Na data de hoje, foi publicada a Emenda Constitucional n. 59/2015, à Constituição do Estado do Rio de Janeiro, com o seguinte texto:

Documentos relacionados
: MIN. DIAS TOFFOLI : XXXXXXXXXXXXXXXXXX ADV.(A/S) : MARCELO ANTONIO RODRIGUES VIEGAS E

EXMO. SR. MINISTRO PRESIDENTE DO EG. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

SUBSTITUTIVO ADOTADO PELA COMISSÃO. Art. 1º A Constituição Federal passa a vigorar com as seguintes alterações: Art

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE

: MIN. ALEXANDRE DE MORAES

EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. REF: Distribuição por dependência à ADI nº 5430

EMENDA CONSTITUCIONAL N o 41, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2003

EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI

SENADO FEDERAL COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO, JUSTIÇA E CIDADANIA

REAJUSTE DAS APOSENTADORIAS E PENSÕES DOS SERVIDORES PÚBLICOS, APÓS A EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 41/03

Órgão Especial DECISÃO

Supremo Tribunal Federal

TEMA 14: CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 41, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2003

DIREITO ADMINISTRATIVO

a) V, F, V, V. b) F, V, V, V. c) V, V, F, F. d) V, V, F, V. Dica: Aula 01 e Apostila 01 FIXAÇÃO

Aposentadoria especial nos RPPS

PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº 40, DE (Do Poder Executivo)

Na data de hoje, foi publicada a Emenda Constitucional n. 88/2015, com o seguinte texto:

PARECER Nº, DE Relator: Senador HÉLIO JOSÉ I RELATÓRIO

ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO

Nº RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº /210 ORIGEM : SÃO PAULO

PREVIDÊNCIA SOCIAL DO SERVIDOR PÚBLICO REFORMA E PERSPECTIVAS LEANDRO MACÊDO

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA

REFORMA PREVIDENCIÁRIA Quadro Comparativo

Direito Administrativo Luiz Jungstedt

Número:

Aula 07 AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. De forma geral, as características da ação direta de inconstitucionalidade são:

Súmula Vinculante 33: breves considerações

Data de Ingresso no Serviço Público

TEMA 9: CONTORNOS CONSTITUCIONAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

EXMO. SR. MINISTRO PRESIDENTE DO EG. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

SÚMULA VINCULANTE. Sessão da tarde Professora Bruna Vieira

Supremo Tribunal Federal

: MIN. DIAS TOFFOLI CONTAS DO ESTADO DE GOIÁS JUNTO AO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE GOIÁS

DIREITO CONSTITUCIONAL

REVOGADA PELA PORTARIA Nº 7.796, DE (D.O.U ) PORTARIA Nº 4.882, DE 16 DE DEZEMBRO DE 1998 (D.O.U

Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos

CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER. Controle de Constitucionalidade CESGRANRIO

MANUAL DE DIREITO ADMINISTRATIVO - ED. MÉTODO/GEN PROF. GUSTAVO MELLO KNOPLOCK MATERIAL COMPLEMENTAR REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA DO SERVIDOR - RPPS

Supremo Tribunal Federal

Controle da Constitucionalidade

CONTROLE ABSTRATO. Jurisdição Constitucional Profª Marianne Rios Martins

ARTIGO: O controle incidental e o controle abstrato de normas

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA. PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO N o 441, DE 2005

Emenda da Bengala tem tropeços e afronta Constituição Federal 1. Controvérsias sobre a Emenda da Bengala

Formiga, Sabino de Freitas AO EGRÉGIO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) RELATOR(A)

PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO N, DE 2012

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ÓRGÃO ESPECIAL AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Nº

A CONSTITUCIONALIDADE DAS ALTERAÇÕES NA JURISPRUDÊNCIA APÓS A REFORMA TRABALHISTA

TST não pode contrariar normas ao definir ultratividade de acordos

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

Matérias previdenciárias no Supremo Tribunal Federal: como chegar e como atuar

EXMA. SRA. MINISTRA ROSA WEBER (STF - MS n )

PEDIDO DE ANÁLISE DA EXTENSÃO DOS EFEITOS DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO AOS SERVIDORES INATIVOS DA AFFEGO.

: MIN. DIAS TOFFOLI GROSSO

Ofício n.º 014/2019. Brasília DF, 07 de fevereiro de Senhor Coordenador,

Federal e dispositivos da Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998, e dá outras providências.

