O IMPACTO DA TRANSIÇÃO DO ENSINO MÉDIO PARA O CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS SOCIAIS

Documentos relacionados
FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES E O PERFIL DO ALUNO DO CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

EDUCAÇÃO INFANTIL E A SEXUALIDADE: O OLHAR DO PROFESSOR

A CONCEPÇÃO DE ENSINO ELABORADA PELOS ESTUDANTES DAS LICENCIATURAS

CURRÍCULO E PLANEJAMENTO: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA

A DISCIPLINA DE DIDÁTICA NO CURSO DE PEDAGOGIA: SEU PAPEL NA FORMAÇÃO DOCENTE INICIAL

O ACESSO E PERMANÊNCIA DE JOVENS DE ORIGEM POPULAR NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DA BAHIA RESUMO

Aula 1 O processo educativo: a Escola, a Educação e a Didática. Profª. M.e Cláudia Benedetti

NECESSIDADE TEÓRICA PARA A ORGANIZAÇÃO DA DISCIPLINA DE ESTÁGIO OBRIGATÓRIO NO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

A EVASÃO E A PERMANÊNCIA NO ENSINO MÉDIO INTEGRADO DO CÂMPUS RESTINGA DO IFRS

Música e Inclusão: ações pedagógicas para o trabalho com um aluno cego no ensino superior

CONSTRIBUIÇÕES DO PIBID NA FORMAÇÃO DOCENTE

CURSO ANO LETIVO PERIODO/ANO Licenciatura em Pedagogia º Período CÓDIGO DISCIPLINA CARGA HORÁRIA. História da Educação

IDENTIDADE E SABERES DOCENTES: O USO DAS TECNOLOGIAS NA ESCOLA

OS SABERES DOCENTES: AS CONCEPÇÕES DE PROFESSORAS DA REDE MUNICIPAL DO RECIFE

PLANO DE ENSINO Projeto Pedagógico: Disciplina: Legislação e Política Educacional Carga horária: 80

PROJETO INSTITUCIONAL PIBID/UFF: EIXOS NORTEADORES AO SEU DESENVOLVIMENTO

A Educação para a paz na formação de professores

PLANO DE ENSINO. CURSO Licenciatura Interdisciplinar em Ciências Naturais MATRIZ 763

A RELAÇÃO DO ENSINO DE CIÊNCIAS/BIOLOGIA COM A PRÁTICA DOCENTE

Quadro 1 Modalidade dos cursos de licenciatura e perfil do egresso Perfil das universidades pesquisadas Dados relativos aos cursos de licenciatura

A IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

PENSAMENTOS DE PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS SOBRE SABERES DOCENTES: DEFINIÇÕES, COMPREENSÕES E PRODUÇÕES.

RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS: DESAFIOS E POSSSIBILIDADES NO ENSINO DE MATEMÁTICA NAS SÉRIES INICIAIS

PRO-REITORIA DE ENSINO, PESQUISA E PÓS GRADUAÇÃO DIREÇÃO DE ENSINO COORDENAÇÃO DE ENSINO TÉCNICO PLANO DE ENSINO

XVIII ENDIPE Didática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira

CURRÍCULO DE BIOLOGIA PARA EJA: AVALIANDO QUALITATIVAMENTE E QUANTITATIVAMENTE

O ENSINO DA GEOGRAFIA DA PARAÍBA E A ABORDAGEM DO LUGAR E DA ANÁLISE REGIONAL NO ESTUDO DA GEOGRAFIA DO ESTADO NO ENSINO BÁSICO.

Palavras-chave: Formação de professores; Educação de jovens e adultos; Políticas públicas.

Plano de Ensino Docente

PORTFÓLIO - DO CONCEITO À PRÁTICA UNIVERSITÁRIA: UMA VIVÊNCIA CONSTRUTIVA

O CURRÍCULO ESCOLAR EM FOCO: UM ESTUDO DE CASO

A IMPORTÂNCIA DA SEQUÊNCIA EM RELAÇÃO AOS MÉTODOS DE ESTUDO NA APROPRIAÇÃO DO CONHECIMENTO

PROCESSOS DE PRODUÇÃO E LEGITIMAÇÃO DE SABERES PARA O CURRÍCULO DE PÓS EM LIBRAS NA FORMAÇÃO DE INTÉRPRETES. PARA UMA ESPECIALIZAÇÃO?

FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES E A EXPERIÊNCIA DO PIBID EM UMA IES COMUNITÁRIA: CAMINHOS PARA A CONSOLIDAÇÃO DE UMA CONCEPÇÃO DE TRABALHO DOCENTE

TRAJETÓRIAS PROFISSIONAIS DOS EGRESSOS DE CIÊNCIA DA EDUCAÇÃO E PEDAGOGIA DA FIBRA ( )

ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA FORMAÇÃO DO LICENCIADO EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS

CURRÍCULOS, SABERES E PRÁTICAS: POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O ENSINO DE HISTÓRIA NA VISÃO DE PROFESSORES DE SEROPÉDICA.

A RELEVÂNCIA DO PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA (PIBID) NA FORMAÇÃO DE ACADÊMICOS DO CURSO DE MATEMÁTICA DO IFPI - CAMPUS

RELAÇÃO FAMILIA E ESCOLA: CONSTRUÍNDO A GESTÃO DEMOCRÁTICA PARTICIPATIVA

O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO NA PERCEPÇÃO DO GESTOR DE UMA ESCOLA PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE AREIA- PB

Estágio I - Introdução

A EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA DE APLICAÇÃO DA UFPA-EAUFPA. PALAVRAS CHAVE: Educação Física. Escola. Organização do Trabalho Pedagógico.

COMO OS ALUNOS VEEM A MATEMÁTICA? Educação Matemática nos Anos Finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio (EMAIEFEM) GT 10

EIXO 2: Políticas de educação básica e de formação e gestão escolar

FORMAÇÃO DE PROFESSORES: A ATUAÇÃO DO PROFESSOR DE GEOGRAFIA COMO REFLEXO DE SUA FORMAÇÃO

A PROFISSIONALIDADE DO BACHAREL DOCENTE NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

PERSPECTIVAS PARA O PLANEJAMENTO DE ESCRITA Autor1: Jeyza Andrade de Medeiros. Modalidade: COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA

A importância das aulas laboratoriais como uma ferramenta didática para os professores de Biologia. Apresentação: Pôster

Perfil dos estudantes de música em uma perspectiva temporal: entendendo as dificuldades para combater a evasão

PERSPECTIVA DOS DOCENTES E DISCENTES COM RELAÇÃO A INFRAESTUTURA DA ESCOLA

Ministério da Educação UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ. Câmpus Ponta Grossa PLANO DE ENSINO

DIDÁTICA MULTICULTURAL SABERES CONSTRUÍDOS NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM RESUMO

A AVALIAÇÃO COMO PROCESSO DE CONTRIBUIÇÃO E AUTO-REFLEXÃO SOBRE A PRÁTICA PEDAGÓGICA EM TURMAS DE EJA

Oficina de Apropriação de Resultados. Saepi 2013

DOM E DOCÊNCIA NA NARRATIVA DE PROFESSORES E PROFESSORAS APOSENTADOS DE HISTÓRIA

AVALIAÇÃO DA IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NOS PROFOP - PROGRAMAS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES: UMA PROPOSTA DE MUDANÇA CURRICULAR.

DESAFIOS DO ENSINO DE CIÊNCIAS EXATAS PARA BIÓLOGOS: UMA ANÁLISE COMPARATIVA DA APRENDIZAGEM DO ENSINO DE QUÍMICA

EXTENSÃO DE ESPANHOL

ESTÁGIO REMUNERADO X ESTÁGIO SUPERVISIONADO: REALIDADE E DESAFIOS NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES

NAPNE: UMA FERRAMENTA EM CONSTRUÇÃO PARA POLÍTICAS INCLUSIVAS DE ACESSO A EDUCAÇÃO.

O PROCESSO DE INCLUSÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: A VISÃO DOS PROFESSORES

DISCUTINDO SOBRE OS ESPAÇOS DE TRABALHO DOS PEDAGOGOS (2010) 1

O ENSINO DE BOTÂNICA COM O RECURSO DO JOGO: UMA EXPERIÊNCIA COM ALUNOS DE ESCOLAS PÚBLICAS.

