APRESENTAÇÃO HISTÓRIA, FONTES E POSSIBILIDADES DE PESQUISA DOI: / Fábio André Hahn Oseias de Oliveira

Documentos relacionados
Ementas das Disciplinas CURSO DE ESCRITA CRIATIVA

FORMAÇÃO TRANSVERSAL EM DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

Sumário APRESENTAÇÃO...7 LER E ESCREVER: A ESPECIFICIDADE DO TEXTO LITERÁRIO...11 A PRODUÇÃO ESCRITA...35 A CRÔNICA...53 O CONTO...65 A POESIA...

Periódicos acadêmicos -Brasil-

ANEXO VI DO EDITAL Nº 01/ SECULT/SEPLAG, DE 29/06/2018 Programa das disciplinas integrantes das Provas Objetivas da 1ª fase do Concurso.

ORGANIZAÇÃO DE CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO UTILIZANDO AS TECNICAS DA BIBLIOTECONOMIA

Uma Perspectiva Historiográfica da Construção da Psicologia no Brasil: o Dicionário Histórico de Instituições de Psicologia no Brasil

Cada um dos programas proposto tem por objetivo sensibilizar e capacitar jovens

SANTOS, Leonor Werneck. RICHE, Rosa Cuba. TEIXEIRA, Claudia Souza. Análise e produção de textos. São Paulo: Contexto, 2012.

Origem: Para: Assunto: PARECER Nº 026/2018- PROGRAD Curso de Licenciatura em Teatro Campus de Curitiba II/FAP CEPE Protocolo nº: Histór

Mariana Vaitiekunas Pizarro (Instituto Federal do Paraná / IFPR-Londrina)

JORNAL DA BIBLIOTECA PÚBLICA DO PARANÁ

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo FACULDADE DE EDUCAÇÃO PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM EDUCAÇÃO: HISTÓRIA, POLÍTICA, SOCIEDADE

O DIÁLOGO ENTRE DOIS MUNDOS: O PIBID COMO MEDIADOR DO ESPAÇO ACADÊMCO E DAS INSTIUIÇÕES DE ENSINO BÁSICO

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes Departamento de História

CHAMADA PARA PUBLICAÇÕES - N. 7, DEZEMBRO DE 2018

Divulgação científica: Agência FAPESP. Heitor Shimizu Coordenador do Setor On-line FAPESP

Estação Olhar Meu 1. Anônio Cássio Pimentel Hazin 2 Suerda Maria Ribeiro de Morais 3 Fábio José da SILVA 4 Universidade Potiguar, Natal, RN

GENEROS TEXTUAIS E O LIVRO DIDÁTICO: DESAFIOS DO TRABALHO

DISCIPLINA: História e Memória

REESTRUTURAÇÃO CURRICULAR DO PROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO EM MEMÓRIA SOCIAL E BENS CULTURAIS MESTRADO PROFISSIONAL EM MEMÓRIA SOCIAL E BENS CULTURAIS

EMENTAS BIBLIOTECONOMIA INGRESSANTES 2016/1 E 2016/2

Géneros textuais e tipos textuais Armando Jorge Lopes

Plano de Ensino. Identificação. Câmpus de Bauru. Curso 1903N - Comunicação Social: Relações Públicas. Ênfase

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

Título do Artigo. Resenha. Revista Communicare

Education and Cinema. Valeska Fortes de Oliveira * Fernanda Cielo **

Tema: Matemática e Desenho Animado. Título: Formulação e Resolução de Problemas Matemáticos Com Desenho Animado

CURSO: JORNALISMO EMENTAS PERÍODO

CADERNOS DE HISTÓRIA DA CIÊNCIA PRORROGAÇÃO DA CHAMADA PARA PUBLICAÇÕES DE 08/12/2012 a 08/02/2013

XVIII ENDIPE Didática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO ALLAN BEZERRA

3º INTEGRAR - Congresso Internacional de Arquivos, Bibliotecas, Centros de Documentação e Museus PRESERVAR PARA AS FUTURAS GERAÇÕES

IMPACTOS DOS ELEMENTOS FOTOGRÁFICOS INSERIDOS NO FILME. Camila Vianna Marques Maciel 1 Rogério Luiz Silva de Oliveira 2 RESUMO

