IV ESTRATÉGIAS PARA O ENFRENTAMENTO DA SECA NO TOCANTE AO ABASTECIMENTO DE ÁGUA NA ZONA RURAL DO CEARA.

Documentos relacionados
PLANO ESTADUAL DE CONVIVÊNCIA COM A SECA

SISTEMA INTEGRADO DE SANEAMENTO RURAL (SISAR)

LA EXPERIENCIA DEL SISTEMA INTEGRADO DE SANEAMENTO RURAL (SISAR) Otaciana Ribeiro Alves

SERVIÇO AUTÔNOMO DE ÁGUA E ESGOTO GUANHÃES MG

Materializando o Direito à Água e aos Serviços de Saneamento Básico: Seminário de Pesquisa e Debate Projeto DESAFIO (

PROGRAMA DE AMPLIAÇÃO DA DISPONIBILIDADE HÍDRICA PARA CAPTAÇÃO PELO SAAE

DIRETRIZES PARA ALOCAÇÃO DE ÁGUA DOS RESERVATÓRIOS ISOLADOS

Código ANÁLISE DA IMPLEMENTAÇÃO DAS AÇÕES DO PDRH- GRAMAME (2000) E PERSPECTIVAS PARA SUA ATUALIZAÇÃO

ALTERNATIVA DE TRATAMENTO DE ÁGUA DE ABASTECIMENTO PARA ÁREAS RURAIS

ÁGUA E RECURSOS HÍDRICOS NO VALE DO JAGUARIBE, CEARÁ: DILEMAS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO FIGUIEREDO.

BOLETIM GESTÃO DAS ÁGUAS

MODELO DE GESTÃO SISAR CEARÁ

PROGRAMA NACIONAL DE SANEAMENTO RURAL. CÂMARA TEMÁTICA Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental ABES

GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS NO ESTADO DO CEARÁ NO CONTEXTO DO PROJETO DE INTEGRAÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO. Helder Cortez

UMA AGENDA PARA AVANÇAR NO GERENCIAMENTO DOS RECURSOS HÍDRICOS DO NORDESTE

ESTIMATIVA DO POTENCIAL DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA DAS CHUVAS DOS TELHADOS DO IFCE CAMPUS QUIXADÁ

CONTRIBUIÇÃO DA CAPTAÇÃO DA ÁGUA DE CHUVA AO SISTEMA DE ABASTECIMENTO URBANO

DIAGNÓSTICO DA UTILIZAÇÃO DE CISTERNAS PARA ARMAZENAMENTO DE ÁGUAS PLUVIAIS NO SERTÃO PARAIBANO

Experiências do Saneamento Rural Espírito Santo PROGRAMA PRÓ-RURAL / CESAN. PAINEL II Modelos de Gestão em Saneamento Rural

EXCELÊNCIA EM GESTÃO, EFICIÊNCIA EM OPERAÇÃO

CRATO/CE Abril de 2014

Comitê de Meio Ambiente CTC ÚNICA. "O Setor Sucroenergético e a Crise Hídrica Avanços com Boas Práticas" COMITÊ DE MEIO AMBIENTE (CMA) CTC-UNICA

PROGRAMA SOCIOAMBIENTAL DE PROTEÇÃO E RECUPERAÇÃO DE MANANCIAIS

ESTUDO DO ENCHIMENTO DE UM RESERVATÓRIO NO ALTO SERTÃO PARAIBANO

Título: Relação da água da chuva com os poços de abastecimento público do Urumari em Santarém Pará, Brasil. Área Temática: Meio Ambiente

Experiências do Saneamento Rural Espírito Santo PRÓ- RURAL / CESAN

22º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental IV-050 PADRÃO DE EMISSÃO PARA RIOS INTERMITENTES ENFOQUE AO SEMI-ÁRIDO DO CEARÁ

ELABORAÇÃO DO MODELO SUSTENTÁVEL DE UM PRÉDIO EDUCACIONAL DO PONTO DE VISTA HÍDRICO

Recursos Hídricos. A interação do saneamento com as bacias hidrográficas e os impactos nos rios urbanos

I FLEXIBILIZAÇÃO DO ABASTECIMENTO NA CRISE COM REVERSÃO DE ESTAÇÃO ELEVATÓRIA DE ÁGUA

GESTÃO SUSTENTÁVEL DOS RECURSOS HÍDRICOS DO AEROPORTO INTERNACIONAL DO RIO DE JANEIRO - GALEÃO. Pedro Masiero Jr.

