ADESÃO DAS MULHERES AO SERVIÇO DE PREVENÇÃO DE CÂNCER DE COLO DE ÚTERO NO MUNICÍPIO DE GUANAMBI BA NOS ANOS DE 2010 E 2013 Rayane Oliveira de Almeida Santos¹, Thais Araujo Moraes¹, Alzira Stela Boa Sorte Moraes², Marcela de Andrade Rios³ ¹Graduandos do curso de enfermagem, Faculdade Guanambi FG/CESG, Guanambi-BA. E-mail: thaisaraujogbi@hotmail.com ²Enfermeira, docente do curso de enfermagem, Faculdade Guanambi FG/CESG, Guanambi-BA. ³Enfermeira, docente do curso de enfermagem, Universidade do Estado da Bahia UNEB/Campus XII, Guanambi-BA. RESUMO: Trata-se de um estudo epidemiológico, comparativo, descritivo e transversal, que objetivou verificar a adesão da população feminina ao exame Papanicolau, que visa a prevenção e detecção precoce do câncer de colo de útero, sendo esta neoplasia a segunda mais recorrente entre as mulheres, ficando atrás apenas do câncer de mama. Com base nos dados provenientes do SISCOLO DATASUS/MS foi analisado que entre os anos 2010 e 2013, no município de Guanambi, a adesão foi maior em 2013, com 1.601 exames a mais que o ano anterior. Além disso, foi observado que no ano de 2013, 82% dos exames foram realizados por mulheres na faixa etária de 25 a 64 anos, faixa etária recomendada pelo Ministério da Saúde. Em relação a população feminina total, em 2013 13% da população feminina realizou o exame, em 2010 11% das mulheres realizaram o exame. O período de realização de exames que obteve maior destaque foi com o intervalo de um ano, correspondente a 46% total em 2013, com 540 exames a mais que em 2010. Com os dados analisados, observa-se o bom trabalho realizado na coleta pelo enfermeiro, com um montante de 99,6% de amostras satisfatórias em 2013, contra 98,9% em 2010. Com isso, conclui-se que o trabalho de divulgação da importância do exame preventivo e a oferta do exame pelo município, contribui com a adesão das mulheres ao programa, resultando em detecção precoce do câncer de colo de útero, tendo um aumento significativo nesta adesão a cada ano. Palavras-Chave: Câncer. Colo de útero. Prevenção. WOMEN ADHESION ON CERVICAL CANCER PREVENTION SERVICE IN GUANAMBI CITY BA IN 2010 AND 2013 ABSTRACT: This is an epidemiological, comparative, descriptive, cross-sectional study aimed to verify the adhesion of women to the Papanicolau s exam that aims the prevention and early detection of cervical cancer, which is the second most common kind of cancer among women, getting behind only to breast cancer. Based on data from the SISCOLO - DATASUS/MS, it was analyzed that between the years 2010 and 2013, in Guanambi city, the adhesion was higher in 2013, with 1.601 tests more than the previous year. In addition, it was observed that in 2013 82% of the exams were performed by women aged 25-64, age recommended by the Ministry of Health in Brazil. In relation to the total female population, in 2013 13 % of women performed the exam, in 2010 11% of women were examined. The period of exams with highest highlight was with the range of one year, corresponding to 46% of the total in 2013, with 540 tests more than in 2010. With the data analyzed, there is the good work done by nurses in the collection, with an amount of 99.6% of satisfactory samples in 2013 against 98.9% in 2010. Then, it is concluded that the outreach work of the importance of
2 preventive test and the provision of the exam by the city contributes with the accession of women to the program, resulting in early detection of cervical cancer, with a significant increase in this membership each year. Keywords: Cancer. Prevention. Uterine Cervix. INTRODUÇÃO O câncer de colo de útero (CCU) caracteriza-se pelo desenvolvimento desordenado de células epiteliais que revestem o órgão, comprometendo o tecido subjacente e que pode invadir estruturas e órgãos próximos ou distantes (INCA, 2013). De acordo com Guerra et al. (2005) as principais causas do desenvolvimento desta neoplasia estão relacionados com a presença de infecções vaginais, sendo de grande destaque o HPV (Papiloma Vírus Humano), além disso são considerados a variedade de parceiros sexuais e o tabagismo como grandes fatores de risco. Rosas et al. (2013) classificam o CCU como segunda neoplasia