LOCAL. Palavras-chave: Arranjo produtivo local. Tecnologia. Desenvolvimento. Produção.

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Transcrição:

1 PROCESSO PRODUTIVO TECNOLÓGICO DO APL DE FLORES DA SERRA DA IBIAPABA CE E O DESENVOLVIMENTO LOCAL ANA CATARINA MONTEIRO RODRIGUES 1 FRANCISCO JOSE LOPES DA SILVA 2 MARIA EDUARDA ARRUDA VIANA 3 ALCINEIDE AGUIAR PIMENTA 4 Resumo: Este trabalho tem como objetivo identificar quais as estratégias aplicadas no processo produtivo do Arranjo Produtivo Local das flores da Serra da Ibiapaba. Para isso foi feita uma pesquisa qualitativa, visitou-se uma empresa de Flores da região. Coletados dados sobre desenvolvimento das flores produzidas, como são plantadas e colhidas, as etapas em que a tecnologia está inserida e o papel de cada uma delas na produção. Os resultados obtidos foram positivos, o impacto das tecnologias para produção e atuação no mercado contribui para o desenvolvimento local. Palavras-chave: Arranjo produtivo local. Tecnologia. Desenvolvimento. Produção. INTRODUÇÃO A produção de flores no Ceará ganha força no final dos anos 90 e início da década de 2000, percebe-se então que o potencial produtivo da terra é propício para o cultivo das flores, já que havia grande produção de outras formas de cultivo, a agrofloricultura ganha incentivos do governo, tornando o estado do Ceará um dos grandes produtores da região Nordeste e do Brasil. O setor de floricultura hoje responde por uma receita significativa e 1 Graduanda de Administração pela Faculdade Luciano Feijão (FLF). E-mail: cmonteeiro1997@gmail.com. 2 Graduando de Administração pela Faculdade Luciano Feijão (FLF). E-mail: bidahnfs@gmail.com. 3 Graduanda de Administração pela Faculdade Luciano Feijão (FLF). E-mail: eduardaarrv@gmail.com. 4 Graduada em Administração de Empresas pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Pós-graduada em Recursos Humanos pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Mestre em Administração - Minter UNIVALI e Universidade Federal do Ceará (UFC). Professora da Faculdade Luciano Feijão (FLF) e do Instituto de Estudos e Pesquisas do Vale do Acaraú (IVA). E-mail: pimetaalcineide@gmail.com.

2 de destaque da economia cearense, sendo a Europa seu mercado consumidor mais forte (ROCHA, 2006). Com o crescimento desse setor, muitas empresas no ramo de atuação foram criadas com grandes investimentos e lucros em retorno, gerando arranjos produtivos locais em várias regiões que trabalham com flores. Uma empresa, desse modo está envolvida com contribuição, a produção e o investimento aplicado a tornar um referencial local. As tecnologias utilizadas na agricultura foram adaptadas e inovadas para produção mais rápida, durabilidade dos produtos, fácil acesso aos clientes e muitos aspectos positivos, esses fatores fazem com que os clientes fiquem satisfeitos com o que está sendo consumido, assim são desenvolvidas e feitas pesquisas para cada vez mais esse setor seja aprimorado. FLORICULTURA NO CEARÁ O cultivo de flores no Ceará começa a partir do fim da década de 1990, quando o governo e muitas instituições como o SEBRAE, Banco do Nordeste, a EMPRAPA, o CENTEC e a Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial do Ceará (NUTEC) incentivaram a agrofloricultura no estado (AGROFLORES, 2008). Com todos esses apoios institucionais e aliada com uma terra fértil, o Ceará nos últimos anos teve um crescimento expressivo na produção de flores, rosas e dentre outras espécies do ramo. Com o ramo em crescimento, em muitas regiões do Ceará foi surgindo muitas associações, como por exemplo a Associação dos Produtores de Flores e Plantas ornamentais do Estado do Ceará (AFLORA), a Associação do Maciço do Baturité (CONFLOR), a Associação da Serra da Ibiapaba (ASFOF) e a Associação da Região do Cariri (CARIRIFLOR) em que todas elas produzem e comercialização no mercado nacional e internacional (FREITAS, 2009).

