PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO

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Transcrição:

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PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO 2

PPRA Desde 1994, por exigência legal, as empresas são obrigadas a montar o PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais). Esse programa foi definido pela Portaria nº 25, de 29 de dezembro de 1994, que alterou a NR 9, prevendo: 3

a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA, visando à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho [...]. 4

O PPRA monitora os agentes físicos (ruídos, vibrações, umidade, calor, frio, radiações e pressões anormais), químicos (gases, vapores, fumos, poeiras, névoas e neblinas) e biológicos (vírus, bacilos, bactérias, protozoários, parasitas e fungos). 5

A cada ano deve ser feita uma análise global do programa, para estabelecer os ajustes necessários e definir novas metas e prioridades (periodicidade similar á do Mapa de Riscos). De preferência, os resultados obtidos pelo PPRA, através de suas ações, devem ser apresentadas nas reuniões da CIPA e anexadas ao Livro de Atas da Comissão. 6

A elaboração, a implementação, o acompanhamento e a avaliação do PPRA poderão ser feitos pelo SESMT ou por pessoa ou equipe de pessoas que, a critério do empregador, sejam capazes de desenvolver o disposto nesta Norma Regulamentadora (Item 9.3.1.1 da NR - 9). Considerando esse item da NR-9 PPRA, a Portaria nº 8, de 23 de Fevereiro de 1999, que alterou a CIPA, prevê, como atribuição desta, colaborar no desenvolvimento e implementação do PCMSO e do PPRA e de outros programas relacionados à segurança no trabalho (letra i do item 5.16 da NR-5). 7

A partir de 1996, com o surgimento da BS 8.800 (Norma inglesa do Instituto Britânico de Normalização - BSI), que é um guia para gerenciamento de segurança e saúde, e, posteriormente, da UNE 81.900 (série de normas espanholas), em 1996 e 1997, que trata do Sistema de Gestão de Prevenção de Riscos Laborais, e da chegada da OHSAS 18.001 (série para avaliação de Segurança e Saúde do Trabalho, criada por organismos certificadores), em 1999, o PPRA ganhou força, pois se trata de um subsistema de gestão que precisa de um acompanhamento sistemático, que envolve planejamento, implementação e operação, bem como verificações e ações corretivas. Assim, a aplicação prática dos princípios e das ferramentas de gestão de riscos deve ser incorporadas ao PPRA. 8

Estrutura do PPRA Segundo a NR 9, o PPRA deverá ser registrado em documento-base que contenha os aspectos estruturais do programa, tais como planejamento anual, metas, cronogramas de execução, periodicidade de revisão do programa, que, segundo a norma, deverá ser realizado pelo menos uma vez ao ano. Portanto, esse documento é o registro administrativo do PPRA e deverá ser elaborado com base no desenvolvimento do programa pela administração da empresa ou instituição juntamente com o SESMT, uma vez que as ações dependem da política da mesma em relação à saúde e segurança do trabalhador. O PPRA deverá conter no mínimo: 9

A Planejamento Anual com Estabelecimento de Metas, Prioridades e Cronograma: Entende-se como meta a situação à qual pretende-se chegar após a implantação do PPRA e do implemento das ações de controle, podendo haver mais de uma, conforme as situações encontradas no ambiente de trabalho. Como se pode perceber, as metas poderão ser várias, bem como as ações desencadeadas pra alcançá-las, por tanto, é imperioso priorizar de metas bem como suas ações e que estabeleça um prazo determinado para o alcance do objetivo. 10

B Estratégia e Metodologia de Ação Nesse item deverá ser informado o modo como se pretende alcançar a meta, no prazo estipulado, assim como o método de trabalho a ser empregado. 11

C Forma de Registro, Manutenção e Divulgação dos Dados Aqui, busca-se resguardar as informações obtidas no desenvolvimento do PPRA de forma sistematizada, podendo ser informatizada, visando à sua possível utilização futura, já que esses dados têm de ser preservados por 20 anos. Com relação à divulgação das informações, a própria NR já fixa alguns parâmetros: a CIPA deverá ter cópia do documento-base e alterações; todo e qualquer trabalhador ou seu representante, bem como a autoridade competente, deverá ter disponível o registro dos dados. 12

D Periodicidade e Forma de Avaliação do Desenvolvimento do PPRA A NR já estabelece que deverá ser efetuada, sempre que for necessário e pelo menos uma vez ao ano, uma análise global do PPRA, visando a ajustes necessários e estabelecimento de metas e prioridades. 13

