CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DISCIPLINA: NORMALIZAÇÃO E AUDITORIAS AMBIENTAIS PROF a : NAZARÉ FERRÃO TURMA: 8-DADM



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Transcrição:

1 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DISCIPLINA: NORMALIZAÇÃO E AUDITORIAS AMBIENTAIS PROF a : NAZARÉ FERRÃO TURMA: 8-DADM RESPONSABILIDADES PROVENIENTES DE ACIDENTES AMBIENTAIS Autor: Antônio Carlos Freitas de Gusmão Os acidentes ambientais podem acarretar, além de sanções nas esferas administrativa e criminal, obrigações de reparar, indenizar ou compensar os danos causados, direta ou indiretamente, pelas empresas envolvidas. Fica, portanto evidente a necessidade de se manter um eficaz e permanente controle sobre todos os componentes dessa atividade. A Constituição Federal, de 1988, dedica o capítulo VI, Art. 225, ao meio ambiente estendendo a todos o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, impondo ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as futuras gerações. O parágrafo 30, do Art. 225, estabelece que: as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão aos infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar danos causados. Esta norma constitucional, que se destaca no capítulo referente ao meio ambiente iniciou as responsabilizações nas esferas administrativa, civil e criminal das pessoas físicas e jurídicas, pois determinadas condutas podem configurar um crime ou contravenção penal. A partir da Lei 6.938/8 (PNMA), o direito ao meio ambiente passou a ser considerado interesse difuso, isto é, não pertence a cada um individualmente, e sim a todos coletivamente. O interesse está difuso na sociedade, todos têm direito a uma meio ambiente saudável. O Brasil adotou a responsabilidade objetiva para todo e qualquer dano ambiental causado. A responsabilidade objetiva A responsabilidade objetiva não abre exceções para os acidentes, que são considerados riscos do negócio. Quando se liga com atividades com maior risco de causar danos a terceiros, deve-se considerar a possibilidade de identificar possíveis causas de um acidente (previsibilidade). Situações clássicas tradicionalmente aceitas pela doutrina brasileira como excludentes de punibilidade não são mais admitidas nos casos de danos ambientais, na esfera civil. A responsabilidade objetiva estabelece que todo aquele que deu causa responde pelo dano, basta provar o nexo causal entre a atividade produtiva e o dano ambiental. É objetiva no sentido que independe de um elemento subjetivo, a culpa, que antes era fundamental na apuração de responsabilidades provenientes de danos causados ao meio ambiente. Não é preciso provar a culpa, que se tomou irrelevante, só é preciso estabelecer anexo causal. A ausência de culpa não é mais excludente de responsabilidade. A empresa pode alegar que não desejava causar aquele dano, que fez tudo para evitá-lo, mas o tipo de responsabilidade que irá responder é A Responsabilidade Ilimitada. Hoje, para efeitos de ressarcimento na área cível, não há mais dano ambiental tolerável. Não existe mais a possibilidade de uma atividade produtiva se excluir de responsabilidade alegando um dano residual, o dano permissível. Tudo pode gerar um ressarcimento especifico. Mesmo o transportador, com licença ambiental para o transporte de produtos perigosos, se produzir danos ao meio ambiente, será responsabilizado. A força maior e o caso fortuito são considerados fatos alheios à vontade, que apresentam como principal característica a imprevisibilidade. Entretanto, na área ambiental não vigoram esses princípios. A partir do momento que a nova lei abandonou o conceito de culpa, também eximiu a força maior e o caso fortuito como excludentes do dever de ressarcir. Portanto, até mesmo um fenômeno natural, se for a causa, não exclui a responsabilidade e a punibilidade por um acidente ambiental. É a Teoria do Risco Assumido, cujo fundamento se baseia em que só se atua numa área perigosa, se tiver capacidade de assumir todos os riscos inerentes aquela atividade. Quem atua numa atividade perigosa, deve ser responsável por qualquer dano causado. Assume o risco, ou não exercerá aquela função. 1. Responsabilidade Civil

