INFLUÊNCIA DO MARKETING NUTRICIONAL E DA MÍDIA NO COMPORTAMNETO ALIMENTAR INFANTIL: UMA REVISÃO DA LITERATURA



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Transcrição:

INFLUÊNCIA DO MARKETING NUTRICIONAL E DA MÍDIA NO COMPORTAMNETO ALIMENTAR INFANTIL: UMA REVISÃO DA LITERATURA Kamilla da Silva Ferreira¹ Larissa Loures Mendes² 1 Discente do Curso de Nutrição, Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Juiz de Fora, MG, Brasil. 2 Professora Adjunta do Departamento de Nutrição/ICB da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Juiz de Fora, MG, Brasil. Dados para correspondência: Kamilla da Silva Ferreira Endereço Institucional: Universidade Federal de Juiz de Fora. Instituto de Ciências Biológicas. Departamento de Nutrição. Rua José Lourenço Kelmer, s/n Campus Universitário - São Pedro. CEP: 36036-900. Juiz de Fora MG. Tel: (32) 2102-3234. Endereço eletrônico: kakasferreira@hotmail.com Conflito de interesse: Os autores declaram não haver conflito de interesse.

1 Influência do marketing nutricional e da mídia no comportamento alimentar infantil: Uma revisão da literatura Influence of nutritional marketing and media on children's eating behavior : A literature review RESUMO: Objetivo: Atualmente a influência da mídia e do marketing nutricional no consumo alimentar tem aumentado, e quando se trata do público infantil essa influência é ainda maior. Dessa forma, verifica-se a importância da Educação alimentar e nutricional (EAN), como uma ferramenta para minimizar a influência negativa do marketing sobre as crianças, promovendo hábitos alimentares saudáveis. Diante do exposto, o presente estudo tem como objetivo verificar a influência do marketing nutricional e da mídia no comportamento alimentar infantil.métodos: Trata-se de uma revisão sistemática da literatura, que resultou de pesquisas nas bases de dados PubMed, Lilacs, Bireme e Scielo. Revisão: foram encontrados um total de 6956 artigos, dos quais 24 foram selecionados inicialmente e posteriormente12 foram utilizados por se adequarem melhor à proposta do estudo. Os resultados deste estudo revelam que a maioria dos produtos alimentícios destinados ao público infantil anunciados pela mídia são altamente calóricos e possuem alto teor de gorduras, açúcares e sódio e que a maioria das empresas faz uso de práticas inadequadas, como a associação da alimentação a brinquedos, ou utilização de linguagem lúdica em suas peças publicitárias para influenciar as crianças a consumirem seu produto. Comentários: Pode-se observar que a influência da mídia e do marketing nutricional no comportamento alimentar infantil é considerável e que esta, é muita das vezes negativa devido à veiculação equivocada do conteúdo nutricional dos alimentos anunciados e que a EAN é uma importante ferramenta no combate a essa influencia e na promoção de hábitos saudáveis. PALAVRAS-CHAVE: Marketing, Nutricional, Comportamento, Alimentar, Mídia, Infantil.

2 ABSTRACT: Objective: Currently the influence of media and marketing nutrition in food consumption has increased, and when it comes to the child audience that influence is even greater. Thus, there is the importance of food and nutrition education (EAN) as a tool to minimize the negative influence of marketing on children, promoting healthy eating habits. Given the above, this study aims to determine the influence of nutritional marketing and media in infantil.métodos eating behavior: This is a systematic review of the literature, which resulted from research in PubMed, Lilacs, and Bireme scielo. Review: found a total of 6956 articles, of which 24 were selected initially and posteriormente12 were used by fit better to the study proposal. The results of this study show that the majority of food products intended to children announced by the media are highly caloric and have high content of fats, sugars and sodium and that most companies make use of inappropriate practices, such as the power of association with toys or use of playful language in their advertising campaigns to influence children to consume your product. Comments: It can be seen that the influence of the media and nutritional marketing on children's eating behavior is considerable and that this is much of the time negative due to wrong placement of the nutritional content of foods advertised and that the EAN is an important tool in the fight this influence and promoting healthy habits. KEYWORDS: Marketing, Nutrition, Behavior, Food, Media, Children.

