Uma Pergunta Que Não Cala!

Documentos relacionados
CHEIA MÁXIMA PROVÁVEL DO RIO TELES PIRES

22de Agosto 17:30 horas

PRECIPITAÇÕES EXTREMAS

HIDROLOGIA. Aula vazões mínimas de referência. Prof. Enoque

VIII-Castro-Brasil-1 COMPARAÇÃO ENTRE O TEMPO DE RETORNO DA PRECIPITAÇÃO MÁXIMA E O TEMPO DE RETORNO DA VAZÃO GERADA PELO EVENTO

Hidrologia. 3 - Coleta de Dados de Interesse para a Hidrologia 3.1. Introdução 3.2. Sistemas clássicos Estações meteorológicas

INSTRUMENTO DE APOIO A GESTÃO DE ZONAS INUNDÁVEIS EM BACIA COM ESCASSEZ DE DADOS FLUVIOMÉTRICOS. Adilson Pinheiro PPGEA - CCT - FURB

Prof. André Luiz Tonso Fabiani. Universidade Federal do Paraná Curitiba PR (41)

CAPÍTULO 6 Tomada d água 6.1 Funções de um típico arranjo de tomada d água 6.2 Tipos usuais de tomadas de água 6.3 Formulações gerais aplicadas

BARRAGENS DE TERRA E DE ENROCAMENTO AULA 3. Prof. Romero César Gomes - Departamento de Engenharia Civil / UFOP

NORTE ENERGIA S.A. -NESA UHE BELO MONTE. Rio Xingu, Brasil

Hidrologia - Lista de exercícios 2008

CURSO DE CAPACITAÇÃO EM ESTRUTURAS DE BARRAGENS: TERRA, ENROCAMENTO E REJEITOS

BARRAGENS DE REJEITO: PROJETO,CONSTRUÇÃO E OPERAÇÃO 17/04/2019

10. Aplicação das Técnicas de Probabilidade e Estatística em Hidrologia

CURSO DE CAPACITAÇÃO EM ESTRUTURAS DE BARRAGENS: TERRA, ENROCAMENTO E REJEITOS. Critérios para escolha do tipo e local de implantação de uma barragem

Hidráulica e Hidrologia

ESTADO DE MATO GROSSO SECRETARIA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP DEPARTAMENTO DE

Estatística de Extremos

IV INFLUÊNCIA DA EXTENSÃO DA SÉRIE HISTÓRICA DE VAZÕES SOBRE A AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES CRÍTICAS DE ESCOAMENTO DO RIO PARDO

AS NOVAS NORMAS NBR ABNT E E SEUS EFEITOS NO SETOR MINERAL PAULO FRANCA

O QUE É PRECISO PARA A SAMARCO VOLTAR A OPERAR?

1 INTRODUÇÃO. 1.1 Introdução

Sistema de Esgotamento Sanitário

Professora: Amanara Potykytã de Sousa Dias Vieira HIDROLOGIA

V- DESVIO DO RIO. canais ou túneis. túneis escavados nas ombreiras. Apresenta-se no item V.1 deste capítulo, o desvio do rio através de

DISCUSSÕES SOBRE OS MODOS DE FALHA E RISCO DE GALGAMENTO DE BARRAGENS DE REJEITOS

DIRETRIZES PARA PROJETO

Gestão de Recursos Hídricos na Mineração

10.3 Métodos estatísticos

TE033 CENTRAIS ELÉTRICAS Capitulo III: Estudo Hidrenergético Parte 2. Dr. Eng. Clodomiro Unsihuay Vila

RISCOS EM BARRAGENS DE REJEITOS DE MINERAÇÃO

MONITORAMENTO AMBIENTAL UMA VISÃO DA PRÁTICA

INSTRUÇÃO TÉCNICA DPO nº 11, DE 30/05/2017

COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DAS VELHAS

RECUPERAÇÃO E ESTABILIZAÇÃO DE TALUDE NA UHE DE FUNIL

MEMORIAL DE CÁLCULO DIMENSIONAMENTO DA TUBULAÇÃO DE ÁGUA PLUVIAL

8 Conclusões e Considerações Finais

IV ANÁLISE DO ROMPIMENTO HIPOTÉTICO DE UMA BARRAGEM DE REGULARIZAÇÃO DE VAZÃO NO MUNICÍPIO DE RIO PARANAÍBA MG

Consistência dos dados pluviométricos

O RISCO DA CLASSIFICAÇÃO DE BARRAGENS POR CATEGORIA DE RISCO, COM BASE EM MÉTODO DE PONDERAÇÃO DE FATORES

ESCOAMENTO SUPERFICIAL Segmento do ciclo hidrológico que estuda o deslocamento das águas sobre a superfície do solo.