O instituto que torna possível a função reparatória é o da Responsabilidade Civil, para reparar o prejuízo sofrido reduzindo ao máximo os efeitos daquela agressão. A responsabilização na esfera civil alcança o dano cometido, pois a preocupação imediata consiste na possibilidade de reparação. Para haver responsabilidade civil tem que ocorrer um dano e o objetivo é a reparação ou indenização dos danos. Para se caracterizar a responsabilidade civil, são necessários os elementos objetivo e subjetivo, isto é, duas condições devem ser atendidas: a) Objetiva: Relação de causa e efeito entre o ato e o dano causado; b) Subjetiva: Ter sido o dano causado por culpa ou dolo. A Lei 6.938/81(PNMA), no artigo 3 0, inciso IV, define o poluidor como: a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental. No caso de acidente no transporte de produtos perigosos, de acordo com a lei, a responsabilidade civil atinge não só o transportador, que é o poluidor direto, como também o fabricante e destinatário do produto, considerados os poluidores indiretos. Quem fabrica um produto perigoso está assumindo os riscos de um evento futuro e as conseqüências que aquele produto causar, mesmo não sendo o responsável direto pelo acidente. O nexo causal está mais distante, mais enfraquecido, mas a responsabilidade civil existe e ainda é solidária. É a chamada solidariedade passiva dos responsáveis indiretos pelo dano ambiental, que numa situação de acidente no transporte de produtos perigosos seriam o fabricante e o destinatário da carga. Por isso se tornou importante fabricante e destinatário conhecerem e auditarem o transportador que presta serviço para eles. O fato de contratar uma empresa sem autorização ou licença para transportar produtos perigosos já se constitui num risco inadmissível para fabricantes e destinatários. 2 2. Responsabilidade Penal Além da ação civil, as empresas podem ser multadas na esfera administrativa pelos órgãos de controle ambiental. Na área criminal é diferente, isto é, a apuração do elemento subjetivo culpa passa a ser fundamental. A responsabilidade criminal é baseada na culpa. A responsabilidade penal da pessoa jurídica já era citada no Art. 225, par. 1 0 da Constituição Federal, e foi complementada pela Lei 9.605/88 ( LCA) (Art. 2 0 ). A Lei 9.605/88 iniciou a criminalização na área ambiental e introduziu algumas inovações, entre as quais se destacam a responsabilização e a punição penal da pessoa jurídica. O Decreto Federal 3.179/99, regulamentou a Lei 9.605/88 e estabeleceu as sanções administrativas. A punição da pessoa jurídica é polêmica no sentido que o objetivo não é colocar o contrato social entre as grades, mas a sanção é no sentido da suspensão parcial ou total das atividades da empresa, que em alguns casos pode representar a sua pena de morte. Para aplicação da pena o juiz deverá observar o histórico e não havendo antecedentes ambientais a lei estabelece que o juiz pode substituir a pena. O fato criminoso deve ser relevante, é o Principio da Significância, já consagrado no direito brasileiro. A responsabilização penal é diferente em relação à responsabilidade civil. O Código Penal em seu Art. 2 0 define que: não há crime sem lei anterior que o defina. A responsabilidade penal exige os seguintes pressupostos: a) Não há crime nem pena, sem prévia previsão legal; b) Não há crime sem dolo ou culpa. A característica marcante da Lei 9605/98, que se constitui numa lei penal que tipifica dano ambiental como crime, consiste na não utilização do encarceramento como norma geral. Em muitos aspectos, inclusive, a lei foi mais benevolente que o próprio Código Penal, quando, por exemplo, permitiu a substituição da pena privativa de liberdade para os crimes culposos ou com apenação inferior a quatro anos (Art. 7 0, inciso I). 3. Responsabilidade Solidária A responsabilidade pode ser partilhada. A Lei 6.938/81 também introduziu o Principio da Solidariedade, no qual o causador indireto também é responsável, alguém tem que se responsabilizar pelo dano. Hoje se admite a solidariedade dos responsáveis pelo dano ambiental. É possível se propor Ação de Responsabilidade Civil contra qualquer dos responsáveis pelo dano ou contra todos em conjunto. Além de

objetiva, a responsabilidade, que não tem limites, atinge aos responsáveis diretos e indiretos. O Principio da Solidariedade estabelece que em caso de acidentes ou vazamentos que representem situações de perigo ao meio ambiente ou a pessoas, bem como na ocorrência de passivos ambientais, os fabricantes e destinatários da carga responderão solidariamente, pela adoção de medidas para controle da situação emergencial, e para o saneamento das áreas impactadas, de acordo com as exigências formuladas pelo órgão ambiental. No caso do transporte de produtos perigosos, o responsável direto é o proprietário do caminhão e o indireto é a indústria que fabrica ou o destinatário que recebe o produto, que respondem solidariamente pelo dano causado. O promotor geralmente move a ação contra quem tem mais recursos para arcar com o ônus da reparação (comparando ao direito civil, em que o fiador tem patrimônio). O responsável