IMPACTO DE ESTRATÉGIAS NUTRICIONAIS NO CUSTO DE ARMAZENAGEM, TRANSPORTE E DISTRIBUIÇÃO DE DEJETOS DE SUÍNOS



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Transcrição:

IMPACTO DE ESTRATÉGIAS NUTRICIONAIS NO CUSTO DE ARMAZENAGEM, TRANSPORTE E DISTRIBUIÇÃO DE DEJETOS DE SUÍNOS Palhares, J.C.P.*; Miele, M.; Lima, G.J.M.M. de 1 Pesquisadores da Embrapa Suínos e Aves, Br 153 Km 110, 89700-000, Concórdia-SC Brasil, palhares@cnpsa.embrapa.br Resumo O objetivo deste estudo foi estimar os efeitos do uso de diferentes estratégias nutricionais sobre o custo do uso dos dejetos de suínos como adubo. Foram estudados cinco tratamentos: dieta testemunha (T1), com redução do nível de proteína bruta pela adição de aminoácidos industriais (T2), com fitase (T3), com minerais orgânicos (T4) e todas as três estratégias nutricionais mencionadas (T5). A utilização de todas as estratégias em uma única dieta resultou na menor quantidade de dejeto produzida por animal por dia. Comparando a quantidade de T5 com a de T1, a diferença foi de 0,87 L/animal/dia. Utilizando-se a dieta T5, o custo do uso dos dejetos como adubo foi 32,34% menor do que o custo obtido com T1. As estratégias nutricionais avaliadas proporcionaram impactos positivos na redução da quantidade de dejetos gerados por animal. Como conseqüência, os custos de armazenamento, transporte e distribuição também foram menores quando comparados os tratamentos com a dieta testemunha. A dieta elaborada com todas as estratégias apresentou o menor custo no uso dos dejetos como adubo. Palavras-chave: aminoácidos, fitase, minerais orgânicos. 177

IMPACT OF NUTRITIONAL STRATEGY ON STORAGE, TRANSPORT AND DISTRIBUTION OF SWINE MANURE Abstract This study was carried out to estimate the influence of different nutritional strategies on the cost of swine manure use as fertilizer. The experiment was conducted during 17 weeks with 80 barrows. The animals were allotted to one of five treatments: Control diet (T1); T1 with reduction of dietary crude protein by adding industrial aminoacids (T2); T1 with fitase addition (T3); T1 with organic minerals (T4); T1 with all the technologies described (T5). Less manure was produced using all the technologies combined (T5). The improvement was 0,87 L/animal/day, compared to T1. The cost of managing T5 manure as fertilizer was 32.34% less than the cost of T1. All the nutritional strategies provided benefits in the reduction of swine waste manure. Consequently, storage, transportation and distribution costs of the other treatments were lower when compared to T1. However, better results were obtained with the use of all technologies at the same time. Key-words: aminoacids, fitase, organic minerals. Introdução Várias estratégias nutricionais ambientalmente benéficas já foram validadas pela ciência zootécnica, comprovando seus impactos positivos na redução da excreção de nitrogênio, fósforo e metais. Entre essas estratégias destacam-se os aminoácidos, a fitase e os minerais orgânicos. O uso destas estratégias já faz parte das políticas ambientais de alguns países que têm como foco a redução do potencial poluidor das criações animais. Dourmad et al. (1999), na França e na Dinamarca consumiu-se 80 g de N/kg de suíno produzido, na Holanda este consumo foi de 74 g de N/kg, o menor consumo holandês foi justificado pelo menor teor de nitrogênio nas dietas. A obrigatoriedade do uso da fitase foi uma das primeiras regulamentações implementadas na Holanda no início dos anos oitenta. Após 15 anos do uso por todos os produtores de suínos e aves, pôde-se concluir que foi uma decisão acertada, trazendo vários benefícios ambientais. Os exemplos internacionais justificam a necessidade do manejo ambiental de uma granja iniciar no programa nutricional desta e não ter como intervenção única a proposição de sistemas de armazenamento e/ou tratamento. Portanto, o desafio é cultural, de mudança de visão do sistema produtivo e de como as intervenções ambientais devem ser implementadas. O entendimento da unidade produtiva como um sistema também deve ser válido para a análise econômica deste. O custo das estratégias nutricionais que inserem benefícios ambientais não deve ser calculado somente como custo nutricional, mas junto ao custo de produção que também deve inserir os custos ambientais. 178