3 INTRODUÇÃO Nos dias atuais a influência da mídia e do marketing nutricional no consumo alimentar das pessoas e cada vez mais frequente, e quando se trata do público infantil essa influência é ainda maior devido à quantidade de produtos que incorporam algum apelo infantil¹. As crianças são vistas pela mídia como potenciais consumidores e, além disso, exercem importante influência no consumo da família, neste sentido a maioria dos programas, propagandas e anúncios voltados para esse público visam mais o interesse comercial do que os aspectos sociais, éticos e da saúde². Os comerciais veiculados pela televisão, por exemplo, possuem altos investimentos publicitários, que tem como objetivo causar impacto nos horários de grande audiência para sua população alvo, e para isso fazem o uso de imagens, sons, movimentos e cores para chamar a atenção dos consumidores e desencadear uma escolha³. Nesse sentido, percebe-se que o público infantil é mais vulnerável aos apelos promocionais, pois não conseguem identificar essas estratégias do marketing e da mídia e, com isso tal público tem sido influenciando também no que diz respeito às práticas alimentares. Este fato pode ser evidenciado pelo crescimento no número de anúncios de alimentos ultraprocessados, altamente calóricos, ricos em gordura, açúcar e sódio que influenciam negativamente a alimentação e o estado nutricional das crianças, contribuindo na epidemia do sobrepeso e obesidade observada nas últimas décadas 4. Dessa forma, verifica-se a importância da Educação alimentar e nutricional, que pode ser usada como uma ferramenta para minimizar a influencia negativa do marketing sobre as crianças, promovendo hábitos alimentares adequados e saudáveis desde a infância. Diante do exposto, o presente estudo tem como objetivo verificar a influência do marketing nutricional e da mídia no comportamento alimentar infantil por meio de uma revisão da literatura.

4 MÉTODOS Trata-se de uma revisão sistemática da literatura sobre a influência do marketing nutricional e da mídia no comportamento alimentar infantil. A composição do presente trabalho resultou de pesquisas nas bases de dados PubMed, Lilacs, Bireme (Biblioteca Virtual da Saúde) e Scielo. A busca foi restrita aos artigos publicados em um período de 10 anos nas bases de dados, sendo assim entre os anos de 2004 e 2014, a partir dos seguintes descritores cadastrados nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): Marketing, Nutricional, Mídia, Comportamento Alimentar e Infantil. Para a inclusão dos artigos foi analisado primeiramente os seus títulos e secundariamente seus resumos, e foram selecionados aqueles que tratavam do assunto em estudo. Foram desconsiderados os artigos que não tratavam do tema em estudo, artigos de revisão de literatura, capítulos de livro e artigos com acesso negado. REVISÃO Resultados: A seleção dos artigos que compuseram o presente estudo foi realizada entre os meses de setembro e outubro de 2014, encontrando-se um total de 6956 artigos, dos quais 24 foram selecionados inicialmente de acordo com os critérios de inclusão (QUADRO 1). O levantamento e seleção dos artigos foi realizado nas bases de dados PubMed, Lilacs, Bireme (Biblioteca Virtual da Saúde) e Scielo associando os descritores Marketing, Nutricional, Mídia, Comportamento Alimentar e Infantil, conforme já mencionado. A partir de um filtro inicial foram selecionados os artigos presentes no (QUADRO 2). Após o filtro inicial, foi realizado um segundo filtro a partir de uma leitura mais criteriosa, onde realmente foram selecionados e utilizados 12 artigos por se adequarem melhor à proposta do estudo. O (QUADRO 3) descreve o título, autor, o ano e um resumo do objetivo, método, resultados/discussão e conclusão de cada artigo. Discussão: Os resultados deste estudo revelam que a maioria dos produtos alimentícios destinados ao público infantil anunciados pela mídia são altamente calóricos e possuem alto teor de

