UM RELATO DE EXPERIENCIASOBRE A FORMAÇÃO DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE UTILIZANDO METODOLOGIAS ATIVAS

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Transcrição:

UM RELATO DE EXPERIENCIASOBRE A FORMAÇÃO DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE UTILIZANDO METODOLOGIAS ATIVAS Dérica Almeida 1 ;Maria Leilza Pires 2 ; Joelma Fernandes de Oliveira 3 ; Lucas Correia Lima 4 ; Emanuel Araújo Bezerra 5. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE RORAIMA CAMPUS BOA VISTA. Resumo: Este artigo é um relato de experiência, produto do estágio pedagógico e profissional realizado como componente obrigatório do módulo III do curso de pósgraduação/mestrado da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, pelo departamento de pós-graduação em Educação Agrícola- PPGEA. O estágio foi realizado no período de 06 a 24 de novembro de 2017 e ocorreu no município de Bonfim-Roraima para a formação do curso técnico em agente comunitário de saúde. Durante esse período, o estágio ocorreu utilizando a abordagem das metodologias ativas, uma metodologia problematizadora, tendo como referência o Método do Arco (BERBEL, 1998), de Charlez Maguerez, por possibilitar a participação ativa dos participantes, considerando seus conhecimentos prévios que se constituíram como ponto de partida para o inicio de cada discussão e colocando-os, não como meros receptores, mas como fonte de conhecimentos e experiências que foram utilizados como ponto de engajamento para identificação e solução de problemas dos seus cotidianos. Ser docente na área da saúde requer do professor uma visão holística dos acontecimentos do cotidiano, haja vista que é necessário utilizar exemplos do cotidiano que aproximem os alunos das realidades e possibilita a troca de conhecimentos, assim, utilizar a metodologia problematizadora representou um importante ganho na execução do curso e um forte enriquecimento de experiências para a atuação docente. Desse modo, esse artigo tem como objetivo: Apresentar a vivência do docente de enfermagem na execução do curso técnico em agente comunitário de saúde com a formação educacional direcionada a esse publico para atuação no âmbito urbano e rural. Com isso, o estágio foi desenvolvido para proporcionar aos agentes comunitários de saúde em formação uma maior vivencia na execução de atividades, bem como aproximá-los da realidade dos serviços de saúde. Por fim, a oportunidade dessa formação foi dupla, pois moldei melhor meu olhar sobre as possibilidades de atuação dos ACS bem como do poder de transformação que estes dispõem bem como pude moldar o olhar dele para seu meio de trabalho, trazendo de a oportunidade de percepção que os mesmos são agentes de transformação para uma saúde 1 Docente do Curso Técnico em Enfermagem do Instituto Federal de Roraima Campus Boa Vista 2 Docente do Instituto Federal de Roraima Campus Bonfim 3 Docente do Instituto Federal de Roraima Campus Amajari 4 Docente do Instituto Federal de Roraima Campus Amajarí 5 Orientador/ Docente do Instituto Federal de Roraima Campus Boa Vista

de qualidade e que a definição de ACS como elo entre a comunidade e a UBS é bem menos teórica e mais prática, a se perceber pela importância e reflexo de um trabalho quando feito de forma completa e complexa. Contribuiu-se para uma formação mais completa e embasada dos profissionais ACS, o que possibilitará uma atuação mais fortalecida e integral, levando-se em conta todas as particularidades do processo de cuidar. Palavras-chave: Enfermagem, ensino, metodoligias ativas, agentes comunitários de saúde. Introdução Este artigo foi elaborado para trazer, a partir da escrita, detalhes de todo o processo de execução do estágio pedagógico executado como requisito para conclusão do III módulo do curso de mestrado pelo programa de Pós Graduação em Educação Agrícola. A elaboração deste artigo busca também analisar profunda e criteriosamente todos os pormenores deste percurso que é o Estágio Pedagógico. O Estágio Pedagógico tem como foco a possibilidade de vivenciar novas práticas educacionais em ambientes diversos que certamente fortalecem a formação educativa dentro do cenário de uma pós-graduação onde podemos por em prática todas as competências adquiridas ao longo dessa formação. Este contempla um conjunto de tarefas que proporcionam a organização, estruturação e realização do processo de ensino-aprendizagem. Estas atividades provocam nos proporciona a tomada de consciência de como o ensino é estruturado e de como é realizado, trazendo a possibilidade de troca de idéias, cenários e vivências que enriquecem a formação docente tanto na teoria quanto na prática. O Estágio Pedagógico torna-se determinante no processo de evolução e solidificação da postura docente, onde se ampliam campos e experiências nos tornando verdadeiramente profissionais na nossa área de atuação, de uma forma progressiva e acompanhada. Conforme definições, o Parecer número 21, de 2001, do Conselho Nacional de Educação, define o estágio, Como um tempo de aprendizagem que, através de um período de permanência, alguém se demora em algum lugar ou ofício para aprender a prática do mesmo e depois poder exercer uma profissão ou ofício. Assim o estágio supõe uma relação pedagógica entre alguém que já é um profissional reconhecido em um ambiente institucional de trabalho e um aluno estagiário [...] é o momento de efetivar um