mais incidente entre as mulheres do Brasil, ficando atrás apenas do câncer de mama. Oliveira et al. (2013) consideram esse tipo de neoplasia como um problema de saúde pública, não apenas brasileiro mas mundial, que atinge todas as camadas sociais e regiões do país. O Instituto Nacional do Câncer - INCA (2013) estima que são esperados 15.590 casos novos de câncer de colo uterino no Brasil em 2014. O exame de Papanicolau é considerado um dos mais importantes testes para a detecção do CCU, sendo a principal estratégia de rastreamento desse agravo no mundo. O preventivo tem como objetivos identificar células cancerosas, ou outros fatores que não estão relacionadas ao câncer como inflamação ou infecção do útero. A realização desse exame é caracterizado como indolor, eficaz e de baixo custo (MASSUQUINI et al., 2011; ROCHA et al., 2012; INCA, 2013). No Brasil, a estratégia recomendada pelo Ministério da Saúde é o exame citopatológico em mulheres de 25 a 64 anos (INCA, 2013). A vacinação contra o HPV é uma importante ferramenta contra o CCU. O Ministério da Saúde (BRASIL, 2014), em março de 2014 começou a disponibilizar a vacina em postos de vacinação do SUS (Sistema Único de Saúde) tendo como público alvo meninas de 11 a 13 anos que ainda não possuem vida sexual ativa, ou seja, que não foram expostas ao vírus garantindo a eficácia da vacina de 98,8%. Contudo, o INCA (2014) sobressalta que a vacina não substitui a necessidade do uso de preservativos e a realização do exame de rastreamento do câncer. A partir da inserção da mulher em vários ambientes nacionais, a saúde desta também se tornou destaque, principalmente no quesito de prevenção do CCU. Sendo assim, foram
3 criados programas como o Programa de Atenção Integral da Mulher (PAISM) na década de 80 e o Programa Viva Mulher em 1996, com o objetivo de contribuir com o aumento da cobertura do exame no país (ARTEAGA, 2008; ALBUQUERQUE et al., 2009). O SISCOLO (Sistema de Informação do Câncer de Colo de Útero) é um programa do Ministério da Saúde, que tem por objetivo gerenciar informações sobre exames citopatológicos realizados nas cidades de todos os estados brasileiros e permite o monitoramento de exames alterados para posterior acompanhamento, tratamento e prevenção de casos de câncer de colo de útero (BRASIL, 2014). Considera-se o desconforto e a vergonha durante a realização de exame uma das principais causas da não adesão das mulheres no programa de prevenção. Outras mulheres também consideram o exame desnecessário por não ter conhecimento da importância e da eficácia do exame preventivo. No município de Guanambi, na Bahia, local onde foi desenvolvido o estudo, assim como nas demais cidades do país, o exame citopatológico é oferecido nas unidades básicas de saúde (UBS) com o intuito de prevenir o CCU em toda a população feminina. O câncer de colo de útero é considerado um grande problema de saúde pública brasileiro devido a sua alta incidência, sendo o segundo mais frequente na população feminina, o que justifica-se através desse estudo identificar a adesão da população feminina ao programa de prevenção do câncer de colo do útero no município de Guanambi. Com isso os principais objetivos do estudo foi analisar se houve um aumento de exames no município, comparando 2010 e 2013, qual unidade que realizou mais exames, a faixa etária que mais aderiu ao programa de prevenção, o período entre os exames realizados e a adequação das amostras de coleta. MATERIAL E MÉTODOS Trata-se de um estudo epidemiológico, comparativo, descritivo e transversal realizado com dados secundários provenientes do DATASUS/MS (Departamento de Informação do Sistema Único de Saúde) referentes ao exame citopatológico de mulheres residentes no município de Guanambi, nos anos de 2010 e 2013. O município de Guanambi localiza-se na região sudoeste da Bahia, distando da capital do estado, Salvador, uma média de 796 quilômetros. O senso do IBGE (2012) estima uma projeção da população de aproximadamente 85 mil habitantes para 2013 (população feminina 53%), sendo a população do ano de 2010 um total de aproximadamente 79 mil habitantes