Controle da Constitucionalidade

11/04/2013 PLENÁRIO : MIN. DIAS TOFFOLI SUL GRANDE DO SUL EMENTA

Desafios Atuais e Futuros na Gestão dos RPPS O Papel das Procuradorias Estaduais e Municipais na Prevenção de Litígios Previdenciários

Aula 11. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO (Cont.)

EXCELENTÍSSIMA SENHORA MINISTRA PRESIDENTE

Polo ativo: uma das pessoas públicas ou privadas prevista no art. 103 da CF. Presidente da República. Mesa do Senado Federal

Edição Número 128 de 06/07/2005

Supremo Tribunal Federal

Aula 01. Direito Constitucional Esquematizado, Pedro Lenza (ed. 2016) Direito Constitucional Descomplicado, Marcelo Alexandrino (ed.

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

Supremo Tribunal Federal

MED. CAUT. EM AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE MINAS GERAIS : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS


Sumário. Proposta da Coleção Leis Especiais para Concursos Capítulo I

Direito Previdenciário e Infortunístico

TEMA 7: CONTORNOS CONSTITUCIONAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

LEI Nº 9.868, DE 10 DE NOVEMBRO DE 1999

DECISÃO. 1. O Gabinete prestou as seguintes informações:

TEMA 1: PODER EXECUTIVO

) Conforme entendimento doutrinário, jurisprudencial e legislativ o cabe ação direta de inconstitucionalidade de: Exceto.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE E RELATOR RICARDO LEWANDOWSKI DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA NO ÂMBITO MUNICIPAL FRENTE ÀS MUDANÇAS INSTITUIDAS PELA EMENDA CONSTITUCIONAL N. 41/2003.

Supremo Tribunal Federal

DIREITO CONSTITUCIONAL

: MIN. DIAS TOFFOLI SÃO PAULO

:RODRIGO DE BITTENCOURT MUDROVITSCH E :GOVERNADOR DO ESTADO DO PARANÁ :SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS

RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº / DF

RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº / DF

O Ministro Relator deferiu o pedido de liminar e as informações foram prestadas pela autoridade reclamada.

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

AO EGRÉGIO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA EXCELENTÍSSIMO SENHOR RELATOR, CONSELHEIRO MILTON NOBRE

Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos

:RUDI MEIRA CASSEL :ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO

: MIN. GILMAR MENDES

Supremo Tribunal Federal

TEMA 10: PODER JUDICIÁRIO

16/04/2015 PLENÁRIO : MIN. TEORI ZAVASCKI

RELATÓRIO. pmm/eba VOTO

Parecer Jurídico Nº 005/2015/UVC Consulente: Ver. Reginaldo Araújo da Silva Presidente Órgão: Câmara Municipal de Jaguaruana.

Transcrição:

1 EXMO. SR. MINISTRO PRESIDENTE DO EG. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL A ASSOCIAÇÃO DOS MAGISTRADOS BRASILEIROS - AMB, associação civil sem fins lucrativos, inscrita no CNPJ/MF sob o nº. 34.102.228/0001-04, representativa dos interesses dos magistrados brasileiros, com sede no SCN, Quadra 2, Bloco D, Torre B, Sala 1302, Shopping Liberty Mall, Brasília-DF, CEP: 70712-903, vem, por seus advogados (docs. 1 e 2), respeitosamente, à presença de V.Exa, propor a presente ação direta de inconstitucionalidade (CF, art. 102, I, a), com pedido de medida cautelar (Lei n. 9.868/99, art. 10) contra o inciso VI, do art. 156, da Constituição do Estado do Rio de Janeiro, bem ainda contra o art. 94 do ADCT da mesma Constituição Estadual, com a redação dada pela Emenda Constitucional n. 59, promulgada em 09.04.2015 e publicada no DOE de 10.04.2015, nos termos e pelos motivos que passa a expor. I A NORMA CONSTITUCIONAL IMPUGNADA Na data de hoje, 10.04.2015 foi publicada a Emenda Constitucional n. 59/2015, à Constituição do Estado do Rio de Janeiro, com o seguinte texto: A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO D E C R E T A: Art. 1º O inciso II do artigo 89 da Constituição Estadual passa a vigorar com a seguinte redação: "Art. 89 (...) II compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, aos setenta anos de idade, ou setenta e cinco anos de idade, na forma de Lei Complementar; (NR) Art. 2º O inciso I do 1º do artigo 128 da Constituição Estadual passa a vigorar com a seguinte redação: "Art. 128 (...) 1º (...) I - mais de trinta e cinco e menos de setenta anos de idade; (NR) TEL.: (61)3326-1458, FAX.: (61) 3326-3849, E-MAIL: gpfa@gpfa.adv.br

