FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DE MINAS GERAIS FUNDAÇÃO EDUCACIONAL LUCAS MACHADO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM OSTEOPATIA LEONARDO CAMPOS OLIVEIRA

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Transcrição:

FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DE MINAS GERAIS FUNDAÇÃO EDUCACIONAL LUCAS MACHADO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM OSTEOPATIA LEONARDO CAMPOS OLIVEIRA TRATAMENTO OSTEOPÁTICO DAS CEFALÉIAS TENSIONAIS BELO HORIZONTE 2018

TRATAMENTO OSTEOPÁTICO DAS CEFALÉIAS TENSIONAIS Leonardo Campos Oliveira 1 ; Krishna de Almeida e Silva 2 1- Autor; Fisioterapeuta; Especialista em Fisioterapia Ortopédica e Desportiva FCMMG. Pós-Graduando em Osteopatia Estrutural e Funcional da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais FCMMG 2- Orientador; Psicólogo; Mestre em Teoria da literatura - UFMG. E-mail de contato do autor: leonardocamposoliveira@hotmail.com

FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DE MINAS GERAIS CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO FOLHA DE APROVAÇÃO AUTOR: LEONARDO CAMPOS OLIVEIRA ESPECIALIZAÇÃO EM: OSTEOPATIA ESTRUTURAL E FUNCIONAL Trabalho de Conclusão de Curso, sob a forma de monografia, apresentando como requisito para obtenção de certificado de conclusão da Especialização em Osteopatia Estrutural e Funcional. Professor Orientador Coordenador do Curso Coordenador do Centro de Pesquisa e Pós-Graduação

3 RESUMO A cefaléia tensional é o tipo de cefaléia mais presente na clínica, manifestandose principalmente por espasmo da musculatura pericraniana e dor miofascial. Este artigo tem por base revisão de literatura e discute o diagnóstico e tratamento dessa cefaléia, evidenciando a importância do tratamento osteopático para promover a melhora da qualidade de vida destes pacientes. Os estudos encontrados mostram que a osteopatia pode ser considerada uma opção menos traumática, de custo mais acessível, e com efeitos mais duradouros no tratamento das cefaléias. Palavras-chave: Osteopatia; cefaléias tensionais; tratamentos de cefaléias. ABSTRACT Tension headache is the type of headache most present in the clinic, manifested mainly by spasm of the pericranial musculature and myofascial pain. This article is based on literature review and discusses the diagnosis and treatment of this headache, evidencing the importance of osteopathic treatment to promote the improvement of the quality of life of these patients. The studies show that osteopathy can be considered a less traumatic option, with accessible cost, and with more lasting effects in the treatment of headaches. Keywords: Osteopathy; tension headache; headache treatments.

4 1 INTRODUÇÃO Em um âmbito geral a cefaléia é uma desordem comum na infância e adolescência (RAIELI et al., 1995; AYATOLLAHI et al., 2002). Esta patologia existe na maioria das pessoas em uma determinada época, porém tem sua incidência maior na meia-idade (PEREIRA et al., 2004). A prevalência reportada para cefaléia juvenil é de 19,5% a 93,3%, sendo a prevalência da cefaléia tensional de 0,9% a 72,3% e enxaqueca de 2,97% a 28%(RHEE H.,2000 ; SPLIT W. e NEUMAN W., 1999). As cefaléias são classificadas em duas categorias: primária e secundária. As cefaléias primárias (incluindo enxaqueca, cefaléia tensional e um aglomerado de outros tipos) não possuem um processo fisiopatológico delineado, enquanto que as cefaléias secundárias são sintomas de um processo patológico concomitante (MILLEA et al., 2002). A cefaléia tensional (CT) é uma das doenças mais onerosas da sociedade moderna, devido à sua alta prevalência, sendo a maior dentre todos os tipos de cefaléia(rasmussen et al., 1991 ; Schwartz et al., 1998). Na Classificação Internacional da Cefaléia de 1988 essa patologia foi precisamente classificada e definida por meio de critérios operacionais. A subdivisão em forma episódica ou crônica e em tipos com ou sem fator muscular foi desenvolvida, sobretudo com base na experiência de um grupo de especialistas e não com base em evidência científica. A cefaléia tensional episódica é essencialmente definida como uma cefaléia bilateral de caráter opressivo, não relacionada a nenhuma outra causa médica, que ocorre por ao menos 10 minutos e não mais de 15 dias a cada mês; já cefaléias mais freqüentes, de tipo similar, são denominadas cefaléia tensional crônica. O objetivo deste trabalho é realizar uma revisão de literatura sobre o tratamento osteopático das cefaléias tensionais.