O objetivo deste estudo foi estimar os efeitos do uso de diferentes estratégias nutricionais sobre o custo do uso dos dejetos de suínos como adubo. Material e Métodos O experimento para avaliar a quantidade de dejetos excretados a partir do uso das estratégias nutricionais foi realizado nas instalações do Sistema de Produção de Suínos da Embrapa Suínos e Aves, durante 17 semanas (119 dias). Oitenta suínos, machos castrados, resultado do cruzamento de fêmeas Landrace x Large White com machos MS60, ao redor de 30 kg de peso vivo e com idade média de 77 dias, foram distribuídos em um delineamento de tratamentos em blocos casualizados, contemplando as fases de 30 a 50, 50 a 70, 70 a 100 e 100 a 130 kg. A unidade experimental (repetição) era constituída pela baia com quatro animais do mesmo sexo. Os tratamentos estudados foram: T1 Dieta com nível alto de proteína bruta, suplementação mínima de aminoácidos e sem a inclusão de fitase e minerais orgânicos; T2 Dieta formulada a partir de T1, mas com redução do nível de proteína bruta, mediante a suplementação de lisina, metionina, treonina e triptofano industriais, observando a proteína ideal de todos os aminoácidos essenciais. Esta dieta não teve a adição de fitase e minerais orgânicos; T3 Dieta formulada a partir de T1, mas com a inclusão de fitase e redução dos teores de cálcio e fósforo da dieta; T4 Dieta formulada a partir de T1, mas com a suplementação de 40% minerais orgânicos (Cu, Zn e Mn) e 50% minerais inorgânicos; T5 Dieta formulada a partir de T1, mas combinando os tratamentos T2, T3 e T4, anteriormente descritos. Todas as dietas eram isocalóricas e formuladas com base em aminoácidos digestíveis utilizando o conceito de proteína ideal, variando-se apenas os nutrientes em estudo, e baseadas em milho, farelo de soja e óleo de soja, sem a inclusão de subprodutos animais. As Tabelas Brasileiras para Aves e Suínos (Rostagno et al., 2005) constituíram a base de exigências nutricional dos animais para formulação das dietas. Cada baia de quatro animais possuía uma canaleta independente e impermeabilizada com lona plástica. Os dejetos foram quantificados coletando-se, semanalmente, a quantidade gerada por cada baia. Após a coleta do volume total da canaleta, o dejeto era pesado, sendo o volume dividido por quatro, tendo-se o resultado em litros/animal/dia. No cálculo dos custos de armazenamento, transporte e distribuição e relação volume de dejetos produzidos e distância percorrida para aplicação no solo, considerou-se o seguinte cenário: unidade terminadora com 1.000 animais; margem de segurança de 25%, somada a produção diária de dejetos de cada tratamento, essa foi estipulada a fim de considerar-se possíveis adições de água nas canaletas e/ou esterqueiras que ocorrem em condições de campo a partir do manejo hídrico e 179

águas pluviais; sistema de armazenagem, esterqueira em lona de PVC descoberta; volume de dejetos transportado (6m 3 /h) com eficiência de transporte de 1.000h; necessidade de área agrícola (ha) por ciclo produtivo, considerou-se o limite de 50 m 3 /ha/ano de acordo com a Instrução Normativa n.11 da FATMA/SC. Resultados e Discussão Palhares (2004), destaca que a opção pelo aproveitamento dos resíduos animais como adubo fez com que os solos se transformassem em um grande receptor de nutrientes. Como esta prática perdura há muitos anos, em diversas regiões produtoras, observa-se problemas de poluição e degradação deste recurso natural, com depreciação de suas características físicas, químicas e biológicas, bem como depreciação dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos que se relacionam e conflitos devido à emissão de odores. Na Tabela 1, observa-se a produção diária de dejeto relacionada a cada estratégia nutricional e a produção total de dejeto durante o ciclo produtivo. A utilização simultânea das estratégias resultou na menor quantidade de dejeto produzida por animal por dia. Comparando a quantidade de T5 com a de T1, a diferença foi de 0,87 L de dejeto. Os resultados obtidos neste experimento não podem ser transferidos diretamente para as condições de campo, pois vários fatores interferem na produção de dejetos, como o tipo de genética, manejo produtivo, condições climáticas, manejo hídrico, tipo de instalações e equipamentos e qualidade da mão de obra. Mas pode-se afirmar que as diferentes estratégias nutricionais são eficientes na redução da quantidade de dejetos produzidos. A Tabela 2 apresenta os custos para o armazenamento, transporte e distribuição dos dejetos. O diferencial de custo entre T5 e T1 foi de R$ 2.034,36, ou seja, se utilizada à dieta que reúne todas as estratégias nutricionais o custo do uso dos dejetos como adubo é 32,34% menor para T5. Como todos as estratégias nutricionais apresentaram uma produção de dejetos inferior ao tratamento testemunha isso se refletiu positivamente na redução do custo do uso dos dejetos como adubo. Análises econômicas relacionando o custo nutricional com o ambiental e o produtivo, que serão diferentes para cada região produtora, devem ser realizadas a fim de auxiliar na tomada de decisão de qual estratégia nutricional utilizar, pautandose essa decisão pela viabilidade econômica e ambiental. A Figura 1 relaciona a quantidade de dejetos produzidos e o custo da distância percorrida para sua distribuição. A área necessária para distribuição foi calculada tendo como referencial a legislação catarinense que trata do licenciamento da atividade suinícola e limita o uso dos dejetos em 50 m 3 /ha/ano. Ressalta-se que essa legislação admite como referencial técnico para esse uso a recomendação de adubação para cultura em questão. Conforme verificado, o T5 apresentou o menor custo de distribuição para todas as distâncias. O custo de distribuição é influenciado pela quantidade de dejetos produzidos e pelo teor de matéria seca destes, portanto um correto manejo hídrico proporcionará um dejeto de melhor qualidade, com menor porcentagem de água. Utilizou-se para os cálculos uma margem de segurança de 25% a fim de considerar 180