WORKSHOP TÉCNICO Gestão Hídrica na Indústria

Fortaleza CE Abril 2009

BOLETIM GESTÃO DAS ÁGUAS

I GREEAT - GESTÃO DE RISCOS E EFICIÊNCIA EM ELEVATÓRIA DE ÁGUA TRATADA

IV Encontro de Recursos Hídricos em Sergipe 22 a 25 de março. Pacto das Águas. Antonio Martins da Costa

BOLETIM DE MONITORAMENTO DOS POÇOS COM DATALOGGER NO CARIRI CE (ANO DE 2016)

ALTERNATIVA ECOLÓGICA PARA ECONOMIA DE ÁGUA NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO, A PARTIR DO REUSO DE ÁGUA.

BOLETIM DE MONITORAMENTO DOS POÇOS COM DATALOGGER NO CARIRI CE (ANO DE 2017)

OUTRAS MEDIDAS DE IMPORTÂNCIA SANITÁRIA

ESTUDO DO REBAIXAMENTO DE SETE AÇUDES SO SEMIÁRIDO CEARENSE DURANTE PERÍODO DE ESTIAGEM PROLONGADA

ÁGUA FONTE DE VIDA E EXISTÊNCIA: O USO DAS CISTERNAS COMO FONTE ALTERNATIVA DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA, NO DISTRITO DE MORORÓ, BARRA DE SANTANA-PB.

I BALANÇO HÍDRICO DAS MICROBACIAS DA REGIÃO DOS LAGOS ÁGUA PRETA E BOLONHA

INFORMAÇÕES DE SUPORTE. Alvo de Atuação 2. Aumentar a resiliência do território da BIG frente às variações na disponibilidade hídrica.

Educação Ambiental + Sustentável: Promover o uso eficiente da água. Memória descritiva da Operação. Descrição sumária do Projeto ou Ação

VIII-048 PROGRAMA COMBATE AO DESPERDÍCIO DE ÁGUA

Hidrologia Aplicada Carga Horária: 72 horas Prof a Ticiana M. de Carvalho Studart

CAPACITAÇÃO REGIONAL OPORTUNIDADES E REALIDADES DAS BACIAS PCJ

CISTERNA tecnologia social: atendimento população difusa

Gestão e Sustentabilidade Financeira

UTILIZAÇÃO DE ÁGUA DE CHUVA EM TERMINAL RODOVIÁRIO DE POMBAL - PB

INTERVENÇÕES TECNOLÓGICAS EM EDIFICAÇÕES PÚBLICAS PARA O USO EFICIENTE DA ÁGUA

IMPORTÂNCIA DOS SISTEMAS DE CAPTAÇÃO E APROVEITAMENTO DE ÁGUA DE CHUVA NO SEMIÁRIDO PARAIBANO: UM ESTUDO TEÓRICO

3.6 LEOPOLDINA Sistema Existente de Abastecimento de Água

A SECA NO SEMIÁRIDO POTIGUAR E O USO DAS CISTERNAS DE PLACAS

ATA I AUDIÊNCIA PÚBLICA DIAGNÓSTICO PMSB DE JATI

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL HIDROGEOLÓGICO NA ILHA DE ITAPARICA BAHIA

Campina Grande, 2015.

TÍTULO: DESENVOLVIMENTO DE PLANO DE CONTINGÊNCIA PARA SISTEMAS DE ABASTECIMENTO E ESGOTAMENTO.

TÍTULO DO TRABALHO: Comitê de Bacia Hidrográfica - Poderosa Ferramenta para o Saneamento - Experiência do Baixo Tietê.

Recursos hídricos no Brasil: panorama da crise hídrica Brasília, 06/06/2017

PROJETO DE LEI - LEGISLATIVO Nº 0006/2015, DE 06/02/2015.

