educação Infantil: arte, corpo e natureza, oferecido pela Faculdade de Educação da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), em parceria com o Ministério de Educação (MEC) no segundo semestre de 2013. O curso teve como público-alvo professores que atuam nas Instituições de Educação Infantil (creches e pré-escolas) da rede Municipal do Rio de Janeiro, atendendo a 30 professoras. 4155
O CURSO DE EXTENSÃO DA UNIRIO EDUCAÇÃO INFANTIL: ARTE, CORPO E NATUREZA : RELATO DE EXPERIÊNCIA. Adrianne Ogêda Guedes 1; Léa Velocino Tiriba 2 ; Nuelna Vieira 3. Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. INTRODUÇÃO O projeto de Especialização em cursos de extensão propostos pelo MEC em parceria com as Universidades Federais. Esse trabalho tem como objetivo principal relatar a experiência vivida no Curso de Extensão Educação Infantil: arte, corpo e natureza, oferecido pela Faculdade de Educação da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), em parceria com o Ministério de Educação (MEC) no segundo semestre de 2013. O curso teve como público-alvo professores que atuam nas Instituições de Educação Infantil (creches e pré-escolas) da rede Municipal do Rio de Janeiro, atendendo a 30 professoras. O critério de seleção, indicado pelo MEC, consistiu em que todos os candidatos estivessem atuando na área. Esta iniciativa constitui-se em uma das ações referentes à Política Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica. Nós, professoras da Faculdade de Educação da UNIRIO (Adrianne Ogêda e Lea Tiriba) e nossa colaboradora (Nuelna Vieira), estamos também a frente do curso de Especialização em Docência da Educação Infantil, que iniciou em 2012 e está dentro da mesma ação formativa. Segundo o projeto de execução dos cursos de Especialização e de Extensão: A formação inicial e continuada dos professores da educação básica encontra-se entre as prioridades do Ministério da Educação explicitadas no Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), para garantir educação de qualidade, centrada no aprendizado do educando. A criação da Política Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica é uma das respostas a esse compromisso. Instituída pelo Decreto 6.755 de 29 de janeiro de 2009, a Política Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica, tem por finalidade apoiar, em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, a formação inicial e continuada dos professores das redes públicas da educação básica. Dentre os princípios da política nacional está a formação docente construída em bases científicas e técnicas sólidas, como compromisso público de Estado. Pretende o Ministério aumentar o número de professores formados por instituições públicas de educação superior e garantir um referencial de qualidade para os 1 4156
cursos de formação inicial e continuada, sintonizando-os às necessidades formativas da educação básica e aos problemas da sala de aula. Como estratégia de planejamento do apoio técnico e financeiro aos Estados, Municípios e Distrito Federal para o alcance dos compromissos postos no PDE, o MEC instituiu o Plano de Ações Articuladas (PAR), por meio do qual cada uma dessas instâncias consolida suas demandas, entre elas as ações de formação. Também como instrumento de planejamento, o MEC criou, em 2009, a Plataforma Freire, que possibilita levantar o interesse dos professores, por meio da internet, em cursos de formação oferecidos com base na demanda identificada nos PAR. (MEC, 2009) Essa iniciativa insere-se na preocupação das políticas públicas com a qualidade oferecida pelos municípios no segmento da educação infantil. Pesquisas sobre a formação de professores, como a desenvolvida por KRAMER (2005, 2009), dentre documentos oficiais do Ministério da Educação (MEC, 2009), indicam o necessário investimento na formação docente como um dos caminhos necessários para o aprimoramento da Educação Infantil brasileira. Verifica-se a formação insuficiente dos profissionais que atuam na área, seja por falta de habilitação prévia, seja porque essa habilitação não tem sido capaz, de alguma forma, de prepará-los para as especificidades da educação de crianças na faixa de zero a seis anos, ou ainda, porque a prática do professor, estar em sala com um grupo de crianças a cada ano, inspire reflexões e aprendizagens constantes. As especificidades a que nos referimos estão explicitadas nas novas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, instituídas pela Resolução CNE/CEB nº 5, de dezembro de 2009. Documento que foi resultado de amplo processo de discussão entre especialistas e dirigentes da área, as diretrizes definem a concepção e o currículo da educação infantil, como primeira etapa da educação básica. Para que sejam de fato postas em prática, é fundamental que os professores de educação infantil tenham