5 gorduras, açúcares e sódio. Além disso, verificou-se que a maioria das empresas faz o uso de práticas inadequadas, como a associação da alimentação a brinquedos, ou utilização de linguagem lúdica própria do universo infantil em suas peças publicitárias para influenciar as crianças a consumirem seu produto, o que é um dado preocupante uma vez que as crianças são um público extremamente vulnerável e podem ser persuadidos com facilidade. De acordo com IGLESIAS et al., 2013 25 e HARRISON et al., 2005 10, as estratégias de persuasão da mídia voltadas para o consumo tem se tornado cada vez mais complexas e alcançado maior número de consumidores devido ao advento da internet, televisão e outras fontes de informação e é possível observar que no caso do público infantil a mídia lança mão de estratégias que são voltadas não somente para as crianças como também para seus pais ou responsáveis o que torna ainda mais importante o papel desses, já que dever deles manter a integridade da despensa da família, não só através de compras seletivas, mas também através de esforços para instruir seus filhos sobre uma alimentação mais saudável. Pode-se observar também através do estudo feito por COSTA et al., 2013 14,que a publicidade de alimentos se destaca na programação televisiva no Brasil, e que a maioria dos alimentos é pertencentes aos grupos dos óleos, gorduras e sementes oleaginosas, açúcares e doces, além de mostrar que o conteúdo das propagandas é diferenciado de acordo com o período do dia, sendo observada maior publicidade de alimentos no período da tarde, quando é mais provável das crianças estarem em casa após terem ido à escola. Já o estudo de GERALDO e SILVA, 2012 16,atentou para o uso das embalagens como estratégia de marketing, pois elas também desempenham um importante papel na escolha dos produtos alimentares dirigidos ao público infantil, já que nelas por veicularem personagens, logotipos, cores e outros fatores que são capazes de despertar a atenção das crianças. Além disso, outra estratégia de marketing que acaba influenciando a compra são as informações adicionais das embalagens que dizem é assado e 0 % de gordura trans, quando na realidade o produto acaba fornecendo grandes quantidades de gordura, sódio e açúcares por exemplo. Alguns estudos como os de UEDA et al, 2012 5, NETO e MELO, 2013 12, e MIOTTO et al., 2006¹, não encontraram evidências de uma ligação entre a exposição ao marketing e maus hábitos alimentares, os atributos como sabor e qualidade do produto teriam maior influencia na decisão de compra, o que evidencia a importância de serem realizados mais estudos sobre esse assunto, já que, a maioria dos estudos mostra que o público infantil

6 apresentou um consumo aumentado de alimentos industrializados e uma maior facilidade no acesso aos meios de comunicação nos quais esses alimentos são constantemente anunciados. Neste sentido a possível influencia da mídia e do marketing no consumo alimentar infantil é um tema relevante, uma vez que o aumento do consumo de alimentos ultraprocessados pode levar a obesidade e trazer um prejuízo enorme à saúde das crianças, aumentando o risco de desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) como doenças cardiovasculares, câncer, doenças respiratórias crônicas e diabetes 6. Ressalta-se ainda que o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA), em abril de 2014, aprovou uma resolução que, na prática, proíbe a veiculação de propagandas voltadas para crianças. Para o Conanda, a publicidade infantil fere o que está previsto na Constituição Federal, no Estatuto da Criança e do Adolescente e no Código de Defesa do Consumidor, agora resta que os governos adotem essas recomendações e implementem políticas para regrar a publicidade direcionada às crianças 29. Outra importante medida que poderia ser tomada pelos governos seria a promoção de práticas alimentares saudáveis na mídia, principalmente visando o público infantil, como no estudo feito por NICKLAS et al., 2012 8, onde foram elaborados comerciais de promoção de vegetais e frutas que pode ser uma estratégia eficaz para influenciar as preferências das crianças a ter uma alimentação mais saudável. Por fim, cabe ressaltar que no que diz respeito aos abusos da mídia voltada para o público infantil a população precisa cobrar de seus governantes medidas de regulamentação para que a lei seja cumprida, além disso, destaca-se a importância da promoção de práticas de Educação Alimentar e Nutricional direcionadas ao público infantil como uma forma de contribuir para a formação de bons hábitos alimentares saudáveis desde a infância, de modo a minimizar a influência da mídia e do marketing nas escolhas alimentares. COMENTÁRIOS Pode-se observar que a influência da mídia e do marketing nutricional no comportamento alimentar infantil é considerável e que esta é muita das vezes negativa devido à veiculação equivocada do conteúdo nutricional dos alimentos anunciados. Diante disso, a Educação Alimentar e Nutricional torna-se uma importante ferramenta no combate a essa influência negativa sobre as crianças, pois através de intervenções visando