PARTE I - IDENTIFICAÇÃO

Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) Instituto de Filosofia, Artes e Cultura (IFAC) Departamento de Música (DEMUS)

Uma necessária reflexão sobre as escolhas historiográficas para a elaboração de atividades que articulam história da ciência e ensino

Objetos de Conhecimento e Habilidades BNCC (V3)

Ementas curso de Pedagogia matriz

Código 0222P Objetos de Conhecimento e Habilidades BNCC (V3)

Conteúdos e Didática de Língua Portuguesa e Literatura

HQ & RRD: HISTÓRIAS EM QUADRINHOS NA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA DE EVENTOS EXTREMOS E RISCOS DE DESASTRES

MEMÓRIA VIVA: UMA RECOMPOSIÇÃO DOCUMENTAL DA TRAJETÓRIA HISTÓRICA DO IFRN CAMPUS CURRAIS NOVOS

Obs. Todas as disciplinas relacionadas já são registradas e codificadas. Pertencem ao DFCH com Carga Horária - 60 horas Créditos: 2T1P.

Planejamento Anual

3. Metodologia Definição do Problema e das Perguntas da Pesquisa

HISTÓRIA. Fundamentos da História: tempo, memória e cultura Parte 1. Profª. Eulália Ferreira

2) produções artísticas autorais (conto, poesia, peça curta, etc.);

O ENSINO DE HISTÓRIA MEDIEVAL NAS ESCOLAS DE BELÉM DO PARÁ: PRÁTICAS E DESAFIOS

2 A CONTRUÇÃO DA PESQUISA

Livros didáticos de língua portuguesa para o ensino básico

Vidas e Memórias de Bairro: oficinas comunitárias da memória. Um projeto sociocultural das Bibliotecas de Lisboa

CINEMA: O USO DE DOCUMENTO HISTÓRICO EM SALA DE AULA

EMENTÁRIO MATRIZ CURRICULAR 2014 PRIMEIRO SEMESTRE

AULA Nº 7 METODOLOGIA CIENTÍFICA ALGUNS TIPOS DE PESQUISAS E SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS. Prof. MSc. Fernando Soares da Rocha Júnior

EQUIPAMENTOS BÁSICOS. Iluminação natural

CLASSE HOSPITALAR: UM (RE) ENCONTRO COM A EDUCAÇÃO NOS ATENDIMENTOS PEDAGÓGICOS- EDUCACIONAIS

3º INTEGRAR - Congresso Internacional de Arquivos, Bibliotecas, Centros de Documentação e Museus PRESERVAR PARA AS FUTURAS GERAÇÕES

Já nos primeiros anos de vida, instala-se a relação da criança com o conhecimento

Professores: Cláudio de Paula Adriana Duarte. Disciplina: Diagnósticos de Uso da Informação

INSTITUIÇÕES RESPONSÁVEIS Universidade Federal da Paraíba Campus João Pessoa. COORDENADORA: Profª. Drª Emília Maria da Trindade PERÍODO: 2010 A 2014

RESENHA. PINSKY, Carla Bassanezi (org.). Fontes históricas. São Paulo: Contexto, 2005, 302p.

Pirataria, um caso sério. 1. Ivan MELLIES JUNIOR 2 Anamaria TELES 3 Universidade Regional de Blumenau, Blumenau, SC

Plano Estadual do Livro e Leitura da Bahia ( ) Textos de referência

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CURSO DE GRADUAÇÃO EM BIBLIOTECONOMIA GENILSON GERALDO

RELATÓRIO FINAL DE PESQUISA ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Publicação Científica

Mestrado Acadêmico em Divulgação da Ciência, Tecnologia e Saúde. Ementas 2016

Atuar com fotografia, audiovisual, educação e/ou jornalismo, em busca de novos aprendizados, técnicas e experiências

COLÉGIO SANTA TERESINHA

Projecto LER E APRENDER NA ESTAÇÃO DO SABER

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL MUNICÍPIO DE PELOTAS SECRETARIA DE CULTURA EDITAL 010/2017 PROGRAMA MUNICIPAL DE INCENTIVO À CULTURA PROCULTURA ANEXO I

COMPORTAMENTOS LEITORES E COMPORTAMENTOS ESCRITORES

CONSTRUÇÃO DE POLÍTICAS E PRÁTICAS DE INCLUSÃO EM UM INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA

TEORIA DA HISTÓRIA: O ENSINO NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE HISTÓRIA. A preocupação com o ensino da História tem recaído sobre a finalidade e a

COLÉGIO SANTA TERESINHA

A Arqueologia brasileira e o seu papel social

Literatura digital, um novo gênero de literatura?

