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<CABBCCBDAABCACBCABBCBACCBBCAADCADABAA DDADAAAD> A C Ó R D Ã O

Transcrição:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE RECONHECIMENTO DE UNIÃO ESTÁVEL. NÃO CONFIGURAÇÃO. RELAÇÃO NÃO DURADOURA. IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO DECLARATÓRIO. PARTILHA INVIABILIZADA. 1. O curto relacionamento vivenciado entre o par não se amolda às previsões do art. 1.723 do CC, não tendo se revestido de durabilidade, estabilidade e seriedade inerentes ao objetivo de constituir família. 2. Reforma da sentença, com o julgamento de improcedência do pedido declaratório e, por conseguinte, do pedido de partilha do veículo adquirido durante a relação, também considerada a ausência de demonstração de emprego de esforços comuns para esse fim. APELAÇÃO PROVIDA. APELAÇÃO CÍVEL OITAVA CÂMARA CÍVEL Nº 70079824918 (Nº CNJ: 0347703-14.2018.8.21.7000) COMARCA DE PORTO ALEGRE L.H.P.A... M.G... APELANTE APELADO 1

ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos. Acordam os Desembargadores integrantes da Oitava Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em dar provimento ao apelo, nos termos dos votos a seguir transcritos. Custas na forma da lei. Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes Senhores DES. LUIZ FELIPE BRASIL SANTOS (PRESIDENTE) E DES. JOSÉ ANTÔNIO DALTOÉ CEZAR. Porto Alegre, 21 de março de 2019. DES. RICARDO MOREIRA LINS PASTL, RELATOR. RELATÓRIO DES. RICARDO MOREIRA LINS PASTL (RELATOR) Trata-se de recurso de apelação interposto por L.H.P.A., inconformado com a sentença de parcial procedência proferida nos autos da ação de reconhecimento e 2

de dissolução de união estável, cumulada com pedido de indenização por dano moral e reintegração de posse, ajuizada por M.G., cujo dispositivo foi lançado nos seguintes termos: ISSO POSTO, julgo parcialmente procedente a ação declaratória de união estável cumulada com indenização por danos morais ajuizada por M.G. em face da L.H.P.A., para declarar e dissolver a união estável iniciada em janeiro de 2015 com término em agosto de 2015; e determinar a partilha do bem adquirido na constância da união nos termos da fundamentação. Tendo havido sucumbência recíproca, condeno a autora ao pagamento de 60% das custas processuais e honorários advocatícios ao procurador da parte adversa, que fixo de R$ 1.800,00. Ainda, condeno o réu ao pagamento de 40% das custas processuais e honorários advocatícios ao procurador da parte adversa, fixados R$ 1.000,00, considerando o disposto no art. 85, 8º, do Código de Processo Civil, com exigibilidade suspensa em relação à autora, em razão do benefício da AJG deferido (fl. 60). Sustenta, em suma, que o relacionamento mantido entre as partes não preencheu os pressupostos legais de convivência pública, contínua e duradoura, não tendo havido intenção de constituição de família, mencionando que períodos de namoro foram intercalados por longos períodos de afastamento. 3

Conta que residiram juntos por curto período de tempo no imóvel por si locado e que em razão dos conflitos ajuizou ação de reintegração de posse contra a apelada, para retirá-la do imóvel. Diz que adquiriu o veículo GM/Prisma, tendo alcançado R$ 13.500,00 de entrada e financiado o valor restante, apontando que arcou sozinho com o pagamento das prestações, asseverando a inexistência de bens a partilhar. Requer o provimento do apelo, com o julgamento de improcedência dos pedidos aviados na inicial (fls. 180/189). Apresentadas as contrarrazões (fls. 192/195), o feito foi remetido a esta Corte para julgamento, opinando a Procuradoria de Justiça pelo desprovimento do apelo (fls. 197/199). Registro que foi observado o disposto no art. 931 do NCPC, tendo em vista a adoção do sistema informatizado. É o relatório. VOTOS DES. RICARDO MOREIRA LINS PASTL (RELATOR) 4

preparado (fl. 180). Eminentes colegas, recebo o reclamo, que é próprio, tempestivo e A controvérsia diz respeito ao reconhecimento judicial da união estável alegadamente mantida entre as partes no período compreendido entre janeiro a agosto de 2015, bem como ao partilhamento de bens daí decorrentes (meação sobre o valor investido à aquisição de veículo). merece acolhimento. Examinando os autos, tenho que a irresignação apresentada pelo réu Como se sabe, o reconhecimento da união estável, nos moldes do art. 1.723 do CC, depende da demonstração de seus elementos caracterizadores essenciais, quais sejam, a publicidade, a continuidade, a estabilidade e o objetivo de constituição de família. No caso presente, entretanto, com o devido respeito pelo entendimento em sentido diverso, entendo que o conjunto probatório carreado aos autos não conforta a alegação da autora de que o relacionamento vivenciado entre as partes foi pautado com estas características. 5