3 ARRANJO PRODUTIVO LOCAL O APL é constituído por aglomerações de empresas com a mesma especialização produtiva e que se localizam em um mesmo espaço geográfico. As empresas dos APLs mantêm vínculos de articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si, contando também com apoio de instituições locais como Governo, associações empresariais, instituições de crédito, ensino e pesquisa. Os APLs também podem ser chamados de sistema produtivo local ou cluster. A definição da Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais (RedeSist), uma rede de pesquisa interdisciplinar, formalizada desde 1997, sediada no Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, é a mais difundida no Brasil, e define: consideram as aglomerações territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais (com foco em um conjunto específico de atividades econômicas) que apresentam vínculos mesmo que incipientes. Geralmente, envolvem a participação e a interação de empresas (que podem ser desde produtoras de bens e serviços finais até fornecedoras de insumos e equipamentos, prestadoras de consultoria e serviços, comercializadoras, clientes, entre outras) e suas variadas formas de representação e associação. Incluem, também, diversas outras organizações públicas e privadas voltadas para: formação e capacitação de recursos humanos (como escolas técnicas e universidades), pesquisa, desenvolvimento e engenharia, política, promoção e financiamento (CASSIOLATO, 2003). No Brasil, popularizaram-se os termos arranjo e sistema produtivo e inovativo locais criados por Cassiolato e Lastres (1999) e seus colaboradores da RedeSist para caracterizar de maneira mais ampla a dinâmica produtiva e inovadora das estruturas produtivas das empresas brasileiras. Tais conceitos tiveram por base o conceito de sistemas nacionais de inovação e focalizam as interações de empresas e outras organizações públicas e privadas, bem como a capacidade de adquirir e produzir conhecimento, aprendizado e

4 inovação. O conceito de arranjo e sistema produtivo e inovativo local são complementares às terminologias existentes e têm como elementos centrais de investigação as relações entre empresas e outros agentes locais, a proximidade geográfica, a identidade histórica, sociocultural e institucional, o processo de aprendizado e a capacidade produtiva, organizacional e moderno como fonte de vantagens concorrenciais (TAHIM, 2008). ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DA SERRA DA IBIAPABA No Ceará, a identificação dos arranjos foi iniciada por Amaral Filho e seguido pela Secretaria de Desenvolvimento Local e Regional por meio do Núcleo Estadual de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais do Ceará os quais identificaram 40 APL s, entre eles o de flores da Serra da Ibiapaba (AMARAL FILHO et al., 2004). O APL Flores da Ibiapaba caracteriza-se por sua distribuição regional, onde as unidades produtivas encontram-se localizadas nos municípios de Tianguá, Ubajara, São Benedito e Guaraciaba do Norte. Atualmente, existem na região 12 unidades produtivas, sendo 3 de pequeno porte, que são conduzidas por produtores locais, 8 de médio a grande porte, conduzidas por empresários do setor atraídos pelo Governo do Estado e uma associação com 20 associados constituída pelo Projeto Caminhos de Israel, da SEAGRI. A produção de flores na Ibiapaba foi incentivada pelo Governo do Estado do Ceará através da Secretaria da Agricultura Irrigada, atual Secretaria da Agricultura e Pecuária, visando o desenvolvimento local daquela região (MARTINS, 2009). O município de São Benedito tem 65 mil habitantes, dos quais milhares são, direta ou indiretamente, favorecidos pelas rosas. O segmento abriu novas oportunidades de emprego na região, movimentando renda em uma área de poucas indústrias.

