Decadência RUBENS KINDLMANN
Conceito É um fenômeno que acarreta a perda do direito subjetivo do Fisco em constituir o crédito tributário pelo lançamento, em decorrência do decurso do prazo legal para efetivá-lo. A decadência faz extinguir o crédito tributário e perecer o próprio direito material, resultando no impedimento de que a Fazenda Pública proceda ao lançamento e constitua o crédito tributário.
Prescrição e Decadência FG LANÇAMENTO COBRANÇA 5 ANOS 5 ANOS DECADÊNCIA PRESCRIÇÃO
Previsão no CTN Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados: I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento.
Sistemática da decadência 1º) o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado (artigo 173, inciso I, do CTN); 2º) o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado (artigo 173, inciso II, do CTN); 3º) o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados da data em a Fazenda deveria ter homologado o lançamento (artigo 150, 4º, do CTN);
Art. 173, I, CTN Regra Geral O prazo de 5 anos para realização do lançamento tributário se inicia no primeiro dia do exercício financeiro seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado (ano seguinte ao do FG). Assim, se o ente tributante não obteve conhecimento sobre a realização ou ocorrência do FG naquele exercício, o prazo decadencial apenas iniciará a fluir no ano seguinte.
Art. 173, parágrafo único, CTN Antecipação Se o ente tributante já sabia da ocorrência do fato gerador e deu início aos procedimentos preparatórios do lançamento, não se prolonga o início do prazo decadencial para o exercício seguinte
Art. 173, II, CTN Anulação por vício formal O prazo decadencial de 5 anos se inicia na data em que se tornar definitiva decisão que anulou, por vício formal, lançamento anterior. Acaba por renovar o prazo para realizar o lançamento tributário. Nesse caso se interrompe o prazo e se reinicia o prazo de 5 anos para lançamento. Os vícios formais são aqueles referentes ao procedimento e aos documentos que formalizam a existência do crédito tributário. Vícios materiais são os relacionados à validade e à incidência da lei.
Vício material não reabre prazo LANÇAMENTO DECLARADO NULO POR PROGRESSIVIDADE. VÍCIO MATERIAL. DECADÊNCIA. OCORRÊNCIA. ART. 173, INC. I, DO CTN. 1. Caso em que o lançamento do IPTU foi declarado nulo por progressividade nas alíquotas aplicadas, o que corresponde a vício material, conforme entendimento pacífico desta Corte Superior. 2. É assente neste STJ que a renovação do prazo para realizar o lançamento tributário só é possível em caso de vício formal, a teor do art. 173, inc. II, do CTN. (STJ, 1ª T., AgRg no AREsp 296.869/SP, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, out/2013)
A Suspensão da Exigibilidade não impede a Decadência Atribuir a suspensão da exigibilidade do art. 151, CTN a condição de suspender o direito de lançamento é compreensão equivocada do dispositivo legal
Decadência Liminar que não impede que o Fisco lance para prevenir a decadência TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECADÊNCIA. PRAZO QUINQUENAL. MANDADO DE SEGURANÇA. MEDIDA LIMINAR. SUSPENSÃO DO PRAZO. IMPOSSIBILIDADE. 1. Nas exações cujo lançamento se faz por homologação, havendo pagamento antecipado, conta-se o prazo decadencial a partir da ocorrência do fato gerador (art. 150, 4º, do CTN), que é de cinco anos. 2. Somente quando não há pagamento antecipado, ou há prova de fraude, dolo ou simulação é que se aplica o disposto no art. 173, I, do CTN. 3. A suspensão da exigibilidade do crédito tributário na via judicial impede o Fisco de praticar qualquer ato contra o contribuinte visando à cobrança de seu crédito, tais como inscrição em dívida, execução e penhora, mas não impossibilita a Fazenda de proceder à regular constituição do crédito tributário para prevenir a decadência do direito de lançar. 4. Embargos de divergência providos. (STJ, EREsp 57260/PR, rel. Ministro CASTRO MEIRA, S1 - PRIMEIRA SEÇÃO, DJ 05/09/2005)
Na Constituição Art. 146. Cabe à lei complementar: (...) III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: (...) b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;
Como matéria para Exceção de Pré Executividade: TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE. CABIMENTO. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. EXEQÜENTE. INÉRCIA. CITAÇÃO. ART. 8º, 2º DA LEI Nº 6.830/80. SÚMULA Nº 284/STF. ART. 16, 2º DA LEF. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. 1. (...). 2. (...). 3. (...) 4. As matérias passíveis de serem alegadas em exceção de pré-executividade não são somente as de ordem pública, mas também todos os fatos modificativos ou extintivos do direito do exeqüente, desde que comprovados de plano, sem necessidade de dilação probatória. 5. É possível arguir-se a prescrição intercorrente por meio de exceção de pré-executividade, sempre que demonstrada por prova documental inequívoca constante dos autos ou apresentada juntamente com a petição. 6. Recurso especial conhecido em parte e improvido. (STJ, REsp 754308 / SP, 2ª T., Rel. Min. Castro Meira, DJ 03/10/2005)
Em relação aos Tributos sujeitos ao lançamento por homologação Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.