IMPACTOS SOCIOECONÔMICOS DA TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO NO ESTADO DA PARAÍBA

Reuso de água. Uma estratégia para gestão de consumo. IGE Gerência de Produção de Energia Junho 2017

Fórum Social Temático 2012 Crise Capitalista, Justiça Social e Ambiental

Enfrentamento da Crise Hídrica UFV

USO SUSTENTÁVEL DE CISTERNAS NO SERTÃO PARAIBANO: UM ESTUDO DE CASO

Água Subterrânea e Convivência com o Semiárido. - Novembro /

A PROBLEMÁTICA DA SEMIARIDEZ NO SERTÃO PARAIBANO

II VIABILIDADE DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTO COM COGERAÇÃO COM BIOGÁS EM DIFERENTES ESCALAS DE SUPRIMENTO DE ENERGIA ANÁLISE ECONÔMICA

OFICINA DE CAPACITAÇÃO EM CADASTRAMENTO E REGULARIZAÇÃO DO USO DE RECURSOS HÍDRICOS. 9 de março de 2018 Macaé

1º PLANO DE RACIONAMENTO DE ÁGUA DO MUNICÍPIO DE APUIARÉS

Norma Técnica Interna SABESP NTS 019

Sustentabilidade e uso de água: a Paraíba no contexto da discussão

O SANEAMENTO AMBIENTAL E O MEIO URBANO. Aula 1: Aspectos Gerais e Controle Operacional das Águas Urbanas. Dante Ragazzi Pauli

ABASTECIMENTO URBANO DE ÁGUA NO DF: UM BREVE HISTÓRICO, DA CRIAÇÃO DE BRASÍLIA À CRISE HÍDRICA

Ações Emergenciais de Manutenção Frente á Catástrofe em Nova Friburgo. Christian Portugal

Exemplos de Planos Diretores de Abastecimento de Água

Segurança hídrica e sistemas de abastecimento. Paulo Massato Yoshimoto - Diretor Metropolitano Sabesp

Crise Hídrica no Brasil: saneamento ambiental e as interfaces com as mudanças climáticas e preservação hídrica: Ações do Sistema Confea/Crea

DE SERRO INICIADO PROJETO DA AZUL É REALIDADE 2ª ETAPA DO SES ESCADA

BOLETIM DE MONITORAMENTO DOS POÇOS COM DATALOGGER NO CARIRI CE (ANO DE 2014)

ANALISE DOS IMPACTOS DA IMPLANTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS DE CONVIVÊNCIA COM A SECA NA COMUNIDADE UMBUZEIRO DOCE, MUNICÍPIO DE SANTA LUZIA PB

DIAGNÓSTICO DOS POÇOS TUBULARES E A QUALIDADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO NORTE, CEARÁ

Mananciais de Abastecimento. João Karlos Locastro contato:

-> A Bacia Hidrográfica do rio Paraopeba, UPGRH SF3 situa-se a sudeste do estado de Minas Gerais e abrange uma área de km2.

Sistema de Abastecimento de Água - SAA. João Karlos Locastro contato:

IV AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE USO DE UM MANANCIAL SUPERFICIAL PARA ABASTECIMENTO PÚBLICO DO MUNICÍPIO DE BAURU - SP

MANUAL DE PROJETOS DE SANEAMENTO MPS MÓDULO 09.5 DIRETRIZES PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE SANEAMENTO SUSTENTABILIDADE

CONFLITOS E INCERTEZAS DO PROCESSO DE ALOCAÇÃO NEGOCIADA DE ÁGUA

REFLEXÃO SOBRE OS SERVIÇOS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA E DE ESGOTO DA CIDADE DE POMBAL PB

Enfrentamento da crise hídrica UFV-2017

PANORAMA BAIANO DAS ENTIDADES ATUANTES NO ABASTECIMENTO DE ÁGUA NO MEIO RURAL

Tema central: Alterações Climáticas e a Gestão do Saneamento Ambiental. Riocentro Avenida Salvador Allende, 6555 Barra da Tijuca Rio de Janeiro RJ