5 Existindo mais de uma empresa produtora, e produzindo mais de um produto se começa a ter produção em uma escala maior, o que permite satisfazer melhor os clientes em forma contínua e trabalham como uma cooperativa, fazendo delas parte de um APL. A produção de flores na cidade de São Benedito e região é iniciada em 1999 com a chegada da empresa CeaRosa que ocupa uma área de 760.000 m², foram construídas estufas com área de 75.000 m², que produzem rosas de corte diariamente, sendo uma das pioneiras no ramo de flores no Ceará, a empresa dá o pontapé inicial para que outras empresas como a paulistana Grupo Reijers também se instalassem na região, intensificando mais ainda a produção de flores. Outras empresas vieram a ser criadas como a Flora Fogoça que conta com quatro fazendas, três localizadas na cidade de São Benedito e uma no município de Carnaubal e pequenos empreendimentos locais vieram a desenvolver um arranjo produtivo de flores, contemplando a região com geração de empregos direto e indireto. Destacando um pouco do estudo sobre a Reijers, uma empresa vinda da Holanda, trazida por Henk Reijers que descobriu o caminho das rosas no Brasil, onde se instalou em Holambra, São Paulo. Com o passar do tempo os seus filhos viram a oportunidade de se instalar no Ceará e crescer a empresa, com isso a empresa está instalada há 16 anos no estado. Uma delas se localiza na cidade de São Benedito na Serra da Ibiapaba contando com cerca de 420 colaboradores, mais de 95% do próprio município e os demais das cidades vizinhas, que se adequam aos cargos de agrônomo, contador, recursos humanos, entre outros. Com a instalação da empresa na região houve um grande aumento na renda e no desenvolvimento local, como citado por uma funcionária a folha de pagamento chega a ser quase o mesmo valor da prefeitura municipal da cidade, sem falar nos impostos pagos para o governo. Gerando também empregos indiretos, vendo a necessidade de mão de obra

6 específica surgiram algumas empresas terceirizadas com o objetivo de atender a demanda da Reijers seria o caso da empresa de transporte e T. I. Tendo como um dos objetivos de 2018 fazer mais estufas, crescendo a empresa e contratar mais funcionários. Se relacionando com o arranjo produtivo local, a empresa envolve vários produtores e empreendedores das cidades, sendo o caso de alguns produtores da região que plantam folhagens e revendem para a empresa, assim ela compra a produção dos mesmos. Alguns moradores locais arrendam suas terras para serem cultivadas as flores. Fazem a compra de produtos artesanais locais para embalar e customizar os ramalhetes. A empresa atua com um projeto social Amiguinhos da Reijers aos sábados, com crianças carentes do Bairro Chora da cidade de São Benedito, entretendo e divertindo os mesmos em sua área de lazer, a qual contém criação de animais, quadra esportivas, salas para as reuniões e os momentos das crianças e dos colaboradores. TECNOLOGIA E FLORES A tecnologia pode ser conceituada como um conjunto de conhecimentos práticos ou conhecimentos técnicos, que podem ser do tipo mecânico ou industrial, que dão ao ser humano a possibilidade de fazer modificações nas condições de ordem natural para que a vida do homem seja mais cômoda. Por meio da abordagem de Becattini (1994), percebe-se que a inserção das inovações tecnológicas possibilitou uma maior organização e manutenção do ambiente. Hoje os trabalhadores agrícolas recorrem à tecnologia e à engenharia genética para melhorar a produtividade do solo e dos cultivos. Da mesma forma, a ciência tem contribuído para que as sementes sejam mais resistentes às pragas e possam adaptar-se a diferentes climas e solos. Os avanços tecnológicos têm sido os principais responsáveis pela

