Dra Rossandra Sampaio Psicóloga Clínica CRP Especialista em Gestão de Sistemas e serviços de Saúde (FIOCRUZ) Mestranda em Psicologia da

Documentos relacionados
CUIDAR E SER CUIDADO. Palestrante: Rossandra Sampaio Psicóloga

Qualidade de Vida 02/03/2012

RESUMO. Palavras-chave: Doença de Alzheimer. Cuidadores. Qualidade de vida. INTRODUÇÃO

Agrupamento de Escolas General Humberto Delgado Sede na Escola Secundária/3 José Cardoso Pires Santo António dos Cavaleiros

Trabalhando a ansiedade do paciente

Resultados Gerais: "Inquérito de Avaliação da Qualidade de Vida" - Clientes

SÍNDROME DE BURNOUT das causas ao cuidado

Violência e Maus tratos em Demências ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO À VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA

Semana de Psicologia PUC RJ

A Importância dos Cuidados com o Cuidador. Lívia Kondrat

Prof. Dr. Guanis de Barros Vilela Junior

AS CONTRIBUIÇÕES DA REABILITAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA EM UM CASO DE ALZHEIMER LEVE

O diagnóstico da criança e a saúde mental de toda a família. Luciana Quintanilha, LCSW Assistente Social e Psicoterapeuta Clínica

O Papel dos Psicólogos no Envelhecimento

Os Benefícios da Atividade Física no Tratamento do Transtorno no Uso de Drogas

Mente Sã Corpo São! Abanar o Esqueleto - Os factores que influenciam as doenças osteoarticulares. Workshop 1

O Papel da Psicologia e dos Psicólogos na Natalidade e no Envelhecimento Activo

Itaú Viver Mais e o impacto na vida dos 55+ Tatianna Galeckas Marques

15/08/2018 EXISTE UMA DISCIPLINA DA GRADUAÇÃO DA UFJF QUE ABORDA O TEMA? QUAL A SITUAÇÃO NO BRASIL?

Nosso objetivo: Exposição de casos clínicos, compartilhar conhecimentos e ampliar as possibilidades de atendimentos no seu dia a dia profissional.

Revista CPAQV - Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida - ISSN: v.1, n. 1, 2009 NÍVEL DE QUALIDADE DE VIDA DE UNIVERSITÁRIOS

Sinais visíveis de transtornos psicológicos: como identificar e lidar com estes pacientes?

22/03/2018 EXISTE UMA DISCIPLINA DA GRADUAÇÃO DA UFJF QUE ABORDA O TEMA? QUAL A SITUAÇÃO NO BRASIL? Sintoma comum a muitas doenças

Pós-graduações Cuidados Continuados e Paliativos

Demência de Alzheimer. Dra. Célia Petrossi Gallo Garcia Médica Psiquiatra PAI-ZN

MENTAL PARA PROFISSIONAIS DE

Profa. Ana Carolina Schmidt de Oliveira Psicóloga CRP 06/99198 Especialista em Dependência Química (UNIFESP) Doutoranda (UNIFESP)

Ansiedade de Separação: O que é isso???

DGEstE Direção-GeraL dos Estabelecimentos Escolares DSRAI Direção de Serviços da Região Algarve Agrupamento de Escolas Júlio Dantas

SERVIÇO DE PSICOLOGIA

Transtornos Mentais no Trabalho. Carlos Augusto Maranhão de Loyola CRM-PR Psiquiatra.

TERAPIA COGNITIVA BRASÍLIA

Enfrentamento da Dor. Avaliação de Situação 10/05/2013. Enfrentamento da Dor Crônica. Processo de Avaliação Cognitiva. Profa. Dra. Andréa G.

INCOGNUS: Inclusão, Cognição, Saúde

TRANSTORNOS DE HUMOR

TRABALHO E SAÚDE MENTAL. Cargas de trabalho e possíveis transtornos

Anaí Machado Resende- Psicóloga Elizene dos Reis Oliveira - Psicóloga Marnia Santos Muniz- Psicóloga

MEMÓRIA. Drª Andressa Chodur - Terapeuta Ocupacional Mestre em comportamento Motor UFPR / Capacitada em Oficina da Memória

Humanização na Emergência. Disciplna Urgência e Emergência Profª Janaína Santos Valente

PROJETO ACOLHER 1. Projeto de Extensão do Curso de Psicologia - FACISA/UNIVIÇOSA. 2

Todos os dados serão anónimos e confidenciais, pelo que não deverá identificar-se em parte alguma do questionário.

