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Transcrição:

Euro-Latin American Parliamentary Assembly Assemblée Parlementaire Euro-Latino Américaine Asamblea Parlamentaria Euro-Latinoamericana Assembleia Parlamentar Euro-Latino-Americana ASSEMBLEIA PARLAMENTAR EURO-LATINO-AMERICANA Comissão dos Assuntos Sociais, dos Intercâmbios Humanos, do Ambiente, da Educação e da Cultura 19 de Fevereiro de 2009 PROVISÓRIO PROPOSTA DE RESOLUÇÃO A água e questões conexas no âmbito das relações UE-ALC Co-relatora PE: Co-relator AL: Irena Belohorská José Guadarrama Márquez (CPM UE/México) PR\770202.doc Tradução externa AP100.477v02-00

A água e questões conexas no âmbito das relações UE-ALC A Assembleia Parlamentar Euro-Latino-Americana, Tendo em conta as declarações das cinco Cimeiras de Chefes de Estado e de Governo da América Latina e Caraíbas e da União Europeia celebradas até à data no Rio de Janeiro (28 e 29 de Junho de 1999), em Madrid (17 e 18 de Maio de 2002), em Guadalajara (28 e 29 de Maio de 2004), em Viena (12 e 13 de Maio de 2006) e em Lima (16 e 17 de Maio de 2008), Tendo em conta o Comunicado Conjunto da 13ª Reunião Ministerial entre o Grupo do Rio e a União Europeia, realizada em Santo Domingo, República Dominicana, em 20 de Abril de 2007, Tendo em conta o Comunicado Conjunto da Reunião Ministerial do Diálogo de San José entre a Troika da União Europeia e os Ministros dos países da América Central, realizada em Santo Domingo, República Dominicana, no dia 19 de Abril de 2007, Tendo em conta a Declaração Comum sobre a implementação da Parceria Estratégica entre a América Latina e a União Europeia relativa à água e ao saneamento, assinada no Fórum Mundial da Água que teve lugar no México em Março de 2006, Tendo em conta os resultados da Primeira Conferência Ministerial UE-ALC sobre o Ambiente, realizada em Bruxelas em 4 de Março de 2008, Tendo em conta o Relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) sobre o Desenvolvimento Humano (2006) intitulado A água para lá da escassez: poder, pobreza e crise mundial da água, Tendo em conta o relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o direito à água (2003) e o relatório da Organização Mundial de Saúde e da UNICEF sobre a realização do objectivo de desenvolvimento do milénio (ODM) relativo à água potável e ao saneamento: o desafio urbano e rural da década (2006), Tendo em conta o relatório anual da Iniciativa da União Europeia Água para a vida (componente latino-americana 2007), Tendo em conta a Declaração de 9 de Novembro de 2006, aprovada na sua sessão constitutiva que teve lugar em Bruxelas em 8 e 9 de Novembro de 2006, Tendo em conta a acta final da 17ª Conferência Interparlamentar entre a UE e a América Latina, realizada em Lima de 14 a 16 de Junho de 2005, Tendo em conta o artigo 16º do seu Regimento, Tendo em conta as resoluções aprovadas na sua primeira sessão plenária ordinária, realizada em Bruxelas em 20 de Dezembro de 2007, e na sua segunda sessão plenária ordinária, que teve lugar em Lima em 1 de Maio de 2008, A. Considerando que as Nações Unidas e a OMS reconhecem que o acesso à água potável é um direito humano fundamental para a vida e a saúde; B. Considerando que a água é um recurso essencial e um bem de domínio público, e não apenas uma mercadoria; C. Considerando que, embora tradicionalmente a prestação de serviços relacionados com a água tenha sido controlada por empresas estatais, existe actualmente uma tendência para aplicar procedimentos de privatização, o que significa que, em muitos casos, a água é tratada como uma mercadoria e não como um direito fundamental; AP100.477v02-00 2/6 PR\770202TP.doc