Universidade Estadual de Maringá Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes

Ensino em arquitetura e urbanismo: meios digitais e processos de projeto

O TRABALHO COM GÊNEROS TEXTUAIS NO ENSINO DE CIÊNCIAS Autores: Vanessa Martins Mussini 1 Taitiâny Kárita Bonzanini 1,2

PERIODICOS NACIONAIS DE ENSINO DE CIÊNCIAS. Ciência e Educação (UNESP) (www2.fc.unesp.br/cienciaeeducacao/)

A PRODUÇÃO DIDÁTICA DA PROFESSORA MARIA DE LOURDES GASTAL E A REVISTA DO ENSINO DO RIO GRANDE DO SUL

Instituto de Ciência e Tecnologia de Sorocaba. Jornalismo e Divulgação Científica

VIA POÉTICA. Descrição do Objeto:

Cinema, História e Ciência: abordagens históricas para a divulgação das ciências

COMUNICAÇÃO SOCIAL JORNALISMO E MULTIMEIOS

TÍTULO: Plano de Aula NOTICIANDO UM FATO. Ensino Fundamental II / Anos Finais 8 ano. Língua Portuguesa. Gênero textual. 2 aulas (50 min cada)

Avaliação de Processo e de Produto

Faculdade UNA de Uberlândia DESCRIÇÃO DA BIBLIOTECA

BARROS, José D Assunção. História, espaço, geografia: diálogos interdisciplinares. Petrópolis: Vozes, 2017.

2. Revisão de literatura e Referencial teórico

Significados da Informação no Audiovisual: o início de um diálogo 1

As boas ideias vêm do inconsciente. Para que uma ideia seja relevante, o inconsciente precisa estar bem informado. David Ogilvy

Prover soluções eficientes e flexíveis de TIC para que a Unifesp cumpra sua missão.

CURSO PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTE E EDUCAÇÃO

Existem diferentes tipos de entrevista, entre os quais a entrevista de emprego, a entrevista médica, a entrevista jornalística, etc.

8 DENISE BÉRTOLI BRAGA

Gestão cultural.

Transcrição:

APRESENTAÇÃO HISTÓRIA, FONTES E POSSIBILIDADES DE PESQUISA DOI: 10.5935/2177-6644.20160001 Fábio André Hahn Oseias de Oliveira Editores da Revista TEL A Revista TEL Tempo, Espaço e Linguagem é um periódico semestral e que tem por objetivo proporcionar oportunidade para a comunidade acadêmica divulgar e expor os resultados de suas pesquisas, abrir caminhos para o debate e criar condições para que as ideias circulem, possibilitando o avanço contínuo da ciência. Neste fascículo o leitor encontrará certa peculiaridade presente na diversidade de textos, o que nos motivou na difícil tarefa de procurar refletir sobre os elementos que aproximam as abordagens realizadas por cada autor, o que não necessariamente gera uma unidade sólida, mas representa uma característica contemporânea da produção e da escrita da história: a multiplicidade das tipologias e suportes documentais. Certamente essa foi uma característica que marcou profundamente nossa historiografia nas últimas décadas, dando novo impulso interpretativo e gerando resultados de expressão pouco imaginados há meio século atrás. Nem todos os suportes e tipologias são completamente novos, mas acompanhados por essa onda de expansão documental, vieram os diferentes olhares sobre um mesmo objeto, o que resultou em uma pequena revolução na forma de entendermos a história. É inevitável mencionar obras como História: novas abordagens; História: novos objetos e História: novos problemas organizadas por Jacques Le Goff e Pierre Nora. Os autores apresentam um diagnóstico da história e apontam para caminhos a serem explorados em um momento em que a história disciplinar vivia uma de suas metamorfoses. No 4