7 diversificação e melhora na qualidade da produção de flores no Brasil. A partir da introdução de novas tecnologias e práticas de manejo, foi possível aumentar o número de espécies cultivadas e modificar as que já eram produzidas no país. No caso das rosas, as mais recentes variedades produzidas permitiram um aumento de 25% nas vendas para o mercado nacional e, também, a ampliação das exportações, principalmente para a Holanda e Portugal. As novas variedades são maiores, mais resistentes e duráveis. Entre as tecnologias usadas para o cultivo das rosas, estão às desenvolvidas pela Flora Reijers. Especializada na produção de rosas híbridas de chá (com flores ou botões grandes), a empresa possui campos de produção no sul de Minas Gerais (nas cidades de Andradas e Itapeva), no Ceará (em São Benedito e Ubajara) e em São Paulo (em Holambra). Fundada em 1972, a empresa conta hoje com mais de 1500 colaboradores em suas unidades. Em cada uma de suas 11 fazendas, o Grupo Reijers trabalha de forma dinâmica na busca de novas tecnologias e referências internacionais, a fim de garantir qualidade dos produtos e satisfação dos clientes. Atuando de forma ambiental e socialmente responsável, o Grupo Reijers busca cultivar sempre o bem-estar não apenas de seus colaboradores, mas das comunidades onde a empresa está presente, a qual ela faz parte do arranjo produtivo local. PROCESSO TECNOLÓGICO DE PRODUÇÃO DAS FLORES As tecnologias da empresa Reijers são desenvolvidas com muita ênfase com mais atenção no pós-colheita, conferindo maior durabilidade de suas flores, viagens técnicas ao exterior e acompanhamento do mercado internacional, sempre com o objetivo de profissionalização do mercado e da obtenção de um produto de qualidade superior que satisfaça ao cliente mais exigente.

8 Reconhecido por seu lado inovador, a Flora Reijers prima sempre pela qualidade, inovação e satisfação de seus clientes, buscando constantemente novas tecnologias e seguindo tendências do mercado internacional. Os avanços tecnológicos têm sido os principais responsáveis pela diversificação e melhora na qualidade da produção de flores no Brasil. A partir da introdução de novas tecnologias e práticas de manejo, foi possível aumentar o número de espécies cultivadas e modificar as que já eram produzidas no país (TOLEDO, 1977). PRODUÇÃO DE FLORES Em algumas espécies a produção começa a partir da compra de sementes e mudas vindas de São Paulo, como exemplos de sementes há as gérberas e em mudas às roseiras, no qual a empresa paga royalties para produzi-las, tendo assim uma capacidade limitada de produção e comercialização, por isso não vendem mudas de plantas, pois seria replica. As mudas são feitas em estaquias que usa um método de reprodução de plantas, que consiste no plantio de pequenas estacas de caule, raízes ou folhas que, plantados em um meio úmido, se desenvolvem em novas plantas, feitos em laboratórios da Holanda, se originando lá. O foco da produção varia de acordo com as épocas dos anos, cada data tem uma espécie e cor preferida pelos clientes, como: rosas vermelhas têm venda maior na época do Dia das Mães, Dia Internacional da Mulher, Dia dos Namorados; Rosas tingidas pretas e roxas tem maior venda em outubro, pois é Halloween; rosas brancas são adquiridas mais no mês de novembro, em virtude o Dia de Finados e a preferência é a cor neutra; rosas variadas são mais comercializadas no final do ano, pois existem as superstições dos significados de cores.

9 Normalmente são distribuídos 70.000 botões de rosas por dia, já em alta estação são distribuídas 140.000 botões de rosas por dia. Essa distribuição é feita dentro do país por linha terrestre em caminhões refrigerados, para exportação é feito via aérea. Com a alta distribuição as roseiras têm cortes todos os dias, uma roseira dura em média seis anos, já existe outras flores que duram apenas três cortes e depois são renovadas, com a renovação o ciclo de colheita é 45 dias a 60 dias. Em média o tempo de duração da flor para comercialização é de duas semanas. METODOLOGIA Foi realizada uma pesquisa qualitativa, que preocupa-se, portanto, com aspectos da realidade que não podem ser quantificados, centrando-se na compreensão e explicação da dinâmica das relações sociais. Para Minayo (2001), a pesquisa qualitativa trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. Aplicada inicialmente em estudos de Antropologia e Sociologia, como contraponto à pesquisa quantitativa dominante, tem alargado seu campo de atuação a áreas como a Psicologia e a Educação. A pesquisa qualitativa é criticada por seu empirismo, pela subjetividade e pelo envolvimento emocional do pesquisador (MINAYO, 2001, p. 14). Feito um estudo de caso que segundo Yin (2010), experimentos, levantamentos, pesquisas históricas e análise de informações em arquivos são alguns exemplos de formas de realizar pesquisas. Realizou-se a análise de conteúdo, para Bardin (1977) se refere à Análise de Conteúdo como um conjunto de instrumentos metodológicos que se aperfeiçoa constantemente e que se aplica a discursos diversificados.