ANÁLISE DE FREQUENCIA E PRECIPITAÇÃO HIDROLOGICA DE CINCO ESTAÇÕES AGROCLIMATOLÓGICAS DA REGIÃO CENTRO- SUL DA BAHIA

Capítulo 8 Falhas em pequenas barragens

Universidade Tecnológica Federal do Paraná. CC54Z - Hidrologia. Precipitação: análise de dados pluviométricos. Prof. Fernando Andrade Curitiba, 2014

PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS ESCOLA DE ENGENHARIA HIDROLOGIA APLICADA SEMESTRE I

Chuvas Intensas e Cidades

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária

ESTADO DE MATO GROSSO SECRETARIA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP DEPARTAMENTO DE

DRENAGEM AULA 02 ESTUDOS HIDROLÓGICOS

Total 03. Pré-requisitos 2. N o

Submódulo Critérios para estudos hidrológicos

CAPÍTULO VII PREVISÕES DE ENCHENTES

COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DAS VELHAS

OBRAS DE DESVIO DE RIO E ASPECTOS DE SEGURANÇA OPERACIONAL DURANTE CONSTRUÇÃO DE BARRAGENS

ESTRADAS E AEROPORTOS DRENAGEM DE VIAS. Prof. Vinícius C. Patrizzi

As barragens de terra apresentam muitas finalidades:

Lições do desastre da Samarco para a preparação, resposta e reconstrução em situações de riscos e desastres

O CONTROLE DE CHEIAS E A GESTÃO DE. Joaquim Gondim

HIDROLOGIA AULA 14 HIDROLOGIA ESTATÍSTICA. 5 semestre - Engenharia Civil. Profª. Priscila Pini

B Hidrograma Unitário

Capítulo 8 Falhas em pequenas barragens

Por que falar em Segurança de Barragens?

Atividades Especiais. Atividades de Superfície. Atividades de Profundidade

PROJETO DE LEI Nº, DE 2003

GESTÃO INTEGRADA DE ÁGUAS SUPERFICIAIS E SUBTERRÂNEAS PARA EMPREENDIMENTOS MINERÁRIOS

ANÁLISE DAS PRECIPITAÇÕES MÁXIMAS E DOS EVENTOS EXTREMOS OCORRIDOS EM SÃO LUÍZ DO PARAITINGA (SP) E MUNICÍPIOS VIZINHOS

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP FACULDADE DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGIAS CURSO DE ENGENHARIA CIVIL GEOTECNIA III

Conceitos. Diretrizes de Projeto

ISF 208: ESTUDOS HIDROLÓGICOS. Os Estudos Hidrológicos serão desenvolvidos em duas fases: a) Fase Preliminar;

RESOLUÇÃO N o 143, DE 10 DE JULHO DE (Publicada no D.O.U em 04/09/2012)

ANÁLISE DAS PRECIPITAÇÕES NO INTERVALO DE 1979 À 2009, DA SUB- BACIA DO RIO FIGUEIREDO E A SUSCEPTIBILIDADE À INUNDAÇÃO DA ÁREA URBANA DE IRACEMA-CE.