5 2 METODOLOGIA Este estudo constitui-se de uma revisão da literatura especializada, realizada entre maio e dezembro de 2016, no qual realizou-se consultas nas bases de dados bibliográficas: PubMed, Bireme, Medline e Lilacs. A busca nos bancos de dados foi realizada utilizando às terminologias cadastradas nos Descritores em Ciências da Saúde criados pela Biblioteca Virtual em Saúde desenvolvido a partir do Medical Subject Headings da U.S. National Library of Medicine, que permite o uso da terminologia comum em português, inglês e espanhol. Ao finalizar as pesquisas em cada base, as referências duplicadas foram excluídas. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO A cefaléia tensional (CT) é de origem primária, causando nos indivíduos uma dor constante. De acordo com a Academia Brasileira de Neurologia, mais de 30 milhões de brasileiros sofrem deste mal (dores cefálicas). A cefaléia é uma manifestação frequente na prática clínica, com ocorrência de 90% durante a vida da população em geral. O estresse diário ao qual somos submetidos, ou distúrbios de ordens emocionais causadores de tensões musculares, são um dos principais agentes causadores deste mal. Geralmente, grande parte da demanda populacional que sofre desta constante algia, não procuram um tratamento e nem orientação do profissional adequado, preferindo assim, optar pela automedicação, onde acabam inibindo a atuação do sistema nervoso central que favorecerá uma cura provisória. Devido a esta grande incidência (automedicação excessiva), foram realizados estudos para possíveis tratamentos alternativos, dando foco no agente causador desta dor, e não apenas no sintoma. (GALVÃO, 2001). Segundo Bacheschi (1991), relata que embora a dor possa aparecer em qualquer idade da vida, incide mais a partir da terceira década quando costumam serem maiores os problemas emocionais, familiares e profissionais. Em alguns casos desencadeia por esforços físicos, ou por situações que

exigem contração muscular prolongada como esforços visuais, dirigir veículos ou enfrentar outras situações de estresse. Jucá (1999) relata que os pacientes que sofrem com cefaleias de tensão habitualmente queixam-se de uma sensação de peso, pressão e aperto. Essa sensação estende- se como uma faixa ao redor da cabeça. Alguns sentem pontadas súbitas de dor em apenas um lado ou em toda cabeça, relacionadas a um sentimento geral de desconforto. Os pacientes podem apresentar problemas intestinais, irritabilidade, fadiga, sono não restaurador, região epigástrica tensa e dolorida, mudanças de humor, entre outras manifestações. Em alguns casos, a dor persistente é assimétrica, o que pode indicar algum mecanismo desencadeante unilateral subjacente (JUCÁ, 1999). Para Melo et al. (2005), os pacientes com Cefaleia Crônica são frequentemente acometidos por distúrbios emocionais, como depressão, ansiedade ou nervosismo, e por distúrbios do sono, como insônia e sono interrompido, não sendo incomum o uso abusivo de medicamentos sintomáticos, muitas vezes prescritos até por médicos desinformados. Como ainda não se conhecem todos os mecanismos subjacentes envolvidos na cefaleia. Devido à falta de diagnóstico adequado e direcionado, com o passar do tempo veio se tornando comum a automedicação, pois estes métodos invasivos inibem o sistema nervoso central, favorecendo assim, uma cura provisória. O que, com o passar do tempo, podem gerar distúrbios, levando assim o agravamento desta patologia. De acordo com esta problemática, foi levado em análise, outros tipos de tratamentos alternativos e não invasivos. A fisioterapia vem se tornando cada vez mais importante no tratamento das cefaléias. Pegas (2003) afirma que exercícios de relaxamento muscular ajudam no alívio da dor da cefaléia, assim como, massagem no couro cabeludo. Também cita alongamentos de trapézio superior e musculatura póstero-laterais do pescoço variando com uma técnica de deslizamento. De acordo com Lenderman (2001), a terapia manual existe há séculos. A palavra terapia deriva do grego therapeuein, cujo significado é cuidar ; therapon quer dizer atendente, uma pessoa viva. Terapêutico significa o potencial de cura de uma pessoa em relação a outra (LENDERMAN, 2001). 6

