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2 CONSIDERAÇÕES SOBRE O PROJETO ESTRUTURAL DE DUTOS ENTERRADOS 2.1 Introdução Para o apoio ao projeto de dutos enterrados são desenvolvidos códigos (normas) e especificações para o sistema solo-duto de tal forma que em funcionamento a estrutura não atinja os limites de execução. A Figura 2.1 apresenta a definição da seção transversal de um duto enterrado. O limite de execução 1 é a deformação sob a qual o sistema solo-duto não atende mais o propósito para o qual foi projetado. Pode ser uma deformação no solo, tais como inclinação, curvatura ou fratura na superfície do solo sobre o duto, de tal forma que a deformação é inaceitável. A inclinação e a curvatura dependem do adensamento relativo tanto do solo diretamente sobre o duto como do solo nas laterais (ver Fig. 2.2). Freqüentemente, o limite de execução é a deformação excessiva do duto que ocasiona vazamentos ou restringe a capacidade de fluxo. Se o duto colapsa devido ao vácuo interno ou à pressão hidrostática externa, a interrupção do fluxo é necessária. Por outro lado, se a deformação ocasiona uma pequena deflexão no duto (ovalização do duto), geralmente a restrição do fluxo não é significante. Por exemplo se a seção transversal do duto fletir para uma elipse de tal forma que a diminuição do menor diâmetro é 10% do diâmetro circular original, a diminuição na área da seção transversal é de somente 1%.

Capítulo 2 Considerações sobre o Projeto Estrutural de Dutos Enterrados 24 LENÇOL FREÁTICO EXCAVAÇÃO PAREDE DA TRINCHEIRA EMBUTIMENTO SUPERF. DE ACAMAMENTO FUNDAÇÃO LARGURA DA TRINCHEIRA IN SITU LINHA CENTRAL TOPO DO DUTO ESPESSURA DA PAREDE COROA ÁREA DO ARCO INVERSO BASE DIÂMETROS Figura 2.1 Esquema da definição da seção transversal de dutos enterrados INCLINAÇÃO CURVATURA FRATURA Figura 2.2 Possíveis limites de execução do sistema solo-duto 1

Capítulo 2 Considerações sobre o Projeto Estrutural de Dutos Enterrados 25 O limite de execução mais comum para um duto é a deformação na qual o duto não pode resistir a qualquer acréscimo de carga. O mais óbvio é o caso do rompimento de um duto devido à pressão interna e o menos óbvio e mais complicado é a deformação devido à pressão externa do solo. Na Fig. 2.3 mostram-se exemplos de limites de execução para o duto. Estes limites de execução não implicam em colapso ou ruína. É possível que, o solo absorva qualquer acréscimo de carga pela ação de arqueamento ao duto, protegendo assim o duto do colapso total. O duto pode até mesmo continuar em serviço, mas geralmente não se considera explicitamente a ação do solo para preservar a seção transversal do duto. Qualquer contribuição do solo para resistir a pressões externas pela ação de arqueamento é tratada como uma reserva de segurança. FLAMBAGEM DA PAREDE ESMAGAMENTO DA PAREDE Entre 10:00 e 2:00 h Em 9:00 e 3:00 h DENSO DUTO FLEXÍVEL DUTO RÍGIDO Inversão na coroa Se possível MOLE rachaduras rótulas DEFLEXÃO DO DUTO RACHADURAS OU RÓTULAS PLÁSTICAS Figura 2-3 Limites de Execução do duto enterrado devido à pressão externa do solo 1 No projeto estrutural de dutos enterrados são considerados os estados a seguir: a) resistência à pressão interna, isto é, resistência dos materiais e a espessura mínima da parede do duto; b) resistência para o transporte e instalação, isto é, máxima carga admissível no duto; c) resistência à pressão externa e ao