Cumpre salientar que, conforme comentado, várias empresas distorcem a aplicação da NR- 9, limitando-se ao PPRA apenas a elaboração desse documento sem nenhum dado técnico de avaliação ambiental ou medidas de controle, utilizando o documento somente para exibição ao MTE, se solicitado. 14

Outro aspecto importante a ser considerado é que muitas empresas solicitam seu consultor para elaborar seu PPRA. Ora, o cronograma, as metas, a forma de divulgação, entre outros fatores deverão ser feitos, pelo SESMT juntamente com a direção da empresa, pois a implementação dessas ações depende da política de orçamentos, do planejamento, dos recursos financeiros e técnicos e da política da empresa em relação à saúde e segurança. 15

Desenvolvimento do PPRA Constitui a parte mais importante do programa, uma vez que a análise e as avaliações nos postos de trabalho fornecerão subsídios para o controle dos riscos ambientais porventura existentes. O desenvolvimento consiste nas seguintes etapas: 16

A Antecipação A antecipação consiste na identificação dos riscos e adoção de medidas de controle na fase de instalação do estabelecimento ou setor da empresa. Assim, por exemplo, nessa fase poderão ser previstos o isolamento e a segregação de determinada fonte poluidora. É o planejamento das instalações que a adoção das medidas de controle é mais econômica e eficiente. A antecipação consiste na análise de projetos de novas instalações, novos métodos ou processos de trabalho ou de modificação dos já existentes, visando a identificar riscos potenciais, bem como a adotar medidas de controle para a sua eliminação ou redução. 17

B Reconhecimento O reconhecimento consiste na identificação qualitativa dos riscos ambientais em cada posto de trabalho, das principais fontes geradoras, da caracterização da exposição, das medidas de controle existentes, entre outros. Essa fase deve ser realizada com bastante critério, pois, além de subsidiar o planejamento das avaliações quantitativas dos agentes ambientais, pode levar à adoção imediata de medidas de controle nas situações de risco grave e iminente. 18

Para essa fase, alguns requisitos são essenciais: Conhecimento das diferentes formas em que se apresentam os agentes ambientais e dos riscos peculiares a cada atividade profissional; Conhecimento das características intrínsecas e propriedades tóxicas dos materiais utilizados; Conhecimento dos processos e das operações industriais, desde o recebimento da matéria prima até o produto final acabado, incluindo possíveis subprodutos indesejáveis. 19

Para se obter um levantamento eficaz nessa fase, é necessário que seja previamente estabelecida uma sistemática de operações que garanta a melhor cobertura possível dos riscos ambientais. Para tanto, deverá ser estudado inicialmente um roteiro adequado para que todos os processos sejam analisados, estabelecendo-se o fluxo do processo produtivo e as interfaces e interferências nos locais de trabalho a serem avaliados. 20

A partir dessa fase, inclusive, deverão ser utilizadas planilhas que conterão os dados necessários à documentação do reconhecimento. Segundo a NR 9, subitem 9.3.3, o reconhecimento deve conter os seguinte itens, quando aplicáveis: 21

A - A sua identificação; B - A determinação e localização das possíveis fontes geradoras; C - A identificação das possíveis trajetórias e dos meios de propagação dos agentes no ambiente de trabalho; D - A identificação das funções e determinação do número de trabalhadores expostos; E - A caracterização das atividades e do tipo da exposição; F - A obtenção de dados existentes na empresa, indicativos de possível comprometimento da saúde decorrente do trabalho; G - Os possíveis danos à saúde relacionados aos riscos identificados, disponíveis na literatura técnica; H - A descrição das medidas de controle já existentes. 22

C Avaliação Quantitava A avaliação quantitativa deverá sempre ser realizada para: - Comprovar o controle da exposição ou a inexistência dos riscos identificados na etapa de reconhecimento; - Dimensionar a exposição dos trabalhadores; - Subsidiar o equacionamento de medidas de controle. 23

Essa etapa é substancial no PPRA. Portanto, deve ser adotada estratégia de avaliação quantitativa dos agentes ambientais, conforme comentado nos capítulos anteriores. As avaliações quantitativas e qualitativas subsidiam as medidas de controle mais adequadas, os exames médicos específicos a serem realizados, bem como a comprovação ou não da exposição ao risco para elaboração do PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário). 24