Conforme o mesmo autor, o objetivo da terapia manual é influenciar a capacidade de reparo ou cura do organismo. As mudanças ocorrem em diferentes níveis do indivíduo e estão relacionadas com o processo de reparo local, com melhora da função neuromuscular e com o comportamento geral do paciente. A terapia manual, portanto, consiste na aplicação de técnicas com as mãos, sobre o corpo do paciente, com o objetivo de promover o retorno à função normal de seus pacientes (ESCOLA DE TERAPIA MANUAL E POSTURAL, 2004). Dentro da terapia manual existem diversas técnicas, onde podemos citar: manipulação articular, mobilização articular, mobilização do sistema nervoso, massagem, mobilização fascial, pompage, dentre outras. A Osteopatia e as manobras manipulativas da coluna vertebral que tem se mostrado muito eficazes no alívio da cefaléia cervicogênica (ASTIN e ERNS, 2002; BRONFORT, 2001). Em pesquisa realizada no ano de 2006 (ANDERSON e SENISCAL), observou-se que pacientes que realizavam exercícios de relaxamento agregados a três atendimentos osteopáticos obtiveram significante melhora em relação àqueles que realizavam apenas exercícios de relaxamento. Técnicas terapêuticas teciduais leves obtiveram um resultado promissor em um recente estudo (PENÃS, 2005), uma vez que os pacientes acometidos pela CT demonstram um espasmo da musculatura pericraniana à palpação (PENÃS 2006; JENSEN 1996) e dor miofascial importante (SIMONS, 1999). Portanto, técnicas miofasciais leves, tais como a massoterapia e o alongamento miofascial, mostram-se mais efetivas que a terapia manipulativa da coluna vertebral no tratamento deste tipo de cefaleia (PENÃS, 2005). A terapia não medicamentosa mais generalizada e de maior aceitabilidade científica é a fisioterapia (JENSEN e OLESEN, 2000). Quanto ao tratamento farmacológico, a amitriptilina tem sido utilizada, sendo seu mecanismo de ação na CT independente de seu efeito antidepressivo (OGUZHANOGLU, 1999 ; CERBO, 1998) e sua dosagem efetiva, no combate à cefaléia, normalmente muito menor que aquela utilizada para o tratamento da depressão (10-75 mg/dia). 7

Alguns outros antidepressivos tricíclicos foram listados como fármacos portadores de efeitos profiláticos na CT crônica(cerbo, 1998), mas, infelizmente, ainda não existem provas irrefutáveis acerca desta característica terapêutica. Diversos estudos pilotos (SMUTS, 1999) revelam que injeções de toxina botulínica em músculos pericraniais possuem efeito profilático para a CT, entretanto, é necessário que estes estudos sejam ratificados em maiores populações para que se tenha utilização segura desta terapêutica. A experiência clínica indica um efeito positivo resultante da combinação do tratamento farmacológico e não farmacológico. Contudo, poucos estudos formais subsidiam tal impressão (VERNON, 1999). PEGAS (2003) descreve um tratamento osteopático para as cefaléias, com técnicas para a liberação de aderências do couro cabeludo, técnicas de liberação de suturas e membranas cranianas conforme a localização da cefaléia, além de técnicas para estimular a circulação craniana e promover a drenagem do crânio. JUCÁ (1999) propõe um tratamento para cefaléias do tipo tensional, que inclui técnicas como pompage cervical, stretching de extensores de pescoço, de trapézio em flexão lateral, dos escalenos, pompage dos músculos suboccipitais, crochetagem do nervo occipital maior, e ainda técnicas para correção de lesões osteopáticas e lesões do sacro. JUCÁ (1999) ainda cita que essa abordagem holística favorecerá a eficácia do tratamento. Durante muito tempo, a osteopatia carregava consigo uma certa mística, que foi aos poucos obtendo seu lugar como uma forma terapêutica aplicada a vários tipos de patologia articulares, em função de sua fundamentação na anatomia, na fisiologia e na semiologia. Na verdade, a osteopatia não se fundamenta em fórmulas, procedimentos ou manobras específicas, mas em exames clínicos apurados (RICHARD, 1996). A osteopatia pode ser considerada uma opção menos traumática, de custo mais acessível, e com efeitos mais duradouros, servindo amplamente para o tratamento de disfunções do sistema músculo-esquelético, notadamente em casos de restrição de movimentos articulares que ocasionam dores ou limitam o movimento fisiológico normal (TIXA, 2003). 8