2 Art. 3º O inciso VI do art. 156 da Constituição Estadual passa a ter a seguinte redação: Art. 156 - (...) VI a aposentadoria dos magistrados observará o disposto no artigo 40 da Constituição da República, sendo compulsória, por invalidez, ou aos setenta e cinco anos de idade, na forma da lei complementar, o que também se aplica aos membros do Ministério Público e da Defensoria Pública, consoante o 2º do artigo 172 e a alínea f do inciso I do artigo 181 da Constituição Estadual, respectivamente; (NR) Art. 4º O Ato das Disposições Constitucionais Transitória será acrescido do seguinte art. 93: "Art. 93 Até a entrada em vigor da Lei Complementar de que tratam o inciso II do art.89 e o inciso VI do art. 156 da Constituição Estadual, Conselheiros do Tribunal de Contas, Magistrados e membros do Ministério Público e da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro aposentar-se-ão, compulsoriamente, aos setenta e cinco anos de idade. Art. 5º Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data de sua publicação. Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, em 08 de abril de 2015. Como se pode ver, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro antecipouse ao Congresso Nacional para o fim de alterar o limite máximo da aposentadoria dos servidores públicos do estado, assim como dos magistrados do Estado do Rio de Janeiro, conquanto tal alteração somente possa ser feita observando as normas da Constituição Federal de absorção compulsória pelos Estados. Na parte que toca aos magistrados, mesmo diante da PEC que tramita no Congresso Nacional, o que se tem notícia é que ela somente estaria admitindo a alteração do limite de idade, de 70 para 75 anos, por meio da Lei Complementar prevista no caput do art. 93 da CF (o novo Estatuto da Magistratura), que, no caso da magistratura, vem a ser lei da iniciativa desse eg. Supremo Tribunal Federal, o que afasta a possibilidade de se dar a alteração por meio de norma constitucional estadual. Afinal, será o novo estatuto da magistratura, caso venha a ser aprovada a PEC que tramita perante o Congresso Nacional, que haverá de dispor sobre o limite de idade para aposentadoria dos magistrados e não a Constituição dos Estados. O texto da PEC submetida ao Congresso Nacional, ao que se sabe, somente determina a implantação imediata do limite de idade de 75 anos para os membros dos Tribunais Superiores, deixando para o legislador complementar da União dispor sobre o limite de idade para aposentadoria dos demais magistrados. TEL.: (61)3326-1458, FAX.: (61) 3326-3849, E-MAIL: gpf@gpfa.adv.br