Antonio Reis Ribeiro de Azevedo filho. Graduando de História. Faculdade de Educação e Tecnologia da Amazônia.

O OLHAR DO PROFESSOR DA EJA: METODOLOGIA COM CARÁTER INVESTIGATIVO EM SALA DE AULA

Educação voltada a jovens empreendedores: A atuação do SEBRAE no Estado de Pernambuco a luz da metodologia de Filion

O ENSINO E APRENDIZAGEM DE QUÍMICA NA PERCEPÇÃO DOS ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO

APLICAÇÃO DA FÍSICA EXPERIMENTAL NA ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO JOSÉ GONÇALVES DE QUEIROZ

FATORES QUE LEVAM O ALUNO A ENGAJAR-SE EM PROGRAMAS DE MONITORIA ACADÊMICA DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR

CONHECENDO SUA PROFISSÃO III

RELAÇÃO TEORIA E PRÁTICA: Docência e Prática pedagógica

MARIA JOSÉ TEIXEIRA O PENSAMENTO DE BOURDIEU SOBRE A EDUCAÇÃO

EDUCAÇÃO AMBIENTAL E CONHECIMENTOS TECIDOS NO COTIDIANO DE UMA ESCOLA PÚBLICA DA REGIÃO SUL FLUMINENSE

A IMPORTÂNCIA DOS PROJETOS DE EXTENSÃO PARA O PROCESSO DE FORMAÇÃO DO FUTURO PEDAGOGO

OS SENTIDOS DA INTERDISCIPLINARIDADE NO CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

PROJETO DE EXTENSÃO ALFABETIZAÇÃO EM FOCO NO PERCURSO FORMATIVO DE ESTUDANTES DO CURSO DE PEDAGOGIA

O PROFESSOR-GESTOR E OS DESAFIOS NA CONTEMPORANEIDADE. Palavras-chave: Professor-gestor, desafios, docência.

MATEMÁTICA + VIDA + SAÚDE = IMC 1

FORMAÇÃO DO PEDAGOGO: VIVÊNCIAS EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES NO ESTÁGIO CURRICULAR DO CURSO DE PEDAGOGIA/EAD.

1 O documento Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva considera

EMENTA OBJETIVOS DE ENSINO

O ESTÁGIO DOCENTE COMO LUGAR DE FORMAÇÃO DO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO

Plano de Ensino. Qualificação/link para o Currículo Lattes: Teoria Exercício Laboratório

A IMPORTÂNCIA DOS ESTUDOS DA CULTURA AFRICANA E AFRO- BRASILEIRA NOS LIVROS DIDÁTICOS DE HISTÓRIA DO ENSINO FUNDAMENTAL EM TIMOM-MA

INTERDISCIPLINARIDADE NA BNCC: QUAIS PERSPECTIVAS?

SABERES E PRÁTICAS DA DOCÊNCIA: EXPERIÊNCIAS DO LABORATÓRIO DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL I.

Programas e projetos implementados pelo Governo Federal A EDUCAÇÃO E A CONSTITUIÇÃO

A avaliação da aprendizagem no curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Londrina: um olhar sobre a formação discente

A OFERTA DA LIBRAS NA UFMG ENQUANTO DISCIPLINA NA MODALIDADE EAD E OS DESAFIOS DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA O ENSINO DE SURDOS

JOGOS DE TABULEIRO: ferramenta pedagógica utilizada na construção do conhecimento químico

O PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO DOCENTE NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA NO CAMPUS AMAJARI - IFRR: PERCEPÇÕES, DESAFIOS E PERSPECTIVAS

USOS E APROPRIAÇÕES DO CELULAR NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM NO ENSINO MÉDIO E SUPERIOR

O PAPEL DO PEDAGOGO NO CURSINHO PRÉ-VESTIBULAR DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA

USO DO JOGO BINGO ATÔMICO COMO AUXÍLIO PARA COMPREENSÃO DO CONTEÚDO DAS CARACTERÍSTICAS ATÔMICAS

Universidade Federal do Ceará Centro de Ciências Agrárias Departamento Economia Agrícola