BURNOUT NA EQUIPE DE SAÚDE: Como lidar? Dra. Patricia Dalagasperina

AMPUTADOS/MI 1 x NA SEMANA Pré-Prótese e Pós-Prótese

EBOOK SINTOMAS DEPRESSÃO DA DIEGO TINOCO

Acompanhamento Psicoterapêutico

Escola de Enfermagem Universidade de São Paulo

AMPUTADOS/MI 2 X SEMANA

Avaliação Inicial e Definição de Conduta Tratamento Avaliação final e conduta Avaliação de aptidão Avaliação clínica inicial (objetivos específicos)

RELAÇÕES ENTRE ESTRESSE EM CUIDADORES DE PESSOAS COM DOENÇA DE ALZHEIMER E DISTÚRBIOS COMPORTAMENTAIS DOS PACIENTES

GERENCIANDO O STRESS DO DIA-A-DIA GRAZIELA BARON VANNI

QUALIDADE DE VIDA: O CUIDADOR E A PESSOA COM DEMÊNCIA

Saúde coletiva e Epidemiologia

QUALIDADE DE VIDA DE IDOSOS: revisão integrativa da literatura. científica

Palestrante: Caroline Perin Psicóloga CRP-18/01735

VISÃO ORGANIZACIONAL VOLTADA PARA O SÉCULO XXI. Gerenciamento Baseado na Competência. Prof.º Enf.º Diógenes Trevizan

INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA: UMA PRIMEIRA VERSÃO. Nos últimos anos, vêm-se fomentando uma série de estudos preliminares (Pinto, F. E. M.

DUPLO DIAGNÓSTICO: Transtornos Mentais na Síndrome de Down

INTERNAÇÃO PEDIÁTRICA

INSTITUTO POLITÉCNICO DE SANTARÉM ESCOLA SUPERIOR DE DESPORTO DE RIO MAIOR. Laboratório de Investigação em Desporto PSICOLOGIA DO DESPORTO 2014

INCOGNUS: Inclusão, Cognição, Saúde. Um olhar sobre as várias formas de demência

Depressão, vamos virar este jogo?

Avaliação psicológica do doente com dor

Mestrado Integrado em Psicologia. Ano Letivo 2013/2014. Calendário de Avaliações - Época Especial

Nosso objetivo: Exposição de casos clínicos, compartilhar conhecimentos e ampliar as possibilidades de atendimentos no seu dia a dia profissional.

Chestnut Global Partners do Brasil

ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO JUNTO AO PACIENTE COM INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA

Gestão da Sinistralidade Evidências Psicossociais. Sandra Gonçalves

A ATIVIDADE FÍSICA COMO MELHORIA DA QUALIDADE DE VIDA MENTAL E DO BEM ESTAR DE IDOSOS DEPRESSIVOS

Estratégia Nacional para o Envelhecimento Activo e Saudável Contributo da OPP

Serviço de Psicologia. Proposta de Parceria

A PSICOLOGIA COMO PROFISSÃO

QUALIDADE DE VIDA: ESTUDO EXPLORATÓRIO COM ESTUDANTES DE UMA UNIVERSIDADE DO INTERIOR DO ESTADO DE SÃO PAULO

Supremo Conselho da Ordem DeMolay para a República Federativa do Brasil Gabinete Nacional da Ordem DeMolay

Curso Intensivo em Medicina Paliativa

2.2 APLICAÇÕES DA PSICOLOGIA NA ADMINISTRAÇÃO, Objetivos da Psicologia como ciência, Uso da Psicologia na Administração, 11

MEDIDAS DE PREVENÇÃO NA SAÚDE MENTAL. Prof. João Gregório Neto

26ª Reunião, Extraordinária Comissão de Assuntos Sociais

Atividade Física na Terceira Idade. Prof. Dra. Bruna Oneda 2018

VII CONGRESSO BRASILEIRO DE NEUROPSIOUIATRIA GERIÁTRICA CONGRESSO BRASILEIRO DE AL2HEIMER CENTRO DE CONVENÇÕES FREI CANECA I SÃO PAULO I SP

Profa. Ana Carolina Schmidt de Oliveira Psicóloga CRP 06/99198 Especialista em Dependência Química (UNIFESP) Doutoranda (UNIFESP)

Atividade Física na Terceira Idade. Prof. Dra. Bruna Oneda 2017

DEMÊNCIA? O QUE é 45 MILHOES 70% O QUE É DEMÊNCIA? A DEMÊNCIA NAO É UMA DOENÇA EM 2013, DEMÊNCIA. Memória; Raciocínio; Planejamento; Aprendizagem;

Procedimento Operacional Padrão (POP) SERVIÇO DE PSICOLOGIA IMPLANTE COCLEAR ETAPAS DO PROCEDIMENTO

Como Prevenir o Suicídio?