4 (população feminina 51%), com isso, o município em estudo é considerada a 20ª cidade mais populosa do estado. Devido ao seu crescimento, Guanambi se tornou referência em saúde para os municípios da região, atendendo pelo menos 21 municípios circunvizinhos. Segundo o IBGE (2012), Guanambi possui 36 estabelecimentos de saúde do SUS além de instituições privadas, que prestam serviços à população local e cidades circunvizinhas. A população do estudo foi composta por todas as mulheres que realizaram o exame citopatológico no município de Guanambi e cujos dados estivessem disponibilizados no SISCOLO (Sistema de Informação do Câncer de Colo de Útero). Portanto, foram considerados como critério de inclusão no estudo os dados das mulheres, de todas as faixas etárias que realizaram o exame citopatológico em Guanambi nos anos de 2010 e 2013 disponibilizados no SISCOLO, e critérios de exclusão foram consideradas as mulheres que realizaram o exame em anos diferentes e exames que não foram registrados. Os dados foram coletados no SISCOLO (Sistema de Informação do Câncer de Colo de Útero), através do TabNet Win32 Versão 4.0, relacionado a informações estatísticas do município de Guanambi sobre exame citopatológico cérvico-vaginal e microflora, disponibilizados eletronicamente pelo Ministério da Saúde, por meio do DATASUS. Os dados foram tabulados e analisados por meio do programa Microsoft Office EXCEL através de cálculos nas frequências absolutas e relativas para cada variável nos anos considerados. Foram construídos tabelas e gráficos para melhor visualização dos resultados. Devido ao fato de se utilizar dados secundários e de domínio público provenientes do sistema de informação em saúde não houve riscos diretos aos sujeitos da pesquisa. Vale ressaltar que durante a análise das unidades de saúde dispostas no SISCOLO/DATAUS foi observado a presença de duas unidades que não correspondem ao município de Guanambi, sendo elas: PSF Piranhas e o Hospital Dr. José Maria Magalhães Neto, porém para não causar alteração nos resultados da pesquisa, devido à presença deles no sistema de informação oficial, considera-se as unidades como parte do sistema de saúde do município em estudo. Como benefícios à população será traçada uma estratégia juntamente com a secretaria municipal de saúde, o planejamento de ações de saúde voltados a saúde da mulher com ênfase em ações preventivas relacionadas ao câncer de colo de útero. Portanto, com a realização e a divulgação dos resultados obtidos no estudo, espera-se que seja realizada pelo município maior campanha, bem como nas rotinas os serviços, buscando melhor adesão populacional ao exame preventivo, diminuindo assim, a incidência de câncer de colo de útero em Guanambi nos anos seguintes.
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO Total de preventivos Foram analisados dados referentes ao exame Papanicolau em Guanambi realizado nas Unidades Básicas de Saúde, nos anos em estudo, 2010 e 2013. Segundo o DATASUS, em 2010, Guanambi possuía 17 unidades de saúde básica, que realizaram o exame preventivo. No ano de 2013, houve um acréscimo de uma unidade de saúde, totalizando 18, ressaltando que o PSF piranhas e o Hospital Dr. José Maria Magalhães Neto não pertencem ao município de Guanambi. Pode-se observar na tabela 1 o quantitativo de exames realizados em cada unidade do município nos anos em estudo. De acordo aos dados apresentados em 2013 houve um grande aumento de preventivos realizados, aumentando de 4.233 para 5.834, o que representa um acréscimo de 1.601 exames. Comparado com a população total feminina em ambos os anos, pode-se perceber que no ano de 2010 houve a adesão de 11% de mulheres, já em 2013 houve a adesão de 13% da população feminina no programa de prevenção, tendo aumento de 2% na realização dos exames. Em 2010 o local que houve maior quantidade de coleta foi na POLIMEG (Policlínica médica de Guanambi) com 583 (13,8% do total) exames realizados, já em 2013 a POLIMEG não realizava mais esse tipo de serviço, se tornando um local de consulta de especialidades médicas, fazendo com que houvesse uma grande migração da população que realizava o exame na POLIMEG para PSF deputado Gercino Coelho, também conhecido como 1º centro de saúde, fazendo com