D. Considerando que, apesar de a América Latina ser um continente que dispõe de enormes recursos de água potável, a sua distribuição está longe de ser equitativa; E. Considerando que as populações e as comunidades indígenas da América Latina têm direitos estabelecidos nas leis que se referem à utilização e usufruto dos recursos naturais como a água; F. Considerando que o sétimo objectivo de desenvolvimento do milénio (ODM) consiste na redução para metade, até 2015, da população sem acesso permanente a água potável e a infra-estruturas de saneamento básico; G. Considerando que as Nações Unidas declararam o ano de 2008 Ano Internacional do Saneamento, com o objectivo de sensibilizar para este problema e de acelerar os progressos na via da consecução do sétimo ODM; H. Considerando que os dados do Relatório sobre o Desenvolvimento Humano (2006) do PNUD põem em relevo o facto de que, nos dias de hoje, mais de 1 000 milhões de pessoas no Mundo carecem de acesso a água potável, de que 2 600 milhões de pessoas não dispõem de infra-estruturas de saneamento básicas e de que o consumo de água imprópria constitui a segunda causa de mortalidade infantil a nível mundial; I. Considerando que, de acordo com o relatório da OMS e da UNICEF de 2006, existe uma disparidade significativa em termos de acesso a água potável e a saneamento entre crianças e adultos na América Latina; que, na região, este problema ameaça as vidas de quase 21 milhões de crianças com menos de cinco anos; J. Considerando que os Estados-Membros da UE figuram entre os maiores e mais importantes doadores no sector do desenvolvimento relacionado com a água e que dispõem de uma vasta experiência em matéria de cooperação internacional para o desenvolvimento e de gestão dos recursos hídricos; K. Considerando que a iniciativa da União Europeia Água para a vida, lançada pela UE na Cimeira Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável que se realizou em Joanesburgo em Setembro de 2002, foi concebida como uma abordagem integrada da gestão dos recursos hídricos tendo em vista a consecução dos ODM e dos objectivos de desenvolvimento sustentável no atinente à água potável e às infra-estruturas de saneamento; L. Considerando que, em 2000, a UE aprovou a Directiva-quadro da água, a fim de racionalizar a sua abordagem das questões relacionadas com a água, mas também de impor um requisito geral de protecção do ambiente e uma norma mínima para todas as águas de superfície; M. Considerando que as alterações climáticas têm repercussões no acesso à água potável e às infra-estruturas de saneamento, e que o relatório do Grupo intergovernamental sobre as alterações climáticas concluiu que estas alcançarão proporções dramáticas em 2050; que é muito provável que os países da América Latina - situados, na sua maior parte, em baixas latitudes, para as quais se prevê que o aumento da temperatura atinja os 2,5º C - sofram enormes danos; 1. Saúda a Declaração de Lima adoptada na V Cimeira UE-ALC, a qual refere, por diversas vezes, questões relacionadas com a água e menciona explicitamente a necessidade de universalizar o acesso à água potável e ao saneamento; 2. Considera que a água deve manter-se como bem público, devendo ser acessível a todos a preços sociais e ambientais justos, tendo especialmente em conta a situação específica de cada país, a necessidade de assegurar o abastecimento público das populações, os vários sistemas agrícolas existentes e o papel social desempenhado pela actividade agrícola; PR\770202.doc 3/6 AP100.477v02-00

3. Considera que a apropriação privada da água dificulta o acesso da população a este bem e conduz a uma deterioração da qualidade deste recurso essencial para a vida - existindo um número crescente de pessoas que se encontram privadas de acesso a água de boa qualidade para a alimentação e a higiene - e fundamental para a produção, nomeadamente para a agricultura; solicita a todos os países europeus e da América Latina que melhorem o serviço público de captação e abastecimento de água e que promovam o acesso universal a esse serviço; 4. Sublinha que, de acordo com o relatório da OMS sobre o direito à água, os governos devem garantir a protecção do acesso a água segura, em quantidade suficiente e a preços acessíveis; salienta ainda que, em caso de intervenção do sector privado, este deve ser incentivado pelos governos a garantir efectivamente o direito das pessoas à água; 5. Insta ao desenvolvimento e à implementação de uma gestão adequada em matéria de preços, em particular estabelecendo preços justos e equitativos, que, embora sujeitos às regras do mercado, tenham em conta as condições económicas e sociais da população local, procedendo a uma contagem minuciosa do consumo e a uma facturação eficaz e transparente, reconhecendo que estes elementos constituem reptos financeiros essenciais para a gestão dos recursos hídricos nos países latino-americanos; 6. Sublinha que o acesso seguro a água potável e a uma eliminação adequada das águas residuais, bem como a infra-estruturas sanitárias, constitui uma condição sine qua non para a saúde pública, em especial em termos de redução das taxas de mortalidade, nomeadamente infantil, resultante de doenças transmitidas pela água; 7 Pede aos países latino-americanos em que se estão a desenvolver a indústria, o abate de árvores, a exploração mineira, a produção de substâncias tóxicas e a utilização extensiva de pesticidas na agricultura que tenham em conta o problema alarmante da contaminação dos rios com substâncias químicas tóxicas e com metais pesados, que são uma fonte importante de contaminação da água; 8. Salienta que a água saudável e suficiente apenas pode ser assegurada através de estratégias sustentáveis e a longo prazo; 9. Salienta que a questão da água afecta vários âmbitos, pelo que deve ser objecto de uma abordagem multidisciplinar e multilateral; 10. Insiste na necessidade de combater o desperdício e de equilibrar as utilizações da água, designadamente através da reutilização, tendo em conta os seus múltiplos valores: biológico, social, ambiental, simbólico, cultural, paisagístico e turístico; 11. Saúda as inovações institucionais e legislativas que estão a ser aplicadas no sector da água em alguns países latino-americanos e solicita aos países cuja legislação não corresponde à evolução mais recente que tomem medidas com vista à sua revisão e actualização, dado que só será possível progredir mediante a instituição de um sistema regulador adequado; 12. Solicita, em consequência, que, em todos os planos ou estratégias nacionais dos países latino-americanos, sejam previstas medidas específicas que contribuam para assegurar que o abastecimento de água e os serviços de saneamento sejam estabelecidos como serviços universais e não discriminatórios; 13. Destaca a importância do diálogo entre as autoridades e a população local através do processo de tomada de decisões no domínio dos recursos hídricos, a fim de facilitar a participação de todas as partes interessadas e de satisfazer as necessidades reais dos utentes; 14. Sublinha que a agricultura e a silvicultura continuam a ser as principais fontes de AP100.477v02-00 4/6 PR\770202TP.doc