sua formação, inicial e/ou continuada, baseada na mesma concepção e que sua prática pedagógica seja orientada pelo currículo explicitado nas DCNEI. O MEC identifica que mesmo entre os habilitados em Pedagogia, há uma grande demanda por cursos de formação mais específica, como comprova a demanda de curso de especialização em Educação Infantil e de extensão observada nos Planos de Ação Articuladas PAR. Essa atingiu a casa de 19.771 professores que deveriam ser atendidos no período 2008 a 2011. Os cursos de Especialização em Educação Infantil e os de extensão, inseridos no projeto explicitado em 2009 constitui-se em uma das principais ações da Política Nacional de Formação para a Educação Infantil, que inclui ainda o Programa de Formação Inicial, 2 4157
em nível médio, modalidade Normal, para Professores em Exercício na Educação Infantil Proinfantil; o Programa de Formação Inicial, em nível superior (Pedagogia), de Professores da Educação Infantil; o Curso de Extensão Universitária de Professores da Educação Infantil. A implementação, que ora se realiza, vem sendo acompanhada pelo MEC, privilegiando-se a estratégia de troca de experiências e construção coletiva, de forma a constituir-se uma rede entre as agências formadoras e o Ministério. Vale destacar que os projetos em foco estão sob a responsabilidade da Secretaria de Educação Básica (SEB), do Ministério da Educação (MEC), em parceria com as Instituições Federais de Ensino Superior (IES) e as Secretarias Municipais de Educação. Os objetivos gerais desse projeto são: 1)Formar em nível de especialização professores, coordenadores, diretores de creches e pré-escolas da rede pública e equipes de educação infantil das redes públicas de ensino e 2) Atender as demandas de formação de profissionais da educação infantil explicitadas nos Planos de Ações Articuladas (PAR). Com relação aos objetivos específicos: 1)Propiciar aos profissionais da educação infantil oportunidades de ampliar e aprofundar a análise: - das especificidades das crianças de 0 a 3 e de 4 a 6 anos, relacionando-as às práticas pedagógicas para a educação em creches e pré-escolas e à identidade do profissional da educação infantil; - das políticas nacional e locais de educação infantil e seus impactos; - das contribuições à educação infantil advindas das ciências sociais e humanas; - das relações entre cultura, subjetividade e currículo na educação infantil; - de estudos e pesquisas na área da educação infantil. 2). Propiciar aos profissionais da educação infantil oportunidades de analisar e desenvolver propostas de organização do trabalho pedagógico para creches e préescolas. 3) Propiciar aos profissionais da educação infantil oportunidades de realizar estudos diagnósticos e propor estratégias para a melhoria da educação infantil em seu contexto de trabalho. Nesse relato, após a apresentação nessa introdução do contexto mais amplo no qual o curso de extensão se insere, temos como objetivo apresentar alguns aspectos da implementação do referido curso, dando destaque a metodologia desenvolvida. Os objetivos, ainda que tenham uma especificidade no curso de extensão, são articulados com o projeto acima apresentado em suas linhas gerais. 3 4158
1) O curso de extensão Educação Infantil: arte, corpo e natureza Iniciado no segundo semestre de 2013, funcionando aos sábados pela manhã, o curso de extensão Educação Infantil: arte, corpo e natureza teve como objetivo central oportunizar aos professores participantes experiências variadas no campo da Educação estética. O tema do curso foi proposto pelo MEC e definido com o grupo de professores das universidades participantes em diálogo com os professores da Educação Infantil. No entanto, cada universidade teve total autonomia para escolher o campo no qual focaria sua proposta. A ementa, fundamentos e objetivos indicados pelo MEC eram os seguintes Ementa: Criação e imaginação na infância. Educação estética, infâncias e linguagens artístico-culturais. A arte na Educação infantil. Relação e interação das crianças com diversificadas manifestações estéticas e culturais - música, artes plásticas e gráficas, cinema, fotografia, dança, teatro, poesia e literatura. 1. Fundamentos Teóricos Metodológicos O curso privilegia a articulação entre a teoria e a prática no processo de formação docente, fundada no domínio de conhecimentos científicos e didáticos. 2. Objetivos: - Elevar o nível de conhecimento e aprimorar a prática pedagógica dos professores no que tange à apreciação e expressão em Arte. - Contribuir na implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. - Atender as demandas de formação de profissionais da educação infantil explicitadas nos Planos de Ações Articuladas (PAR). 