O jovem da escola pública e o prosseguimento dos seus estudos no ensino superior

Evasão no curso presencial de Pedagogia de uma Universidade Federal do Rio de Janeiro

DIFICULDADES DOS ALUNOS DO 2º ANO DO IFPB CAMPUS MONTEIRO NO APRENDIZADO DA DISCIPLINA DE FÍSICA

SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS INTEGRADAS DA UNAERP CAMPUS GUARUJÁ. Alfabetização bilíngüe para surdos:uma prática a ser investigada

O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO INSTITUCIONAL

Transcrição:

O IMPACTO DA TRANSIÇÃO DO ENSINO MÉDIO PARA O CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS SOCIAIS Edison Cabral de Leão 1 Larissa dos Santos Elias 2 Nicoly Alves Cordel 3 Roberta Suero 4 Kelem Ghellere Rosso 5 RESUMO Este artigo trará um estudo sobre o impacto na transição do ensino médio (ensino público), para o ingresso ao curso de Licenciatura em Ciências Sociais, no IFPR Campus Paranaguá. Serão analisados os fatores que geram tais dificuldades presentes na vida dos estudantes da Turma de 2016. Através de um questionario quantitativo, foi-se levantado dados para encontrar de que forma os estudantes percebem esse impacto que transita durante todo curso, um possível perfil dos alunos atingidos por esse processo, tentando relacionar com o número de evasão. Portanto pretende-se analisar, até que ponto temos um ensino público que dê condições de acesso ao ensino superior, quais fatores interferem no ensino e geram desigualdades para com o entendimento e a permanência no Ensino Superior. Com este estudo, quer-se mostrar que na educação há desigualdades de desempenho escolar dos indivíduos e que é determinado pelas diferenças de classes. 1,2,3,4,5 Instituto Federal do Paraná Campus Paranaguá. ¹e-mail: juniorsk8leao@gmail.com ²e-mail: 03lissa.elias@gmail.com ³e-mail: nicolyalves2011@outlook.com 4 e-mail: Roberta.suero@ifpr.edu.br 5 e-mail: kelem.rosso@ifpr.edu.br Palavras-chave: Educação Pública. Desigualdades. Evasão. Classe Social. 12

1. INTRODUÇÃO O presente artigo pretende mostrar o percurso de um estudante de escola pública e suas dificuldades na transição para o Ensino Superior. Este estudante recebe um ensino debilitado, ao qual não é instigado para uma prática de aprendizagem. Pretendendo analisar essa transição, levando em consideração algumas características do perfil dos alunos que vieram de escolas públicas ou privadas e suas dificuldades se utilizou de um questionário quantitativo, aplicado no IFPR Campus Paranaguá com a Turma do ano de 2016. O instrumento de pesquisa constituiu-se de um questionário com perguntas fechadas, aplicado para dezenove alunos do Curso de Licenciatura em Ciências Sociais, cujos resultados configuram-se como pano de fundo para as reflexões acerca da temática. Diante de tantas complexidades dos alunos ao ingressarem no Ensino Superior, algumas pautas como: Carga horária, Conteúdos, Didática do professor, Tempo das aulas, entre outros elementos que permitem identificar as dificuldades dos alunos, refletindo assim a realidade de uma educação pública elitizada. 2. DESENVOLVIMENTO Analisando o contexto histórico brasileiro, podemos identificar que a educação pública vem passando por diversos projetos políticos. Neste sentido, a educação escolar brasileira é herdeira direta do sistema discriminatório da sociedade escravagista sob dominação imperial. Mesmo tendo deixado de existir, o escravagismo deixou marcas persistentes na escola atual (...) (CUNHA,2009. P. 31). Ainda segundo o autor, mesmo passando por alguns avanços, a educação no Brasil ainda está a serviço dos detentores do poder, seja ele econômico ou político. Ainda na história da educação no Brasil, vemos uma grande elitização do processo educacional como um todo, ou seja, o ensino destinado às elites e um ensino débil as massas destinado a mão de obra, como bem escreve Cunha: (...)a educação escolar se organizava em dois pólos opostos que definiam dois mundos escolares: de um lado, o ensino superior destinado as elites, em função ao qual existia o ensino secundário e, em função deste, um tipo de ensino primário; de outro lado o ensino profissional ministrado nas escolas agrícolas e nas escolas de aprendizes-artífices, destinado à formação da força de trabalho a partir de crianças órfãs, abandonadas ou simplesmente miseráveis (...). (CUNHA, 2009. P. 31) 13