7 a promoção de hábitos alimentares mais saudáveis é possível que no futuro se diminua o consumo de alimentos industrializados e se previna doenças relacionadas a má alimentação.

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11 Quadro 1- Resultado do levantamento dos artigos Artigos/ Bases de Dados Encontrados Selecionados Total PubMed LILACS Bireme SciELO 1988 1846 2655 467 6056 6 8 7 3 24 Quadro2- Artigos selecionados na primeira triagem Título do artigo Primeiro Autor Periódico Ano Food Marketing towards Children: Brand Logo Recognition, Food-Related PLOS ONE Peter Ueda Behavior and BMI among 2012 3 13-Year-Olds in a South Indian Town Effect of Restrictions on Television Food Advertising to Children on Exposure to Jean Adams PLOS ONE 2012 Advertisements for Less Healthy Foods: Repeat Cross-Sectional Study Trends in the Nutritional Content of TV Food Advertisements Seen by Children in the US: Lisa M. Powell Arch Pediatr Adolesc Med 2011 Analyses by Age, Food Categories and Companies Impact of Commercials on Food Preferences of Low- Theresa A. Nicklas Income J Nutr Educ Behav 2012 Minority Preschoolers TV Use and Snacking Behaviors Among Children Sarah A. Parvanta and Adolescents J Adolesc Health 2011 in China Nutritional Content of Foods Advertised During the Television Programs Children Watch Most Introdução de alimentos industrializados e de alimentos de uso tradicional na dieta de crianças de creches públicas no município de São Paulo Fatores de influencia no comportamento de compra de alimentos por crianças Determinantes psicobiológicos do comportamento alimentar: Kristen Harrison Maysa Helena de Aguiar TOLONI Alipio Ramos Veiga Neto Teresa Cristina Bolzan Quaioti American Journal of Public Health 2005 Revista de Nutrição 2011 Saúde Soc. 2013 Psicologia USP 2006

12 Uma ênfase em fatores ambientais que contribuem para a obesidade Análise dos alimentos anunciados durante a programação infantil em emissoras de canal aberto no Brasil Influencia da televisão nos hábitos alimentares de crianças do nordeste brasileiro Alimentos processados na alimentação infantil: Análise da memória visual de escolares da cidade de Taubaté, São Paulo. A influência da mídia nos hábitos alimentares de crianças de baixa renda do Projeto Nutrir. Hábitos alimentares e comportamento de consumo infantil: influência da renda famili1ar e do hábito de assistir à televisão Marketing foods to children through product packaging: prolific, unhealthy and misleading Nutrition Content of Food and Beverage Products onweb Sites PopularWith Children Protecting Children From Harmful Food Marketing: Options for Local Government to Make a Difference Consistency of Nutrition Recommendations for foods marketed to children in the United States, 2009-2010 Estudio del comportamiento alimentario en escolares de 11 a 13 años de Barcelona Suzane Mota Marques Costa Sophia Motta Gallo Ana Paula Gines Geraldo Rev. Brasileira de Epidemiologia Journal of Human Growth and Development Journal of Human Growth and Development 2013 2013 2012 Ana Cristina Miotto Rev. Paulista de Pediatria 2006 Vanessa Mello Rodrigues Revista de Nutrição 2012 Kaye Mehta1,2 Public Health Nutrition 2012 Elena O. Lingas Jennifer L. Harris govern Lorraine J. Weatherspoon American Journal of Public Health 2009 Prevening Chronic Disease 2011 Prevening Chronic Disease M. Castells Cuixart Nutricion Hospitalaria 2013 2006 Uso del marketing nutricional en productos anunciados por televisión Cuevas-Casado Nutricion Hospitalaria 2012 en España PUBLICIDADE INFANTIL: UMA ANÁLISE DE TÁTICAS Fabio Iglesias Psicologia & Sociedade 2013 PERSUASIVAS NA TV ABERTA Factores que inciden en la Lema S. diaeta 2010

