Conteúdo: Competência: Justiça Militar; Justiça Federal. Foro por Prerrogativa de Função: Prefeito. - Competência -

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Transcrição:

Turma e Ano: Flex A (2014) Matéria / Aula: Processo Penal / Aula 10 Professor: Elisa Pittaro Conteúdo: Competência: Justiça Militar; Justiça Federal. Foro por Prerrogativa de Função: Prefeito. - Competência - 3.3 Justiça Militar: Que crime comete o PM que durante uma abordagem ofende a integridade física de um civil? 1. Majoritária no TJ - A lesão corporal foi o meio para a prática do abuso. Logo, o agente responde apenas por abuso de autoridade, absorvida a lesão. De acordo com a Súmula 172 do STJ, a competência para julgar o abuso é da justiça estadual. 2. A pena da lesão corporal em qualquer modalidade é maior do que a pena do abuso, logo, é a lesão que absorve o abuso. Neste caso, a competência será da Justiça Militar. 3. Fernando Capez - Se a lesão absorvesse o abuso, não faria sentido a sua previsão no art. 3º, "i" da Lei 8498. Sem contar que um crime não é meio necessário para a prática do outro. Desta forma, o agente responderá por lesão corporal em concurso formal com o abuso. Devemos aplicar a Súmula 90 do STJ com a separação dos processos, ou seja, justiça estadual julga o abuso e a justiça militar julga a lesão. Súmula 90 STJ: Compete à Justiça Estadual Militar processar e julgar o policial militar pela prática do crime militar, e à Comum pela prática do crime comum simultâneo àquele. 3.4 Justiça Federal (art. 109 CF): Toda a competência da justiça federal está fixada no art. 109 da CF, sendo o restante dos estados e, por isso, a competência da justiça estadual é chamada de residual.

IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; "Justiça militar": O art. 30 da Lei 7170/63 fixa a competência da justiça militar para julgar os crimes contra a Segurança Nacional, porém, este dispositivo não foi recepcionado pela Constituição, pois todos os delitos são da competência da justiça federal. "Bem": Bem é o patrimônio da União, suas autarquias e empresas, ou seja, é necessário que o crime provoque uma lesão nesse bem. Se o agente falsificar guias de recolhimento de contribuição previdenciária, mas não conseguir obter o benefício, a competência será da justiça estadual, pois não houve dano ao INSS, conforme Súmula 107 STJ. "Serviços": Súmula 107 STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime de estelionato praticado mediante falsificação das guias de recolhimento das contribuições previdenciárias, quando não ocorrente lesão à autarquia federal. Não basta a existência de um órgão federal prestando um serviço para que isso, por si só, fixe a competência da justiça federal, sendo necessário que o crime comprometa um serviço prestado pela União - Ex: apresentação de documento falso para a obtenção de passaporte. "Interesse": Súmula 147 STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra funcionário público federal, quando relacionados com o exercício da função. Para Pacelli, a análise do interesse é feita de forma casuística, porém, devemos ter como parâmetro a competência legislativa da União fixada no art. 22 da CF, ou seja, se apenas a União legisla sobre esses temas, se algum crime eventualmente envolvê-los, a competência será da justiça federal. "Contravenção Penal": Qual o órgão competente para julgamento na hipótese de conexão entre um crime da competência da justiça federal e uma contravenção penal? 1. Precedentes antigos do STJ - Devemos aplicar analogicamente a Súmula 122 do STJ, de forma que todos os delitos sejam julgados pela justiça federal. Isso porque o que a Constituição não desejava era o julgamento isolado de uma contravenção pela justiça federal.