contexto da década de 1970, talvez nem todos os textos tenham sido bem recebidos ou compreendidos com o teor necessário, no entanto ao revisitarmos esse material na atual conjuntura, facilmente percebemos o quanto as ideias propagadas apontavam para uma mudança bastante representativa no campo da história. Os três volumes organizados por Le Goff e Nora colocaram em questão a própria história com novos problemas, traçando mudanças na estrutura mais tradicional da história com novas abordagens e permitiram uma ampliação do campo epistemológico da história com novos objetos. Com isso o que se nota é uma mudança no ofício e no perfil do historiador. A reclusão e a pesquisa em um reduzido acervo documental para escrever a história já não é mais uma característica marcante do historiador a partir do final do século XX. A ampliação do campo e a expansão documental permite ao historiador explorar novos cenários com envolvimento prático cada vez maior, compreendendo os diferentes sujeitos e contextos variados. A partir desse momento o historiador passou a compreender uma questão que cada vez vem sem ampliando, quebrando resistências e isolamentos, qual seja, a realização e desenvolvimento de pesquisas coletivas, pesquisas em rede, avançando na difícil tarefa de produzir resultados mais expressivos. O diálogo, o debate conceitual, a troca de informações são elementos cada vez mais presentes em uma sociedade da informação, da tecnologia midiática, que tem revolucionado as formas de pensar a história, as fontes e as formas de fazer pesquisa. Nesse cenário, nem tudo é expressão de mudança positiva, as dificuldades acompanham as conquistas na mesma proporção, mas são inevitáveis e precisam ser superadas. Não temos dúvidas de que as conquistas são expressivas, o que permitiu um redimensionamento do ofício e uma inserção representativa do papel público do historiador. Nessa direção, no fascículo hora apresentado destacamos as principais tipologias e suportes documentais encontrados nos artigos, como: dados estatísticos, processos, jornais, entrevistas, música e cinema. Como não é possível abordar todas elas neste momento, optamos por ressaltar apenas três que parecem ter atingido grande proporção no suporte das pesquisas desenvolvidas no Brasil: as entrevistas, os jornais e o cinema. Nenhuma delas seria considerada fonte segura no século XIX, não só pela deficiência técnica como é o caso das câmeras no cinema e dos gravadores nas entrevistas, mas especialmente pelo teor da tipologia documental, o que também não seria diferente para os jornais. Portanto, a tipologia documental do século XIX estava restrita aos documentos oficiais, produzidos em grande medida pelo Estado. Mesmo com todas as 5

transformações que a disciplina História sofreu no começo do século XX, teríamos ainda dificuldade de ver as tipologias de fontes apontadas como suportes para uma fundamentação argumentativa. Apesar da ampliação da noção de fonte histórica no começo do século XX, apenas nas últimas décadas deste século que verificamos uma expansão do suporte documental da História, ancorada nas mudanças teórico epistemológicas deste campo. Para tratarmos destas três fontes, com suas especificidades de tipologias, abordaremos sinteticamente cada uma delas e seu impacto no cenário nacional, sem a preocupação em querer apresentar uma definição taxativa e alongada ou um resumo historiográfico. Iniciaremos pelas entrevistas. As gravações das entrevistas a partir da década de 1950 momento em que se inventou o gravador à fita possibilitaram com que tivéssemos um registro mais completo dos testemunhos. Na década de 1970, as técnicas na área começaram a ganhar espaço e automaticamente passou a criar uma legião maior de adeptos, disseminado os resultados em revistas científicas, livros e eventos na área. A consolidação da área ocorreu apenas na década de 1990, momento em que foram criadas a Associação Brasileira de História Oral ABHO em 1994, e International Oral History Association IOHA em 1996. A História Oral foi ganhando terreno lentamente, apesar de gradativa teve impacto representativo na academia, resultando em pesquisas aprofundadas a partir do uso das entrevistas como fontes primárias no desenvolvimento das pesquisas. Aumentaram os cuidados com os acervos de entrevistas, o tratamento, o cuidado com análise, especialmente a partir da ampliação dos recursos tecnológicos que possibilitaram melhorias interessantes para a área. Apesar de tudo isso, a área apresenta diferentes tendências e entendimentos em como proceder na realização das entrevistas e no tratamento analítico. Nesse campo não há homogeneidade, mas ao contrário do que se imaginaria, tem permitido um avanço na utilização das entrevistas como fontes fundamentalmente preciosas para a realização da investigação científica de alto nível. Já os jornais. Os estudos que tem recorrido à imprensa, especialmente no Brasil, tem encontrado campo cada vez mais vasto, ancorado na preocupação com a preservação documental. Um bom exemplo é a Biblioteca Nacional Digital, que tem disponibilizado gratuitamente o acesso a um grande acervo de jornais digitalizados, fato que tem impactado na ampliação das investigações. Na história os periódicos tem 6

