Turismo Rural em Mato Grosso. Camila Fernanda Freire de AMORIM¹ Professor orientador: Débora Cristina Tavares² Universidade Federal de Mato Grosso

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Transcrição:

Turismo Rural em Mato Grosso Camila Fernanda Freire de AMORIM¹ Professor orientador: Débora Cristina Tavares² Universidade Federal de Mato Grosso RESUMO Este artigo propõe conceituar o turismo no meio rural, apresentar suas consequências, facilidades, empecilhos, para o meio rural do Estado de Mato Grosso, e analisar, a partir do que for concluído, o que pode ser melhorado nesta prática. Analisar o Turismo Rural como forma de aumento de renda para as famílias da zona rural, assim como, o que pode ser aproveitado na agricultura familiar para a prática do Turismo Rural e definir segmentos dentro do Turismo Rural. Por fim, estudar o que o turismo no meio rural pode proporcionar para a economia, e o desenvolvimento sustentável desse modo de turismo. Palavras-chave: Turismo Rural; agricultura familiar; desenvolvimento econômico. INTRODUÇÃO O turismo rural é um segmento do turismo que vem crescendo muito nas regiões interioranas do Brasil. Com a visitação às propriedades rurais, o objetivo é melhorar os rendimentos de proprietários rurais e valorizar os modos de vida tradicionais, a ruralidade e o contato harmonioso com o ambiente rural. Este artigo trata de analisar os efeitos do turismo rural no Estado de Mato Grosso, bem como, suas conseqüências para a economia, natureza e para as famílias que o oferecem. Para tanto, foi realizada entrevista e pesquisa de natureza bibliográfica, visando analisar os resultados de estudos já concluídos sobre o tema em questão. O tema foi escolhido por ser protagonista de diversos estudos e programas de incentivo do governo. 1 O TURISMO RURAL O Ministério do Turismo (MTur), no documento Diretrizes para o desenvolvimento do Turismo Rural no Brasil, define o turismo rural como: 1

O conjunto de atividades desenvolvidas no meio rural, comprometido com a produção agropecuária, agregando valor a produtos e serviços, resgatando e promovendo o patrimônio cultural e natural da comunidade (Diretrizes para o Turismo Rural no Brasil, Embratur, 2003). O Estado de Mato Grosso, devido a sua diversidade de ecossistemas e mistura de várias raças, cores, etnias, tradições, culturas, já aponta dados significativos no âmbito do Turismo Rural. Este segmento do turismo é realizado em áreas rurais produtivas, onde o turista tem a oportunidade de conhecer a cultura da comunidade visitada, por meio de hospedagem, tanto em pousadas como em casas adaptadas dos próprios moradores, participação nas atividades agropecuárias, artesanais, culturais que são desenvolvidas pela população. O Turismo Rural está proporcionando a contramão do êxodo rural, dando oportunidade às pessoas que deixaram o meio rural por algum motivo, de voltar para suas origens e ainda receber estímulos para desenvolvimento de uma serie de atividades (Lúcio, entrevista pessoal), como o processamento de produtos na fabricação de vestuários, doces, licores, sucos, construções e instalações, serviços diversos públicos e privados, transportes, hospedagens, alimentação, sem contar com o contato com o turista e os moradores locais, na hora da venda de produtos artesanais. O Estado apresenta grande potencial para desenvolver o turismo rural, pois seu cenário é composto de uma diversificação única de atrativos naturais e culturais. É um Estado grande por natureza, que coleciona áreas naturais e de produção agropecuária, tem pessoas oriundas de diversas regiões do Brasil e de outros países, com mais de 30 etnias indígenas, população ribeirinha, remanescentes quilombolas com diversidade cultural, costumes e hábitos preservados, algumas infra-estruturas físicas prontas e outras para adequação ao turismo no meio rural, capazes de atrair turistas. Dentro do Turismo Rural, há modalidades de turismo destacáveis. No Turismo Cultural, os recursos artísticos, históricos, culturais são as ferramentas de atração para os turistas, contribuindo também, para a preservação destes costumes. Temos também o Turismo de Aventura, que é praticado na área rural com recursos naturais, o Turismo Esportivo, que também utiliza espaço rural e natural para prática de qualquer atividade esportiva, o Ecoturismo, que objetiva a integração dos visitantes com o meio ambiente e que tem por atração principal a paisagem, o Turismo Pantaneiro, que apresenta a cultura pantaneira, e o Turismo de Pesca, um dos mais fortes produtos turísticos no Mundo. O turismo no meio rural é uma ferramenta estratégica para a conservação e restauração da cultura do homem do campo, a manutenção das práticas agropecuárias e 2