AUDIÊNCIA PÚBLICA. Prospectiva, Planejamento Estratégico e Prognóstico do PMSB e PMGIRS

BACIA HIDROGRÁFICA DO COREAÚ CARACTERÍSTICAS GERAIS

Transcrição:

IV-109 - ESTRATÉGIAS PARA O ENFRENTAMENTO DA SECA NO TOCANTE AO ABASTECIMENTO DE ÁGUA NA ZONA RURAL DO CEARA. Otaciana Ribeiro Alves (1) Tecnóloga em Gestão de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental pelo Centro de Ensino Tecnológico - CENTEC. Mestre em Gestão de Recursos Hídricos pela Universidade Federal do Ceará - UFC. Atualmente ocupa o cargo de Gerente de Saneamento Rural da Companhia de Água e Esgoto do Estado do Ceará CAGECE-CE. Helder dos Santos Cortez (2) Químico Industrial pela Universidade Federal do Ceará. Atualmente ocupa o cargo de Diretor de Negócios do Interior da Companhia de Água e Esgoto do Estado do Ceará CAGECE-CE. Consultor e Especialista em Saneamento Rural. Cyntia Pereira Nunes de Araujo (3) Tecnóloga em Construção Civil Edificações pela Universidade Regional do Cariri URCA. Especialista em Gestão Ambiental também pela URCA. Atualmente ocupa o cargo de Coordenadora de Obras Rurais da Companhia de Água e Esgoto do Estado do Ceará CAGECE-CE. Endereço (1) : Avenida Lauro Vieira Chaves, 1030 Vila União - Belo Horizonte - MG - CEP: 60420-280 - Brasil - Tel: (85) 3496-1686 - e-mail: otaciana.alves@cagece.com.br RESUMO Visando não deixar as comunidades rurais do Estado do Ceará prejudicadas com a falta de abastecimento de água, após um longo período de estiagem, o SISAR vem trabalhando com várias alternativas e estratégias como por exemplo, mudança de mananciais, perfuração de poços profundos e poços de Jacó, injetamentos em adutoras de engate rápido e recirculação da água de lavagem dos filtros. As Bacias hidrográficas escolhidas para o estudo foram as do Acaraú e Coreaú, região com sede no município de Sobral. Com a aplicabilidade de novas tecnologias, para salvar as comunidades do colapso de água, o SISAR está sempre na busca de garantir o abastecimento de água, mesmo enfrentando longos períodos de estiagem, priorizando e fomentando o modelo de gestão sustentável e participativa PALAVRAS-CHAVE: Seca, Zona Rural, Abastecimento de Água. INTRODUÇÃO A problemática da seca vem atingindo a gestão dos serviços do SISAR, já que estão concentrados em atender a população sem prejuízo para o abastecimento de água das localidades. Para isso, o modelo de gestão vem buscando várias alternativas e estratégias para que a população não fique prejudicada, tais como, mudança de mananciais, perfuração de poços profundos e poços de Jacó, injetamentos em adutoras de engate rápido, recirculação da água de lavagem dos filtros, entre outros. A adoção dessas ações, permite ao SISAR da Bacia do Acaraú e Coreaú dispor de atendimento adequado em todas as localidades. Mesmo com esse período de estiagem prolongada, nenhuma comunidade ficou sem abastecimento em sua rede de distribuição. O objetivo do trabalho é avaliar as estratégias utilizadas em serviços de abastecimento de água rurais do Estado do Ceará, geridos por associações comunitárias, com fins de garantir abastecimento à população do campo, frente aos impactos causados pela seca. SISAR Segundo Ponte (2011), o SISAR é uma organização não governamental, sem fins lucrativos, formado por associações comunitárias que foram beneficiadas por sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário na zona rural. É um modelo de gestão compartilhada dos serviços de abastecimento de água para a área rural, sendo o suporte técnico, administrativo e social provido pelo Governo do Estado e a CAGECE. 1