processo de ensino/aprendizagem que, tornar-se-á concreto e autônomo quando da profissionalização deste estagiário. Portanto, o estágio é fundamental, tornando-se [...] um momento de efetivar um processo de ensino-aprendizagem [...] (CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, PARECER Nº. 21 de 2001), basta indagar e refletir os conhecimentos nele providos pelo ambiente educativo. Ao longo deste relatório serão apresentadas reflexões críticas e objetivas sobre todo o trabalho desenvolvido durante o Estágio Pedagógico, realizado no Instituto Federal de Roraima Campus Avançado Bonfim. A análise reflexiva evidenciará todos os aspectos positivos e negativos que marcaram esta etapa final da minha formação. Desta forma o presente relatório mostra a prática do estágio obrigatório desenvolvido no IFRR- CAB, na turma do curso Técnico em Agente Comunitário de Saúde, com 12 alunos na faixa etária de 23 a 60 anos de idade, no município de Bonfim-RR, cuja carga horária/sala de aula, totalizou 80 horas. Metodologia O estágio pedagógico ocorreu no período de 06 a 24 de novembro de 2017. Nesse período, estive sob a supervisão do Diretor de Ensino do Campus Avançado Bonfim. O município de Bonfim (imagem 3) está localizado na região Nordeste do Estado do Roraima, distante 125 km da capital Boa Vista, com uma população de aproximadamente 10.000 habitantes e 6 equipes de Saúde da Família (ESF). Bonfim é um município que faz fronteira com a Guiana e que possui a maior parte de sua população de área rural, predominantemente área indígena. Das 6 ESF do município, 4 são de área rural, o que torna o trabalho mais peculiar, uma vez que a atenção dispensada aos moradores de área rural que em sua maioria são trabalhadores agrícolas deve ser diferente da dispensada a moradores de área urbana.

Imagem 3- Mapa indicatório município do Bonfim Participaram da formação 18 ACS (imagem 4 e 5), trabalhadores de 4 ESF, com distintas, tanto da área rural quanto da urbana. Imagem 4- Componentes do curso Imagem 5- Componentes do curso Foram divididos ao longo do curso, 4 grupos (imagem 6, 7 e 8) vivenciais (três compostos por 4 ACS, outro com 6 ACS). Essa divisão se deu a partir da realização de dinâmica onde os componentes do grupo se agregavam por diferenças de escolhas em 4 quesitos: Local de trabalho, gosto musical, preferência entre frio e calor, preferência entre balada ou casa. Os grupos vivenciais foram constituídos para que a partir das interações

grupais durante discussões de algum tópico especial sugerido pelo facilitador, sejam socializadas no grupo idéias e reflexões críticas a partir de pontos de vistas diferenciados. Imagem 6 Trabalhos em grupos vivenciais Imagem 7- Trabalho com grupos vivenciais Imagem 8- Trabalho com grupos vivenciais.