13 compra de alimentos en distintos ámbitos de comercialización y su relación con la implementación de Educación Alimentaria Nutricional (ean ) O comportamento alimentar em crianças: Estudo de validação de um questionário numa amostra portuguesa (CEBQ) Comportamento consumidor, hábitos alimentares e consumo de televisão por escolares de Florianópolis. VICTOR VIANA Análise Psicológica 2008 Giovanna Medeiros Rataichesck FIATES Revista de Nutrição 2008

14 QUADRO 3- Artigos Utilizados no Estudo Título do artigo Primeiro Autor Ano Objetivo Método Resultados/ Discussão Conclusões Food Marketing towards Children: Brand Logo Recognition, Food-Related Behavior and BMI among 3 13-Year-Olds in a South Indian Town (Marketing de Alimentos para crianças: Reconhecimento do logotipo, comportamento alimentar relacionado com IMC de crianças com 3-13 anos em uma cidade do sul da Índia) Peter Ueda 2012 Avaliar a exposição e comercialização de alimentos pouco saudáveis e sua relação com o comportamento alimentar e o IMC de crianças de 3 a 13 anos de idade, a partir de diferentes classes contextos socioeconômicos em uma cidade do sul da Índia. Foram recrutados pares de crianças e pais (n=306) em clínicas pediátricas. A partir dai foi avaliado a exposição ao marketing por um teste de reconhecimento do logotipo digital de alimentos considerados não saudáveis. Foi avaliado o conhecimento nutricional, preferências alimentares, pedidos de compra, comportamento alimentar e característica socioeconômica das crianças por um jogo digital e questionários para os pais e foram registradas medidas antropométricas. As taxas de reconhecimento para os logotipos das marcas variaram de 30% a 80%, já a capacidade de reconhecimento do Logo aumentou com a idade e nível socioeconômico. Ajustado por sexo, idade e grupo socioeconômico, o reconhecimento do logotipo foi associado com maior IMC, mas não teve relação com as escolhas alimentares ou pedidos de compras. Concluiu-se que crianças a partir dos grupos socioeconômicos mais elevados da região tiveram maior capacidade de reconhecimento do logotipo da marca e estão possivelmente mais expostos a comercialização de alimentos. No entanto o estudo não fornece evidências de uma ligação entre a exposição ao marketing e maus hábitos alimentares, conhecimento nutricional distorcido ou aumento do comportamento de solicitação de compra.a correlação entre o reconhecimento do logotipo e IMC garante uma investigação mais aprofundada sobre a comercialização de alimentos para as crianças e seu papel potencial no aumento da carga de doenças não transmissíveis nesta parte da Índia. M, Effect of Restrictions on Television Food Advertising to Children on Exposure to Advertisements for Less Healthy Foods: Repeat Cross- Sectional Study Jean Adams 2012 O objetivo das restrições era "reduzir significativamente a exposição das crianças menores de 16 anos de alto teor de gordura, sal ou açúcar (ESIC) publicidade". Nós exploramos o Foram realizados dois estudos transversais de todas as mensagens publicitárias distribuídas em uma região do Reino Unido durante períodos de uma semana - a primeira (1ª semana) foram introduzidos seis meses antes das restrições, e a segunda (semana 2) seis 1.672.417 publicidade PMV foram incluídos. 14,6% da publicidade PMV foram para alimentos e 51,1% deles eram para ESIC alimentos. Exposição relativa de todos os espectadores a ESIC publicidade de alimentos aumentou entre as semanas de estudo 1 e 2 (razão de chances (intervalo de confiança de 99%) Apesar da boa adesão às restrições, eles não alterar a exposição relativa de crianças a ESIC publicidade e foram associados com um aumento da exposição relativa de todos os espectadores a ESIC publicidade. Restrições mais fortes visando uma ampla gama de anúncios são necessárias para reduzir a exposição das crianças ao marketing de alimentos menos saudáveis.