O SISAR gerencia 918 sistemas de abastecimento de água na zona rural do Ceará, atendendo 1.383 localidades, atuando em 80% dos municípios do Estado. Como pode ser observado na Tabela 1, 541.009 pessoas são abastecidas pelo SISAR diariamente. SISAR Tabela 1: Quadro Resumo do SISAR de Sobral e o total do Estado do Ceará MUNICÍPIOS SISTEMAS LOCALIDADES FILIADAS LOCALIDADES ATENDIDAS TOTAIS POPULAÇÃO ATIVAS % ATIVAS Sobral 30 140 131 164 29.927 113.124 26.298 88% TOTAL 146 918 935 1.383 143.124 541.009 120.302 84% CEARÁ Fonte: SISAR, Dezembro, 2016. As associações comunitárias filiadas ao SISAR participam ativamente nas definições das soluções do abastecimento de água, através de assembleias comunitárias com a presença de técnicos do SISAR. Para enfrentar o desabastecimento da comunidade devido à seca, o SISAR busca fortalecer as parecerias com a associação e o município na busca de alternativas economicamente viáveis para as soluções desse problema. A associação comunitária participa efetivamente na execução da solução, de maneira compartilhada com o SISAR, contribuindo de forma direta ou indireta, através de mão de obra e ou participação financeira. Essas parcerias têm sido fundamentais para desenvolver alternativas de soluções para o desabastecimento das comunidades, pois a missão do SISAR é garantir a manutenção do sistema de água existente e sua tarifa não contempla tal serviço. O SISAR realiza nas comunidades campanhas educativas com foco na preservação do manancial. Estas ações são realizadas tanto com os moradores da localidade como nas escolas. São também realizadas palestras com objetivo de sensibilizar a população para evitar o desperdício, usando a água de forma racional, assim como a discussão da problemática da seca e suas consequências para a comunidade. MATERIAIS E MÉTODOS O planejamento setorial do saneamento básico e dos recursos hídricos do Estado do Ceará é definido com base na configuração territorial das Bacias Hidrográficas. Da mesma forma, o modelo de gestão de Saneamento Rural, denominado de Sistema Integrado de Saneamento Rural SISAR, criado na década de 90, segue o mesmo critério de planejamento do Estado do Ceará e as respectivas unidades do SISAR. As Bacias hidrográficas escolhidas para o estudo foram as do Acaraú e Coreaú, região com sede no município de Sobral. Atualmente, o SISAR de Sobral atende 113.124 pessoas, com operação conjunta de 140 sistemas de abastecimento de água. A Bacia do Acaraú tem capacidade de 1.721,8 Hm³ de reservação e a Bacia do Coreaú tem 308,7 Hm³, mas, com 5 anos de chuvas abaixo da média em todo o Estado, as bacias estão, em dezembro de 2016, com 7,2% e 26,7%, respectivamente de sua disponibilidade hídrica. Para discussão da temática, foram levantados dados pluviométricos e de disponibilidade hídrica, além de levantamentos de campo para verificação das estratégias adotadas pelo SISAR para abastecimento de água frente a estiagem. RESULTADOS Disponibilidade Hídrica Conforme Figuras 1 e 2, que mostram a disponibilidade hídrica versus a precipitação nas bacias do Acaraú e Coreaú, comprova-se a baixa recarga hídrica anual, acarretando o quadro de estiagem predominante nas bacias hidrográficas de estudo. 2

Figura 1: Disponibilidade hídrica x Precipitação na Bacia do Acaraú, durante o ano de 2016. Figura 2: Disponibilidade hídrica x Precipitação na Bacia do Coreaú, durante o ano de 2016. A seguir, são apresentadas as principais estratégias e tecnologias utilizadas para o abastecimento de água: Mudança de mananciais Nos períodos de grande estiagem, muitos mananciais exaurem-se, não atendendo aos requisitos mínimos para compor o sistema de abastecimento de água. Visando salvar as localidades do colapso, busca-se um novo manancial capaz de atender a demanda, minimizando os efeitos da seca. Assim, o SISAR garante a continuidade no abastecimento de água da comunidade. Poço Profundo 3