TE033 CENTRAIS ELÉTRICAS Capitulo III: EstudoHidrenergético Parte 1. Dr. Eng. Clodomiro Unsihuay Vila

BARRAGEM DE CAMPOS NOVOS

VIII Simpósio Brasileiro sobre Pequenas e Médias Centrais Hidrelétricas 01 a 04/05/2012

PREVISÃO DE EVENTOS HIDROLÓGICOS

SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL CPRM DIRETORIA DE HIDROLOGIA E GESTÃO TERRITORIAL DHT

A IMPORTÂNCIA DA INSTALAÇÃO DE ESTAÇÕES FLUVIOMÉTRICAS E PLUVIÔMETRICAS PARA O ESTUDO DA HIDROLOGIA: CASO DA BACIA DO RIO JUQUERIQUERÊ

Risco hidrológico e segurança de barragens existentes (Simulação Hidrológica de Eventos Extremos)

PHD 2307 Hidrologia Estudo de Caso. Estudos Hidrológicos para o Dimensionamento de UHE. Disponibilidade de Dados

1. (UNIPAM) Nas últimas décadas, diversos fenômenos climáticos têm sido foco de discussões na academia e na mídia, devido às implicações sociais,

UTILIZAÇÃO DE GEOTÊXTIL BIDIM E GEOWEB EM OBRA DE DRENAGEM DE PILHA DE REJEITO DA MINERAÇÃO MBR CANAL MUTUCA MG

ESTUDO HIDROLÓGICO E MODELAGEM CHUVA-VAZÃO DA BACIA DO RIO DOCE Arthur da Fontoura Tschiedel 1 Bibiana Rodrigues Colossi 2

DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS DA EQUAÇÃO DE CHUVAS INTENSAS PARA O MUNICÍPIO DE ALHANDRA, PARAÍBA

Amortecimento de Ondas de Cheias em Reservatórios

Unidade de Captação. João Karlos Locastro contato:

Cap. 3 Unidade de Conservação

Vertedouros Ana Luiza de Souza. Centrais Elétricas

Segurança de novas metodologias e cálculos hidrológicos e o planejamento. Prof. Aloysio Portugal Maia Saliba EHR / UFMG

ESTUDOS HIDRÁULICOS DO CANAL DE RESTITUIÇÃO DO VERTEDOURO DA UHE ITUTINGA. Engenheiro Ricardo Ahouagi Carneiro Junho

A Cheia de 24 de Fevereiro de 2004 no rio Ardila

Sumário. Apresentação I Apresentação II Apresentação III Prefácio Capítulo 1 Introdução... 37

SALA DE SITUAÇÃO PCJ. Boletim Mensal. Abril/2019

NRM - Normas Regulamentadoras da Mineração - Especificidade na Indústria de Areia e Brita NRM 02. Lavra a Céu Aberto

REUNIÃO ORDINÁRIA DA COMAT

DRENAGEM EM OBRAS VIÁRIAS. Waldir Moura Ayres Maio/2009

PUA Plano de Uso da Água na Mineração. Votorantim Metais Holding Unidade Vazante - MG

9 - Escoamento Superficial

RESOLUÇÃO N o 55, DE 28 DE NOVEMBRO DE 2005

Transcrição:

A CESP contratou a Morrison Internacional que destacou Gerd Leyen e Mario Sergio para inspeção e reunião com os consultores internacionais Monsieur Blanchet (Grenoble); Fernando Lemos (LNEC); James Libby (U.S. Corps of Eng./Bureau of Reclamation). A CHESP logo na primeira reunião apresentou e entregou os dados fluviométricos e pluviométricos que precederam ao rompimento e reconheceram falha operacional de demora na abertura da comporta do vertedor. Como resultado a barragem foi reconstruída como antes e se projetou um vertedor complementar para 1100 m 3 /s na forma de uma Tulipa de 27,00 m de diâmetro e aproveitando o túnel de desvio. Ou seja, a vazão de projeto de 2100 m 3 /s e vazão de verificação 3200 m 3 /s. Sendo essa grande obra para tornar a segurança independente de uma operação precisa da comporta. Janeiro de 1977

Uma Pergunta Que Não Cala! O rompimento da barragem de rejeito da Samarco resultou numa onda de translação devastadora causada pela mistura de Grande Volume de água com rejeito do minério de ferro. Não se apresenta o Fluviograma das cheias que precederam ao rompimento, porque? Foi ele inferior ou superior ao considerado no projeto? Se foi ele superior terá havido falha no Critério Adotado de Segurança da Barragem? Se foi ele inferior terá havido falha no Projeto ou na Operação e/ou Manutenção da Barragem?