DIAGNÓSTICO, AUTISMO E REPARAÇÃO. Do luto à ressignificação de um filho

QUALIDADE DE VIDA DE FAMILIARES EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: uma revisão de literatura

Gestão de Riscos Psicossociais

Mal de Alzheimer. Disciplina: Gerontologia. Profª. Juliana Aquino

Nº DE TEMPOS (45MIN) / HORAS) 61 Desenvolvimento 60 Diagnóstico. Programático. Programático Desenvolvimento 60 Avaliação 4 Avaliação 4

O Impacto Psicossocial do Cancro na Família

Ansiedade Generalizada. Sintomas e Tratamentos

Guia rápido sobre Alzheimer. Fases e diagnóstico

Atendimento: Clínica Especializada em Dependência Química - Método de Tratamento de Dependentes Químicos e Alcoólatras

Atendimento: Clínica Especializada em Dependência Química - Método de Tratamento de Dependentes Químicos e Alcoólatras

O Papel do Cuidador Informal no contexto do Idoso com Demência

PSICÓLOGO - ÁREA CLÍNICA LÍNGUA PORTUGUESA

O ambiente hospitalar e o entusiasmo pela vida

SOBRECARGA DO CUIDADOR DE DEMÊNCIA FRONTOTEMPORAL E DOENÇA DE ALZHEIMER.

7 segredos para gerir o estresse no trabalho (sem surtar)

Higiene, Segurança e Qualidade de Vida no Trabalho no Serviço Público

Transcrição:

Dra Rossandra Sampaio Psicóloga Clínica CRP 02-10159 Especialista em Gestão de Sistemas e serviços de Saúde (FIOCRUZ) Mestranda em Psicologia da Saúde (FPS)

Qualidade de vida, Conceito da OMS: A percepção do indivíduo, de sua posição na vida no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. A qualidade de vida pode variar de acordo com a cultura, e com os objetivos individuais e expectativas.

Qualidade de vida e aspectos universais Bem estar físico e psicológico Relações sociais Ambiente Nível de independência Crenças pessoais ou espiritualidade Esses são os principais aspectos determinantes de qualidade de vida, chamados de domínio.

Domínio físico O quem vem determinar a qualidade de vida é a existência ou não de dor e desconforto, a energia e a fadiga, a qualidade do sono e repouso.

Domínio psicológico Os fatores importantes seriam os sentimentos positivos e negativos, a auto-estima, a imagem corporal e aparência, e os aspectos cognitivos como pensamento, aprendizado, memória e concentração.

Domínio Nível de independência Ressalta a importância da capacidade de trabalho, da mobilidade, de manter-se apto para as atividades da vida diária

O domínio do Ambiente Esse domínio inclui a segurança física e proteção, o ambiente no lar, os recursos financeiros, a disponibilidade e qualidade dos serviços de saúde, o transporte, a oportunidade de lazer, além de aspectos do ambiente físico.

O Domínio das Relações Sociais O suporte ou apoio social, as relações pessoais, vida sexual são fatores de grande importância para a qualidade de vida.

Domínio dos aspectos espirituais A religião e as crenças pessoais influenciam as perspectivas e objetivos de uma pessoa

O Objetivo Principal Proporcionar maior qualidade de vida ao paciente e consequentemente a seus familiares e cuidadores. Fornecendo-lhes as orientações necessárias de forma a aliviar as manifestações comportamentais e cognitivas da DA; tais como: ansiedade, insegurança, agitação, agressividade, alterações de humor, etc.

Habilitar frente aos desafios A DA é uma demência degenerativa e por isso impossível de ser revertida. Dessa forma, considerando que não há reabilitação para essa patologia, podemos falar de habilitação, ou seja preparar o doente e seus familiares para a doença, no sentido de proporcionar a ambos, uma melhor qualidade de vida, adaptando-os à nova realidade.

Qualidade de vida: o que pode ser melhorado na vida do paciente? Comportamentos e padrões de vida desadaptativos ao nível social, emocional, profissional, familiar entre outros. Aspectos cognitivos, com utilização de estratégias distintas em função do estado específico do doente.