Sendo a educação do interesse de todos, a discussão sobre a mesma não passa dos espaços fechados, que desconsidera a opinião da maioria, o que gera desigualdade, pois prevalece a imposição de políticas débeis e de interesses da elite. (...) a débil autonomia do campo educacional no Brasil, está sujeito a interferências mercadológicas, seguindo duas vertentes, uma econômica, outra ideológica. (...). (CUNHA, 2011). Com a propagação da ideologia do mercado, a educação vem sendo alvo de cortes, de mecanismos que visualizam apenas a rápida produção de conhecimento para a manutenção do mercado de trabalho, esse processo atinge toda a população brasileira. O processo de ensino no Brasil divide-se em educação infantil, ensino fundamental, médio e o ensino superior. A fase do ensino médio é fundamental para o acesso dos estudantes ao nível superior. Enquanto as instituições privadas ganham mais incentivo e formam estudantes através de bons recursos, a escola pública sofre precarizações imensas, desde a falta de estrutura e investimentos, tornando inacessível a educação de qualidade para a massa, sendo um grupo marginalizado como descreve Saviani: (...)a marginalidade é entendida como um fenômeno inerente à própria estrutura da sociedade. Isto porque o grupo ou classe que detém maior força se converte em dominante se apropriando dos resultados da produção social tendendo, em conseqüência, a relegar os demais à condição de marginalizados. Nesse contexto, a educação é entendida como inteiramente dependente da estrutura social geradora de marginalidade, cumprindo aí a função de reforçar a dominação e legitimar a marginalização. Nesse sentido, a educação, longe de ser um instrumento de superação da marginalidade, se converte num fator de marginalização já que sua forma específica de reproduzir a marginalidade social é a produção da marginalidade cultural e, especificamente, escolar. (SAVIANE,1997. P.5) Hoje a população brasileira possui o acesso à educação pública, porém esse ensino ainda não foi reformulado e preparado para receber esses alunos, que são em sua maioria trabalhadores. Sobre tal situação ainda imposta entende-se que: É provavelmente por um efeito de inércia cultural que continuamos tomando o sistema escolar como um fator de mobilidade social, segundo a ideologia da escola libertadora, quando, ao contrário, tudo tende a mostrar que ele é um dos fatores mais eficazes de conservação social, pois fornece a aparência de legitimidade às desigualdades sociais, e sanciona a herança cultural e o dom social tratado como dom natural (BOURDIEU, 2007, p. 41). As dificuldades dos estudantes passam por todas essas instâncias colocadas sobre a educação. O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná (IFPR), nasceu do antigo Setor Escola Técnica da Universidade Federal do Paraná, tendo por base na sua criação um novo projeto político pedagógico, como apontado abaixo: 14