Nos casos onde não existem opções de manancial superficial suficiente para o atendimento, se faz estudos geofísicos nas proximidades da comunidade para perfuração de poço profundo. Após perfuração e teste de vazão, e quando o mesmo apresenta quantidade de água satisfatória, o SISAR realiza a instalação do poço atendendo a necessidade emergencial da comunidade, conforme figuras 03 e 04. Figura 03 Perfuração de poço profundo Figura 04 Instalação de poço profundo Poço de Jacó O poço de Jacó é uma opção indicada, em pontos de mananciais superficiais, como rios, açudes e riachos. Tendo como objetivo aprofundar o ponto de captação do manancial, onde o mesmo já não apresenta profundidade para captação de água, sendo necessário o rebaixamento em novo um ponto, (cavar um buraco) para a instalação do flutuante com um conjunto motor bomba, realocando o equipamento já existente, tornando viável a sucção de água para abastecimento, conforme figuras 05 e 06. Figura 05 Poço de Jacó Figura 06 Escavação do poço de Jacó Injetamentos em adutoras de engate rápido A adutora de engate rápido foi a solução encontrada para atender com maior rapidez os municípios em colapso de abastecimento. Essa adutora é de instalação aérea com seus tubos unidos através de acoplamentos mecânicos flexíveis. Tem por finalidade abastecer a zona urbana e que estão localizadas nas proximidades das comunidades rurais. O SISAR solicita à concessionária o injetamento nesta adutora, que atende prontamente, desde que não prejudique o abastecimento para o qual a adutora foi projetada.recirculação da água de lavagem dos filtros. No procedimento de retrolavagem dos filtros de água de uma estação de tratamento, no qual se faz necessário quase que diariamente esse processo, existe uma quantidade de água considerável que é descartada. Nestes casos, o SISAR realiza o reaproveitamento desta água, após um tratamento adequado e reutiliza para usos múltiplos nesses períodos de estiagem. 4

CONCLUSÕES Com a aplicabilidade de novas tecnologias, para salvar as comunidades do colapso de água, o SISAR está sempre na busca de garantir o abastecimento de água, mesmo enfrentando longos períodos de estiagem, priorizando e fomentando o modelo de gestão sustentável e participativa. Isso implica na capacidade de resiliência do homem do campo frente às mudanças climáticas que cada vez deverão ser mais extremas, e na garantia de sua sobrevivência em sua realidade local, sem anseios da evasão da zona rural pelo desabastecimento e as problemáticas que essa falta de água pode acarretar. Visto a expertise para a aplicabilidade das ações tomadas na área de estudo através da experiência do SISAR, como modelo de sucesso, por ora comprovada, o Estado deverá propor a disseminação do modelo de gestão para as demais regiões do País. Um fator importante para garantir a continuidade e a qualidade do abastecimento de água para estas comunidades é a filiação das mesmas ao SISAR. A gestão compartilhada do SISAR com as Associações contribui para o suporte e sustentabilidade dos sistemas, pois expertise do SISAR e a organização das associações são o diferencial neste modelo de gestão que busca alternativas para manter a comunidade abastecida nos períodos de estiagem. Conforme mostrou-se nos dados, apesar do período longo de estiagem no Estado do Ceará, o SISAR da bacia do Acaraú e Coreaú conseguiu, até os dias atuais, manter todas as comunidades filiadas ao seu quadro, abastecidas. Buscando através de estratégias e novas tecnologias garantir a quantidade e a qualidade da oferta hídrica. Conclui-se que o modelo de gestão implantado no Ceará foi de fundamental importância no componente da resposta ao problema da seca na zona rural do estado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. CEARÁ. FUNCEME. Calendário das Chuvas no Estado do Ceará. Disponível em: <http://www.funceme.br/>. Acesso em: 13 dez. 2016. 2. CEARÁ. COGERH. Evolução do Volume d'água Armazenado por Região Hidrográfica. Disponível em: <http://www.hidro.ce.gov.br/app/pagina/show/171>. Acesso em: 13 dez. 2016. 3. PONTE, Fernando Victor Galdino. Proposta de Modelo para Escolha de Tecnologias de Tratamento de Água em Pequenas Comunidades do Semiárido. 2011. 237 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Civil, Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental, Universidade Federal do Ceará 5