que ele se tornasse a maior porta de entrada para a realização do exame em 2013 com 1060 (18,2% do total) exames. Ambos localizados no centro da cidade. Relacionados aos PSFs localizados em regiões mais afastadas do centro pode-se considerar que o que mais realizou exames em 2010 foi o PSF Alto Caiçara (7,9%), e em 2013 foi o PSF Mutans (9,5%), distrito do município. Analisando os PSFs que menos realizaram o exame foram, em 2010 o PSF São Sebastião (3,3%) e em 2013 o PSF Ceraima (3,4%), localizado no distrito de Guanambi, considerando que o Hospital Dr. José Maria Magalhães Neto (0,02%) não faz parte do município. Neste estudo chama a atenção a grande adesão populacional ao exame em 2013 em áreas consideradas de risco, com uma população de classe econômica mais baixa, como nos
6 PSFs: Alto Caiçara, Monte Pascoal e Beija-Flor totalizando 18,5% dos preventivos realizados no ano em questão. Comparando ambos os anos percebe-se que em 2013 houve aumento de coleta em quase todos os postos em relação a 2010, exceto no PSF Lagoinha, onde houve um leve decréscimo na realização do exame Papanicolau, com 17 exames a menos comparado com o ano anterior. Tabela 1 Distribuição do quantitativo de exames preventivos do CCU nas unidades básicas de saúde de Guanambi-BA, nos anos de 2010 e 2013. UNIDADE DE COLETA 2010 2013 N % n % PSF ALTO CAIÇARA 336 7,9 398 6,8 PSF MONTE PASCOAL 268 6,3 338 5,8 PSF BNH 205 4,8 355 6,1 PSF CERAIMA 152 3,6 200 3,4 POLIMEG 583 13,8 - - PSF MUTANS 217 5,1 552 9,5 HOSPITAL DR. JOSE MARIA - - 1 0.02 MAGALHAES NETO PSF ALVORADA 191 4,5 254 4,4 PSF BEIJA FLOR 217 5,1 345 5,9 PSF DEPUTADO GERCINO 261 6,2 1.060 18,2 COELHO (1º CENTRO) PSF MORRINHOS 263 6,2 291 5,0 PSF VOMITAMEL 201 4,7 298 5,1 PSF BRASILIA 259 6,1 366 6,3 PSF LAGOINHA 262 6,2 245 4,2 PSF VILA NOVA 275 6,5 378 6,5 PSF BELO HORIZONTE 201 4,7 298 5,1 PSF IPIRANGA 201 4,7 213 3,7 PSF PIRANHAS - - 3 0,07 PSF SÃO SEBASTIÃO 141 3,3 239 4,1 TOTAL 4.233 100 5.834 100 Fonte: SISCOLO/DATASUS, 2014. Fazendo uma comparação por semestres (figura 1) podemos observar que a maior procura das unidades para a realização dos exames é o primeiro semestre do ano, tanto em 2010 (2.189 exames) quanto em 2013 (3.260 exames), sem uma causa específica encontrada. Vale ressaltar que no ano de 2013 houve um aumento significativo na realização de preventivos em relação a 2010.
7 Figura 1 Total de exames preventivos do CCU realizados em unidade de saúde de Guanambi- BA, por semestre 2010 e 2013. 2574 2189 2044 3260 1º semestre 2010 1º semestre 2013 2º semestre 2010 2º semestre 2013 Fonte: SISCOLO/DATASUS, 2014. Preventivos por idade O Papanicolau é considerado o exame mais eficaz e de baixo custo, devendo ser oferecido a população feminina em geral, entretanto é recomendado a realização da população entre 25 e 64 anos e para aquelas que já iniciaram a vida sexual (ROCHA et al., 2012). Há vários fatos indicando que, direta ou indiretamente, o rastreamento em mulheres com menos de 25 anos não tem impacto na redução da incidência e/ou mortalidade por câncer do colo do útero. Por outro lado, o início mais precoce representaria um importante aumento de diagnósticos de lesões de baixo grau, consideradas não precursoras e representativas apenas da manifestação citológica da infecção pelo HPV, que têm grande probabilidade de regressão e resultariam em um número significativo de colposcopias e procedimentos diagnósticos e terapêuticos desnecessários (BRASIL apud DORNELLES et al., 2013). É observado nas figuras abaixo (2 e 3) que a faixa etária entre 30 e 34 anos (14,4% do total em 2010 e 13,7% do total em 2013) é a que mais procura a unidade básica de saúde para a realização do exame Papanicolau, tanto em 2010 quanto em 2013, seguida pela faixa etária entre 25 e 29 anos (13,8% do total em 2010 e 12,5% do total em 2013), mostrando que a população em questão está buscando mais precocemente o diagnóstico das patologias relacionadas ao colo do útero, aumentando a eficácia de um possível tratamento. De acordo com o Ministério da Saúde (2006) a maioria dos preventivos é feito em mulheres com menos de 35 anos, buscam primeiramente para a inserção no serviço de planejamento familiar.