Capítulo 2 Considerações sobre o Projeto Estrutural de Dutos Enterrados 26 vácuo interno, isto é, a rigidez do anel e a resistência do solo; d) deflexão do anel, isto é rigidez do anel e a rigidez do solo; e) tensões longitudinais e deflexões; f) verificações adicionais referentes à flutuação do duto, cargas de construção, técnicas de instalação, etc. Os primeiros três estados lidam com a resistência às cargas. Cargas no duto enterrado podem ser complexas, especialmente quando acontece a ovalização do duto. A análise pode ser simplificada se adotada uma seção transversal como circular. Para dutos rígidos, a deflexão é desprezível. Para dutos flexíveis, as deflexões do anel são geralmente limitadas a vários valores não maiores que 5%. 2.2 Pressão Interna Para o cálculo da menor área da parede do anel por unidade de comprimento, considera-se o diagrama de corpo livre da metade do duto com pressão interna devido ao fluido (ver Fig. 2.4). A força máxima de ruptura é P (ID), onde P é a pressão interna e ID é o diâmetro interno. Esta força de ruptura é resistida pela tensão de tração na parede do duto. Igualando a força de ruptura e a força resistente, onde A é a seção transversal do duto, obtém-se: P ( ID) σ = 2A (2.1) O limite de execução é atingido quando a tensão σ é igual à força de escoamento S. Para o projeto, a força de escoamento da parede do duto é reduzida pelo fator de segurança sf. Assim, σ = P ( ID) S 2A = s f (2.2) Esta é a equação básica para o projeto do duto para resistir a pressão interna. Aplica-se com adequada precisão a dutos de parede fina, onde a razão Dt>> 0 ; onde D é o diâmetro médio e t é a espessura da parede do duto.

Capítulo 2 Considerações sobre o Projeto Estrutural de Dutos Enterrados 27 PRESSÃO INTERNA = P FORÇA DE RUPTURA = P(ID) ID σa FORÇA RESISTENTE σa Figura 2.4 - Diagrama de corpo livre da seção transversal (metade) incluindo pressão interna 2.3 Transporte/Instalação A carga mais comum imposta ao duto durante o seu transporte e instalação é a carga diametral F. Esta carga ocorre quando os dutos são empilhados ou quando o solo é compactado nas laterais ou no topo dos dutos (ver Fig. 2.5). EMPILHAMENTO DOS DUTOS CARGA F CARGA F CARGA F DEVIDO À COMPACTAÇÃO DO DEFLEXÃO DO ANEL d = Δ/D

Capítulo 2 Considerações sobre o Projeto Estrutural de Dutos Enterrados 28 Figura 2.5 Cargas mais comuns nos dutos devido ao transporte/instalação 1 Se a tensão de escoamento do material é excedida devido à carga F, o duto pode fissurar ou a seção transversal do duto deformará de forma permanente podendo uma dessas situações ser inaceitável. Os fabricantes de dutos limitam a carga F em função da deflexão máxima admissível do anel, d = onde Δ é a redução do diâmetro D devido à carga F. Δ D (2.3) Assim, duas análises são necessárias para o transporte e instalação, com dois limites de execução: força de escoamento e deflexão do anel (ver Fig. 2.6). Em geral, a força de escoamento é limitante para dutos rígidos (dutos de concreto) e a deflexão do anel para dutos flexíveis (ver Fig. 2.7). FISSURA RÓTULA Figura 2.6 - Diagramas de corpo livre do duto: rígido e flexível sujeito à força F. PRESSÃO EXTERNA P FORÇA DE COLAPSO P(OD) FORÇA DE RESISTÊNCIA (OD)

Capítulo 2 Considerações sobre o Projeto Estrutural de Dutos Enterrados 29 Figura 2.7 - Diagrama de corpo livre da seção transversal (metade) incluindo pressão externa 2.4 Deformações do Anel A deformação no anel do duto ocorre sob qualquer carga. Para a maioria das análises de dutos enterrados, esta deformação é tão pequena que pode ser desprezada. Porém, para algumas análises a deformação do anel tem que ser considerada. Este é o caso da instabilidade do anel, o colapso hidrostático do duto devido ao vácuo interno ou pressão externa. O colapso pode ocorrer mesmo que a tensão não tenha atingido a tensão de escoamento, mas ele pode ocorrer quando o anel se deforma. Análises de colapso requerem um conhecimento da seção transversal do anel deformado. Para pequenas deflexões do anel de um duto circular enterrado, a seção transversal defletida é uma elipse. Considerando-se um meio infinito (solo) com um círculo imaginário, se o solo é compactado (deformado) uniformemente numa direção, o círculo torna-se uma elipse. Supondo que esse círculo imaginário seja um anel flexível, quando o solo é compactado, o anel deflete com a forma aproximada de uma elipse com pequenos desvios. Se a circunferência do anel permanece constante, a elipse tem que se expandir para fora, dentro do meio, aumentando as tensões compressivas entre o anel e o meio e assim o anel torna-se um ponto rígido no meio. Por outro lado, se a circunferência do anel é reduzida, o anel torna-se um ponto frágil e a pressão de contato entre o anel e o solo é diminuída. Em qualquer caso, a deformação básica de um anel enterrado é uma elipse com pequenas modificações relativas às diminuições nas áreas dentro ou fora do anel. A seção transversal é também afetada pela não uniformidade do solo (como mostrado na Fig. 2.8).