Tributo Declarado e não pago Súmula 436, STJ. A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco.
Tributo Declarado e pago Com a entrega da declaração e o pagamento realizado, inicia-se o prazo para homologação do Crédito Tributário, na forma do Art. 150, 4º, CTN. A omissão significará a aceitação tácita e impede lançamento suplementar
Tributo pago mas não declarado A ausência de declaração, mesmo havendo pagamento antecipado, poderá gerará a aplicação do art. 173, I do CTN (decadência será contada do primeiro dia do ano seguinte aquele àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado). Súmula 555, STJ: Quando não houver declaração do débito, o prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário conta-se exclusivamente na forma do art. 173, I, do CTN, nos casos em que a legislação atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa.
Tributo não declarado e não pago A ausência de declaração, sem o pagamento antecipado, gerará a aplicação do art. 173, I do CTN (decadência será contada do primeiro dia do ano seguinte aquele àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado).
Quando se fala em decadência do direito do Fisco de lançar, por óbvio está se referindo ao lançamento de ofício, que é a modalidade prevista em lei para alguns tributos, mas que também tem papel supletivo da falta de colaboração e atuação do contribuinte nos casos de lançamento por declaração e de lançamento por homologação. PAULSEN, Leandro. Direito Tributário: Constituição e Código Tributário à Luz da Doutrina e da Jurisprudência. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 1233.
Pagamento Efetuado a menor Deixa de ser aplicável o 4º do Art. 150 e vale a regra geral do Art. 173,I, CTN Se o sujeito passivo antecipa o tributo, mas o faz em valor inferior ao devido, o prazo que flui é para a autoridade manifestar-se sobre se concorda ou não com o montante pago; se não concordar, deve lançar de ofício, desde que o faça antes do término do prazo cujo transcurso implica homologação tácita. Assim, o prazo, após o qual se considera realizado tacitamente o lançamento por homologação, tem natureza decadencial (segundo o conceito dado pelo CTN), pois ele implica a perda do direito de autoridade administrativa (recusando homologação) efetuar o lançamento de ofício. O que é passível de decadência, pois, é o lançamento de ofício, não o lançamento por homologação AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro, 2ª Ed. Saraiva, 1998, p. 382/383
Com o pagamento a menor no vencimento TRIBUTÁRIO - IMPOSTO DE RENDA - LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO -PAGAMENTO A MENOR - INCIDÊNCIA DO ART. 150, 4º, DO CTN FATO GERADOR COMPLEXIVO - DECADÊNCIA AFASTADA. 1. Na hipótese de tributo sujeito a lançamento por homologação, quando o contribuinte constitui o crédito, mas efetua pagamento parcial, sem constatação de dolo, fraude ou simulação, o termo inicial da decadência é o momento do fato gerador. Aplica-se exclusivamente o art. 150, 4, do CTN, sem a possibilidade de cumulação com o art. 173, I, do mesmo diploma (REsp 973.733/SC, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, DJe 18/9/2009, submetido ao regime do art. 543-C do CPC). 2. O imposto de renda é tributo cujo fato gerador tem natureza complexiva. Assim, a completa materialização da hipótese de incidência de referido tributo ocorre apenas em 31 de dezembro de cada ano-calendário. 3. Hipótese em que a renda auferida ocorreu em fevereiro de 1993 e o lançamento complementar se efetivou em 25/03/1998, o seja, dentro do prazo decadencial de 05 (cinco) anos, uma vez que este se findava apenas em 31/12/1998. Decadência afastada. 4. Agravo regimental não provido. AgRg no AgRg no Ag 1395402 / SC Rel. Min. ELIANA CALMON - SEGUNDA TURMA - DJe 24/10/2013)
