JC-01: Projeto e Construção de um Veículo Aéreo Não Tripulado para Missões de Monitoramento, Mapeamento e Análise de Imagens

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Transcrição:

JC-01: Projeto e Construção de um Veículo Aéreo Não Tripulado para Missões de Monitoramento, Mapeamento e Análise de Imagens Luiz Carlos Querino Filho 1 1 Fatec Julio Julinho Marcondes de Moura (Fatec Garça) Av. Presidente Vargas, 2331 17.400-000 Garça SP luiz.querino@fatec.sp.gov.br Abstract. Popularly known as drones, UAVs (Unmanned Aerial Vehicles) are small aircraft without an on board pilot and that can be controlled remotely by a human being or directly by an autopilot. The cheapening and consequent popularization of these vehicles made them widely used, not only as a hobby but also for practical applications in various sectors, such as agriculture, industry, armed forces and inside the scientific community. This article presents the initial specifications of the project and elaboration of an unmanned aerial vehicle destined to carry out missions of monitoring, mapping and image analysis. A mathematical model to be used on the autopilot as well as a PID-based (Proportional-Integral-Derivative) control law are presented. Based on the use of a reference model, the basic components of the vehicle are also defined. Resumo. Popularmente conhecidos como drones, os VANTs (Veículos Aéreos Não Tripulados) são aeronaves de pequeno porte sem um piloto a bordo que podem ser controladas remotamente por um ser humano ou por meio de um piloto automático. O barateamento e consequente popularização destes veículos fez com que os mesmos passassem a ser amplamente usados, tanto como objeto de hobby quanto de aplicações práticas em diversos setores, como agricultura, indústria, forças armadas e comunidade científica. Este artigo traz as especificações iniciais do projeto e elaboração de um veículo aéreo não tripulado destinado a realizar missões de monitoramento, mapeamento e análise de imagens. Um modelo matemático a ser usado no piloto automático, assim como uma lei de controle baseada em PID (Proporcional-Integral-Derivativo) são apresentados. Com base no uso de um modelo de referência, também são definidos os componentes básicos do veículo. 1. Introdução Veículos aéreos não tripulados (VANTs), popularmente conhecidos como drones, tem recebido destaque tanto na mídia quanto no meio científico [Marris 2013]. São aeronaves em escala reduzida e que não possuem um piloto a bordo, e que são controladas por um piloto automático embutido no veículo ou por uma pessoa em uma estação em terra [Branco et al. 2011]. Os VANTs têm sido usados em diversas áreas de atuação, como monitoramento ambiental, análise de plantações, vigilância, busca e resgate e transporte de pequenas cargas [Querino and Branco 2014].

Neste artigo sa o apresentadas informac o es sobre o projeto, construc a o e utilizac a o de um veı culo ae reo na o tripulado para pesquisa dentro da Fatec Deputado Julio Julinho Marcondes de Moura, localizada na cidade de Garc a. O VANT em questa o e uma quadrico ptero em tamanho reduzido; uma aeronave com capacidade de decolagem e pouso horizontal (Figura 1). Um quadrico ptero e uma aeronave de asa rotativa, cujo voo e possibilitado por quatro he lices propulsoras dispostas em um quadro (airframe). A variac a o no sentido e giro dessas he lices faz com que o quadrico ptero possa decolar, mudar sua direc a o de deslocamento e pousar. Figura 1. Exemplo de um VANT do tipo quadrico ptero [Sa and Corke 2012] O VANT (ou drone) resultante desse projeto sera referido pela sigla JC-01, sendo essa a forma que o mesmo sera denominado dentro deste texto. 2. Objetivos e Justificativa O objetivo geral deste projeto de pesquisa e construir um veı culo ae reo na o tripulado de asa rotativa, ou quadrico ptero, com base em um conjunto inicial de componentes e avio nicos, assim como desenvolver o software necessa rio para controle da aeronave, de sua trajeto ria e da ana lise de imagens capturadas por uma ca mera embutida. Como objetivos especı ficos, pode-se destacar: Disponibilizar uma arquitetura completa de montagem e utilizac a o de um veı culo ae reo na o tripulado, que podera ser reutilizada por outros pesquisadores; Avanc ar a pesquisa em algoritmos de controle, estimac a o de dados de sensores e visa o computacional, com a publicac a o dos resultados obtidos; Oferecer a comunidade da regia o onde se situa a Fatec Garc a a possibilidade de utilizac a o do veı culo desenvolvido em tarefas que va o do monitoramento e mapeamento de regio es a ana lise visual de plantac o es (a cidade de Garc a e historicamente um centro de cafeicultura);

