Clipping 30/08/2011
Após fraude milionária, Prefeitura embarga 21 prédios em construção Segundo a Corregedoria-Geral, eles tiveram pagamento de outorga onerosa forjado pelas construtoras Felipe Frazão SÃO PAULO - A Prefeitura embargou nesta segunda- feira, 29, a construção de 21 prédios - com 964 unidades residenciais e total não revelado de comerciais. Segundo a Corregedoria-Geral do Município, eles tiveram pagamento de outorga onerosa contrapartida dada à Prefeitura para construir acima do gabarito - forjados por suas construtoras. Estima-se que a fraude tenha desviado pelo menos R$ 50 milhões dos cofres públicos e beneficiado dez construtoras. As recordistas em prédios em construção são a Porte Construtora (oito), Onoda Construtora e Incorporadora (sete) e Zabo Engenharia (quatro) - que responde por obras das construtoras Dafi Zabo, Ayline Zabo e pelo consórcio Mesarthin, com a Odebrecht Realizações. Marcanni Construtora e Incorporadora, Vidagiro Administração e Participações e Vasconcellos Engenharia têm um empreendimento cada. Além das obras desta segunda, cujo embargo deve ser oficializado nesta terça-feira, 30, no Diário Oficial da Cidade, outro prédio havia tido a construção parada em 10 de agosto - o residencial Portosanto, condomínio de alto padrão da Marcanni no Tatuapé, zona leste. Segundo o corregedor-geral, Edilson Mougenot Bonfim, donos de construtoras confirmaram à Prefeitura terem pago valor abaixo do devido. Oficialmente, porém, as empresas se dizem vítimas. "Em nenhuma hipótese, nossos clientes sofrerão prejuízos", disse a Porte, em nota. "Nossas obras são regulares e com todos os alvarás obtidos de forma licita", afirmou a Zabo. A Mesarthin esclarece que entrou com medida judicial para evitar a paralisação das obras e "assumiu voluntariamente o compromisso de efetuar novo pagamento no valor total da outorga onerosa do empreendimento - R$ 14.257.320,00". A Marcanni também diz ter pagado novo valor de outorga sob juízo (R$ 486 mil) para poder retomar sua obra. A Onoda não se manifestou e representantes da Vidagiro e da Vasconcellos não foram localizados. Controle era feito apenas no olho. O controle da concessão de alvarás de aprovação e execução de obras a partir do pagamento da taxa de outorga onerosa era feito de forma manual e visual pelos técnicos da Secretaria Municipal de Habitação (Sehab), afirmou ontem o titular da pasta, Ricardo Pereira Leite. Depois que as guias eram emitidas na Sehab e voltavam à secretaria, os funcionários não checavam a confirmação de pagamento com a Secretaria de Finanças. No sábado, o secretário de Finanças, Mauro Ricardo, publicou portaria para criar um sistema informatizado que facilite a checagem entre as secretarias da Prefeitura.
Empresa de parentes de Alckmin é suspeita de fraudar prefeitura Cunhado do governador é procurador da Wall Street, que teria falsificado papéis para pagar taxas menores Valor fraudado seria de R$ 4 milhões; donos da empresa e o governador não se pronunciaram sobre a investigação EVANDRO SPINELLI GIBA BERGAMIM JR. Uma empresa de familiares de Lu Alckmin, mulher do governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB), é investigada sob suspeita de ter se beneficiado de uma fraude de R$ 4 milhões contra a Prefeitura de São Paulo. Segundo a prefeitura, a Wall Street Empreendimentos e Participações Ltda. falsificou documentos para pagar um valor menor de outorga onerosa, uma taxa cobrada para autorizar a construção de prédios altos do edifício Royal Street, na av. Brigadeiro Faria Lima, área nobre da zona oeste paulistana.
O licenciamento da obra correu na prefeitura entre 1994 e 1999, quando foi efetuado o pagamento. Os sócios da Wall Street são Maria Paula Abreu Cesar Ribeiro, Adhemar Cesar Ribeiro Filho e Othon Cesar Ribeiro. Maria Paula é mulher de Adhemar César Ribeiro, irmão de Lu Alckmin e procurador da empresa. Em 2006, ele participou da arrecadação da campanha de Alckmin à Presidência. Alckmin é adversário político do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD). A fraude apontada teria sido efetuada na gestão do então prefeito Celso Pitta, já morto. A prefeitura, em 2000, chegou a notificar a Polícia Civil sobre indícios de fraude, mas as investigações não avançaram. Na época, Alckmin era vice-governador. Em 2001, já na gestão de Marta Suplicy (PT), a própria prefeitura arquivou o caso. A suposta fraude voltou a ser investigada, segundo Edílson Bonfim, corregedor-geral de São Paulo, na quinta-feira, quando ele recebeu uma denúncia anônima. Ontem, em entrevista coletiva, Bonfim detalhou o esquema de fraude, mas não relacionou o caso com parentes do governador. Informou apenas o nome da empresa e o endereço do imóvel. Os responsáveis pela Wall Street foram procurados pela Folha, mas não se pronunciaram. Alckmin também não comentou. O ESQUEMA De acordo com o corregedor-geral, a Wall Street fraudou o valor do metro quadrado que constava do carnê do IPTU do imóvel com o objetivo de enganar os técnicos da prefeitura e conseguir aprovar o empreendimento pagando um valor menor pela construção do prédio. Segundo Bonfim, a empresa deveria ter recolhido R$ 4,2 milhões pelo direito de construir um prédio de 4.100 metros quadrados, mas pagou apenas R$ 184.744. O rombo do esquema de fraude no pagamento de outorga onerosa já totaliza R$ 41 milhões até agora. Foram identificados dois tipos de fraude. A falsificação da guia do IPTU para reduzir o valor da outorga onerosa atingiu apenas a Wall Street. No outro tipo de fraude, as construtoras exibiam guias verdadeiras do pagamento da taxa, mas com a autenticação do banco falsificada. Como a prefeitura não tem sistemas de controle eficientes e não fazia checagem dos documentos, os alvarás de aprovação das obras eram emitidos mesmo sem que o dinheiro tivesse caído na conta do município. As construtoras acusadas de terem se beneficiado do esquema são Odebrecht, Zabo, Onoda, Porte e Marcanni.