15 Impact of Commercials on Food Preferences of Low- Income Minority Preschoolers (Impacto da Publicidade em preferências alimentares de pré- escolares de baixa renda) Theresa A. Nicklas impacto das restrições à exposição relativa a ESIC publicidade de alimentos entre todos os telespectadores e entre os telespectadores criança, bem como o cumprimento das restrições. 2012 Determinar se comerciais de frutas e vegetais (FV) têm impacto sobre as preferencias alimentares das crianças. meses após. Dados sobre quais os produtos foram anunciados estavam ligados a dados sobre quantas pessoas assistiram cada anúncio. Conteúdo nutricional dos alimentos anunciados foi adicionado ao conjunto de dados e usadas para calcular o status ESIC. Exposição relativa foi calculada como a proporção de todas as pessoas-hora-views publicidade (PMVs) que foram para alimentos HFSS. Foram desenvolvidos dois comerciais de 30 segundos; "Judy frutado" promovendo maças e bananas e "Reggie Veggie", promovendo o brócolis e a cenoura. Os comerciais foram incluídos em um programa de TV de 15 minutos. Preferências por FV foram avaliadas antes e após quatro exposições a cada um dos anúncios publicitários. O estudo teve a participação de 183 crianças pré-escolares. = 1 54 (1 51-1 57)). Exposição das crianças a ESIC publicidade de alimentos não se alterou entre as semanas de estudo 1 e 2 (razão de chances (intervalo de confiança de 99%) = 1 05 (0 99-1 12)). Houve adesão quase universal às restrições. Houve uma preferência significativamente maior para brócolis e no grupo de intervenção em comparação com o grupo controle após várias exposições ao comercial vegetal. Os dados sugerem que comerciais de promoção de vegetais pode ser uma estratégia eficaz para influenciar as preferências das crianças pequenas para os vegetais. Isto pode não ser o caso com as preferências de fruta que já estão em alta neste grupo.