3. Justificativa Como justificativas para a realização deste projeto, podem ser destacadas: O fato da cidade de Garça, onde está localizada a Fatec Deputado Julio Julinho Marcondes de Moura, ser considerada um polo da indústria eletroeletrônica [de Garça 2016], sendo que essas mesmas poderão contribuir com o projeto e, posteriormente, se beneficiar do uso do veículo desenvolvido; A junção de conceitos e ideias de dois dos cursos existentes na Fatec em questão, sendo eles Análise e Desenvolvimento de Sistemas e Mecatrônica Industrial. O custo reduzido na criação de um veículo aéreo não tripulado com peças individuais, como prevê este projeto, se comparado ao valor de aquisição de uma aeronave pronta; O fato do professor Luiz Carlos Querino Filho já possuir experiência prévia na área de sistemas embarcados em veículos aéreos não tripulados, atestada em publicações nacionais e internacionais [Querino and Branco 2014, Querino et al. 2015a, Querino et al. 2015b, Ito et al. 2017]. 4. Metodologia O controle do processo de desenvolvimento e gerenciamento das etapas do projeto está sendo realizado com o auxílio da metodologia Kanban. A palavra Kanban, do idioma japonês, quer dizer cartão visual, como indicado por [Boeg 2011]. A metodologia Kanban foi criado no Japão, dentro da linha de produção da indústria Toyota e passou a ser usada também como uma metodologia para projetos de software, da mesma forma como o Scrum e outros métodos do tipo ágil [Kniberg and Skarin 2010]. A utilização básica do Kanban consiste na construção de um fluxo de trabalho, ou workflow, o qual deve obedecer uma sequência pré-definida de tarefas; estas, por sua vez, são costumeiramente dispostas em um quadro branco ou lousa de fácil acesso e visualização. As tarefas, na forma de cartões, ficam categorizadas em etapas que podem ser simplesmente A fazer, Fazendo e Feito [Kniberg and Skarin 2010]. Ao invés de utilizar um recurso físico, como um quadro branco, é muito comum que equipes de desenvolvimento de software usem ferramentas que automatizam o gerenciamento do quadro Kanban de um projeto. Isso pode ser feito por softwares desenvolvidos para dispositivos móveis, computadores desktop ou até mesmo executados dentro de um navegador, como uma aplicação Web. O Trello é um desses softwares e possibilita a criação e gerenciamento de um quadro Kanban diretamente pelo navegador. O projeto e desenvolvimento do veículo aéreo não tripulado JC-01 está sendo orientado pela metodologia Kanban, com o uso de um quadro de tarefas criado no Trello 1. À medida que o desenvolvimento do drone JC-01 avança, novos cartões de tarefas, mas específicos na sua definição, são adicionadas na coluna A fazer. Quando uma tarefa começar a ser realizada, seu respectivo cartão é movido para a coluna Fazendo ; quando a tarefa tiver sido finalizada, seu cartão é colocado em Feito. 1 Disponível em http://www.trello.com