Capítulo 2 Considerações sobre o Projeto Estrutural de Dutos Enterrados 30 CÍRCULO IMAGINÁRIO ELIPSE IMAGINÁRIA DEFORMAÇÃO VERTICAL NO = Δ/D CÍRCULO IMAGINÁRIO ELIPSE INAGINÁRIA SOB COMPRESSÃO SOB COMPRESSÃO ANEL FLEXÍVEL SOB COMPRESSÃO SOB COMPRESSÃO ANEL FLEXÍVEL Figura 2.8 O círculo imaginário como um anel flexível Contudo, para pequenas deformações do solo, a deflexão de um duto enterrado flexível é uma elipse (ver Fig. 2.9). Figura 2.9 Aproximação das propriedades de uma elipse para análise de dutos

Capítulo 2 Considerações sobre o Projeto Estrutural de Dutos Enterrados 31 2.5 Deflexão do anel devido à pressão interna Quando o anel é sujeito à pressão interna uniforme, o duto expande. O raio aumenta. A deflexão do anel é igual ao aumento do raio em percentagem, assim, onde d Δr ΔD 2π rε d = = = = ε r D 2π r é a deflexão do anel (percentagem); pressão interna; r é o raio médio; Δ r e (2.4) Δ D são acréscimos devido à D é o diâmetro médio; ε é a deformação; E é o módulo de Elasticidade e σ é a tensão circunferencial, com σ = E ε = Ed Se: Então: P ( ID) σ = 2A P ( ID) d = 2AE (2.5) (2.6) 2.6 Pressão Vertical do solo (P) Para a análise e projeto de dutos enterrados, a pressão externa do solo tem que ser conhecida (ver Fig. 2.10). A pressão vertical do solo no topo do duto é ocasionada por: a) a carga permanente correspondente ao peso do solo no topo do duto ( P d ) ; b) as cargas acidentais correspondentes às cargas da superfície. Assim: ( ) P = P d + P l (2.7) onde P é a pressão vertical total do solo no topo do duto. Se o solo circunvizinho ao duto é densamente compactado, a pressão vertical do solo no topo do duto é reduzida pela ação do arqueamento do solo sobre o duto, caso contrário esta pressão vertical do solo pode aumentar pelas concentrações de pressão devida à área de relativamente baixa compressibilidade a uma distância do anel em solo folgado compressível. Para projeto, é necessário P l

Capítulo 2 Considerações sobre o Projeto Estrutural de Dutos Enterrados 32 que seja especificado ou o fator de concentração de pressão ou a densidade mínima do solo. Para um longo período de tempo, as concentrações de pressão no duto podem ser reduzidas pela deformação na parede do duto (dutos plásticos). CARGA DE SUPERFÍCIE (TRANSPORTE DE VEÍCULOS) CARGA PERMANENTE γ = PESO ESPECÍFICO DO γh = PESO ESPECÍFICO DO Pl = CARGA ACIDENTAL: PRESSÃO DO Pd = CARGA PERMANENTE: PRESSÃO DO DUTO Figura 2.10 Pressão vertical do solo no nível do topo de um duto enterrado (P) 2.7 Resistência do solo A falha de um duto enterrado está muitas vezes associada com a falha do solo no qual o duto está embutido. Para a análise é usualmente empregado o modelo clássico bidimensional de resistência ao cisalhamento. O modelo compreende três elementos: circulo de tensões; diagrama de orientação e envoltórias de resistência. 2.8 Mecanismos do Duto No projeto de dutos enterrados as simplificações adotadas são justificadas devido às inevitáveis imprecisões tais como a variação da geometria, a não uniformidade do solo e a indeterminação das cargas. A análise longitudinal e a análise do anel (transversal) são consideradas de forma independente uma da outra. Cargas concentradas são o pior caso de carga, porque, de fato, as cargas são distribuídas sobre uma área finita. A instabilidade do anel é o pior caso de análise