Na condução dos grupos, foi utilizada a metodologia da problematização, ao longo de toda a proposta. Esta metodologia trabalha com problemas da realidade dos educandos, os quais objetivam a abordagem de conteúdos significativos, propondo um conhecimento voltado para a reflexão e para mudanças do contexto no qual se atua. Utilizou-se a metodologia problematizadora, tendo como referência o Método do Arco (BERBEL, 1998), de Charlez Maguerez, por possibilitar a participação ativa dos participantes, considerando seus conhecimentos prévios que se constituíram como ponto de partida para o inicio de cada discussão e colocando-os, não como meros receptores, mas como fonte de conhecimentos e experiências que foram utilizados como ponto de engajamento para identificação e solução de problemas dos seus cotidianos. Durante o curso, foram utilizadas uma série de métodos para dinamicizar as oficinas, tais como: jogos, técnicas de relaxamento, dramatização, discussões em grupo, mesa-redonda e palestras, a fim de que os participantes tivessem participação ativa, podendo expressar opiniões, relatar experiências relacionadas aos temas e esclarecer dúvidas quanto a posturas a serem tomadas em determinados casos. O quadro a seguir sintetiza a estrutura e a forma como as oficinas foram conduzidas. Dias Temas Atividades Dinâmicas Apresentação dos Gincana do barbante/ objetivos da oficina e Colar de qualidades; 1º e 2º a) Direitos e deveres do ACS b) Atribuições do ACS/ PNAB 2011/2017 c) Comunicação e ética d) Trabalho em equipe técnica de entrosamento do grupo; Apresentação do curso; Objetivos das oficinas; Pacto da convivência ; Dramatização (visita domiciliar); Leitura de textos, discussão em grupos menores, confecção de Reflexão e discussão cartazes e dos temas Avaliação. apresentação. Apresentação da Leitura de artigo de

3º e 4º a)determinantes e condicionantes da saúde; b)promoção da saúde c)prevenção de agravos e redução de danos 5º e 6º Saúde do idoso, criança e gestante 7º e 8º Intoxicações, riscos e danos à saúde 9º e 10º Construção de mapa falado; temática do dia; Questões norteadoras sobre saúde; Discussão sobre o papel do ACS na atenção à saúde Fundamentação teórica sobre atenção à saúde e prevenção de doenças; Avaliação Técnica de relaxamento Apresentação da temática do dia Reflexão e discussão sobre saúde do idoso, criança e gestante; Avaliação Apresentação da temática do dia; Reflexão e discussão sobre o tema; Avaliação Identificação de competências necessárias para o trabalho comunitário; Potencialidades e dificuldades do jornal; Jogo da batata quente; Discussão em grupo e apresentação em plenária; Entrega de bombom c/ frase do dia; Leitura de texto; Discussão em grupo; Uso de cartões para avaliação. Exposição oral; Discussão em grupo e apresentação em plenária Discussão coletiva; Discussão em grupo menores e apresentação em plenária; Jogo da caixa surpresa

trabalho comunitário; Avaliação encerramento oficinas e das Após vários encontros repletos de ponderações férteis, foi importante concluir o estágio com uma avaliação acerca da metodologia utilizada e do ganho real em termos de aprendizado para os agora técnicos em agente comunitário de saúde. Resultados e discussão O período de estágio foi marcado pelo desafio da formação técnica de adultos que já exercem a função de agente comunitário de saúde, porém não dispunham de curso para especializar a atuação dos mesmos. Assim, atuei de forma desafiadora na construção do perfil desses profissionais, onde alguns já estão na função há mais de 14 anos. Sabendo desses pontos, busquei a construção coletiva baseada na aprendizagem baseada em problemas, metodologia bastante eficaz na formação de adultos no campo da saúde. Evidencia-se na maioria das regiões do país que os ACS iniciaram seus trabalhos, sem nenhuma formação específica, receberam informações básicas sobre o que coletar em suas visitas e aprendem no cotidiano dos seus trabalhos o aprender fazendo, dependendo do bom senso e julgamento de cada um. O estágio pedagógico foi então uma construção conjunta com os alunos e uma oportunidade de aperfeiçoar o trabalho com essa metodologia, uma vez que sou especialista em processos educacionais em saúde pelo Instituto de Ensino e Pesquisa Sírio Libanês. No período de ocorrência dessa experiência, trabalhei com os alunos conceitos e aplicações práticas que foram sendo visualizadas durante nossas visitas problematizadoras ao campo de trabalho dos mesmos. Optou-se por ensinar dessa forma para que houvesse maior envolvimento da turma na construção e se pudesse identificar ao final do curso uma mudança significativa no novo modo de fazer saúde através da co-responsabilização.