Apesar de simples, a metodologia Kanban se adequa ao processo de desenvolvimento do veículo proposto neste projeto, pois o mesmo será elaborado de forma incremental e com etapas já previamente definidas. 5. Modelo Matemático e Lei de Controle Para que um sistema de controle alcance seus objetivos de projeto e análise [Albertos and Mareels 2010], é necessário que um modelo matemático simplificado, porém preciso, seja elaborado. Esse modelo deve contar, basicamente, com a definição dos seguintes elementos: As variáveis de estado do sistema, que mostrarão como o mesmo está se comportando em um dado instante de tempo t; As entradas que serão aplicadas ao sistema para que o mesmo reaja de modo a alcançar seus objetivos, indicadas pela letra u; As saídas resultantes da aplicação da disciplina de controle; O conjunto de equações diferencias que relacionam as entradas às saída, possibilitando assim uma predição do comportamento do sistema. Para este projeto, foi escolhido o modelo matemática para um quadricóptero simples apresentado por [Kumar 2015]. As variáveis utilizadas para representar o estado do quadricóptero podem ser observadas na figura 2. O estado é constituído de doze variáveis (x 1 a x 12 ), que indicam as seguintes informações sobre o veículo: Figura 2. Variáveis de estado do quadricóptero [Kumar 2015] x: posição do quadricóptero no eixo x; y: posição do quadricóptero no eixo y; z: posição do quadricóptero no eixo z; φ: ângulo de rolagem θ: ângulo de guinada ψ: ângulo de arfagem ẋ: velocidade linear no eixo x (derivada da posição neste eixo) ẏ: velocidade linear no eixo y (derivada da posição neste eixo) ż: velocidade linear no eixo z (derivada da posição neste eixo) p: velocidade angular de rolagem

q: velocidade angular de guinada r: velocidade angular de arfagem A matriz de rotação para o quadricóptero pode ser definida na equação 1: cos ψ cos θ sin φ sin ψ sin θ cos φ sin ψ cos ψ sin θ + cos θ sin φ sin ψ cos θ sin ψ + cos ψ sin φ sin θ cos φ cos ψ sin ψ sin θ cos θ sin φ cos ψ (1) cos φ sin θ sin φ cos φ cos θ As forças atuando no quadricóptero, geradas para cada uma das suas quatro hélices rotativas (F 1, F 2, F 3, F 4 ), podem ser totalizadas de acordo com a equação 2: F = F 1 + F 2 + F 3 + F 4 mga 3 (2) onde mga 3 é o vetor de força da gravidade, sendo m a massa da aeronave. De forma complementar, a soma dos momentos agindo na aeronave é definida pela equação 3: M = r 1 F 1 + r 2 F 2 + r 3 F 3 + r 4 F 4 + M 1 + M 2 + M 3 + M 4 (3) onde r n é a distância entre a hélice n e o centro de gravidade do quadricóptero. Os momentos individuais em cada rotor são indicados por M n. As velocidades angulares do veículo são obtidas por meio da equação 4: p cos θ 0 cos θ φ q = 0 1 sin φ θ (4) r sin θ 0 cos φ cos θ ψ onde φ, θ e ψ são, respectivamente, as derivadas dos ângulos de rolagem, arfagem e guinada. A aceleração nos eixos y e z, assim como no ângulo de rolagem φ, são dadas pelas derivadas de segunda ordem destas variáveis, obtidas pela equação 5: ÿ z = 0 1 sin φ 0 [ ] m g + 1 cos φ 0 u1 m 1 u φ 0 0 2 I xx (5) onde m é a massa do quadricóptero, g a aceleração da gravidade, I xx coeficiente de inércias, u 1 a força exercida pelos motores e u 2 o momento resultante. Com base nessas equações, já foi possível definir o espaço de estados a lei de controle inicial que governará o quadricóptero JC-01 em uma situação de equilíbrio (equação 6):