2. TRF e Julgados recentes no STJ - A Constituição excluiu a competência da justiça federal para julgar contravenções. Logo, deve haver a separação dos processos, ou seja, justiça federal julga o crime e a estadual a contravenção. V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; Qual o órgão competente para julgamento quando houver tráfico internacional de drogas? Apesar da Constituição fixar a competência da justiça federal na importação e exportação de drogas, a Súmula 522 do STF fixou a competência da justiça federal apenas para a exportação. Apesar da incompatibilidade da Súmula com a Constituição, ela só deixou de ser aplicada quando o art. 70 da Lei 11.343 fixou a competência da justiça federal nos dois casos. Súmula 522 STF: Salvo ocorrência de tráfico com o exterior, quando, então, a competência será da Justiça Federal, compete a justiça dos estados o processo e o julgamento dos crimes relativos a entorpecentes. Art. 70 da Lei 11.343. O processo e o julgamento dos crimes previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, se caracterizado ilícito transnacional, são da competência da Justiça Federal. Parágrafo único. Os crimes praticados nos Municípios que não sejam sede de vara federal serão processados e julgados na vara federal da circunscrição respectiva. Para o STF, o tipo do art. 33 da Lei de Drogas é o chamado tipo penal misto alternativo, de forma que é muito comum que em um único contexto o agente realize vários verbos, respondendo por um único crime. Desta forma, superada a importação e realizado outro verbo, cessa a competência da justiça federal, passando a ser competência da justiça estadual, independente da descoberta da origem estrangeira da droga. Para a fixação da competência da justiça federal é necessário que a substância também seja considerada droga no país de origem, caso contrário, a competência será da justiça estadual.

V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o 5º deste artigo;(incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) A Emenda Constitucional nº 45 criou o incidente de deslocamento de competência da justiça para a federal sempre que houver grave violação de direitos humanos. O objetivo do incidente foi garantir o cumprimento de compromissos internacionais assumidos pelo Brasil. Porém, a dificuldade está em definir o que vem a ser essa grave violação de direitos humanos. Para Pacelli, a análise deve ser feita de forma casuística. O 1º incidente suscitado no STJ foi negado (caso da missionária Dorothy Stang) com a alegação de que não havia inércia da justiça estadual que autorizasse o deslocamento. Dessa forma, o 2º incidente suscitado e julgado procedente no STJ considerou a inércia da justiça estadual na apuração de crimes cometidos por grupos de extermínios em dois estados do Nordeste. VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira; Para o STF, crime contra a organização do trabalho de competência da justiça federal é aquele que considera uma categoria de trabalhadores envolvidos ou as suas entidades representativas. Para Joaquim Barbosa, a expressão organização do trabalho não deve considerar apenas sindicatos, mas sim o homem nas suas esferas que lhe são mais caras, ou seja a sua liberdade e a sua dignidade. Desta forma, o crime previsto no art. 149 do CP - redução a condição análoga à de escravo, muito comum em fazendas no interior do Brasil, é da competência da justiça federal. 3.5 Foro por Prerrogativa de Função ou Foro Privilegiado: As regras do foro privilegiado se justificam enquanto o agente estiver no exercício das funções. Por isso, aposentados e políticos que não gozam mais de cargo eletivo não possuem a prerrogativa de função.

As regras do foro privilegiado afastam todos os critérios de competência territorial, ou seja, o agente sempre será julgado pelo tribunal a que se encontra vinculado, independente do local que o crime foi praticado. a) Prefeito: Crimes dolosos contra a vida = TJ (competência do Júri é afastada, já que o foro privilegiado está fixado na CF) Prefeitos (art. 29, X CF) Crime estadual = TJ Crime eleitoral = TRE (Súmula 702 STF) Crime federal = TRF (Súmula 702 STF) Súmula 702 STF : A competência do Tribunal de Justiça para julgar Prefeitos restringe-se aos crimes de competência da Justiça comum estadual; nos demais casos, a competência originária caberá ao respectivo tribunal de segundo grau. Quem julga o prefeito acusado de desviar verbas oriundas da União? Depende. Se a verba foi incorporada ao patrimônio municipal, a competência será do TJ. Se ele tem que prestar contas dessa verba a um órgão federal, a competência será do TRF, conforme Súmulas 208 e 209 do STJ. Súmula 208 STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar prefeito municipal por desvio de verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal. Súmula 209 STJ: Compete à Justiça Estadual processar e julgar prefeito por desvio de verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal. A Constituição Estadual pode dar foro privilegiado para vereador? Quando a Constituição organizou os Municípios, ela só conferiu foro privilegiado aos prefeitos, em clara opção constitucional de negar esse foro aos vereadores. Ademais, a criação nas Constituições Estaduais exige simetria, o que pressupõe uma paridade de vantagens e vencimentos, o que não existe em relação aos vereadores.