3 Importa, ainda, que diante do parâmetro constitucional vigente, d.v, não há dúvida quanto a necessidade de observar o limite de idade de 70 anos, tal como previsto no art. 40, II, da CF, por força da determinação contida no art. 93, VI, da CF. II A LEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM DA AUTORA, NA QUALIDADE DE ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE MAGISTRADOS E A PERTINÊNCIA TEMÁTICA Como se pode depreender, visa a presente ação impugnar o dispositivo recém incluído na Constituição do Estado do Rio de Janeiro que fixa em 75 anos a idade para o implemento da aposentadoria compulsória dos servidores estaduais, por meio de lei complementar, e, para os magistrados, também por meio de lei complementar, mas confere eficácia imediata à mudança para os magistrados (art. 4º.). A inconstitucionalidade das normas contidas no art. 156, VI, e 93, do ADCT, da Constituição Estadual afeta diretamente a classe dos magistrados, na parte em que alcança os magistrados, razão pela qual se apresenta tanto a legitimação da AMB como a pertinência temática com suas finalidades institucionais. Com efeito, a legitimidade ativa ad causam da autora decorre do art. 103, IX, da Constituição Federal, e do art. 2º, IX, da Lei 9.868/99, que autorizam a propositura da ação direta de inconstitucionalidade por entidade de classe de âmbito nacional. A autora representa, em âmbito nacional, a classe dos magistrados brasileiros de forma ampla, e apresenta, dentre os seus objetivos institucionais, tanto a defesa dos interesses corporativos, como a defesa dos interesses difusos relacionados ao regular funcionamento do Poder Judiciário, como se observa pela seguinte ementa (STF, Pleno, ADI 1303, Rel. Min. Maurício Corrêa, DJ. 01.09.00): EMENTA: MEDIDA LIMINAR EM AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. REGIMENTO INTERNO DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DE SANTA CATARINA: 2º DO ART. 45: REDAÇÃO ALTERADA PELA RESOLUÇÃO ADMINISTRATIVA Nº 062/95-TRT/SC: PROMOÇÃO POR ANTIGÜIDADE: JUIZ MAIS ANTIGO; VOTO SECRETO. PRELIMINAR: ASSOCIAÇÃO DOS MAGISTRADOS BRASILEIROS - AMB; LEGITIMIDADE ATIVA; PERTINÊNCIA TEMÁTICA. DESPACHO CAUTELAR, PROFERIDO NO INÍCIO DAS FÉRIAS FORENSES, AD REFERENDUM DO PLENÁRIO (art. 21, IV e V do RISTF). 1. Preliminar: esta Corte já sedimentou, em sede de controle normativo abstrato, o entendimento da pertinência temática relativamente à legitimidade da Associação dos Magistrados Brasileiros - AMB, admitindo que sua atividade associativa nacional busca realizar o propósito de aperfeiçoar e defender o funcionamento do Poder Judiciário, não se limitando a matérias de interesse corporativo ADI nº 1.127-8). (...). TEL.: (61)3326-1458, FAX.: (61) 3326-3849, E-MAIL: gpfa@gpfa.adv.br

4 Assim, é indiscutível a sua legitimidade para propor a presente ação direta de inconstitucionalidade, ainda mais em hipótese na qual também é clara a pertinência temática entre o objeto da ação e os fins sociais da autora, até porque os seus associados estão sujeitos às determinações da nova norma constitucional do Estado do Rio de Janeiro que altera a idade da aposentadoria compulsória de 70 para 75 anos. III INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL E MATERIAL DA AMPLIAÇÃO DO LIMITE DE IDADE DA APOSENTADORIA COMPULSÓRIA DE 70 PARA 75 ANOS DE IDADE A Assembléia Legislativa do Estado do Estado do Rio de Janeiro aprovou e promulgou a Emenda Constitucional n. 59, por meio da qual alterou a redação do art. 156, VI, da Constituição do Estado do Rio de Janeiro, de sorte a modificar a idade fixada para aposentadoria compulsória dos magistrados, de 70 para 75 anos, na forma da lei complementar que vier a ser editada. Na mesma Emenda Constitucional determinou-se, por meio da inserção do art. 93 ao ADCT da Constituição Estadual, que até a entrada em vigor da lei complementar de que tratam o inciso II do art. 89 e o inciso VI do art. 156 da Constituição Estadual os magistrados... aposentar-se-ão, compulsoriamente, aos setenta e cinco anos de idade. Senão vejamos: Art. 1º O inciso II do artigo 89 da Constituição Estadual passa a vigorar com a seguinte redação: "Art. 89 (...) II compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, aos setenta anos de idade, ou setenta e cinco anos de idade, na forma de Lei Complementar; (NR) Art. 2º O inciso I do 1º do artigo 128 da Constituição Estadual passa a vigorar com a seguinte redação: "Art. 128 (...) 1º (...) I - mais de trinta e cinco e menos de setenta anos de idade; (NR) Art. 3º O inciso VI do art. 156 da Constituição Estadual passa a ter a seguinte redação: TEL.: (61)3326-1458, FAX.: (61) 3326-3849, E-MAIL: gpf@gpfa.adv.br