rendimento e emprego para a maioria das pessoas mais pobres, nomeadamente para as populações indígenas de certos países da América Latina, pelo que apoia os direitos, reconhecidos na lei, das populações e das comunidades indígenas da América Latina à utilização e usufruto dos recursos naturais, como a água, como um direito e não como uma mercadoria; 15. Dado que a principal causa da pobreza consiste na dificuldade de acesso aos recursos naturais, sublinha a necessidade de, no âmbito das relações entre a UE e a América Latina e noutras instâncias internacionais, garantir às populações autóctones o acesso aos recursos naturais, à produção de alimentos e à segurança alimentar, e defender o direito dos pequenos e médios agricultores e das populações indígenas a viverem condignamente; 16. Salienta a necessidade de cooperação, de intercâmbio de informação e de parcerias estratégicas, a fim de contribuir para a utilização e a gestão sustentáveis dos recursos hídricos; 17. Expressa-se a favor das sinergias já existentes entre a União Europeia e os países da América Latina no domínio da água através da cooperação para o desenvolvimento, mas também mediante a cooperação em domínios como a investigação e a tecnologia; considera que esses intercâmbios contribuirão para melhorar a qualidade da água e a situação em matéria de saneamento, e fomentarão o crescimento económico; 18. Insiste na importância da Iniciativa da União Europeia Água para a vida e congratulase com os bons resultados obtidos pela componente latino-americano da referida iniciativa em 2007, pelo que apoia os futuros projectos da mesma, financiados, nomeadamente, por intermédio do Instrumento de Cooperação para o Desenvolvimento; 19. Salienta o importante papel que os deputados da América Latina e da Europa serão chamados a desempenhar para promover, nos respectivos âmbitos de acção, um quadro jurídico que responda de forma adequada a uma gestão responsável e equitativa dos recursos hídricos a nível nacional e internacional; 20. Sublinha a importância da realização de campanhas de sensibilização destinadas aos cidadãos da América Latina e da Europa sobre os problemas locais, regionais e mundiais relacionados com a água e da promoção da participação activa, democrática e abrangente na definição das políticas públicas da água; 21. Insiste na necessidade de a comunidade internacional aprofundar o estudo da ligação existente entre o aumento da população mundial e as alterações climáticas, e, em particular, do impacto que estas podem ter no acesso aos recursos naturais essenciais, como a água potável; 22. Insta a comunidade internacional a reconhecer a necessidade de proteger a floresta tropical e a conferir prioridade à sua protecção, de vital importância para a preservação dos recursos hídricos do planeta e para fazer face às alterações climáticas; 23. Convida a uma reflexão sobre a eventual criação de um Centro Bi-Regional de Prevenção das Catástrofes encarregado de definir estratégias e medidas de contingência, alerta e preparação comuns com vista a reduzir a vulnerabilidade mútua face a catástrofes naturais provocadas pelas alterações climáticas e pelas catástrofes tecnológicas; * * * 24. Encarrega os seus co-presidentes de transmitir a presente resolução à Presidência da Cimeira UE-ALC, ao Conselho da União Europeia, à Comissão Europeia, aos PR\770202.doc 5/6 AP100.477v02-00

parlamentos dos Estados-Membros da União Europeia e dos países da América Latina e das Caraíbas bem como ao Parlamento Latino-Americano, ao Parlamento Centro-Americano, ao Parlamento Andino e ao Parlamento do Mercosul. AP100.477v02-00 6/6 PR\770202TP.doc