DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO : norma reguladora dos conflitos em matéria de legislação trabalhista, capacidade para contratar, forma e fundo do contrato e acidentes do trabalho. Parte III Professora Raquel Perrota
- Segundo o art. 19 Lei nº 8.213/91, ACIDENTE DO TRABALHO pode ser conceituado como aquele que ocorre PELO EXERCÍCIO DO TRABALHO A SERVIÇO DE EMPRESA OU DE EMPREGADOR DOMÉSTICO OU PELO EXERCÍCIO DE ALGUNS TRABALHOS EXERCIDOS POR PESSOA FÍSICA RESIDENTE EM IMÓVEL RURAL OU EM AGLOMERADO URBANO OU RURAL PRÓXIMO A ELE (art.11 da Lei).
- O acidente do trabalho é caracterizado por PROVOCAR LESÃO CORPORAL OU PERTURBAÇÃO FUNCIONAL QUE CAUSE MORTE OU A PERDA OU REDUÇÃO, permanente ou temporária, DA CAPACIDADE PARA O TRABALHO.
Lei nº 8.213/91, Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.
- Para além do conceito de acidente de trabalho típico, por expressa determinação legal, as doenças profissionais e/ou ocupacionais equiparam-se a acidentes de trabalho. - Os incisos do art. 20 da Lei nº 8.213/91 as conceitua.
Lei nº 8.213/91, Art. 20. I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social;
Lei nº 8.213/91, Art. 20. II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I.
- O 2º do art. 20 da Lei nº 8.213/91 estabelece que, "em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída na relação prevista nos incisos I e II deste artigo resultou das condições especiais em que o trabalho é executado e com ele se relaciona diretamente, a Previdência Social deve considerála acidente do trabalho".
- Importante frisar que o Artigo 21 da Lei nº 8.213/91 ainda equipara outras situações a acidente do trabalho, como:
o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação;
o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de: a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho; b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho;
c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho; d) ato de pessoa privada do uso da razão; e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior;
a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade; o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho: a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa;
segurado; b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão de obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do
d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado.
- O art. 20, 1º, da Lei nº 8.213/91 traz ainda que nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado é considerado no exercício do trabalho.
- No âmbito internacional, importante que se dê destaque à CONVENÇÃO Nº 155 DA ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO, ratificada pelo Brasil por meio do Decreto nº 1.254/94.
- Concluída em Genebra, em 22 de junho de 1981, a Convenção nº 155 da OIT trata da SEGURANÇA E SAÚDE DOS TRABALHADORES E O MEIO AMBIENTE DO TRABALHO.
- O art. 4º da Convenção 155 da OIT prevê PRINCÍPIOS DE UMA POLÍTICA NACIONAL coerente em matéria de segurança e saúde dos trabalhadores e o meio ambiente do trabalho.
inerentes ao meio ambiente de trabalho. - Segundo o item 2, do art. 4º da Convenção: Essa política terá como OBJETIVO PREVENIR OS ACIDENTES e os danos à saúde que forem CONSEQUÊNCIA DO TRABALHO, tenham relação com a atividade de trabalho, ou se apresentarem durante o trabalho, reduzindo ao mínimo, na medida que for razoável e possível, as causas dos riscos
- A fim de tornar efetiva a referida política, o art. 11 da Convenção determina que as AUTORIDADES COMPETENTES deverão garantir a realização de TAREFAS como:
a) a determinação, quando a natureza e o grau de risco assim o requererem, das condições que regem a concepção, a construção e o acondicionamento das empresas, sua colocação em funcionamento, as transformações mais importantes que forem necessárias e toda modificação dos seus fins iniciais, assim como a segurança do equipamento técnico utilizado no tratado e a aplicação de procedimentos definidos pelas autoridades competentes;
b) a determinação das operações e processos que serão proibidos, limitados ou sujeitos à autorização ou ao controle da autoridade ou autoridades competentes, assim como a determinação das substâncias e agentes aos quais estará proibida a exposição no trabalho, ou bem limitada ou sujeita à autorização ou ao controle da autoridade ou autoridades competentes; deverão ser levados em consideração os riscos para a saúde decorrentes da exploração simultâneas a diversas substâncias ou agentes;
c) o estabelecimento e a aplicação de procedimentos para a declaração de acidentes de trabalho e doenças profissionais por parte dos empregadores e, quando for pertinente, das instituições seguradoras ou outros organismos ou pessoas diretamente interessadas, e a elaboração de estatísticas anuais sobre acidentes de trabalho e doenças profissionais.
d) realização de sindicâncias cada vez que um acidente de trabalho, um caso de doença profissional ou qualquer outro dano à saúde ocorrido durante o trabalho ou com relação ao mesmo possa indicar uma situação grave;
e) a publicação anual de informações sobre as medidas adotadas para a aplicação da política referida no artigo 4 da presente Convenção e sobre os acidentes de trabalho, os casos de doenças profissionais ou outros danos à saúde ocorridos durante o trabalho ou com relação ao mesmo;
f) levando em consideração as condições e possibilidades nacionais, a introdução ou o desenvolvimento de sistemas de pesquisa dos agentes químicos, físicos ou biológicos no que diz respeito aos riscos que eles representaram para a saúde dos trabalhadores.
- A Convenção nº 155 da OIT vai além para prever em seu art. 16 que, em nível de empresa, quando for necessário, os empregadores deverão fornecer roupas e equipamentos de proteção adequados a fim de PREVENIR, na medida que for razoável e possível, os RISCOS DE ACIDENTES ou de efeitos prejudiciais para a saúde.
- O art. 18 da Convenção nº 155 da OIT traz que os EMPREGADORES DEVERÃO PREVER, quando for necessário, MEDIDAS PARA LIDAR COM SITUAÇÕES DE URGÊNCIA E COM ACIDENTES, incluindo meios adequados para a administração de primeiros socorros.
- Imperioso destacar que estamos a falar de uma relação de natureza privada que pode ganhar contornos internacionais. - Para isso nos socorremos do Direito Internacional Privado, que nos aponta para o Código de Bustamante.
- Segundo o artigo 198 do Código de Bustamante, a legislação a ser aplicada a casos de acidentes de trabalho é aquela do TERRITÓRIO.
- Nos seus exatos termos: Também é territorial a legislação sobre acidentes do trabalho e proteção social do trabalhador