Capítulo 2 Considerações sobre o Projeto Estrutural de Dutos Enterrados 33 de colapso porque a instabilidade é reduzida pela interação da rigidez do anel com a rigidez longitudinal. 2.8.1 Análises longitudinais As análises longitudinais básicas são a axial e a de flexão. A análise axial considera os efeitos longitudinais de mudanças de temperatura, tensão catenária, empuxo nas válvulas e joelhos e o efeito Poisson da pressão radial. A análise de flexão considera o efeito longitudinal de curvatura da viga. Estas análises longitudinais da viga de dutos enterrados seguem os procedimentos clássicos. Comprimentos de seções de dutos são limitados pelo fabricante para prevenir a irregularidade longitudinal. 2.8.2 Análise do anel: tensão, deformação e estabilidade A análise do anel compreende a análise de tensão, deformação e estabilidade da seção transversal. A teoria da tensão fornece uma análise aceitável para anéis rígidos e a teoria de deformação fornece uma melhor análise para dutos flexíveis. A tensão circunferencial compreende: tensão decorrente da compressão do anel e a tensão decorrente da deformação do anel. A análise da tensão circunferencial é análoga à análise da tensão de uma coluna curta com uma carga excêntrica (ver Fig. 2.11). Usualmente, para um anel flexível, o controle da deformação é melhor opção comparada ao controle da pressão do solo. Quando é necessário prever a deformação do anel, a deformação básica do anel do duto circular enterrado é de círculo para elipse.

Capítulo 2 Considerações sobre o Projeto Estrutural de Dutos Enterrados 34 A = ÁREA DA ST Figura 2.11 Comparação da análise de tensão: coluna curta x anel de duto A estabilidade do anel é função da resistência a deformações progressivas devidas a cargas freqüentes. Estas cargas podem ser causadas por pressões internas, carregamento na viga ou pressão externa. A ruína é repentina e catastrófica. A falha associada à pressão interna é dada pela ruptura. O diâmetro do anel aumenta enquanto que a espessura da parede diminui. A falha ocasionada pelo carregamento da viga se dá por fratura ou flambagem do duto sempre que a curvatura provocada pelo momento é excessiva. A falha devida à pressão externa é o colapso. O termo instabilidade, freqüentemente implica em colapso devido à pressão externa P (ver Fig. 2.12). Se o duto é enterrado (restrito lateralmente), o solo de suporte tem um efeito predominante na estabilidade. A pressão no duto não é uniforme. Além disso, o duto enterrado sofrerá uma ovalização.

Capítulo 2 Considerações sobre o Projeto Estrutural de Dutos Enterrados 35 P = PRESSÃO EXTERNA CRÍTICA UNIFORME F / Δ = RIGIDEZ DO DUTO Figura 2.12 Colapso de um anel circular flexível devido à pressão externa baseado na rigidez do duto 2.9 Mecanismos Longitudinais Mecanismos longitudinais de dutos enterrados referem-se às análises de deformações longitudinais comparados aos limites de execução de deformação. As principais causas da tensão longitudinal são: 1) mudanças na temperatura e na pressão, que ocasionam o alongamento e o encurtamento relativos do duto em relação ao solo e restrições de empuxo; 2) empuxo axial, que é o resultado da pressão interna ou do vácuo nas válvulas, diafragmas, redutores, etc.; 3) curvatura da viga, que ocasiona tensões de flexão. As possíveis causas da curvatura da viga podem ser entre outras, a disposição das seções do duto sobre madeiras, deslizamentos, movimentos massivos ou assentamentos do solo. Cada uma das três causas da tensão longitudinal é analisada individualmente. Os resultados são combinados para a análise.