x y q = z φ, x = θ ψ [ ] q q (6) onde q representa as derivadas das variáveis em q. Para uma situação de equilíbrio, na qual o quadricóptero permanece flutuando em uma posição fixa, o espaço de estados pode ser simplificado de acordo com a equação 7: q 0 = x 0 y 0 z 0 0 0 ψ 0, x = [ ] qe 0 Seguindo aquilo que foi predisposto no projeto apresentado, o quadricóptero desenvolvido será controlado por um sistema de controle do tipo PID (Proporcional-Integral- Derivativo), que é sumarizado na equação 8: (7) u(t) = K p e(t) + K i t 0 e(t)dt + K d de(t) dt (8) Porém, como informa [Kumar 2015], o modelo matemático apresentado na equação 5 é não-linear. Como um controlador PID apenas pode ser utilizado em sistemas lineares é necessário linearizar as equações de movimento do quadricóptero, seguindo o que é indicado por [Kumar 2015]. A linearização da dinâmica substitui as funções não-lineares por aproximações de Taylor de primeira ordem, dentro de uma situação de equilíbrio. Numa situação onde φ = 0, sin φ φ e cos φ 1, podemos assumir que ÿ = gφ z = g + u 1 m φ = u 2 I xx onde u 1 e u 2 são as entradas no quadricóptero (força do motor e momento, respectivamente). As equações de controle para manutenção do veículo em um estado permanente de suspensão no ar em um local definido (hovering) são finalmente obtidas como

u 1 = m[g k v,z ż + k p,z (z 0 z)] u 2 = I xx ( φ c + k v,φ ( φ c φ) + k p,φ (φ c φ) φ c = 1 g (k v,y( ẏ) + k p,y (y 0 y) Como modelo arquitetural do VANT JC-01 foi designado o quadricóptero AR.Drone 2.0. Na próxima seção deste artigo são especificados os componentes de hardware básicos escolhidos de forma a equivaler aos recursos do AR.Drone. 6. Arquitetura Básica do JC-01 Seguindo as especificaç ões do AR.Drone e do Arducopter, como predisposto na seção anterior, passou-se ao processo de definição, validação e aquisição dos componentes (também denominados aviônicos) do JC-01. Nesta seção estão listados e detalhados os principais componentes aviônicos selecionados. Os mesmos (assim como os demais aqui não listados em razão da brevidade necessária neste relatório sintético), para serem homologados para este projeto, passaram por um processo de validaç ão que abrangeu as seguintes etapas: 1. Similaridade em recursos e capacidades com componentes equivalentes no Parrot AR.Drone 2. Disponibilidade abundante e à baixo custo no mercado 3. Obediência a padrões abertos, de forma que o mesmo possa ser substituído por outros componentes equivalentes 4. Compatibilidade com a plataforma de hardware Arduino, amplamente usada em cursos de Fatecs e ETECs 5. Compatibilidade com a plataforma do software Ardupilot, cujo código-fonte em C/C++ é aberto e de licenciamento livre. A lista resumida de componentes iniciais para o JC-01 é a seguinte: Microcontrolador APM (Ardupilot Mega) com case de proteção Módulo GPS M8N com bússola eletrônica integrada Transmissor e receptor de 433Mhz. para telemetria Dois pares de hélices e quadro Quatro motores DC 2212 920 KV do tipo brushless (sem escova) Quatro ESC (Electronic Speed Controllers) brushless 30A SimonK O microcontrolador APM (Figura 3) é um clone do Arduino Mega, cuja especificação de hardware e software é aberta. Neste caso, o APM foi escolhido por conveniência, uma vez que é um dos clone do Arduino Mega mais acessíveis do mercado. Em caso de futura indisponibilidade deste, ele pode ser facilmente substituído pelo próprio Arduino Mega ou equivalente. Como pode ser observado no diagrama da figura 4, um dos diferenciais do APM em relação ao Arduino Mega padrão é a existência de um giroscópio, acelerômetro e barômetro - essenciais para o sistema de controle da aeronove - integrados na placa. Em um Arduino Mega convencional, tais dispositivos precisam ser agregados com shields ou