O PROJETO DA SEGURANÇA DAS BARRAGENS SE BASEIA PREDOMINANTEMENTE NO RESULTADO DO ESTUDO PROBABILÍSTICO DAS OCORRÊNCIAS DE EVENTOS EXTREMOS ANUAIS. UMA VEZ DETERMINADA A CURVA DO AJUSTE PROBABILÍSTICO POR TEMPO DE RECORRÊNCIA A INTERNATIONAL COMISSIOM OF LARGE DAMS ADOTA A CLASSIFICAÇÃO DA AMERICAN SOCIETY OF CIVIL ENGINEERS DE ONDE SE INFERE O RISCO A QUE ESTARÁ SUBMETIDA E PARA QUAL DEVE SER A SEGURANÇA DA BARRAGEM. NÃO HÁ RAZÃO PARA DISTINÇÃO SEJA A BARRAGEM PARA GERAÇÃO DE ENERGIA HIDROELÉTRICA, SEJA PARA CONTROLE DE CHEIAS, ACUMULAÇÃO DE REJEITOS OU QUALQUER OUTRA FUNÇÃO.

Exemplo de Ajuste Gumbel para uma série de eventos extremos Gumbel

Critérios para Adoção da Vazão de Projeto parte 1

Vazão de Projeto parte 2 Critérios para Adoção da Vazão de Projeto parte 2

PMP para todas estações duração 24 horas 10 milhas quadradas. Nos Estados Unidos é sistematicamente atualizado o calculo da PMF (Probable Maximum Flood)

AS BARRAGENS DE REJEITOS MUITO RARAMENTE SÃO EXECUTADAS PARA COMPORTAR TODO VOLUME A SER ACUMULADO NA VIDA ÚTIL PREVISTA PARA A MINERAÇÃO. É QUASE REGRA GERAL QUE SE ADOTE UM ESTAGIAMENTO NA IMPLANTAÇÃO PARA MINIMIZAR OS CUSTOS DE CAPITAL INICIAL. ENTRETANTO A QUESTÃO DA SEGURANÇA NÃO PODE SER AFETADA PELA IMPLANTAÇÃO EM ESTÁGIOS. SIGNIFICA QUE TODA ÁREA A SER OCUPADA PELAS BARRAGENS TEM QUE ESTAR PROTEGIDA

Vazão 1 2 3 A maioria dos rejeitos para adensar e poder apresentar capacidade de suporte ao estágio seguinte da barragem nos casos 1 e 3, precisa ser drenado e leva algum tempo até consolidar para apresentar suporte adequado. Não se admite a hipótese da equipe de operação da mina e a do Laboratório de Solos transgredirem os limites estabelecidos de capacidade de carga do rejeito adensado. Barragem de rejeitos com seis estágios de implantação na configuração mais usual nº 1.

Um lay out de Barragem de Rejeitos típica na qual o deflúvio superficial é interceptado por canais o que usualmente se denominam side channel spillway mineroduto Canal aberto de cintura para interceptar as cheias 1 2 3 4 Os deflúvios superficiais e do leito são desviados contornando a barragem nos seus estágios. Side channel

São graves as evidências que o projeto da barragem da Samarco não foi corretamente concebida para estar protegida da cheia que ocorreu podendo ter sido de magnitude muito inferior a que deveria ter sido adotada. Não há citação do tempo de recorrência da tempestade que ocasionou o rompimento, muito menos o confronto com o hidrograma de projeto. Nem mesmo se sabe qual foi a concepção adotada para o sangradouro das cheias? Importante também como é usual saber como se iniciou e progrediu a brecha evoluindo para o rompimento e formação da grande e devastadora onda de translação

No caso do rompimento da barragem ocorrer tempos depois da ocorrência de cheia indica que foi devido a uma falha em sua estrutura permitindo à formação de tubagem ou piping. Para isso ocorrer é preciso haver uma falha no seu maciço por onde se processa um escoamento com carreamento de material e que não sendo bloqueado em tempo, atinge proporções incontroláveis e formação da brecha seguida geralmente de catastrófica onda de translação