5 Art. 156 - (...) VI a aposentadoria dos magistrados observará o disposto no artigo 40 da Constituição da República, sendo compulsória, por invalidez, ou aos setenta e cinco anos de idade, na forma da lei complementar, o que também se aplica aos membros do Ministério Público e da Defensoria Pública, consoante o 2º do artigo 172 e a alínea f do inciso I do artigo 181 da Constituição Estadual, respectivamente; (NR) Art. 4º O Ato das Disposições Constitucionais Transitória será acrescido do seguinte art. 93: "Art. 93 Até a entrada em vigor da Lei Complementar de que tratam o inciso II do art.89 e o inciso VI do art. 156 da Constituição Estadual, Conselheiros do Tribunal de Contas, Magistrados e membros do Ministério Público e da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro aposentar-se-ão, compulsoriamente, aos setenta e cinco anos de idade. Art. 5º Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data de sua publicação. Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, em 08 de abril de 2015. Essas normas constituem típica norma geral sobre previdência, estando, portanto, inseridas dentre as matérias da competência concorrente entre a União e os Estados membros, como se pode ver do art. 24, inciso XII, da CF: Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: (...) XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; (...) 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. E já tendo a União disposto no texto constitucional que a aposentadoria compulsória de magistrados e servidores se dá aos 70 anos de idade, e não aos 75 anos, devem os Estados observar o parâmetro da Constituição Federal em razão da necessidade de observaram o princípio da absorção compulsória das normas da União, como limite para implementação da aposentadoria compulsória da magistratura (incluindo os integrantes do Poder Judiciário). Convém ressaltar que a primeira parte do inciso II, do art. 40, da CF, que trata de fixar a idade de 70 anos como sendo a idade máxima para a implementação da aposentadoria compulsória dos servidores públicos, d.v., não se alterou no tempo. Já estava prevista no texto original da CF: Texto original: TEL.: (61)3326-1458, FAX.: (61) 3326-3849, E-MAIL: gpfa@gpfa.adv.br

6 Art. 40. O servidor será aposentado: (...) II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proventos proporcionais ao tempo de serviço; Texto atual, após a EC n. 20: Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. (...) II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição; Nem mesmo para os magistrados, que antes estavam submetidos apenas à norma do art. 93, VI, da CF e que, quando vier a ser editado o novo Estado da Magistratura, estarão submetidos à norma do art. 40 -- já que o inciso VI constitui norma de efeito contido, que demanda a edição de nova lei para tornar-se eficaz -- poderiam ser submetidos, no regime atual, à aposentadoria compulsória aos 75 anos de idade. Veja-se o texto da CF original e com a alteração da EC n. 20: Texto original: Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: (...) VI - a aposentadoria com proventos integrais é compulsória por invalidez ou aos setenta anos de idade, e facultativa aos trinta anos de serviço, após cinco anos de exercício efetivo na judicatura; Texto com a EC n 20: Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: (...) VI - a aposentadoria dos magistrados e a pensão de seus dependentes observarão o disposto no art. 40; Somente o legislador constituinte derivado da União pode dispor sobre a matéria, razão pela qual a norma impugnada padece do vício formal de inconstitucionalidade. TEL.: (61)3326-1458, FAX.: (61) 3326-3849, E-MAIL: gpf@gpfa.adv.br