16 Nutritional Content of Foods Advertised During the Television Programs Children Watch Most (Conteúdo nutricional dos alimentos anunciados durante o intervalo de programas de televisão) Fatores de influencia no comportamento de compra de alimentos por crianças Kristen Harrison Alipio Ramos Veiga Neto 2005 Avaliar o teor nutricional, o tipo de alimento e caracteres como desenho animado veiculado durante as propagandas de televisão que são vistas pelas crianças. 2013 Objetivou-se analisar os fatores que influenciam crianças em seu comportamento de compra de alimentos. As propagandas de alimentos que visam o público em geral e as crianças foram classificadas por tipo de comida e atributos de caracteres, depois foram analisadas "informações nutricionais" das embalagens dos alimentos anunciados. Tendo como sujeitos 175 alunos com idades compreendidas entre 10 e 12 anos, identificaram-se 35 variáveis que foram classificadas entre estímulos antecedentes (cenário ou histórico de aprendizado) e consequentes (reforço utilitário ou informativo) no comportamento de compra. Conveniência / fast food e doces composta de 83% dos alimentos anunciados. Lanches rápidos eram representados com mais frequência do que o almoço e jantar. Tamanho do corpo e características aparentes não estava relacionado com o comportamento alimentar. A dieta de 2000 calorias de alimentos nas propagandas em geral para audiência seria superior ao recomendado para valores diários de gordura total, gordura saturada, açúcar e sódio. Verificou-se que os estímulos reforçadores (consequentes) têm maior grau de importância para a decisão de compra de alimentos desses sujeitos do que os estímulos antecedentes, sendo que as consequências utilitárias são mais influentes do que as informativas. Lanches rápidos, conveniência, fast foods e doces continuam a dominar a publicidade de alimentos vistos por crianças. Alimentos anunciados excedem o teor de gordura, gordura saturada e sódio recomendado, mas não fornecem quantidade adequada de fibras e algumas vitaminas e minerais. Conclui-se que os atributos dos produtos, como sabor e qualidade, têm maior influência na decisão de compra do que os estímulos ambientais, como as promoções e publicidade dos alimentos. Análise dos alimentos anunciados durante a programação infantil em emissoras de canal aberto no Suzane Mota Marques Costa 2013 Analisar os tipos de alimentos veiculados em propagandas da Estudo descritivo com avaliação do conteúdo das propagandas veiculadas entre 08h00 min e 18h00 Foram gravadas 126 horas de programação, totalizando 1.369 propagandas, sendo 13,8% de alimentos. Verificou-se A publicidade de alimentos se concentra em produtos pobres nutricionalmente, denotando a necessidade de estratégias de intervenção específicas.

17 Brasil televisão aberta brasileira durante a programação infantil. min em três emissoras brasileiras de televisão de canal aberto (A, B e C). A coleta de dados foi realizada durante 10 dias de semana e finais de semana. As propagandas de alimentos foram classificadas segundo os grupos alimentares do Guia Alimentar para a População Brasileira e obteve-se a exposição anual às propagandas de alimentos, considerando a média nacional de exposição de crianças a cinco horas diárias à televisão. Os testes χ 2 ou Exato de Fisher foram conduzidos no intuito de identificar as diferenças do conteúdo das propagandas televisivas nos turnos manhã e tarde e entre as emissoras. predominância de anúncio de produtos pertencentes aos grupos dos "açúcares e doces" (48,1%) e "óleos, gorduras e sementes oleaginosas" (29,1%). Observou-se maior publicidade dos alimentos no período da tarde (15,7%; manhã: 12,2%; p = 0,037). Ademais, a emissora de maior audiência foi a que mais veiculou propagandas de alimentos (A: 63,5%; B: 12,2%; C: 24,3%), sobretudo alimentos ricos em açúcares e doces (A: 59,2%; B: 43,5%; C: 21,7%). Por fim, obteve-se média de exposição anual de crianças brasileiras a 2.737,5 propagandas de alimentos, sendo 2.106,3 ricos em açúcares e gorduras. Influencia da televisão nos hábitos alimentares de crianças do nordeste brasileiro Sophia Motta Gallo 2013 O objetivo deste estudo é aprofundar a compreensão sobre a influência da televisão nos hábitos alimentares de crianças a partir da análise da 14 entrevistas semiestruturadas foram aplicadas em cuidadores mãe, pai e avó, de 29 crianças escolares com idade entre 7 e 9 anos, matriculadas na 2ª Série do Ensino Fundamental de uma Escola Pública da periferia urbana de um Estão nas demandas e nos critérios de escolha dos alimentos e dos brinquedos das crianças. Também perceberam que as decisões de compra da família passam a ser reguladas pelas solicitações das crianças motivadas pelas propagandas televisivas. E que as preferências alimentares a Os cuidadores identificam a influência da televisão nos hábitos de consumo alimentar das crianças, mas não conseguem entender a magnitude dessa influência na vida das crianças por eles cuidadas. Entender essa magnitude é um desafio que nos é colocado a partir deste estudo.