Conquanto a convivência sob o mesmo teto durante certo período no imóvel locado pelo réu seja fato incontroverso situação levada em consideração pela magistrada singular para o reconhecimento da união estável, o fato é que esse arranjo perdurou por curto período de tempo, de janeiro a agosto de 2015, o que consagra o desatendimento aos pressupostos de durabilidade, estabilidade e seriedade inerentes ao objetivo de constituir família, respeitosamente. Realço que o período de 8 meses é demasiadamente exíguo para que se tenha a relação como estável, isto é, como firme, como constante, como durável. As relações entre as pessoas não se desenvolvem com as mesmas características o tempo inteiro, de forma constante, e há, como em tudo, uma evolução e, depois, uma involução. Daí que, sendo assim, mesmo os marcos inicial e final afirmados pelas partes experimentam alguma sorte de relativização, já que a relação não é de natureza contábil ou matemática. Por isso, para tanto, impõe-se prova firme e cabal, já que a afirmação dessa união livre, estribada em fatos e na liberdade, paradoxal e coercitivamente, cobra o preço dessa informalidade. Não se pode ter, dadas as peculiaridades do caso, como estável o relacionamento havido por período tão curto de tempo e, além disso, absolutamente nada foi acostado aos autos pela autora a comprovar de forma suficientemente segura o interesse mútuo em constituir uma família, a existência de relação de dependência entre o par, seja pela inclusão como dependente junto ao Fisco, plano de saúde ou pela 6

simples habilitação em clubes e associações, tampouco o efetivo emprego de recursos financeiros visando a um objetivo comum. Em que pese defenda a autora que contribuiu para a aquisição do veículo, cuja partilha também é objeto da presente ação, indicando que empregou recursos provenientes da venda de outro veículo que titulava (fl. 4), é significativo que nenhuma prova nesse sentido tenha sido produzida, o que seria de rigor à comprovação da defendida comunhão de esforços. Assim, diante da fragilidade probatória acerca das referidas características exigidas em lei à pretendida afirmação do enlace vivenciado entre as partes como uma entidade familiar, que deve ser debitada à autora, entendo que não há como reconhecer a configuração de união estável entre ambos, tampouco como reconhecer os efeitos patrimoniais daí decorrentes. Nesse sentido, colaciono: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE RECONHECIMENTO DE UNIÃO ESTÁVEL. ONUS DA PROVA. Na ação de reconhecimento de união estável se lida com a delicada questão de "estado das pessoas", não havendo espaço para dúvidas, porquanto se declara um direito. Imprescindível a prova robusta de que a relação vivenciada pelas partes, configuradora da união equiparada ao casamento, continha a convivência pública, 7

contínua e estabelecida com o objetivo de constituição de família. Ausente prova nesse sentido, não há como acolher a pretensão da parte. APELO NÃO PROVIDO. (Apelação Cível Nº 70034340059, Oitava Câmara Cível, TJRS, Relator Alzir Felippe Schmitz, 28/04/2011) Por conta disso, na compreensão de que a prova produzida na instrução não se presta ao reconhecimento pretendido, não sendo suficiente a revelar que o relacionamento tenha ultrapassado os contornos de um namoro, como qualificado pelo recorrente, julgo improcedente o pedido de reconhecimento de união estável, não havendo que se falar, por conseguinte, em partilha de bens. ANTE O EXPOSTO, dou provimento ao apelo. Em face da solução preconizada, redistribuo os ônus sucumbenciais, condenando exclusivamente a autora ao pagamento das custas processuais e dos honorários fixados na sentença, que vão majorados em 20% em razão do disposto no art. 85, 1º e 11, do CPC, ficando suspensa a exigibilidade, no entanto, pois beneficiária da assistência judiciária gratuita (fl. 60). DES. JOSÉ ANTÔNIO DALTOÉ CEZAR - De acordo com o(a) Relator(a). 8

DES. LUIZ FELIPE BRASIL SANTOS (PRESIDENTE) - De acordo com o(a) Relator(a). DES. LUIZ FELIPE BRASIL SANTOS - Presidente - Apelação Cível nº 70079824918, Comarca de Porto Alegre: "DERAM PROVIMENTO. UNÂNIME." Julgador(a) de 1º Grau: CARMEM MARIA AZAMBUJA FARIAS 9