[...]está construindo em seu projeto político pedagógico uma experiência diferenciada cujo objetivo está em atender as demandas mais urgentes nos quadros de formação profissional, como também solidificar a construção e difusão do conhecimento científico e técnico nas mais diferenciadas frentes de atuação profissional. (INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ, 2017). Com o ingresso da Turma de Ciências Sociais do ano de 2016 foi percebido grande dificuldade dos estudantes em permanecer no curso, questões ligadas à trajetória de vida escolar e estruturas do Campus foram alguns dos problemas enfrentados pelos alunos. Percebemos a necessidade e a importância de analisar tais fatores que geram dificuldades e evasões dentro do curso, com o questionário quantitativo analisamos o perfil desses estudantes, com base na sua renda e principais dificuldades, que vão desde questões curriculares até a falta de estrutura do Instituto Federal do Paraná Campus Paranaguá. 3. METODOLOGIA A presente pesquisa pretende caracterizar as dificuldades de aprendizagem na transição do ensino médio para o ensino superior. Realizado no Instituto Federal do Paraná- campus Paranaguá. O instrumento contou com seis (6), perguntas fechadas em que cada aluno foi informado acerca de qual era o objetivo do questionário. As informações colhidas através deste questionário foram estruturadas com perguntas claras e objetivas para garantir a uniformidade de entendimento dos pesquisados. As categorias foram organizadas de modo a permitir a análise do perfil dos alunos, a instituição que freqüentou no ensino médio (pública ou particular), se eles perceberam diferença no ensino da IFPR, qual a dificuldade que sentiram na transição do ensino médio para o ensino superior. Nessa categoria eles teriam que classificar de 1 a 4, de acordo com a sua dificuldade sendo que 4 muito difícil; 3 difícil; 2 médio;1 fácil. As dificuldades apontadas para as análises foram: carga horária, conteúdos, didática do professor e tempo das aulas. Outra categoria foi quais as condições que prejudicavam a sua permanência no curso, também realizada com o mesmo processo descrito acima, mas ressaltando que as dificuldades apontadas para a análise foram diferentes, sendo assim: acesso a textos e livros, mobilidade, segurança e alimentação. 15

3.1 Resultados e discussão A partir deste momento, passamos a analisar os dados da pesquisa realizada entre alunos do ensino superior, da turma de Ciências Sociais, ano 2016 do InstitutoFederal do Paraná - Campus Paranaguá Com o ingresso da turma de 2016, foi percebida uma grande evasão de alunos. É correto verificar que nem todos evadiram por questões relacionadas ao presente assunto, ainda assim mostrou-se a grande dificuldade em se manter no curso, para mostrar que a grande maioria advém de escola pública, apesar de ainda percebermos a grande dificuldade que a população passa para manter se estudando, sob vários aspectos. Abaixo gráfico comparativo, alunos vindos de escolas públicas e de escolas particulares: O gráfico 1 dá embasamento, para confirmar que a grande maioria dos entrevistados, num total de 19, somente 2 alunos vêm de escola particular, e 17 de escola pública, por mais que seja uma pequena amostra, nos remete identificar que 89,5% vieram de um ensino precário, escola pública, que não os prepara para ingresso no ensino superior, fazendo com que o impacto seja muito grande no ingresso a nova fase que é a vida acadêmica. 16

Para tanto analisamos a percepção entre alunos de ensino público e do privado, com relação ao impacto sentido na diferença do ensino que se teve no nível médio ao que se está tendo no ensino superior. Como vemos o gráfico 2 demonstra que de 19 alunos apenas 1 não sentiu impacto no ensino, apesar de não querermos apenas analisar a diferença de ensino que se tem do privado para o público a partir da adesão no ensino superior, pois há vários outros fatores que de maneira geral influenciam nesta dificuldade, conforme gráfico 3. 17

Entre as dificuldades de permanência no curso superior de licenciatura em Ciências Sociais - IFPR constatamos na presente pesquisa, o relato entre tantas questões, algumas condições que prejudicam sua permanência no curso, como: acesso a livros, mobilidade, segurança e alimentação dentro do campus. Como apresentado no gráfico 4. Questões como falta de auxílio para todos, tempo, trabalho x faculdade, vimos em nossa pesquisa a importância da atribuição econômica que influência diretamente para a permanência no ensino, como mostra o gráfico 5. 18

Resultado geral do questionário. TABELA 01 QUAL DIFICULDADE VOCÊ SENTIU NA TRANSIÇÃO DO ENSINO MÉDIO PARA O ENSINO SUPERIOR MUITO DIFÍCIL DIFÍCIL MÉDIO FÁCIL CARGA HORÁRIA 12 3 3 1 CONTEÚDOS 2 13 4 0 DIDÁTICA DO PROFESSOR TEMPO DAS AULAS 0 7 12 0 3 2 5 9 Percebe-se na tabela 01, que na categoria de carga horária 12 alunos classificaram como muito difícil o tema Conteúdo, 13 alunos a classificaram como difícil, na Didática do Professor 12 estudantes classificaram como dificuldade média, e no tempo das aulas 9 marcaram como fácil, ou seja, não sentiram tanta dificuldade. Isso nos mostra que há 19