10 Conseguiu-se fazer a análise e estudo em artigos com abordagens sobre as palavras chaves do presente estudo, após ter aprofundado o conhecimento sobre o assunto realizamos uma pesquisa feita a campo na empresa Reijers e pesquisa teórica das demais empresas que compõe o APL, a Flora Fogaça e a Cearosa, localizadas na Serra da Ibiapaba- CE, nos municípios de Ubajara, São Benedito e Carnaubal, contando também com o conhecimento da participação dos fornecedores locais, algumas empresas que fazem esse ciclo deem continuidade. Visitou-se uma das unidades da fazenda Reijers, localizada no município de São Bendito-CE, por volta das 8:00h da manhã do dia 27 de janeiro de 2018. Com o acompanhamento de uma funcionária da empresa, forneceu detalhadamente dados sobre o processo do cultivo de plantas e a contribuição da empresa para a região. Na visita realizada fizemos um percurso pelas plantações e setores da empresa, setor de cultivo, embalagens, financeiro, recursos humanos, contabilidade e recepção, sendo apresentado cada setor, no setor de cultivo cada um tem sua flor específica, assim ficou mais fácil o conhecimento de cada tipo e como são realizados os procedimentos, pois dependendo da flor o processo de cultivo é diferente. ANÁLISE DOS RESULTADOS A alta tecnologia nos fornece mais praticidade em tudo que fazemos hoje em dia, a cada coisa que tocamos foram evoluídas através de estudos, indústrias, tecnologias aplicadas na produção daquele objeto. Com o cultivo de flores não é diferente, antigamente os agricultores cultivavam em suas terras, em pequenas quantidades, sem trabalhadores contratados, apenas com familiares para gerar uma pequena renda. Hoje através da globalização, da informação, da tecnologia e de mais fatores, a comercialização de flores

11 passou a ser algo empresarial, gerando renda e emprego para os moradores de uma região, movimentando a economia e olhando sempre para o crescimento local com oportunidades para diversas áreas de atuação. Com a tecnologia inserida em seu processo produtivo desde a semente até a colheita é possível fazer o cultivo de milhares de flores ao mesmo tempo, uma extensão de terras e fazendas para comercialização gera um grande impacto positivo em toda a região local. Entre as tecnologias usadas para o cultivo das rosas, estão às desenvolvidas pela Flora Reijers, suas flores são produzidas em estufa e com o sistema de gotejamento, elas ganham padrão de qualidade internacional. Internamente, essas flores são comercializadas para arranjos, devido ao seu maior tamanho. Para o cultivo é feito diversos controles, sendo eles: controle de microclima, com cortinas no teto das estufas e laterais, para controle de vento e pragas; controle biológico dos insetos, com uso de uma fita amarela que contêm um produto chamado feromônio de agregação, que permitem que os insetos sejam atraídos pelos outros ao descobrir uma nova fonte de alimento, eles são geralmente bastante sensíveis à ação de feromônios, uma mínima quantidade pode causar excitação a quilômetros de distância. Controle de pragas é a compra de um inseto predador para combater os outros predadores, que seria o acaro predador que são inimigos naturais. Na agricultura orgânica onde o uso de agrotóxicos é proibido, a adoção de estratégias alternativas ao controle químico é imprescindível. Outra inovação pensando no meio ambiente é o reaproveitamento de água na irrigação por gotejamento e a da chuva, pois a água que sobra do gotejamento e a da chuva vai para um tanque e é reutilizada para diminuir o excesso do gasto da mesma. Aplica-se também tecnologia nas plantas que não vão para as vendas, pois estão danificadas ou murchas e o resto de folhagem, são passadas pelo setor de compostagem,