Responsáveis não respondem recados do jornal Os responsáveis pela Wall Street Empreendimentos e Participações, Adhemar Cesar Ribeiro Filho, Othon Ribeiro Filho e seus pais, Maria Paula e Adhemar, não responderam aos oito recados deixados pela Folha na empresa ontem. A primeira informação foi que eles tinham saído, mas quando a Folha disse se tratar de reportagem sobre fraude, a resposta foi que os responsáveis estavam viajando. O governador Geraldo Alckmin não comentou a citação de parentes de sua mulher no caso. Ele apenas negou que Adhemar tenha integrado o comitê financeiro de sua campanha em 2006. A Odebrecht disse que entrou com ação judicial para impedir a paralisação das obras e se dispôs a pagar o valor cobrado pela prefeitura até que o caso seja esclarecido. A Zabo e a Marcanni informaram que fizeram o pagamento da taxa mediante a apresentação de títulos públicos, o que a prefeitura afirma não ser possível. A Porte Construtora informou que foi vítima de estelionato. O advogado da Onoda, Paulo Teixeira, disse que a construtora também pode ter sido vítima. Obras de 21 prédios serão interditadas a partir de hoje A Prefeitura de São Paulo promete interditar a partir de hoje as obras de 21 prédios, alguns deles de alto luxo, nas zonas leste e oeste da cidade. Todos teriam se beneficiado do esquema de fraude no pagamento da taxa que permite a construção de prédios altos, que já causou um rombo de R$ 41 milhões. Até ontem, segundo o corregedor-geral do município, Edílson Bonfim, já foram identificadas fraudes em 23 empreendimentos, incluindo o da Wall Street, de parentes da primeira-dama Lu Alckmin. A obra dum prédio no Tatuapé já foi interditada. A maior fraude, segundo a prefeitura, é referente ao empreendimento The One, um edifício comercial de altíssimo luxo no Itaim Bibi, que está sendo construído pela Odebrecht e Zabo. Edilson Bonfim, corregedor-geral do município, disse que os alvarás das obras só serão liberados novamente após uma reanálise dos processos de aprovação desses empreendimentos e, claro, após o pagamento dos valores corretos
da outorga. Segundo ele, a prefeitura ainda vai estudar quais multas e juros serão cobrados das empresas. E, afirmou, todos os responsáveis irão responder a processos criminais. Na última sexta, quatro pessoas acusadas de participar do esquema foram presas em operação da Corregedoria Geral do Município, Polícia Civil e Ministério Público. Bonfim afirmou que as investigações sobre a fraude na autenticação mecânica das guias da outorga onerosa devem terminar nesta semana. Em seguida, a Corregedoria vai se dedicar a investigar o outro tipo de golpe, que falsificava o valor venal do imóvel no boleto do IPTU para reduzir o valor da outorga. Até agora, a prefeitura só identificou tal fraude no empreendimento da Wall Street.