De acordo com os novos padrões de vida adotados nos dias atuais, onde o estresse e distúrbios emocionais vem se tornando cada vez mais comuns, nota-se um aumento significativo da cefaleia tensional. As terapias alternativas vêm se tornando cada vez mais bem aceitas no tratamento desta cefaleia. A fisioterapia tem um papel bastante significativo, como terapia alternativa, pois a mesma oferece um tratamento direcionado na causa desta patologia através de técnicas osteopáticas que proporcionam alívio instantâneo no quadro sintomatológico (SILVA, 2003). 9 4 CONCLUSÃO As cefaléias são patologias comuns do nosso cotidiano e há diversas maneiras de tratá-la, porém muitas vezes a causa não é tratada. Sendo assim, a osteopatia surge como uma alternativa para um tratamento mais efetivo, A cefaléia do tipo tensional parece ser a mais frequente de todas, segundo vários autores. Apesar de causar uma dor considerável, na maioria dos casos, de leve a moderada, o tratamento da cefaléia merece análises e estudos. A terapia esteopática pode ser eficaz no tratamento da patologia, tanto de forma coadjuvante como opção única de tratamento. A importância das mãos do fisioterapeuta no tratamento de qualquer tipo de paciente é essencial. Um bom diagnóstico e na maioria das vezes com propostas de tratamento simples, que se obtém os melhores resultados. As técnicas de terapia osteopática empregadas no tratamento da cefaléia sugerem melhora do quadro clínico dos pacientes atendidos através do alívio e/ou redução da intensidade, frequência e duração da dor com consequente melhoria da qualidade de vida.

10 REFERÊNCIAS ANDERSON, R.E.; SENISCAL, C. A Comparison of Selected Osteopathic Treatment and Relaxation for Tension-Type Headaches. Headache 2006; 46:1273-80. ASTIN, J.A.; ERNST, E. The effectiveness of spinal manipulation for the treatment of headache disorders: a systematic review of randomized clinical trials. Cephalalgia. 2002; 22:617-23. AYATOLLAHI, S.M.T.; MORADI, F.; AYATOLLAHI, S.A.R. Prevalances of migraine and tension-type headache in adolescent girls of Shiraz (Southern Iran). Headache. 2002; 42:287-90. BACHESCHI, L. A. Cefaleias. In: Nitrini, R.; Bacheschi, L. A. A neurologia que todo médico deve saber. 1a ed. São Paulo: Santos Maltese, 1991. BRONFORT, G.; ASSENDELFT, J.J.; EVANS, R.; HAAS, M.; BOUTER, L. Efficacy of spinal manipulation for chronic headache: a systematic review. J Manipulative Physiol Ther. 2001; 24:457-66. CERBO, R.; BARBANANTI, P.; FABBRINI, G.; PASCALL, M.P.; CATARCI, T. Amitriptyline is effective in chronic but not in episodic tension-type headache: pathogenic implications. Headache 1998; 38: 453-7. GALVÃO, A. C. R. Cefaleias primárias. In: Teixeira M. J.; Figueiró, J. A. B. Dor: epidemiologia, fisiopatologia, avaliação, síndromes dolorosas e tratamento. 1a ed. São Paulo: Moreira Junior, 2001. JENSEN, R.; OLENSEN, J. Initiating mechanism of experimentally induced tension-type headache. Cephalalgia. 2000; 16:175-82. JUCÁ, R. L. L. Proposta de terapia manual em pacientes portadores de cefaléia de tensão. Monografia de conclusão de curso. Faculdades integradas de Santa Fé do Sul, 1999. LENDERMAN, E. Fundamentos da Terapia Manual, Fisiologia, Neurologia e Psicologia. São Paulo: Manole, 2001. MELO, A. M. et al. TENS nas cefaleias tencionais. 23 ago. 2005. Disponível em:<http://www.wgate.com.br/conteudo/medicinaesaude/fisioterapia/eletro/tens _cefaleias.htm>. Acesso em: 15 out. 2016. MILLEA, P.J.; BRODIE, J.J. Tension-Type Headache. Am Fam Physician 2002; 66:797-804. MOORE, K. L. Anatomia orientada para a clínica. 3a ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000, p. 578-479; 711-725.

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