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. IMPOSTO DE RENDA. PESSOA FÍSICA. EXECUÇÃO FISCAL. PRESCRIÇÃO. PRETENSÃO DE REJULGAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. NÃO-OCORRÊNCIA DOS PRESSUPOSTOS AUTORIZADORES À OPOSIÇÃO DOS EMBARGOS DECLARATÓRIOS. REJEIÇÃO. (...) 1. Para efeitos de decadência, o prazo de 5 anos apenas é contado da data do fato gerador se efetuado pagamento antecipado do débito, o que não ocorreu no presente caso. 2. Não tendo sido efetuado o pagamento antecipado do tributo, forte 1º do artigo 173 do CTN, o prazo decadencial iniciará no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado pelo contribuinte, que não o fez. 3. Constituído o crédito tributário com a notificação do lançamento, passa a fluir o prazo prescricional constante no artigo 174 do CTN. Inteligência da Súmula 153 do TFR. 4. A partir da notificação do contribuinte o crédito tributário já existe, mas ainda está sujeito à sua desconstituição na via administrativa se for impugnado. Nos termos do artigo 151, III, do Código Tributário Nacional, a interposição de recurso administrativo suspende a exigibilidade do crédito tributário enquanto pendente de decisão. (...) (STJ, 1ª T., REsp 739.694/MG, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 02.10.2007, DJ 12.11.2007 p. 159.)
SOBRE O DEPÓSITO INSUFICIENTE O depósito não impede o lançamento, mas este só se fará necessário se o montante depositado for inferior ao devido. O prazo para lançamento que corresponda ao valor correto, na sua integralidade, é aquele do art. 150, 4º, do CTN, contado da ocorrência do fato gerador, na medida em que o depósito, conforme já expusemos, equipara-se ao recolhimento no que diz respeito à sua consideração como cumprimento da obrigação do contribuinte (PAULSEN, Leandro, Direito Tributário. Constituição e Código Tributário à Luz da Doutrina e da Jurisprudência. 8ª ed., Livraria do Advogado, 2006, p. 1267)... O depósito fora insuficiente, não abrangeu a totalidade do crédito tributário, cuja legitimidade, no entanto, foi declarada pelo Judiciário. Poderá a Fazenda Pública lançar suplementarmente os resíduos creditícios? A resposta é afirmativa. Aqui não há de falar em preclusão do ato de lançar e, consequentemente, em decadência do direito ao crédito. É que existia ordem judicial impeditiva do lançamento, enquanto se examinava o fundamento de validez legislativa da pretensão fazendária. Uma vez removido o obstáculo, pode a fazenda lançar e tem cinco anos para isso, a contar do 1º dia do exercício seguinte àquele em que poderia ter sido efetivado (do exercício em que foi prolatada a sentença de mérito). (Sacha Calmon Navarro Coelho, Liminares e Depósitos antes do Lançamento por Homologação Decadência e Prescrição, 2ª ed., Dialética, 2002, p.86)
OBRIGADO!!! Contatos Professor Rubens Kindlmann rubens@kindlmann.com.br @kindlmann