18 Alimentos processados na alimentação infantil: Análise da memória visual de escolares da cidade de Taubaté, São Paulo. Ana Paula Gines Geraldo percepção dos cuidadores mãe, pai e avó. 2012 Descrever a memória visual de crianças em relação à embalagem de salgadinho e biscoito doce recheado e relacioná-las ao estado nutricional, série escolar e sexo. município do Nordeste Brasileiro. As entrevistas foram gravadas e transcritos os discursos. Os resultados foram apresentados em quadros temáticos de análises e analisados à luz da teoria sócio-histórica, com base nas contribuições de Vygotsky (1984) e Bakhtin (2001). Foi realizada a técnica de desenho com 152 alunos de 6 a 10 anos, matriculados no ensino fundamental de uma escola da cidade de Taubaté, São Paulo. Foram coletados dados antropométricos, calculado o IMC, a frequência de cada componente do desenho e realizado o teste qui-quadrado para analisar a sua relação com as variáveis em estudo. estrutura e o ritmo das refeições das crianças sofreram modificações devido à influência deste veículo midiático. Para as embalagens de salgadinho, os componentes que apareceram com maior frequência nos desenhos foram marca (54,6%), imagem do produto (45,4%) e personagem (27,0%) e as cores mais utilizadas a vermelha (36,8%), a azul (30,3%) e a amarela (22,4%). Para os biscoitos apareceram com maior frequência marca (62,5%) e personagem (30,9%) e as cores mais utilizadas a azul (36,8%) e marrom (26,3%). As cores identificadas pelas crianças, tanto para salgadinho, como para biscoito condizem com os produtos comercializados. As meninas se lembraram mais da imagem do salgadinho (p = 0,016) e dos personagens na embalagem do biscoito (p = 0,04). Não foram observadas diferenças estatísticas significativas entre a lembrança Observa-se que as estratégias de marketing são instrumentos amplamente utilizados na indústria alimentícia com foco na criança e que seus produtos comerciais, salgadinhos e biscoitos recheados, são amplamente fixados nesta população.

19 A influência da mídia nos hábitos alimentares de crianças de baixa renda do Projeto Nutrir. Ana Cristina Miotto 2006 Avaliar a influência da mídia nos hábitos alimentares de crianças de baixa renda. Foram estudadas crianças de 7 a 10 anos de idade, matriculadas em 2005 na 1ª a 4ª série do ensino fundamental de uma escola filantrópica do Município de Cascavel (PR), participantes de um programa de educação nutricional, o Projeto Nutrir. Aplicou-se um questionário com perguntas sobre preferências alimentares e programas de televisão assistidos. Gravou-se a programação infantil das redes de televisão, em junho e julho de 2005. Os alimentos veiculados foram classificados como saudáveis (cereais, hortaliças, frutas, produtos lácteos, carnes e leguminosas) e não saudáveis (açúcares e gorduras). Com base no índice de massa corpórea, as crianças foram consideradas desnutridas se IMC<percentil 5; sem excesso de peso se p5<imc<p85 e com excesso de peso se IMC p85. dos componentes da embalagem e o estado nutricional e entre a cor escolhida e sexo da criança. Das 114 crianças estudadas, 18 (15,8%) eram desnutridas e 9 (7,9%) apresentavam excesso de peso, sendo quatro com sobrepeso e cinco obesas. Assistiam ao SBT 96 (84,2%) crianças e à rede Globo 83 (72,8%). Não houve relação entre preferências alimentares e o canal assistido, entretanto 73 (64,0%) crianças desejavam algum alimento não saudável e 108 (94,7%) mães, sempre que podiam, procuravam atender aos pedidos dos filhos. Quanto à preferência alimentar, 24 (21,1%) crianças disseram gostar mais de alimentos do grupo dos cereais e 18 (15,8%) de alimentos do grupo das gorduras. Não houve associação entre preferências alimentares e a mídia. Mais estudos são necessários para avaliar a influência da mídia contraposta a programas de educação nutricional como o Projeto Nutrir.