8 Na figura 2 percebe-se que no ano de 2010 do total de 4.233 preventivos realizados, 3.464 foram feitos pelas mulheres na faixa etária de maior risco do desenvolvimento do câncer de colo de útero, preconizada pelo Ministério da Saúde entre os 25 e 64 anos, perfazendo um total de 82% dos exames realizados foram na faixa indicada. Já na figura 3 observa-se que 4.826 exames foram feitos na faixa etária citada acima, sendo 83% dos 5834 preventivos. Assim, é considerado que em 2013 houve um aumento significativo de exames, havendo maior prevenção nesse ano. É destacado também a grande adesão da população feminina acima dos 64 anos em ambos os anos, sendo que comparando os dados pode-se notar um aumento de 140 exames em 2013, mostrando o comprometimento com a sua saúde e bem estar da população senil. O resultado obtido é semelhante ao da pesquisa realizada por Dornelles et al. (2013) que mostra que em três unidades de saúde de Cruz Alta/RS 80% de 1022 mulheres que fizeram o preventivo se encontrara na faixa etária preconizada, sendo essa a faixa que corresponde ao maior pico de casos das lesões percussoras que antecedem o câncer. Figura 2 Distribuição do quantitativo de exames preventivos do CCU realizados em unidades de saúde de Guanambi-BA, no ano de 2010, segundo faixa etária. ACIMA DE 64 ANOS ENTRE 60 A 64 ANOS ENTRE 55 A 59 ANOS ENTRE 50 A 54 ANOS ENTRE 45 A 49 ANOS ENTRE 40 A 44 ANOS ENTRE 35 A 39 ANOS ENTRE 30 A 34 ANOS ENTRE 25 A 29 ANOS ENTRE 20 A 24 ANOS ENTRE 15 A 19 ANOS ENTRE 12 A 14 ANOS 1 133 147 151 256 335 400 484 565 567 610 584 0 100 200 300 400 500 600 700 Fonte: SISCOLO/DATASUS, 2014. Figura 3 Distribuição do quantitativo de exames preventivos do CCU realizados em unidades de saúde de Guanambi-BA, no ano de 2013, segundo faixa etária.
9 ACIMA DE 64 ANOS ENTRE 60 A 64 ANOS ENTRE 55 A 59 ANOS ENTRE 50 A 54 ANOS ENTRE 45 A 49 ANOS ENTRE 40 A 44 ANOS ENTRE 35 A 39 ANOS ENTRE 30 A 34 ANOS ENTRE 25 A 29 ANOS ENTRE 20 A 24 ANOS ENTRE 15 A 19 ANOS ENTRE 12 A 14 ANOS ATE 11 ANOS 7 1 239 213 273 393 533 514 683 725 723 730 800 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 Fonte: SISCOLO/DATASUS, 2014. Intervalo de coleta O exame deve ser realizado de forma periódica, onde as mulheres que possuem ou já possuíram vida sexualmente ativa devem realizar o exame uma vez ao ano, entretanto, quando o resultado for negativo em dois exames anuais seguidos, ele poderá ser realizado a cada três anos (BRASIL apud MELO et al., 2012). Apesar de terem sido realizados 4.223 preventivos em 2010 apenas 3.772 mulheres informaram o tempo de seu último preventivo. O mesmo ocorre em 2013, onde foram realizados 5.834 preventivos e apenas 5.210 informaram o tempo do último preventivo. Pode-se observar nas figuras 4 e 5 que a maior parte das mulheres que realizaram o exame Papanicolau em 2010 e 2013 realizaram seu último exame há um ano, seguindo recomendação do Ministério da Saúde. Em 2013, os exames que foram realizados com intervalo de um ano correspondem a 46% do total. Os exames que foram realizados no mesmo ano são aqueles exames que deram alguma alteração e precisam ser monitorados com maior frequência ou exames que deram resultados insatisfatórios, sendo 312 exames em 2010 e 539 exames em 2013. Em contrapartida os exames realizados de três em três anos são aqueles que deram negativos nos dois últimos anos.