Qualidade de vida: o que pode mudar na vida do cuidador? Novo posicionamento diante da família Assume um novo papel Desorganização de suas atividades diárias Pouco ou nenhum tempo para investir em suas próprias escolhas Vida familiar, social e profissional em prejuízo Estresse, ansiedade, sintomas psicossomáticos.

Enfrentamento das dificuldades O curso da doença pode interferir na adaptação familiar, sendo este progressivo e a doença constantemente sintomática. As limitações tendem a aumentar com severidade e com isso toda a família sofre prejuízos.

O Impacto da DA na família e a mudança de papéis O doente perde o seu lugar e sua identidade fica abalada. A família enfrenta a troca de papéis, nas funções e em toda estrutura na qual está acostumada a funcionar. Readaptação de todos aos novos papéis e mudanças.

Luto Toda limitação causada pela doença, às modificações na vida do paciente, podém ser vivenciadas como morte. As perdas sociais, biológicas e psíquicas, podem iniciar o processo de luto antes da morte propriamente dita.

Sindrome do túmulo Quando a família passa a tratar o paciente como se fosse uma pessoa que acabou de falecer, um morto vivo, um corpo que necessita de higiene e alimentação, sem alma. Existem maneiras de manter o paciente participativo em seu ambiente.

O Foco O foco do tratamento é proporcionar maior qualidade de vida ao paciente e consequentemente a seus familiares e cuidadores.

O Cuidador O Cuidador detém um papel fundamental no tratamento, pois é ele quem irá colocar em prática as orientações da equipe multidisciplinar. Dessa forma, o mesmo tem que estar bem física e emocionalmente; além de administrar e gerir o stress, saber quando é necessário buscar ajuda.

Apoio Psicológico O apoio psicológico busca acolher as angústias dos familiares e cuidadores, dar informações sobre a doença e orientá-los quanto a paliação.

Acompanhamento Psicoterápico ao paciente e seus familiares O acompanhamento psicoterapêutico minimiza o sofrimento causado pela síndrome depressiva ou pelas perturbações de ansiedade, típico da fase inicial da doença, em que o paciente percebe que está perdendo o controle da situação e expõe o medo do futuro. Os familiares e ou cuidadores, necessitam de suporte psicoterápico para que possam desempenhar sua atividade sem prejuízos em sua vida familiar, social e profissional, mantendo sua qualidade de vida.

Objetivo Psicoterapêutico Estimular a auto-estima do doente, reduzir os sentimentos de ansiedade e depressão, favorecer a readaptação e maior autonomia do paciente. NÃO DEIXE PARA AMANHÃ O QUE SE PODE FAZER HOJE!!!

A importância do acompanhamento psicológico O psicólogo irá observar o estado físico e mental desse cuidador familiar Dar todo suporte e orientações que se fizerem necessárias Acolher sua tristeza e angústia, muito presente na elaboração desse luto, que é reforçado a cada perda.

O Suporte Psicológico deve: Valorizar sua dedicação e cuidado, estimulando o reconhecimento de sua atuação como cuidador. Reforçar lembranças positivas, especialmente do paciente em sua fase consciente, produtiva e saudável. Seu convívio familiar, sua identidade e personalidade. Evitar a fixação no período do adoecimento. Restabelecer a qualidade de vida e o equilíbrio familiar.

Enquanto estiver aqui, que prevaleça minha alegria, que eu possa me reconstruir, ressurgir a cada dificuldade. Vamos caminhar juntos e quando eu me for, que seja leve, que vire arte, sendo inesquecível. Rossandra Sampaio

Referências: Souza J.N, Chaves E.C, Caramelli P. Coping in aged peple with Alzheimer disease. Rev. Latino-Am Enferm. 2007. Gauthier S, Velas B, Farlow M, Burn D. Agressive course of disease in dementia. Alzheimer s & Dementia, 2006. Garrido R, Menezes P.R. Impacto em cuidadores de idosos com demência atendidos em um serviço psicogeriátrico. Rev. Saúde Públ. 2004.

Referências: Gallucci Neto J, Tamelini M.G, Forlenza O.V. Diagnóstico diferencial das demências. Psiquiatr. Clin. 2005. Caramelli P, Barbosa M.T. Como diagnosticar as quatro causas mais frequentes de demência Rev. Bras Psiquiatr., 2002 abr.

Obrigada! Rossandra Sampaio Fone: 991952559.