Figura 3. APM (Ardupilot Mega) adquirido para uso no projeto Figura 4. Diagrama do APM indicando localizac a o dos componentes. Adaptado de http://www.nyplatform.com/

Figura 5. Mo dulo de GPS com bu ssola integrada mo dulos adicionais, o que ocasiona um aumento no peso do veı culo e consequente necessidade de maior forc a dos motores, com significativo aumento no consumo de bateria. Outro componente fundamental ao JC-01 e o mo dulo receptor de sinal do sistema de posicionamento global (GPS: Global Positioning System). Optou-se em utilizar um receptor GPS externo a placa, de forma a reduzir a interfere ncia de ruı dos na obtenc a o das coordenadas de longitude e latitude. O mo dulo escolhido (Figura 5) tambe m possui outro elemento fundamental para o sistema de controle e piloto automa tico: um magneto metro, a popular bu ssola. O software do sistema de controle e piloto automa tico usa os sensores integrados ao APM (acelero metro, girosco pio e baro metro), associado aos sensores externos (receptor de GPS e bu ssola) para obter as varia veis de estado especificadas no modelo matema tico descrito no relato rio parcial anterior. A lei de controle a ser usada (PID: Proporcional-Integral-Derivativo) utilizara os dados dos sensores como entradas e varia veis de estado para obter as saı das necessa rias a estabilizac a o da aeronave e controle da sua trajeto ria. Os quatro motores DC brushless para as he lices rotativas podem ser observados na figura 6. Os circuitos eletro nicos de controle de velocidade (ESC: Electronic Speed Controller) para cada motor tambe m ja foram adquiridos em conformidade com os requisitos previamente estabelecidos. 7. Considerac o es Finais Este artigo apresentou as especificac o es ba sicas e etapas iniciais do projeto de um quadrico ptero para monitoramento e ana lise de imagens. Como se trata de um projeto ainda em desenvolvimento, resultados futuros sera o divulgados posteriormente. Paralelamente ao processo de definic a o e aquisic a o dos componentes de hardware, a escrita do software de controle e piloto automa tico com base no Arducopter ja

Figura 6. Motores DC para as he lices rotativas foi iniciada. Antes da finalizac a o da montagem da aeronave, o co digo, escrito em C/C++ sera testado como um plugin do simulador de voo X-Plane. A especificac a o final do projeto contera, ale m do co digo-fonte aberto do sistema de controle, diagramas da arquitetura, instruc o es sobre a utilizac a o dos avio nicos e montagem do veı culo. Refere ncias Albertos, P. and Mareels, I. (2010). Feedback and control for everyone. Springer. Boeg, J. (2011). Kanban em 10 Passos: Otimizando o fluxo de trabalho em sistemas de entrega de software. InfoQ-Brasil/C4Media. Branco, K., Pelizzoni, J., Oliveira Neris, L., Trindade, O., Osorio, F., and Wolf, D. (2011). Tiriba - a new approach of uav based on model driven development and multiprocessors. In Robotics and Automation (ICRA), 2011 IEEE International Conference on, pages 1 4. de Garc a, C. (2016). Garc a tem espe cie de vale do silı cio. Comarca de Garc a. Ito, F., Querino, Filho, L. C., Inoue, R., and Branco, K. C. (2017). Uav cooperative formation control simulated in x-plane. In 2017 International Conference on Unmanned Aircraft Systems (ICUAS). Kniberg, H. and Skarin, M. (2010). Kanban and Scrum: Making the Most of Both. InfoQBrasil/C4Media. Kumar, V. (2015). Robotics: Aerial robotics. Coursera MOOC. Marris, E. (2013). Fly, and bring me data. Nature, 498(7453):156. Querino, Filho, L., Branco, K., and Inoue, R. (2015a). A decentralized control system for fixed wing unmanned aerial vehicles in formation using robust h-infinity control with markovian jumps. In Anais do III Workshop de Comunicac a o em Sistemas Embarcados Crı ticos WoCCES 2015, pages 51 60.

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