10 Figura 4 Intervalo na realização de exame preventivo de CCU, nas unidades de saúde de Guanambi-BA, no ano de 2010. MAIOR OU IGUAL A 5(CINCO) ANOS 139 4(QUATRO) ANOS 134 3(TRES) ANOS 312 2(DOIS) ANOS 1.065 1(UM) ANO 1.881 MESMO ANO 87 IGNORADO/BRANCO 154 0 500 1000 1500 2000 Fonte: SISCOLO/DATASUS, 2014. Figura 5 - Intervalo na realização de exame preventivo de CCU, nas unidades de saúde de Guanambi-BA, no ano de 2013. MAIOR OU IGUAL A 5(CINCO) ANOS 170 4(QUATRO) ANOS 188 3(TRES) ANOS 539 2(DOIS) ANOS 1.395 1(UM) ANO 2.421 MESMO ANO 274 IGNORADO/BRANCO 223 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 Fonte: SISCOLO/DATASUS, 2014. Adequabilidade do material
11 Tabela 2 Adequabilidade do material coletado nos exames de preventivo do CCU realizados nas unidades de saúde de Guanambi-BA, nos anos de 2010 e 2013. ANO ADEQUABILIDADE SATISFATÓRIA INSATISFATÓRIA TOTAL N % N % 2010 4182 98,9 48 1,1 4230 2013 5805 99,6 23 0,4 5828 Fonte: SISCOLO/DATASUS, 2014. A tabela 2 mostra que em 2010 de 4.233 exames realizados, 4.230 foram considerados na análise da adequabilidade do material e em 2013 de 5.834 exames, 5828 foram considerados, baseados nos dados coletados. É identificado que em 2013 a capacitação dos enfermeiros, profissionais que realizam o exame, é mais significante que em 2010, fazendo com que quase 100% das amostras do exame Papanicolau seja satisfatória. Então percebe-se que a quantidade material inadequado é bastante reduzido em ambos os anos, sendo 2013 a quantidade de material insatisfatório foi acima de 50% menor que em 2010. Um estudo realizado por Ramos et al. (2008) mostrou que entre 3931 laudos de resultados citopatológicos realizados em 2002 em dez unidades de saúde de Campina Grande/PB analisados apenas 17 amostras deram resultado insatisfatório (0,43%), obtendo resultado semelhante ao descrito acima do ano de 2013 em Guanambi. Esse resultado corrobora também com o encontrado por Irion & Buffon (2009) onde dos 1570 laudos analisados em unidades de saúde de Porto Alegre/RS em 2005 apenas 5 (0,32%) obtiveram amostra insatisfatória. Para o melhor acolhimento da mulher que busca este serviço é necessário que o ambiente esteja preparado nos mais diferentes aspectos, desde a organização do espaço físico até a preparação e segurança transmitida através dos profissionais de saúde, desde o esclarecimento de dúvidas até a capacitação ao realizar o exame, esses fatores auxiliam a mulher se sentir bem recebida e acolhida na unidade (BRASIL, 2002). Então a capacitação do profissional está diretamente relacionado a adequabilidade do material, sendo que o material satisfatório é o indicado para uma boa análise do material coletado durante o exame. O material insatisfatório se dá por vários motivos, entre eles a lise de células durante a realização do esfregaço na lâmina e/ou o mau armazenamento da lâmina. Amostras que contenham sangue ou secreção purulenta, má fixação do material, pouca
12 quantidade de célula epitelial (menos de 10%), são fatores que classificam a amostra como insatisfatório. Quando o resultado do exame indica que a amostra não foi satisfatória para a avaliação citológica é indicado a realização de uma nova coleta (RAMOS et al., 2008). CONCLUSÕES Pode-se perceber que de acordo com a análise dos dados obtidos, houve uma crescente em 2013 em relação a realização de preventivos, onde através de gráficos e tabelas foram demonstrados os detalhes da realização dos exames nos anos de 2010 e 2013. Em 2013 foram realizados 1601 exames a mais que em 2010, cerca de 27% do total de exames. Em relação a população total de mulheres em ambos os anos foi analisado que em 2013 houve um aumento de 2% em relação a 2010. Em 2013 houve maior procura nas unidades de saúde para o exame pelas mulheres na faixa etária de 25 a 34 anos, sendo responsáveis por 26% dos exames realizados no ano em questão, faixa etária que é mais acometida pelo câncer de colo de útero, mostrando que as unidades realizaram um bom aproveitamento em relação a outros programas, como o de planejamento familiar, para aumentar a adesão da população feminina dessa faixa etária ao programa de prevenção do câncer de colo de útero. Foi observado também que com o intervalo de tempo de um preventivo para outro, o mais seguido é o intervalo de um ano e que o comprometimento dos enfermeiros, profissionais responsáveis pela coleta na unidade, fazem com que cheguem a 99,6% de amostras satisfatórias, além disso, a orientação oferecida durante a consulta de enfermagem fazem com que as pacientes voltem a procurar o serviço no tempo indicado. Com isso é destacado a efetividade de um programa de educação continuada relacionado quanto a importância do exame, abrangendo cada vez mais mulheres para uma cobertura populacional satisfatória. Por fim, observa-se a grande relevância deste estudo realizado para os profissionais de enfermagem atuais e para os futuros profissionais, que através do seu trabalho desenvolvido dentro das unidades de saúde, contribuem sensivelmente para diminuir os casos de câncer de colo de útero em Guanambi, não só através do exame em si, mas também através de ações preventivas e promocionais a saúde da mulher, resultando numa redução no índice de morbimortalidade por câncer de colo de útero.
