TEORIA GERAL DO PROCESSO AULA 8 COMPETÊNCIA Denis Domingues Hermida 1- CONCEITO DE JURISDIÇÃO Função do Estado através da qual, com o objetivo de solucionar conflitos de interesse, aplica-se a lei geral e abstrata aos casos concretos que lhe são submetidos, realizando-se, assim, solução de caráter coativo, obrigatório; A JURISDIÇÃO É, ENQUANTO PODER, UMA Mas o EXERCÍCIO DA JURISDIÇÃO é DISTRIBUÍDO entre os órgãos que compõem o Poder Judiciário Brasileiro 1.1- JURISDIÇÃO NACIONAL E INTERNACIONAL Em razão da soberania, cabe à legislação de cada Estado(país) estabelecer a extensão da jurisdição da cada Estado(país); Como a jurisdição é manifestação de poder (Poder Estatal), a sentença proferida por um órgão judiciário estrangeiro é produto do poder soberano do referido estado estrangeiro Para gerar efeitos no Brasil, deve ser objeto de manifestação de autoridade judicial brasileira, através de procedimento denominado homologação de sentença estrangeira, que é realizado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), na forma do procedimento imposto pelo artigos 960-965 do CPC 1
CF. Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: (...) i) A homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias; HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA OU EXEQUATURDE CARTA ROGATÓRIA Em regra através de ação de homologação de decisão estrangeira, salvo previsão em contrário em tratado internacional; Não só sentença, mas também decisão interlocutória proferida por órgão judiciário estrangeiro são objeto de homologação (no caso de decisão interlocutória estrangeira, para o seu cumprimento deve ter o exequatur da respectiva carta rogatória expedida para cumprimento da decisão interlocutória estrangeira. A sentença de DIVÓRCIO CONSENSUAL produz efeitos no Brasil, independentemente de homologação pelo STJ (art. 961, 5º, do CPC); CPC. Art. 963. Constituem requisitos indispensáveis à homologação da decisão: I- ser proferida por autoridade competente; II- ser precedida de citação regular, ainda que verificada a revelia; III-ser eficaz no país em que proferida; IV- não ofender a coisa julgada brasileira; V-estar acompanhada de tradução oficial, salvo disposição que a dispense prevista em tratado; VI- não conter manifesta ofensa à ordem pública. Parágrafo único. Para a concessão do exequaturàs cartas rogatórias, observar-se-ão os pressupostos previstos no caput deste artigo e no art. 962, 2º. 1.2) O que pode e o que não pode ser julgado pela Justiça Brasileira DISPOSITIVOS SOBRE O ROL DE ASSUNTOS DE JURISDIÇÃO BRASILEIRA: a) Hipóteses de Jurisdição CONCORRENTE Arts. 21 e 22 do CPC b) Hipóteses de Jurisdição EXCLUSIVA Art. 23 do CPC c) Hipóteses em que não poderá ser exercida a Jurisdição Brasileira hipóteses não previstas nos artigos 21 a 23 do COC 2
a) Hipóteses de Jurisdição Concorrente arts.21 a 23 do CPC CPC. Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que: I-o réu qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; II-no Brasil tiver que ser cumprida a obrigação III-o fundamento seja fato ocorrido ou o ato praticado no Brasil. Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada no Brasil a pessoa estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal. CPC. Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações: I de alimentos, quando: a) O credor tiver domicílio ou residência no Brasil; b) O réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos; II- decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil; II-em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional. b) Jurisdição EXCLUSIVA brasileira Art. 23 do CPC CPC. Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: I- conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; II-em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional; III- em divórcio, separação ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional; 3
c) CASOS QUE NÃO SERÃO EXAMINADOS PELA JUSTIÇA BRASILEIRA As hipóteses constantes dos artigos 21, 22 e 23 do CPC são taxativas, isto é, temáticas que não se enquadrem numa das hipóteses dos artigos 21, 22 ou 23 do CPC não podem ser conhecidas pelo Poder Judiciário Brasileiro. II- COMPETÊNCIA INTERNA COMPETÊNCIA: É a MEDIDA DA JURISDIÇÃO, que quantificará a parcela do exercício da jurisdição destinado a determinado órgão do poder judiciário; Distribuição da jurisdição entre os órgãos que compõem o Poder Judiciário Brasileiro; Os órgão do Poder Judiciário são fixados pela Constituição Federal Arts. 92 a 126, onde a Constituição Federal não só fixa a EXISTÊNCIA do órgão do Poder Judiciário, como também da COMPETÊNCIA dos mesmos; *Segue organograma simplificado dos órgãos do Poder Judiciário Brasileiro: 4
1) FORO e JUÍZO Foro: indica a base territorial sobre a qual determinado órgão do Poder Judiciário exerce a sua competência. STF, STJ e Tribunais Superiores têm foro sobre todo o território nacional; Tribunal de Justiça tem foro sobre o Estado em que está instalado; TRF tem foro sobre a região que lhe é afeta Perante a Justiça Estadual, em 1ª instância, o termo foro é utilizado como sinônimo de comarca *Juízo: unidade judiciária integrada pelo Juiz e seus auxiliares; na justiça comum estadual, os conceitos de Juízo e de Vara coincidem 5