mais direto é a transportadora, mas fabricante e destinatário podem ser acionados. A lei permite que se faça isso, pois é considerado poluidor quem direta ou indiretamente causa o dano. A empresa pode tentar se excluir da responsabilidade alegando que sua responsabilidade termina quando o produto é expedido, que não se envolve com o transporte que é uma atividade terceirizada. Todas essas alegações são irrelevantes, basta estabelecer o nexo causal. O responsável indireto pode ser responsabilizado, pois a responsabilidade é solidária. Quanto mais a indústria auditar, fiscalizar, medir, promover treinamentos, ingerir no transportador, mais ela reduz a probabilidade da ocorrência de um acidente. A lei menciona aqueles que tenham causado danos direta ou indiretamente e, com isso, estabelece solidariedade passiva entre todos os envolvidos no processo de transporte. Se a Justiça entender que quem deve reparar o dano é o responsável indireto, este tem o direito de regresso, se for capaz de provar que acidente aconteceu por culpa do transportador. 3 4. Quantificação do Dano Ambiental O dano a um recurso ambiental é igual ao custo de restaurar o recurso danificado acrescido do valor econômico perdido durante o período em que o recurso ficou danificado. O valor econômico total dos recursos naturais pode ser classificado em duas categorias: valor de uso e valor de não-uso : a) Valor de Uso é aquele que os indivíduos atribuem a um recurso natural pelo uso presente ou pelo seu uso potencial no futuro, podendo ter seu preço determinado pelo mercado; b) Valor de não-uso é aquele dissociado do uso, refletindo o valor intrínseco do recurso natural. Este é função de uma posição moral, cultural ou ética em relação ao direito de existência de espécies não-humanas ou de preservação de outras riquezas naturais. A avaliação dos reais efeitos causados nos ecossistemas de um local impactado por um acidente ambiental não é tarefa simples, dependendo da base de dados ambientais disponível. A falta de informações para alguns ecossistemas, dificulta as comparações, entre o antes e o depois, em áreas mais extensas. Neste caso, extrapolações devem ser feitas com cuidado, uma vez que situações homogêneas dificilmente são encontradas na natureza e também pelo fato de que o acidente atingiu um ambiente já alterado por diversos tensores. Por outro lado, quando os custos da degradação ambiental não são pagos por aqueles que a geram, estes custos são externalidades para o sistema econômico. Ou seja, custos que afetam terceiros sem a devida compensação. Diante da presença destas extemalidades ambientais, faz-se necessária a intervenção governamental, tarefa esta legitima e não trivial. O grande desafio consiste em desenvolver metodologias de valorização econômica das externalidades ambientais, levando em conta que estas ao serem aplicadas fazem uso de algumas simplificações, e, portanto apresentam limitações na captura do valor econômico do dano ambiental, sendo necessário que se explicite com exatidão os limites dos valores estimados e o grau de validade de suas mensurações. Assim, a valorização econômica ambiental pode ser de extrema utilidade na tomada de decisão, mas, realizá-la requer admitir e definir limites de incerteza científica que extrapolam a ciência econômica. 4.1- Definição e Dano Ambiental 4.1.1 Poluição no Meio Ambiente do Trabalho

A noção de dano assenta-se classicamente no prejuízo resultante de uma lesão a direito, aniquilamento ou alteração de um bem jurídico. Ao se cogitar do dano ambiental, tem-se em vista a destruição ou lesão ao meio ambiente, ou seja, a própria compreensão de poluição ambiental. A Lei n. 6.938/81 define como poluição a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população ou afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente (Art.3 0, III), e como polidor a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental (Art. 3 0,IV). A degradação no ambiente do trabalho, resultante de atividades que prejudicam a saúde, a segurança e o bem-estar dos trabalhadores, ocasiona-lhe poluição, impondo ao poluidor a obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados independente da existência de culpa (Art. 4 c/c O Art. 14 da Lei n. 6.938/81). A poluição do meio ambiente de trabalho deve ser entendida como a degradação da salubridade do ambiente que afeta diretamente a saúde dos próprios trabalhadores. Inúmeras situações alteram o estado de equilíbrio do ambiente: os gases, as poeiras, as altas temperaturas, os produtos tóxicos, as irradiações, os ruídos, a própria organização do trabalho, assim como o tipo de regime de trabalho, as condições estressantes em que ele é desempenhado (trabalhos noturnos, trabalhos em turnos de revezamento), enfim, tudo aquilo que prejudica a saúde, o bem-estar e a segurança dos trabalhadores. 