13 REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, K.M. de; FRIAS, P.G.; ANDRADE, C.L.T. de; AQUINO, E.M.L.; MENEZES, G.; SZWARCWALD, C.L. Cobertura do Teste de Papanicolaou e Fatores Associados à Não-Realização: Um Olhar Sobre o Programa de Prevenção do Câncer do Colo do Útero em Pernambuco, Brasil. Caderno de Saúde Pública. v.25 n.2, p.301-309, Sup, 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csp/v25s2/12.pdf>. Acesso em: 22 fev 2014. ARTEAGA, T. C. S. Perfis da população que realiza ou não exame preventivo de câncer de colo uterino: comparação entre os estados do Rio de Janeiro e Bahia, 1-16, 2008, Rio de Janeiro. In... Anais do XVI Encontro Nacional de Estudos Populacionais. Minas Gerais, 2008. Disponível em: <http://www.abep.nepo.unicamp.br/encontro2008/docspdf/abep2008_1799.pdf>. Acesso em: 07 mar 2014. BRASIL. Ministério da Saúde. Datasus: Informações estatísticas. Disponível em: <http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?siscolo/ver4/def/uf/baccolo4.def>. Acesso em: 20 out 2014. BRASIL. Ministério da Saúde. Prevenção do câncer de colo de útero. Manual Técnico: Profissionais de Saúde. Brasília. 17p. 2002. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/inca/manual_profissionaisdesaude.pdf>. Acesso em: 26 mar 2014. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Controle dos Cânceres do Colo do Útero e da Mama. Cadernos de Atenção Básica, n.13. 1ª Ed. Editora do Ministério da Saúde. Brasília. 124p. 2006. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/controle_cancer_colo_utero_mama.pdf>. Acesso em: 17 mar 2014. BRASIL. Ministério da Saúde. SUS passa a ofertar vacina contra HPV a partir de 10 de março. Brasília. 2014. Disponível em: <http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/oministerio/principal/secretarias/svs/noticias-svs/8843-sus-passa-a-ofertar-vacina-contra-hpva-partir-de-10-de-marco>. Acesso em: 09 mar. 2014. DORNELLES, J.; OLIVEIRA, M.; VILLA REAL, I. C. G.; COSER, J.; HANSEN, D.; GARCES, S. B. B. Perfil etário das mulheres que realizam o exame citopatológico em três ESFs do município de Cruz Alta/RS, 1-5, 2013, Rio Grande do Sul. In... Anais do XVIII Seminário Interinstitucional de Ensino, Pesquisa e Extensão, XVI Mostra de Iniciação Científica e XI Mostra de Extensão. Rio Grande do Sul: UNICRUZ, 2013. Disponível em: <http://www.unicruz.edu.br/seminario/anais/2014/multidisciplinar/c.%20oral/perfi L%20ET%C1RIO%20DAS%20MULHERES%20QUE%20REALIZAM%20O%20EXAME %20CITOPATOL%D3GICO%20EM%20TR%CAS%20E>. Acesso em: 10 mar 2014. FORMIGHIERI, A. L. F.; SANTOS, S. E. P.; OLIVEIRA, J. C. S. Produção científica sobre a não adesão das mulheres ao exame Papanicolaou. Revista Matogrossense de Enfermagem, v.1, n.1, p.134-147, 2010.