as possíveis adições de água aos dejetos pós unidade produtiva, esta porcentagem pode ser baixa para algumas condições de campo. Portanto, a recomendação não é refazer os cálculos com uma margem maior, mas otimizar o uso da água na granja. Conclusões As estratégias nutricionais avaliadas proporcionaram impactos positivos na redução da quantidade de dejetos gerados por animal. Como conseqüência, os custos de armazenamento, transporte e distribuição também foram menores quando comparados os tratamentos com a dieta testemunha. A dieta que reunia todas as estratégias apresentou o menor custo no uso dos dejetos como adubo, justificando a necessidade de se incorporar o manejo nutricional como parte do manejo ambiental. Análises econômicas que considerem outras realidades produtivas e regionais devem ser realizadas a fim de justificar o uso das estratégias nutricionais e subsidiar a tomada de decisão quanto ao manejo ambiental. Literatura Consultada DOURMAD, J.Y.; SÈVE, B.; LATIMIER, P. et al. Nitrogen consumption, utilization and losses in pig production in France, the Netherlands and Denmark. Livestock Production Science. n.58, p.261-264. 1999. PALHARES, J.C.P. Manejo nutricional como ferramenta para a gestão ambiental de granjas de suínos e aves. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO E NUTRIÇÃO DE AVES E SUÍNOS E TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO DE RAÇÕES, 2004, São Paulo. Anais... São Paulo: CBNA, 2004. p. 31-44. ROSTAGNO, H.S.; ALBINO, L.F.T.; DONZELE, J.L.; GOMES, P.C.; OLIVEIRA, R.F. de; LOPES, D.C.; FERREIRA, A.S.; BARRETO, S.L.de T. Tabelas Brasileiras para Aves e Suínos: Composição de Alimentos e Exigências Nutricionais. 2.ed. Viçosa: UFV-DZO, 2005. 186p. SEGANFREDO, M.A.; GIROTTO, A.F. Custo de armazenagem e transporte de dejetos suínos usados como fertilizante do solo. Concórdia: Embrapa Suínos e Aves, 2004. 24p. (Embrapa Suínos e Aves, Comunicado Técnico, 374). 181

Tabela 1. Produção diária de dejeto de cada estratégia nutricional e durante o ciclo de produção. Tratamento Média PDD (L/animal/dia) PDD (25) 1 (L/animal/dia) UT de 1.000 animais (L/dia) Produção de dejeto em 119 dias (m 3 ) T1 2,69 3,36 3.362,50 400,14 T2 2,28 2,85 2.850,00 339,15 T3 2,24 2,80 2.800,00 333,20 T4 1,88 2,35 2.350,00 279,65 T5 1,82 2,28 2.275,00 270,73 PDD- Produção Diária de Dejeto, 1 PDD acrescido de margem de segurança de 25%, UT- Unidade de Terminação Tabela 2. Custo de cada estratégia nutricional no armazenamento, transporte e distribuição dos dejetos para uma UT de 1.000 animais. Tratamentos Armazenagem 1 (R$) Transporte e Distribuição 2 (R$) Total (R$) T1 2.348,81 3.941,35 6.290,16 T2 1.990,81 3.340,63 5.331,44 T3 1.955,88 3.282,02 5.237,90 T4 1.641,55 2.754,55 4.396,10 T5 1.589,16 2.666,64 4.255,80 1 Custo de armazenagem, considerando esterqueira em lona de PVC descoberta, por m 3 de dejeto (R$ 5,87) (Seganfredo e Girotto, 2004). 2 Custo para transportar (volume transportado de 6m 3 /h) com eficiência de 1.000h (R$ 59,10) (Seganfredo e Girotto, 2004). Figura 1. Custo por ciclo produtivo de distribuição de dejetos de acordo com a distância percorrida e considerando o limite de 50 m 3 /ha/ano (IN n.11 FATMA/SC). 182