Desde 2004, o Ministério da Saúde, considera que a formação em saúde deve realizar a agregação entre aprendizado, reflexão crítica sobre o trabalho e a resolutividade da clínica e da promoção da saúde coletiva. Pensando nesses aspectos, passou a fortalecer a execução da política nacional de educação permanente do Sistema Único de Saúde. Esta tem como eixos norteadores a relação entre educação e trabalho, a mudança nas políticas de formação e nas práticas de saúde, a produção e disseminação do conhecimento (BRASIL, 2003). A política objetiva uma educação contínua dos trabalhadores do SUS, tendo como ponto de partida o seu trabalho, o cotidiano de suas atividades, onde o aprender e o ensinar se incorporam ao cotidiano das organizações e ao trabalho, para através dos problemas encontrados em cada realidade, serem problematizados os conteúdos, com base na reflexão, na criticidade e no agir em prol da mudança, retomando os conceitos da Pedagogia de Freire (BRASIL, 2003). Baseando-se nesses preceitos, o estágio pedagógico de formação técnica de agentes comunitários do município de Bonfim procurou abordar como tema norteador desse período os conceitos problematizadores em saúde, com a perspectiva de produzir mudanças no contexto de ambiente de trabalho e na responsabilização deste trabalhador de saúde. Conclusão Ao final das atividades, os participantes foram levados a avaliar o curso e a metodologia empregada na abordagem dos conteúdos relacionados aos temas discutidos. Estes relataram: O que aprendemos aqui vai acompanhar a gente pro resto da vida no nosso trabalho como ACS, até mesmo fora com qualquer pessoa e adorei tudo, só a falta de espaço, o ruim é que vai fazer falta. (ACS1) Adorei a oportunidade porque a gente pode colocar em prática durante o serviço e contato com as famílias, você vai logo observar a diferença entre quem fez o curso e quem não fez. (ACS8) Você deu muita coisa pra gente, mas a gente deu também pra você. (ACS15) Com isso, foi possível observar o quão potencial é a aplicação de metodologias ativas para o desenvolvimento do aprendizado de conteúdos, gerando motivação nos participantes, interesse diante das novas descobertas apreendidas a cada dia, possibilidade de aplicação do

aprendizado ao contexto de trabalho, além da motivação em serem considerados como principais sujeitos do processo ensino-aprendizagem, assumindo o educador um papel de facilitador do processo. A problematização busca, portanto romper com esta dicotomia, agregando os saberes do senso comum, trazidos pelo ACS como pertencentes à comunidade, com os saberes técnicocientíficos, propondo a interação posterior nesta direção para os agentes comunitários de saúde e a população assistida. Por fim, como dito por uma das participantes, a oportunidade dessa formação foi dupla, pois moldei melhor meu olhar sobre as possibilidades de atuação dos ACS bem como do poder de transformação que estes dispõem bem como pude moldar o olhar dele para seu meio de trabalho, trazendo de a oportunidade de percepção que os mesmos são agentes de transformação para uma saúde de qualidade e que a definição de ACS como elo entre a comunidade e a UBS é bem menos teórica e mais prática, a se perceber pela importância e reflexo de um trabalho quando feito de forma completa e complexa. Trabalhar em saúde é ser agente co-responsável de transformação de estilos e hábitos de vida, onde as mudanças não ocorrem no presente, mas sim num futuro. E enquanto agentes de saúde, a formação técnica deve ser embasada nesse pensamento para que as futuras gerações identifiquem o reflexo desse trabalho. Referências BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CP 21/2001; LUCKESSI, C.C. Planejamento e Avaliação na Escola: articulação e necessária determinação ideológica. [on line]. Disponível: luckessi.pdf/html. [capturado em 08 de dezembro de 2017]; BRASIL. Política de Educação e Desenvolvimento para o SUS -Caminhos para a Educação Permanente em Saúde-Pólos de Educação Permanente em Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2003. Ministério da Saúde (BR). Cadernos de Atenção Básica. Programa Saúde da Família. Brasília, DF. 2002.