14 GUERRA, M. R.; GALLO, C. V. M.; MENDONÇA, G. A. S. Risco de câncer no Brasil: tendências e estudos epidemiológicos mais recentes. Revista Brasileira de Cancerologia, v.51, n.3, p.227-234, 2005. Disponível em: <http://www.eteavare.com.br/arquivos/81_392.pdf>. Acesso em: 23 fev 2014. IRION, C. I.; BUFFON, A. Avaliação da adequabilidade das amostras de exames citopatológicos realizados em um laboratório de Porto Alegre RS no ano de 2005. Revista Brasileira de Análises Clínicas, v.41, n.3, p.217-220, 2009. Disponível em: < http://www.sbac.org.br/rbac/016/242.pdf>. Acesso em 29 nov 2014. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA IBGE. Informações estatísticas. Disponível em: <http://cidades.ibge.gov.br/xtras/temas.php?lang=&codmun=291170&idtema=5&search=bah ia guanambi servicos-de-saude-2009>. Acesso em: 20 mar 2014. INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER INCA/Ministério da Saúde. Estimativa 2014: Incidência do câncer no Brasil. Disponível em: <http://www.inca.gov.br/estimativa/2014/sintese-de-resultados-comentarios.asp>. Acesso em: 07 mar 2014. INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER INCA/Ministério da Saúde. Estimativa 2014: Incidência do câncer no Brasil. Bahia e Salvador. Disponível em: <http://www.inca.gov.br/estimativa/2014/tabelaestados.asp?uf=ba>. Acesso em: 09 mar 2014. MASSUQUINI, F.; STÜRMER, L., CEOLIN, S.; OLIVEIRA, K. M.; RIBEIRO, V. Busca ativa de mulheres num ESF de Cruz Alta para a realização do exame citopatológico, p.1-4, 2011, Rio Grande do Sul. In... Anais do XVI Seminário interinstitucional de ensino, pesquisa e extensão. Rio Grande do Sul: UNICRUZ, 2011. Disponível em: <http://www.unicruz.edu.br/seminario/artigos/saude/busca%20ativa%20de%20mulh ERES%20NUM%20ESF%20DE%20CRUZ%20ALTA%20PARA%20A%20REALIZA%C3 %87%C3%83O%20DO%20EXAME%20CITOPATOL%C3%93GICO.pdf>. Acesso em: 10 mar 2014. MELO, M. C. S. C.; VILELA, F.; SALIMENA, A. M. O.; SOUZA, I. E. O. O enfermeiro na prevenção do câncer do colo do útero: o cotidiano da atenção primária. Revista Brasileira de Cancerologia, v.58, n.3, p.389-398, 2012. Disponível em: <http://www.inca.gov.br/rbc/n_58/v03/pdf/08_artigo_enfermeiro_prevencao_cancer_colo_ute ro_cotidiano_atencao_primaria.pdf>. Acesso em: 31 mar 2014. OLIVEIRA, R. S.; LOPES, A. K. M.; BRANT, B. S. C.; OLIVEIRA, J. S.; OLIVEIRA, E. M. S.; SOUTO, D. F.; SIQUEIRA, L. G. Perfil de mulheres que realizam o exame de prevenção de câncer cérvico-uterino em um centro especializado a saúde da mulher. Revista Digital. Buenos Aires, n.178, 2013. Disponível em: <www.efdeportes.com/efd178/prevencao-decancer-cervico-uterino.htm>. Acesso em: 05 mar 2014. RAMOS, N. P. D; AMORIM, J. A.; LIMA, C. E. Q. Câncer do colo do útero: influência da adequação da amostra cervical no resultado do exame citopatológico. Revista Brasileira de Análises Clínicas, v.40, n.3, p.215-218, 2008. Disponível em: <http://www.sbac.org.br/rbac/012/180.pdf>. Acesso em: 29 nov 2014.
15 ROCHA, B. D.; BISOGNIN, P.; CORTES, L. F.; SPALL, K. B.; LANDERDAHL, M. C.; VOGT, M. S. L. Exame de Papanicolau: Conhecimento de usuárias de uma unidade básica de saúde. Revista de Enfermagem da UFSM, v.2, n.3, p.619-629, 2012. Disponível em: <http://cascavel.ufsm.br/revistas/ojs-2.2.2/index.php/reufsm/article/view/6601>. Acesso em: 07 abr 2014. ROSAS, M. S. L.; SILVA, B. N. M.; PINTO, R. G. M. P.; SILVA, B. V.; SILVA, R. A.; GUERRA, L. R.; SOARES G. C. M. T.; CASTRO, H. C; LIONE, V. O. F. Incidência do câncer no Brasil e o potencial uso dos derivados de isatinas na cancerologia experimental. Revista Virtual de Química, v.5, n.2, p.243-265, 2012. Disponível em: <http://www.uff.br/rvq/index.php/rvq/article/viewfile/407/323>. Acesso em: 15 mar 2014.