dificuldades ao se ingressar no IFPR, que refletem no desenvolvimento do curso. Apesar dos pontos observados, deve-se levar em consideração as características de cada aluno, o impacto com a nova realidade na qual está inserido. Outras questões que impactam na entrada ao ensino superior, e até mesmo levam a se pensar na permanência de cada aluno no curso são: acesso a textos e livros, mobilidade, segurança, alimentação dentro da IFPR, como mostra a tabela 02: TABELA 02 QUAIS AS CONDIÇÕES QUE PREJUDICA A SUA PERMANÊNCIA NO CURSO MUITO DIFÍCIL DIFÍCIL MÉDIO FÁCIL ACESSO A TEXTOS E LIVROS 2 2 10 5 MOBILIDADE 9 4 4 2 SEGURANÇA 4 8 5 2 ALIMENTAÇÃO DENTRO DA IFPR. 9 4 3 3 Como a tabela 01 e 02 nos mostra questões relacionadas à instituição, sendo um fator a se levar em consideração para permanência do aluno dentro do Curso. Como uma grande maioria advém da classe trabalhadora, tendo uma renda familiar de em média a dois e quatro salários mínimos, como apresentado no Gráfico 5, estas questões como: Acesso a textos e livros, mobilidade, segurança e alimentação são fatores condicionantes para a sua permanência, deve a instituição usar de instrumentos capazes de suprir essas necessidades. 4. CONCLUSÃO E/OU CONSIDERAÇÕES FINAIS A escola é uma estrutura social que com suas dinâmicas e complexidades, tem presente questões pertinentes no que diz respeito ao como ensinar, para prover uma perspectiva de um futuro melhor para os indivíduos que estão em um meio educacional. Sendo as pessoas diferentes umas das outras trazem consigo suas particularidades, suas experiências e suas dificuldades. Na fase da vida acadêmica, somos impactados de todas as formas, abrem questões relacionadas a precarização do ensino médio público que está sobre as instâncias do Estado, porém se enfrenta a mesma situação na instância Federal, sendo que as condições de transição e permanência estão diretamente ligadas. 20

O perfil dos estudantes de Licenciatura em Ciências Sociais da turma de 2016 é em sua maioria constituída de trabalhadores, que concluíram o ensino básico em instituições públicas, ao analisar tais fatos concluímos que na prática o Instituto Federal do Paraná Campus Paranaguá possui dificuldades para receber esses alunos, em questões materiais como a falta de um Restaurante próprio, Segurança e a própria estrutura do campus. O Projeto pedagógico do curso também está interligado com o grande impacto e o grande número de evasão no curso, pois é necessário pensar se o mesmo foi construído e pensado no perfil dos estudantes da região, sua cultura, ensino entre outras coisas relacionadas. Com essa pequena análise obtivemos respostas que influenciam diretamente na aprendizagem e formação dos estudantes do Instituto Federal do Paraná Campus Paranaguá REFERÊNCIAS SAVIANE, Demerval. Escola e Democracia. Ed. 41 rev. Campinas, Autores Associados, 1997. (Col. Polêmicas do nosso tempo; Vol.5) 94p. CUNHA, Luiz Antônio. Contribuições para a análise das interferências mercadológicas nos currículos escolares. Revista Brasileira de Educação, (Rio de Janeiro), v. 16, n. 48, setembro/dezembro 2011. CUNHA, Luiz Antônio. Educação, Estado e Democracia no Brasil.6, ed.são Paulo: Cortez; Niterói, RJ: Editora da Universidade Federal Fluminense; Brasília, DF: FLACSO do Brasil,2009. NOGUEIRA, Maria Alice. CATANI, Afrânio (Org). Escritos da Educação. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 2007. INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ. Licenciatura em Ciências Sociais. Disponível em: http://paranagua.ifpr.edu.br/licenc-em-ciencias-sociais/. Acesso em: 20 jun. 2017. 21