Faixa exclusiva de ônibus na Radial Leste será prolongada
Crack - solução é acolher e reconstruir vidas Alexandre Padilha e Roberto Tykanori No início dos anos 1980, quando os primeiros casos de HIV foram registrados no País, a comunidade médica e as estruturas de saúde desconheciam a forma mais eficaz de tratar os pacientes, cujo número crescia em progressão geométrica. O dedo foi posto na ferida. Assim, apesar de todos os avanços ainda necessários, demos passos para começar a enfrentar essa epidemia mundial. Hoje é mais do que evidente que o abuso e a dependência de drogas no Brasil - em especial do álcool e do crack - se transformaram numa nova chaga social. As vítimas acumulam-se, com graves repercussões na ocupação do espaço urbano, na exclusão econômica e social, na rede de saúde e na vida das famílias. Dados de pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo evidenciaram a complexidade que é tratar esses pacientes. Durante 12 anos acompanharam 107 dependentes do crack. Após esse período, 32,8% estavam abstinentes, 20,6% haviam morrido (a maioria, pela violência), 10% encontravam-se presos, 16,8% continuavam usando crack e cerca de 20% estavam desaparecidos, num destino incerto para quem esbarra em algum momento da vida com essa realidade. A dependência, inclusive do crack, reúne situações sociais muito diversas: desde recursos para suportar a exclusão até estratégias para se sentir incluído. Nas estatísticas estão crianças na rua que se iniciaram nas drogas para suportar a fome e o frio, os trabalhadores rurais que acreditam que a pedra lhes pode fazer suportar toneladas a mais de cana-de-açúcar, profissionais liberais pressionados pelo desempenho no trabalho e jovens que querem alcançar, cada vez mais rapidamente, a inserção na turma. Para todos é crucial construir novos projetos e redescobrir sentido para a vida. As raízes do problema são externas ao campo da saúde pública, mas sabemos que a rede de ambulatórios, de hospitais e de profissionais pode interferir no curso da dependência. Estamos convencidos de que uma abordagem bem-sucedida está relacionada a uma reestruturação do Sistema Único de Saúde (SUS) que possibilite aos Estados, aos municípios, à sociedade civil atuar em conjunto com o Ministério da Saúde, de forma articulada, no enfrentamento do crack e de outras drogas. O SUS, pela sua capilaridade e pelo seu compromisso com a defesa da vida, deve estar mais presente junto aos indivíduos, grupos e no ambiente social onde se inicia ou se perpetua a dependência de drogas.
Para uma ação eficaz é preciso distinguir o que precisa ser distinto: por um lado, reprimir e criminalizar, de forma vigorosa, o tráfico de drogas e o contrabando; por outro, acolher de forma humanizada e possibilitar o acesso dos usuários às diversas terapias, salvando vidas e evitando mortes precoces. Uma resposta da área de saúde poderá prevenir sofrimento pessoal, conflitos familiares, violência e acidentes urbanos. Somente com a estruturação de uma rede de serviços que ofereça abordagens diferentes para diferentes indivíduos é que será possível aumentar as chances dos dependentes de reconquistarem sua vida e de a sociedade ganhar de volta seus cidadãos. Para ter sucesso o tratamento deve considerar e se adequar a necessidades distintas. Qualquer proposta que se paute em apenas uma forma de ação ou um tipo de serviço está fadada ao fracasso. Ou seja, não pode ser só ambulatorial, nem somente clínicas de internação ou apenas espaços de internação prolongada. Por isso o Ministério da Saúde propôs uma parceria à sociedade com Estados e municípios para uma nova rede de serviços. Num mesmo território serão ofertados unidades básicas/programas de Saúde da Família, consultórios volantes para abordagem e cuidado das pessoas em situação de rua, enfermarias especializadas em pacientes dependentes de álcool e drogas, unidades de acolhimento para pessoas que necessitem de internação prolongada, parcerias com entidades do terceiro setor e com comunidades terapêuticas. Além disso, vai capacitar os serviços de urgência e emergência como portas de entrada possíveis. E também ampliar para 24 horas o funcionamento dos Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas. O tema é polêmico, mas não nos devemos paralisar diante de dúvidas. Toda iniciativa que se paute pelo respeito aos direitos individuais e pela proteção à vida deve ser defendida, até mesmo com o recurso à internação involuntária, na forma da lei. Mas nem ela - muito menos o uso da força - pode ser o centro da estruturação dos serviços de saúde e da estratégia de saúde. Nesse sentido, saudamos o recente protocolo organizado pelo Conselho Federal de Medicina, que apresenta uma abordagem contemporânea e equilibrada do tema. A qualificação profissional e o uso de tratamentos bem estruturados são fundamentais, mas uma abordagem multissetorial será decisiva para o sucesso desta empreitada. Nós, profissionais de saúde, precisamos estar cada vez mais preparados para proporcionar os cuidados necessários, porém sabemos que é imprescindível o envolvimento da sociedade e de outras políticas públicas - como educação, qualificação profissional, moradia, esportes e convívio comunitário - para produzir resultados duradouros. Essa não é uma tarefa nova. Ao longo dos seus 22 anos, o SUS enfrentou vários desafios que
também exigiram abordagem multissetorial. E mostrou-se capaz de enfrentá-los quando uniu a capacidade de quem sofre e agregou quem estava disposto a se mobilizar. Este é o desafio: criar uma grande frente de saúde pública, comprometida com o tratamento, a recuperação e a reinserção dos milhares de crianças, jovens e adultos machucados pelo crack e outras drogas. Estamos prontos para pôr o dedo nessa ferida e começar a cicatrizá-la. Dessa forma estaremos cumprindo nossa missão. Rádio e Televisão Luis Ramos comenta sobre benefícios do projeto Nova Luz http://www2.boxnet.com.br/pmsp/visualizacao/radiotv.aspx?idclipping=17225058&ide mpresamesa=&tipoclipping=a Exposição mostra diferentes olhares sobre a cidade de São Paulo http://www2.boxnet.com.br/pmsp/visualizacao/radiotv.aspx?idclipping=17228395&ide mpresamesa=&tipoclipping=v