3. Metodologia: São utilizadas atividades coletivas e individuais, de modo a promover o aprofundamento teórico-metodológico e estimular processos de reflexão sobre as práticas no cotidiano de trabalho em creches e pré-escolas, no que tange às artes em geral. O curso oferece um conjunto de vivências, repertórios e conhecimentos que possibilitam a construção de olhares e propostas de trabalho com as crianças. A certificação concedida a de aperfeiçoamento nas artes. O curso, dividiu-se em dois módulos. O Módulo 1 focalizava a Educação estética e infâncias, tendo como objetivo o estudo e reflexão sobre os conceitos e fundamentos estéticos da arte. O estudo dos conceitos de Cultura e infâncias, Imaginação e criação na infância e as múltiplas linguagens artístico-culturais em suas especificidades. O Módulo 2, tratava da Arte na educação infantil. Nesse módulo, a ênfase estava no relacionamento e interação das crianças com diversificadas manifestações estéticas e 4 4159
culturais - música, artes plásticas e gráficas, cinema, fotografia, dança, teatro, poesia e literatura. A partir dessa estrutura, organizamos o curso dando ênfase especial ao corpo (dança, expressão corporal) e as artes plásticas. O que merece destaque nesse relato foi a metodologia que propusemos ao longo do semestre. Optamos por oferecer um curso que fosse marcado pela proposição de vivências, articuladas com as reflexões teóricas e os espaços de troca e compartilhamento de experiências docentes. Assim, a cada sábado, os professores participantes eram convidados a, mais do que discutir e estudar sobre a importância das artes na Educação Infantil e o aprendizado de um conjunto de técnicas e/ou formas de trabalhar com as crianças, a, elas mesmas, colocarem seus corpos, imaginação, sensibilidade em ação. As aulas convidavam a experimentação. Essa aposta se sustenta na convicção que nos anima, orientada pelos estudos do campo da formação docente, dentre outros (DUARTE JR. 2004; LOPONTE, 2011; KRAMER, 2011) de que para que o professor possa efetivamente incorporar em sua prática ações que envolvam o estímulo a criatividade, o fomento a imaginação das crianças, oferecendo experiências que envolvam a corporeidade, a produção artística e a formação cultural e estética, é mister que ele próprio experimente em si mesmo essas possibilidades Assim, mas do que um conhecimento externo, adquirido pela razão, esse docente terá transformado em elementos vivos em seu repertório, a partir do que as vivencias mobilizaram nele. Assim, buscávamos ampliar o universo do professor, autorizando-o a encontrar em suas bagagens culturais, cientificas soluções para sua prática escolar. Os espaços de troca entre os professores foram também muito ricos e produtivos. Havia um espaço para expor o que viveu nas experiências. As vivências exploravam um campo sensorial, produziam sensações, percepções, ficávamos carregados de imagens, sentimentos e ideias. Arte, corpo e natureza dialogavam e provocavam uma multiplicidade de propostas, experiências diversas para cada aluno/professor. Os depoimentos recolhidos por nós por meio de entrevistas, indica e atesta que esse caminho de formação é fértil, promovendo transformações concretas na prática cotidiana desses docentes. BAZÍLIO, Luiz Cavalieri e KRAMER, Sônia. Infância, educação e direitos humanos. São Paulo: Cortez, 2003. 5 4160
DUARTE JR., João Francisco. O sentido dos sentidos: a educação (do) sensível. Curitiba, PR: Criar edições, 2004. KRAMER, Sonia (org.) Profissionais de educação infantil, gestão e formação. São Paulo: Ática, 2005. KRAMER, Sonia; NUNES, Maria Fernanda; CARVALHO, Maria Cristina. Educação Infantil: formação e responsabilidade. Campinas, SP: Papirus, 2013. KRAMER, Sonia e LEITE, Maria Isabel. Infância e Produção cultural. Campinas, SP: Papirus, 1998. LOPONTE, Luciana Gruppelli. Arte e inquietudes estéticas para a educação. In PASSOS, Mailsa Carla Pinto. Educação como experiência estética. Rio de Janeiro: NAU, 2011 (30-51). NUNES, Maria Fernanda; CORSINO, Patrícia e KRAMER, Sonia (coordenação) [et al}. Educação Infantil et Formação de profissionais do Estado do Rio de Janeiro (1999-2009)- Relatório de Pesquisa. Rio de Janeiro: Traço e Cultura, 2011. OSWALD, Maria Luiza. Educação pela carne: estesia e processos de criação. In PASSOS, Mailsa Carla Pinto. Educação como experiência estética. Rio de Janeiro: NAU, 2011 (29-37). IVERO, Cléia Maria L., GALLO, Sílvio (orgs.). A formação de professores na sociedade do conhecimento. Bauru, SP: Edusc, 2004. Notas 1 Professora Adjunta da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro/ Coordenadora do Curso de Extensão Educação Infantil: arte, corpo e natureza. 2 Professora Adjunta da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro/ Coordenadora Geral dos cursos de Pós-Graduação em Educação Infantil e de extensão. 3 Professora Formadora do Curso de Extensão Educação Infantil: Arte, corpo e natureza. 6 4161