7 Por outro lado, já tendo o legislador constituinte originário estabelecido a idade de 70 anos para o implemento da aposentadoria compulsória da magistratura, a norma constitucional estadual acaba por violar o conteúdo material da constituição federal ao estabelecer a idade de 75 para o implemento da aposentadoria compulsória da magistratura. Há precedente dessa eg. Corte no qual se deu a impugnação da norma originária da Constituição Federal que fixou os 70 anos de idade como marco para a implementação da aposentadoria dos magistrados, sob o fundamento de que violaria a garantia constitucional da vitaliciedade contida no art. 95, I, da CF. Entendeu esse eg. Tribunal que a norma constitucional originária não seria passível de impugnação, nem mesmo após a alteração de parte do seu texto pela EC n. 20, porque, no ponto -- a fixação da idade de aposentadoria compulsória -- não teria havido alteração. Senão vejamos: EMENTA: 1. Ação Direta de Inconstitucionalidade. 2. Aposentadoria Compulsória de Magistrados, Membros do Ministério Público e Membros do Tribunal de Contas da União aos 70 anos de idade. 3. Emenda nº 20/1998. 4. Inexistência de alteração substancial dos dispositivos impugnados pelo poder constituinte derivado reformador. 5. Impossibilidade de declaração de inconstitucionalidade da norma impugnada quando a norma por ela revogada padece do mesmo vício de inconstitucionalidade e não foi objeto da ação direta (ADI nº 2132, Rel. Min. Moreira Alves, DJ de 05.04.02). 6. Mesmo que houvesse sido argüida a inconstitucionalidade material da norma constitucional originária, sua inconstitucionalidade não poderia ser declarada na esteira dos precedentes desta Corte(ADI nº 815, Rel. Min. Moreira Alves, DJ de 10.05.96). 7. Ação direta não conhecida. (STF, Pleno, Adi 2883, Rel. Min. Gilmar Mendes) Acresce que, em recentes julgamentos, da lavra dos Ministros Ricardo Lewandowski e Joaquim Barbosa, em ADIs propostas exatamente pela AMB contra normas veiculadas em Constituições Estaduais, que alteraram o limite da aposentadoria compulsória, de 70 para 75 anos, entendeu essa eg. Corte que seria tal norma estadual inconstitucional: Ementa: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. MEDIDA CAUTELAR. ART. 57, 1º, II, DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO PIAUÍ, NA REDAÇÃO DADA PELA EC 32, DE 27/10/2011. IDADE PARA O IMPLEMENTO DA APOSENTADORIA COMPULSÓRIA DOS SERVIDORES PÚBLICOS ESTADUAIS E MUNICIPAIS ALTERADA DE SETENTA PARA SETENTA E CINCO ANOS. PLAUSIBILIDADE JURÍDICA DA ALEGAÇÃO DE OFENSA AO ART. 40, 1º, II, DA CF. PERICULUM IN MORA IGUALMENTE CONFIGURADO. CAUTELAR DEFERIDA COM EFEITO EX TUNC. I É firme a jurisprudência desta Corte no sentido de que as normas constitucionais federais que dispõem a respeito da aposentadoria dos servidores públicos são de absorção TEL.: (61)3326-1458, FAX.: (61) 3326-3849, E-MAIL: gpfa@gpfa.adv.br

8 obrigatória pelas Constituições dos Estados. Precedentes. II A Carta Magna, ao fixar a idade para a aposentadoria compulsória dos servidores das três esferas da Federação em setenta anos (art. 40, 1º, II), não deixou margem para a atuação inovadora do legislador constituinte estadual, pois estabeleceu, nesse sentido, norma central categórica, de observância obrigatória para Estados e Municípios. III Mostra-se conveniente a suspensão liminar da norma impugnada, também sob o ângulo do perigo na demora, dada a evidente situação de insegurança jurídica causada pela vigência simultânea e discordante entre si dos comandos constitucionais federal e estadual. IV Medida cautelar concedida com efeito ex tunc. (ADI 4696 MC, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 01/12/2011, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-055 DIVULG 15-03-2012 PUBLIC 16-03-2012) Ementa: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. MEDIDA CAUTELAR. CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO MARANHÃO. EMENDA CONSTITUCIONAL 64/2011. SERVIDORES PÚBLICOS. APOSENTADORIA COMPULSÓRIA AOS 75 ANOS DE IDADE. DENSA PLAUSIBILIDADE JURÍDICA DA ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. PERIGO NA DEMORA CONFIGURADO. MEDIDA CAUTELAR DEFERIDA COM EFEITOS RETROATIVOS. 1- A Constituição Federal de 1988 estabelece, no art. 40, 1º, II, a idade de 70 (setenta) anos para a aposentadoria compulsória dos servidores públicos. 2- Trata-se de norma de reprodução obrigatória pelos Estados-membros, que não podem extrapolar os limites impostos pela Constituição Federal na matéria. 3- Caracterizada, portanto, a densa plausibilidade jurídica da arguição de inconstitucionalidade da Emenda à Constituição do Estado do Maranhão 64/2011, que fixou a idade de 75 (setenta e cinco) anos para a aposentadoria compulsória dos servidores públicos estaduais e municipais. 4- Do mesmo modo, configura-se o periculum in mora, na medida em que a manutenção dos dispositivos impugnados acarreta grave insegurança jurídica. 5- Medida cautelar deferida com efeito ex tunc. (ADI 4698 MC, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Tribunal Pleno, julgado em 01/12/2011, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-080 DIVULG 24-04-2012 PUBLIC 25-04-2012) Nos referidos julgamentos esteve em debate a violação a violação ao princípio constitucional de que a aposentadoria de servidores públicos é matéria que diz respeito à competência do legislador constitucional federal, cujas normas são de absorção compulsória pelos Estados. Logo, quando ao CF fixou, no art. 40, 1º, II, a idade máxima para aposentadoria compulsória, não poderiam os Estados dispor de forma diversa. Pode-se dizer, ainda, que no caso sob exame, caberá a STF, com base no art. 93, VI, enviar o projeto de lei complementar para dispor sobre o regime de aposentadoria dos magistrados. Então, com maior razão, haverá essa eg. Corte de acolher a presente ação direta de inconstitucionalidade para o fim de declarar a nulidade da norma constitucional estadual que fixou a idade de 75 anos como sendo aquela na qual se dá o implemento da aposentadoria compulsória para os magistrados, no Estado do Rio de Janeiro. TEL.: (61)3326-1458, FAX.: (61) 3326-3849, E-MAIL: gpf@gpfa.adv.br

