A função do ensino e A formação do professor universitário
Coleção EDUCAÇÃO SUPERIOR Coordenação editorial: Claudenir Módolo Alves Metodologia Científica Desafios e caminhos, Osvaldo Dalberio / Maria Célia Borges Dalberio Um abominável mundo novo? O ensino superior atual, Regis de Morais Práticas e perspectivas de democracia na gestão educacional, Carlos Betlinski A função do ensino e a formação do professor universitário, Thereza Marini
Thereza Marini A função do ensino e a formação do professor universitário
Direção editorial: Claudiano Avelino dos Santos Assistente editorial: Jacqueline Mendes Fontes Revisão: Caio Pereira Iranildo Bezerra Lopes Renan Damaceno Diagramação: Ana Lúcia Perfoncio Capa: Marcelo Campanhã Impressão e acabamento: PAULUS Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Marini, Thereza A função do ensino e a formação do professor universitário / Thereza Marini. São Paulo: Paulus, 2013. (Coleção educação superior) ISBN 978-85-349-3607-1 1. Educação - Finalidades e objetivos 2. Ensino superior 3. Pedagogia 4. Prática de ensino 5. Professores - Formação profissional 6. Professores universitários 7. Sala de aula - Direção I. Título. II. Série. 13-05209 CDD-370.71 Índices para catálogo sistemático: 1. Professores universitários: Formação profissional: Educação 370.71 1ª edição, 2013 Paulus 2013 Rua Francisco Cruz, 229 04117-091 São Paulo (Brasil) Tel.: (11) 5087-3700 Fax: (11) 5579-3627 www.paulus.com.br editorial@paulus.com.br ISBN 978-85-349-3607-1
sumário Dedicatória 7 Homenagem 9 Agradecimento 11 Introdução 13 Capítulo I O COTIDIANO DA SALA DE AULA 19 Capítulo II COM A PALAVRA, OS professores 23 Condicionantes institucionais 24 Relacionamento de professores e alunos 35 A experiência confirma a pesquisa 38 Capítulo III REFLEXÕES SOBRE AS PALAVRAS DOS PROFESSORES 41 Capítulo IV UMA NOVA DIDÁTICA PARA A UNIVERSIDAde 47 A dimensão humana 50 A dimensão teórico-prática 53 A dimensão sociopolítica 56 O professor transformador 59 Sumário 5
Capítulo V A INTERAÇÃO ENTRE PLANEJAR, EXECUTAR E AVALIAR O ENSINO 61 Planejar 64 Executar 65 Avaliar 69 Capítulo VI O PROJETO DE DESENVOLVIMENTO do ENSINO SUPERIOR (PRODES) 71 Pressupostos para a ação 71 Programas do Prodes 76 Da pesquisa à ação 77 A diversidade do fazer didático na unidade dos objetivos 85 O programa de pesquisa 90 Avaliando a trajetória do Prodes 91 Considerações finais 97 Bibliografia 99 6 a função do ensino e a formação do professor universitário
DEDICATÓRIA Dedico este livro a todos os professores da Universidade Estadual Julio de Mesquita Filho que vêm participando de projetos de formação contínua visando à boa qualidade do ensino nos seus cursos de graduação e pós-graduação.
HOMENAGEM Homenageio particularmente os professores coordenadores do Projeto de Desenvolvimento do Ensino Superior nas pessoas de: Dra. Josefa Aparecida Grigoli Dra. Helena Faria de Barros Dr. Miguel Carlos Madeira Dr. Antonio Cesar Perri de Carvalho Dra. Ana Maria Faleiros Minha homenagem ao grande educador brasileiro Paulo Freire e a todos os autores citados na bibliografia por sua reflexão sobre a educação brasileira.
AGRADECIMENTO Minha gratidão a André de Peretti, grande humanista e educador francês, pelos ensinamentos que reforçaram em mim o respeito e a consideração incondicional à pessoa do aluno em seu processo de formação emancipatória. Meu agradecimento a Abel Ricieri Boscoli Batista pelo excelente apoio dispensado à organização técnica deste trabalho.