4.2-Sanções Penais e Administrativas decorrentes das Atividades Lesivas ao Meio Ambiente 4 A Constituição Federal, em seu Art. 225 3 0, menciona que: As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. A Carta Magna deu um passo importante na matéria, ultrapassando o caráter pessoal da responsabilidade penal e alcançando a pessoa jurídica poluidora como sujeito do crime ecológico. Observamos que se torna necessário superar a clássica compreensão de que societas delin quere non potest, admitindo a possibilidade da responsabilidade penal das pessoas jurídicas, partindo da necessidade de punir, de algum modo, aquela vantagem que a pessoa jurídica confere da atividade ilícita do empresário ou dos administradores e que a pena a eles aplicada não consegue suprir, visto que se amolda às suas próprias condições econômicas e não às do ente coletivo que representam. Do ponto de vista infraconstitucional, o Art. 15 da Lei n. 6.938/81, alterado pela Lei 9605/98, determina a conduta criminosa sujeita a multa e detenção do infrator para aqueles que praticarem condutas danos ao patrimônio ambiental. O Ministério Público da União e o dos Estados têm responsabilidade para propor ação de responsabilidade criminal por danos causados ao meio ambiente. Menciona José Luiz Dias Campos que: o perigo deve apresentar-se direto e iminente, isto é, como realidade concreta, efetiva, presente, imediata (exposição a substância altamente tóxica, sílica em suspensão, benzeno, cloro, máquinas perigosas sem proteção, operários em grandes alturas, sem equipamentos de proteção, etc.). 4.3 Sanções Administrativas Previstas na Lei de Política Nacional de Meio Ambiente O não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeita os transgressores a diversas punições administrativas: multa simples ou diária perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público, perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito e suspensão da atividade. A multa é a sanção mais comum nas infrações administrativas, possuindo natureza pecuniária. Tem o objetivo de punir o infrator, coibindo o dano ambiental (Art. 14, I). A perda ou restrição de benefícios e incentivos fiscais significa sanção mais grave que a multa, na medida em que origina prejuízo econômico de monta ao infrator. A forma de concessão de incentivos é regulada em diversos diplomas legais. A perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito constitui outra sanção administrativa. Aos infratores estabelece-se sanção de perda (forma mais grave) ou restrição (menor gravidade) dessa participação. A suspensão de atividade caracteriza-se como outra sanção administrativa prevista na Lei de Política Nacional do Meio Ambiente. A atividade licenciada pela autoridade competente pode ser

suspensa tendo em vista a nocividade da atividade poluidora. Suspensão pode ser definitiva ou temporária. O Dr. Paulo Affonso Leme Machado relata constatada a infração e conhecido o seu autor ou autores, a Administração não poderá deixar de aplicar uma pena (1995:212). O autor com propriedade estabelece que existem duas fases de punição: a aplicação da pena e a escolha da pena, colocando que: A aplicação da pena não fica ao alvedrio do administrador, pois a Lei é induvidosa ao utilizar a expressão sujeitará ; que evidentemente difere de poderá sujeitar Provada a materialidade e a autoria da infração, a impunidade virá caracterizar um crime de prevaricação do administrador ambiental (ArL 319 do CP), desde que esse administrador tenha deixado de praticar seu ato de ofício, atendendo a interesse ou sentimento pessoal (lucro, suborno, amizade, preguiça ou inércia). A outra fase de punição é a escolha do tipo de punição. Essa segunda fase é discricionária, cabendo ao administrador decidir qual aplicará. 5 2.4 A Lei dos Crimes Ambientais A Lei 9.605/98 introduz a criminalidade da conduta do empregador e determina as penas previstas para as condutas danosas ao patrimônio ambiental. Destaca-se nesta Lei,a questão da tripla responsabilidade, isto é, as disposições gerais enquadram as hipóteses de responsabilização das pessoas jurídicas, seus diretores e funcionários. As empresas serão responsabilizadas administrativamente, civil e penalmente quando a infração for cometida por decisão do seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício de sua entidade. (Art. 3 o ). Com a importância que o meio ambiente vem assumindo nos dias de hoje, é importante interpretarmos de forma cuidadosa as alterações impostas à Lei 