9 VI MEDIDA CAUTELAR NECESSÁRIA Está a se impor a suspensão cautelar das normas aqui impugnadas, porque a manutenção da norma ora impugnada para aguardar o julgamento de mérito terá conseqüências graves para a magistratura do Estado do Rio de Janeiro, uma vez que, sendo certa a sua nulidade constitucional, caso não seja deferida a medida cautelar, restará franqueado a que magistrados que deveriam ser aposentados necessariamente com 70 anos, continuarem exercendo a judicatura até os 75 anos. Isso afetará diretamente o regime de promoções na magistratura com o congelamento por mais 5 anos na estrutura judiciária do Estado, uma vez que nesse período não ocorrerá nenhuma das aposentadorias que deveriam ser implementadas. Magistrados que teriam direito de ascender na carreira em razão da aposentadoria compulsória de outros terão obstado esse direito, correndo o risco até mesmo de terem de se aposentar antes mesmo da promoção que teria necessariamente direito. É que, magistrados que implementarão a condição de 70 anos de idade e que, portanto, deverão se aposentar nos termos da CF, poderão permanecer em seus cargos até os 75 anos de idade. Haverá não apenas uma quebra na estrutura atual da magistratura do Estado -- com o engessamento do processo de promoção nos próximos 5 anos -- como também uma quebra na motivação dos magistrados que tinham a justa expectativa de ascensão na carreira diante da norma prevista na Constituição Federal. O caso está a sugerir o deferimento da medida cautelar até mesmo por meio de decisão singular, ad referendum do Plenário, até porque a hipótese não é de fumaça do bom direito, mas de cristalino direito, que não permite supor julgamento diverso da procedência da ação. TEL.: (61)3326-1458, FAX.: (61) 3326-3849, E-MAIL: gpfa@gpfa.adv.br

10 XII PEDIDO DE LIMINAR E DE PROCEDÊNCIA DA AÇÃO Por todo o exposto, demonstrada a inconstitucionalidade formal e material do o inciso VI, do art. 156, da Constituição do Estado do Rio de Janeiro, bem ainda do art. 94 do ADCT da mesma Constituição Estadual, requer a AMB que seja deferida a medida cautelar nos termos do 3º, do art. 10, da Lei n. 9.868/99, até mesmo por meio de decisão singular ad referendum do Plenário, para suspender a eficácia da norma até o julgamento final da ação. Não é demais lembrar que essa eg. Corte, na situação rigorosamente semelhante à presente, deferiu pedido de cautelar nas ADIs anteriormente mencionadas em face de normas constitucionais dos Estados do Piaui e do Maranhão (ADIs n. 4696 e 4698). Ao final, após serem ouvidos a Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro -- único Poder do Estado que participou da formação da norma, porque não decorreu de iniciativa do Poder Judiciário ou Executivo e não foi sancionada pelo Governador -- e a Procuradoria Geral da República, restando demonstradas as inconstitucionalidades ora sustentadas, requer a AMB que esse eg. Supremo Tribunal Federal julgue a ação procedente, para declarar a inconstitucionalidade formal e material do o inciso VI, do art. 156, da Constituição do Estado do Rio de Janeiro, bem ainda contra o art. 94 do ADCT da mesma Constituição Estadual, com a redação que lhe deu a EC n. 59, de 10.04.2015, com efeito ex tunc. Dá-se à presente causa o valor de R$ 1.000,00. Brasília, 10 de abril de 2015. P.p. ALBERTO PAVIE RIBEIRO (OAB-DF, nº 7.077) (AMB-ADI-RJ-Aposentadoria-75anos-inicial) TEL.: (61)3326-1458, FAX.: (61) 3326-3849, E-MAIL: gpf@gpfa.adv.br