INTRODUÇÃO Alinhando-se aos estudos sobre Pedagogia Universitária que vêm sendo realizados e publicados no Brasil e no exterior, meu estudo tem o propósito de contribuir para a compreensão e melhoria da função do ensino e da formação dos professores universitários. Faço desse tema o núcleo central do estudo, conjugando a pesquisa com a prática da docência de um grupo de professores universitários interessados na melhoria do seu ensino. O trabalho foi desenvolvido na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) no período de 1978 a 1983, primeiros anos de sua instalação. Dele participaram 143 professores representantes das áreas das Ciências Exatas, Humanas, Saúde e Tecnológicas, correspondendo a 10% do total de 1.700 professores. Considerou-se o tempo de docência por eles exercido, na variação 1 a 17 anos e mais, bem como a titulação, variando do auxiliar de ensino ao titular. O que confere singularidade a essa experiência é a amplitude do olhar do pesquisador ao tomar como pressuposto a relação de reciprocidade entre as funções do ensino, da pesquisa e da extensão de serviços à sociedade, pela qual o bom exercício de uma favorece o desempenho da outra. Entretanto, tomo a função do ensino e o professor universitário na sala de aula como figuras centrais deste estudo. Introdução 13
Elejo a sala de aula como um espaço de múltiplas possibilidades interativas, como um microcosmo da sociedade cuja dinâmica é sustentada pela relação entre pessoas diferentes, em um clima instável de coesão, de conflitos, de trocas e discussão de ideias. A sala de aula, como a entendo em nosso tempo, é aquela que amplia o seu espaço, adentrando diferentes campos de trabalho e abrindo a cada dia suas portas de entrada e suas janelas para o mundo globalizado em que vivemos. É o professor que, na sala de aula, seleciona o conteúdo cultural específico que mediará a sua interação com os alunos no processo de ensino e aprendizagem. Não obstante os multimeios de informação oferecidos pelos equipamentos tecnológicos de comunicação, é o professor quem seleciona o conteúdo cultural específico que mediará a sua interação com os alunos no decorrer do processo de ensino e aprendizagem. Não é tarefa fácil selecionar e operacionalizar por atividades específicas a função formadora do professor seja qual for o nível escolar da educação formal em que atua. Para tanto, se espera dele o preparo necessário ao desempenho da profissão professor, o que já ocorre no ensino fundamental e médio. O mesmo não vem acontecendo no ensino superior, que ainda privilegia a competência técnica-científica, subentendendo, talvez, ser ela suficiente para garantir o bom desempenho da função de ensinar. Professores em início ou não de carreira ou que não tenham cursado a licenciatura encontram dificuldades no decorrer do trabalho, com reflexos de insegurança, desânimo e baixa estima, dentre outro sintomas. Ao tomar a função do ensino e a formação do professor universitário como objeto de pesquisa-ação, tenho como pressuposto que, não obstante o ato de ensinar poder ser definido por atributos próprios e ter por trás do seu fazer 14 a função do ensino e a formação do professor universitário
teorias que o inspiram, ele não pode ser tomado como um ato que se esgota em si mesmo. Na verdade, o ensino deve ser compreendido como uma ação que decorre da concepção e dos fins da instituição em que se realiza ambos em sintonia com a cultura e a história da sociedade a que serve. Em relação ao trabalho que apresento, cabe a pergunta do leitor: qual o interesse em reportar-se a uma experiência vivida há anos face ao tempo presente em que a voz corrente é: hoje tudo mudou... e a história hoje é outra? Diria eu que é justo na história que está o nó da questão. Tudo mudou, e a universidade continua em marcha lenta para acompanhar os passos rápidos das mudanças nos campos da Ciência e da Tecnologia, dos conceitos, das formas e dos valores incidindo no comportamento físico, moral e ético do homem na sociedade contemporânea. Nessa situação de impasse diante do tempo presente, a universidade está frente a um desafio: reconstruir-se pela revisão de seus fins e de seus meios, abrindo novos caminhos no presente, visualizando o futuro, para não perder o seu significado histórico de instituição social encarregada da formação de cidadãos conscientes, críticos e construtivos. Como educadora, tenho os professores e estudantes como protagonistas por excelência da reconstrução do ensino superior. Os primeiros como profissionais conscientes da importância de sua função e os segundos em número cada vez maior e de procedências sociais que representam a nossa realidade de contraste econômico, étnico e cultural. Cabe a eles fazer a leitura do nosso mundo e repaginá-lo para o futuro da nossa nação. Volto agora ao nosso cotidiano tão cheio de contradições. Como passar da utopia necessária para fazê-la tópica, quando a problemática do ensino universitário e a formação Introdução 15
de seus professores coloca-se hoje em nível nacional? Assiste- -se agora no Brasil a uma multiplicação de universidades, deixando em segundo plano as mazelas do ensino fundamental; universidades empresariais recebem verbas do Governo Federal para abertura de vagas para vestibulandos procedentes, especialmente, de escolas públicas; louvável a intenção, mas ela remete a resultados desalentadores, desvelando a baixa qualidade do ensino nelas oferecido. É o que têm concluído as avaliações periódicas feitas pelo Conselho Nacional de Educação, e é lamentável dizer que esses resultados comparecem, também, em instituições confessionais e públicas. Em nosso tempo de crise econômica, social, moral e ética, a educação no Brasil vem sendo usada como bandeira daqueles que buscam o poder político, fazendo dela o eixo propulsor das mudanças necessárias para o desenvolvimento do país. Na sociedade civil, órgãos não governamentais lançam projetos educacionais preocupados com um futuro despreparado e suas consequências. As faculdades de Filosofia, por seus departamentos de educação, realizam congressos e seminários para apresentação de pesquisas e defesa de projetos e propostas de mudanças na política educacional, nos currículos e nos recursos tecnológicos da educação compatíveis com o mundo virtual e suas redes de relacionamento cultural. Porque oportunas para este momento de crise, volto na história dos nossos anos de chumbo, retomando as palavras do poeta e compositor Geraldo Vandré, esperar não é saber, quem sabe faz a hora, não espera acontecer. Sobre a função do ensino na universidade e a formação do professor face ao panorama acima citado, convidaria os 16 a função do ensino e a formação do professor universitário
professores universitários a uma autoavaliação de suas condições de ensino, a partir da leitura desta obra, para pontuar as mudanças, certamente ocorridas, contrapondo-as aos fatos e exemplos a que recorro ao escrevê-la. Introdução 17