6.938/81. Em 1981 foi promulgada 6.938, que definiu em seu Art. 9 inciso XII (na redação que lhe deu a Lei 7.804/89, o Cadastro Técnico Liberal Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais. As alterações da Lei de Política Nacional do Meio Ambiente - Lei 6.939/81 alterada pela Medida Provisória 2.015/99 resultaram em grande polêmica na comunidade industrial gerando várias ações coletivas contra o governo pois a CNI (Confederação Nacional da Indústria> questiona a legalidade da cobrança exigida pelo governo para este cadastramento. Inovação apresentada pela Lei dos Crimes Ambientais Antes Depois Leis esparsas, de difícil aplicação A legislação ambiental é consolidada; As penas têm uniformização e gradação adequada e as infrações são claramente definidas Pessoa jurídica não era responsabilizada Define a responsabilidade da pessoa jurídica - criminalmente inclusive a responsabilidade penal - e permite a responsabilização também da pessoa física Pessoa jurídica não tinha decretada quando cometia infração ambiental. liquidação A reparação do dano ambiental não extinguia a punibilidade Impossibilidade de aplicação direta de pena restritiva de direito ou multa Aplicação das penas alternativas era possível para crimes cuja pena privativa de liberdade fosse aplicada até 02 (dois) anos A destinação dos produtos e instrumentos da infração autora ou co-autora da infração. Pode ter liquidação forçada no caso de ser criada e/ou utilizada para permitir, facilitar ou ocultar crime definido na lei. E seu patrimônio é transferido para o Patrimônio Penitenciário Nacional. A punição é extinta com apresentação de laudo que comprove a recuperação do dano ambiental A partir da constatação do dano ambiental, as penas alternativas ou a multa podem ser aplicadas imediatamente É possível substituir penas de prisão até 04 (quatro) anos por penas alternativas, como a prestação de serviços à comunidade. A grande maioria das penas previstas na lei tem limite máximo de 04 (quatro) anos. Produtos e subprodutos da fauna e flora podem ser

6 não era bem definida. Matar um animal da fauna silvestre mesmo para se alimentar, era crime inafiançável, Maus tratos contra animais domésticos e domesticados era contravenção. Não havia disposições claras relativas a experiências realizadas com animais Pichar e grafitar não tinham penas claramente definidas, A prática de soltura de balões não era punida de forma clara. Destruir e danificar plantas de ornamentação em áreas públicas ou privadas, era considerado contravenção O acesso livre às praias era garantido, entretanto, sem prever punição criminal a quem impedisse. Desmatamentos ilegais e outras infrações contra a flora eram considerados contravenções. A comercialização, o transporte, e o armazenamento de produtos e subprodutos florestais eram punidos como contravenção. A conduta irresponsável de funcionários de órgãos ambientais não estava claramente definida. As multas, na maioria, eram fixadas através de instrumentos normativos passíveis de contestação judicial. A multa máxima por hectares, metro cúbico ou fração era de R$ 5mil doados ou destruídos, e os instrumentos utilizados quando da infração podem ser vendidos. Matar animais continua sendo crime. No entanto, para saciar a fome do agente ou da sua família, a lei descriminaliza o abate. Além dos maus tratos, o abuso contra estes animais, bem como aos nativos ou exóticos, passa a ser crime. Experiências dolorosas ou cruéis em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, são consideradas crimes, quando existirem recursos alternativos A prática de pichar, grafitar ou de qualquer forma conspurcar edificação ou monumento urbano, sujeita o infrator a até um ano de detenção. Fabricar, vender, transportar, ou soltar balões, pelo risco de causar incêndios em florestas e áreas urbanas, sujeita o infrator à prisão e multa. Destruição, dano, lesão ou maus tratos às plantas de ornamentação é crime, punido por até 1(um) ano Quem dificultar ou impedir o uso público das praias está sujeito a até 5(cinco) anos de prisão. O desmatamento não autorizado agora é crime, além de ficar sujeito a pesadas multas. Comprar, vender, transportar, armazenar madeira, lenha ou carvão, sem licença da autoridade competente, sujeita o infrator a até1(um) ano de prisão e multa. Funcionário de órgão ambiental que fizer afirmação falsa ou enganosa, omitir a verdade, sonegar informações ou dados em procedimentos de autorização ou licenciamento ambiental, pode pegar até 3(três) anos de cadeia. A fixação e aplicação de multas têm força de lei. A multa administrativa varia de R$ 50 a R$ 50 milhões

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