ocupado importante papel na pesquisa, especialmente a partir da década de 1970, mesmo que em um primeiro momento isso tenha sido realizado de maneira mais tímida, com resistência e medo sobre a credibilidade, sobrevivendo um certo desprezo e suspeita. No Brasil, com jornais impressos preservados desde o século XIX, tanto aqueles com grande circulação, quanto os locais e regionais, tem possibilitado a realização de investigações sobre testemunhos e registros do cotidiano, da política, da economia e da cultura. Apenas nas últimas décadas do século XX é que a imprensa no Brasil, depois de mais de um século de existência neste território, passou a ser reconhecida enquanto fonte e objeto de pesquisa histórica pela maior parte dos pesquisadores. Por fim o cinema. Essa é uma linguagem complexa e exige um domínio de diferentes temas e técnicas. Do desenvolvimento da capacidade de identificação de elementos narrativos, até o seu plano e suas sequências. A linguagem fílmica não é apenas o diálogo que constitui o roteiro, mas é composta por personagens, figurinos, cenários, trilhas sonoras, entre outros elementos. Assim como as demais fontes apontadas acima, o cinema somente recentemente passou a ser entendido como uma fonte histórica. Marc Ferro talvez tenha sido um dos precursores a projetar uma análise de filmes de forma mais cuidadosa. No atual cenário encontramos diferentes correntes e formas de interpretação de filmes. No entanto, é importante ressaltar que para analisar um filme é preciso compreender que o filme não é neutro, não é um espelho da realidade, está repleto de intencionalidades e que representa uma dada visão de sociedade. Portanto, uma séria de elementos precisam ser analisados, levando em consideração que o filme é uma linguagem que necessita do diálogo, cruzando com outros documentos, de modo a entender a composição cênica, a construção dos personagens, elementos que são também externos ao filme, mas que podem revelar os princípios de sua composição e de suas influências que marcam profundamente o cinema. O rápido comentário dos três campos representa, de certa forma, as diferentes tipologias que sintetizam as mudanças ocorridas na década de 1970 e que de alguma forma estão presentes neste fascículo. A Revista TEL tem um histórico representativo. Criada em 2010, a revista conta com um Conselho Editorial e Conselho Consultivo formado por professores pesquisadores de universidades do Brasil e do exterior, portanto a TEL é resultado de um projeto cuidadoso, estrategicamente planejado e gestado para atingir um grande público leitor. Vinculada a dois Programas de Pós-Graduação em História de duas universidades estaduais do Paraná Universidade Estadual do Centro- 7

Oeste/Unicentro e Universidade Estadual de Ponta Grossa/UEPG, a Revista TEL apresenta ao público acadêmico, por meio de sua Equipe Editorial, mais uma edição. Nesse número a Revista TEL atinge seu sétimo ano de circulação, com um total de dezoito fascículos e cento e quarenta e quatro produções, constituídas principalmente por artigos resultantes de investigação científica, mas também de entrevistas, resenhas e projetos de pesquisa. Com autores de diferentes instituições nacionais e internacionais, a Revista TEL tem atingido um público leitor cada vez maior, o que não deixou sua Equipe Editorial esmorecer frente às dificuldades atuais e presentes no dia a dia de um periódico científico. Um trabalho silencioso realizado por uma equipe que procura levar ao leitor cada vez mais exigente, o resultado de investigações sérias e comprometidas realizadas pelos seus colaboradores. Neste número da Revista TEL foram publicados treze textos de pesquisadores vinculados a dez diferentes instituições localizadas em cinco estados brasileiras e um artigo de outro país, constituindo oito artigos, uma entrevista, um ensaio, uma resenha e um projeto de pesquisa, todos submetidos à revista e igualmente avaliados pelo sistema duplo cego por seus pares. Por fim, esperamos continuar contando com a colaboração dos nossos leitores, autores e avaliadores na construção de um projeto editorial cada vez mais sólido, possibilitando com que a pesquisa em nosso país alcance novos patamares a cada ano que passa e cientes da necessidade de continuar pavimentando o caminho que ainda é longo. Desejamos uma boa leitura a todos! 8