Convém salientar que os dados da avaliação quantitativa devem ser comparados com os limites da NR 15, ou, na ausência destes, os valores dos limites de exposição ocupacional adotados pela ACGIH, ou aqueles que venham a ser estabelecidos em negociação coletiva de trabalho, desde que mais rigorosos do que os critérios técnico-legais estabelecidos. 25

D Medidas de Controle As medidas de controle visam a eliminar, minimizar ou controlar os riscos ambientais e devem ser aplicadas nas seguintes situações: A - Quando for identificado, na etapa de antecipação, risco potencial à saúde; B - Quando for constatado, na fase de reconhecimento, risco evidente à saúde; 26

C - Quando os resultados das avaliações quantitativas da exposição dos trabalhadores excederem os valores dos limites previstos na NR 15, ou, na ausência destes, os valores de limite de exposição ocupacional adotados pela ACGIH, ou aqueles que venham a ser estabelecidos em negociação coletiva de trabalho, desde que mais rigorosos do que os critérios técnico-legais estabelecidos; D - Quando, por meio do controle médico da saúde, ficar caracterizado o nexo causal entre danos observados na saúde dos trabalhadores e a situação de trabalho a que eles ficam expostos. 27

Segundo a NR 9, as medidas de controle poderão ser de ordem coletiva, administrativa ou de organização do trabalho e por uso de EPI. Para adoção de medidas de controle deverá ser seguida uma hierarquia na implantação, dando prioridade às medidas de caráter coletivo, e dentro destas, às que eliminem ou reduzem a utilização ou a formação de agentes prejudiciais á saúde. 28

As medidas de caráter individual devem ser utilizadas como complementação às relativas ao ambiente, ou seja, serão adotadas somente quando comprovada a inviabilidade técnica de adoção de medidas coletivas ou quando estas forem suficientes ou se encontrarem em fase de estudo ou implementação e, também, quando medidas administrativas ou de organização do trabalho não forem suficientes. No caso de adoção de equipamento de proteção individual deverão ser considerados: 29

A - Adequação do EPI ao risco; B - Orientação e treinamento sobre o correto uso; C - Estabelecimento de normas de procedimento, de forma a tornar o uso efetivo e obrigatório; D - Controle médico. 30

Ora, essa interpretação é equivocada, pois a norma exige avaliação sistemática e repetitiva, devendo a freqüência do monitoramento ser em função dos dados obtidos. Logo, determinado agente deverá ser avaliado todo mês, enquanto outro, com base no tratamento estatístico dos dados, poderá ser avaliado a cada 3 (três) anos. 31

E Nível de Ação Segundo a NR 9, considera-se nível de ação o valor acima do qual devem ser iniciadas ações preventivas de forma a minimizar a probabilidade de que as exposições a agentes ambientais ultrapassem os limites de exposição. As ações devem incluir o monitoramento periódico da exposição, a informação aos trabalhadores e o controle médico. 32

A NR 9 determina que o nível de ação para os agentes químicos é a metade do limite de exposição ocupacional, enquanto para o ruído a dose é de 0,5 (dose superior a 50%), correspondente ao nível equivalente de 80 db (A). 33

F Monitoramento O monitoramento da exposição dos trabalhadores e das medidas de controle deverá consistir em avaliação realizada de forma sistemática e repetitiva, sempre que houver qualquer modificação operacional ou funcional. Devem-se definir grupos homogêneos de risco, estratégias de medição e tratamento estatístico dos dados. Assim, o empregador realizou a avaliação quantitativa dos agentes ambientais, por exemplo, em janeiro, e um ano depois avaliou tudo novamente, pois a validade dos dados expirou. 34

Registro de Dados O registro dos dados deverá ser mantido pelo empregador ou pela instituição, de forma a constituir um histórico técnico e administrativo do desenvolvimento do PPRA, e deverá ser mantido por um período mínimo de 20 anos. Esse período foi fixado para instrução de processos de aposentadoria especial e possíveis indenização por doenças do trabalho. 35

Responsabilidades A elaboração do PPRA deverá envolver tanto a participação do empregador, por meio do comprometimento no cumprimento do programa como atividade permanente da empresa, quanto dos empregados, colaborando e participando na execução do PPRA e seguindo as orientações recebidas nos treinamentos, auxiliando também na detecção de situações que possam colocar em risco a saúde dos trabalhadores. 36