12 onde são misturadas com outros materiais orgânicos e feito o adubo orgânico, para ser utilizado na própria fazenda. Uma das tecnologias pouca usada no Brasil existente na empresa é o tingimento de rosas, onde a tinta é comprada em Israel ou na Colômbia. Esse tingimento é destaque na empresa, pois modifica as rosas de acordo com a cor desejada pelos clientes, tornando-se um diferencial das demais fazendas e empresas de rosas. CONSIDERAÇÕES FINAIS Em resumo, o presente artigo tem o intuito de trazer a conhecimento de todos o funcionamento de um Arranjo Produtivo Local, abordando os aspectos positivos de uma organização a qual faz parte. Mostrar o quão importante é a interligação de empreendedores e empresas de uma região, o desenvolvimento de uma grande empresa tem capacidade de movimentar uma grande economia no interior do Ceará. Outro ponto a se destacar é a forma em que a tecnologia contribui para o desenvolvimento de uma organização, fazendo com que o trabalho de uma empresa se destaque entre as demais, com qualidade e agilidade. Com o alto impacto fica visível os benefícios que um APL pode trazer para pequenas cidades, facilitando o desenvolvimento e o sustento de um local. Através de uma grande organização de produção de flores a Reijers, obtemos conhecimento de vários processos que até então eram de curiosidades e a mostra de que a tecnologia está nos mínimos detalhes, como a prevenção de predadores através de uma fita, e o uso delas sem agredir o meio ambiente, com um olhar sempre para o lado sustentável.

13 REFERÊNCIAS AMARAL FILHO, J.; SCIPIÃO, T.; RABELO, D. Identificação e mapeamento das aglomerações produtivas especializadas no Ceará pistas para identificação de Arranjos Produtivos Locais (APLs), Texto de Discussão n.14, IPECE, Governo do Estado do Ceará, Fortaleza, 2004. CASSIOLATO, José Eduardo; SZAPIRO, Marina. Uma caracterização de arranjos produtivos locais de micro e pequenas empresas. Pequena empresa: cooperação e desenvolvimento local. Rio de Janeiro: Relume Dumará, p. 35-50, 2003. FREITAS, K.P; ALEXANDRE, J.W.C; NUNES, F.R.M. Investigação da importância dos recursos humanos para o alinhamento estratégico interno em uma empresa produtora de rosas do Ceará. IV Simpósio de Engenharia de Produção da Região Nordeste, Fortaleza, Ceará, 2009. INSTITUTO DE PESQUISA E ESTRATÉGIA ECONÔMICA DO CEARÁ - IPECE. Identificação de arranjos produtivos locais no Ceará: arranjo produtivo local de confecções de Acarape. s.d. Disponível em:. Acesso em: 29 jun. 2004. MARTINS, MV de M.; VAZ, A. P. A.; MOSCA, J. L. Produção Integrada de flores. Embrapa Agroindústria Tropical-Capítulo em livro científico (ALICE), 2009. QUANDT, Carlos Olavo. Redes de cooperação e inovação localizada: estudo de caso de um arranjo produtivo local. RAI Revista de Administração e Inovação, v. 9, n. 1, p. 141-166, 2012. ROCHA, Luzianny Borges. A produção de flores no Estado do Ceará em Baturité, Redenção e São Benedito. Mercator-Revista de Geografia da UFC, v. 4, n. 8, p. 139, 2005. TOLEDO, FF de; MARCOS FILHO, Julio. Manual das sementes: tecnologia da produção. São Paulo: Agronômica Ceres, p. 185-187, 1977. VARGAS, Marco Antonio. Proximidade territorial, aprendizado e inovação: um estudo sobre a dimensão local dos processos de capacitação inovativa em arranjos e sistemas produtivos no Brasil. Rio de Janeiro: UFRJ/IE (tese de doutorado), 2002.