agro-industriais, preservação e recuperação do meio ambiente, além de contribuir para a fixação do homem no campo. É uma alternativa econômica de produção, emprego e renda, que contribui para a condição social e econômica das famílias rurais. Analisando-se as questões relevantes sobre as motivações dos turistas que escolhem uma área rural para o seu lazer e de sua família, pode-se observar a ânsia por um ambiente autêntico, marcado por gostos e atos culturais. As novas tendências sociais que marcam a cultura pós-moderna indicam um turista consumidor mais exigente, quanto à qualidade dos produtos e serviços oferecidos, e também pela diversificação dos atrativos naturais e culturais, e das atividades que irão preencher o tempo livre. (Bravo, 1998, p. 156) 1.1 Turismo rural na agricultura familiar Segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), no documento Diretrizes do Turismo Rural na Agricultura Familiar no Brasil, o Turismo Rural na Agricultura Familiar é: A atividade turística que ocorre na unidade de produção dos agricultores familiares que mantêm as atividades econômicas típicas da agricultura familiar, dispostos a valorizar, respeitar e compartilhar seu modo de vida, o patrimônio cultural e natural, ofertando produtos e serviços de qualidade e proporcionando bem estar aos envolvidos (Diretrizes do Turismo Rural na Agricultura Familiar no Brasil, Embratur, 2003). Trata da oferta turística do meio rural que tenha como referência a ruralidade e abriga propriedades de pequenos portes, como também unidades agrícolas consideradas tipicamente familiares. Por agricultor familiar, subentende-se: produtores familiares tradicionais e assentados por programas de reforma agrária, extrativistas florestais, ribeirinhos, indígenas, quilombolas, pescadores artesanais, povos da floresta, seringueiros e suas organizações, dentre outros públicos definidos como beneficiários de programas do Ministério do Desenvolvimento Agrário/Secretaria da Agricultura Familiar. O turismo rural na agricultura familiar ocorre em todas as regiões e é produto das iniciativas promovidas pelos agricultores com apoio de entidades ligadas à Assistência Técnica e Extensão Rural e as entidades da sociedade civil, em organizações comunitárias, formais e informais gerando novas formas de trabalhos e negócios diversificados (Lúcio, entrevista pessoal). As unidades produtivas são o cenário de um conjunto de atividades que constituem o segmento de turismo rural, onde o turista interage com o meio. Destaca-se a 3

oferta de diversas atividades, como as variadas formas de lazer, demonstrações tecnológicas, comercialização de artesanato e der produtos agropecuários (transformados ou In natura), alem de serviços turísticos diferenciados, disponíveis isoladamente ou em conjunto. No que se refere à oferta de produtos transformados de origem animal (queijo, leite, embutidos, etc.) e de origem vegetal (doces, conservas, pães) oferecido aos visitantes, a atratividade reside também no processo de produção. Pode-se enquadrar a comercialização de artesanato originada de produtos e elementos naturais locais. É imprescindível a identificação desses produtos com a cultural local, com os elementos da terra, com as características histórico-geograficas do território. Quanto à produção rural, o turismo rural na agricultura familiar caracteriza-se pela utilização das atividades produtivas da propriedade como atrativo turístico principal sob forma de demonstrações, explicações e vivência das técnicas utilizadas, onde o turista também pode interagir fazendo parte do processo, como nas atividades em pomares, leiterias, apiários, criações de animais em geral, áreas cultivadas, vinícolas, alambiques, entre outras. Técnicas agropecuárias de mínimo impacto apresentam grande poder de atratividade (Lúcio, entrevista pessoal). Das inúmeras atividades recreativas, várias podem ser praticadas nas unidades familiares, desde que estejam associadas com o conjunto de práticas que caracterizam o meio rural: pesca, pesque pague, cavalgadas, caminhadas, passeios de barco, banhos em rios, lagos, represas, cachoeiras, atividades lúdicas em geral, etc. A cultura local é elemento base do turismo rural na agricultura familiar, destacandose as manifestações folclóricas, causos, músicas, trabalhos manuais, artesanato, arquitetura (casas, galpões, moinhos, armazéns, adegas, pontes), antiguidades, inclusive maquinário e instrumentos agrícolas e do lar, entre outros. As atividades consideradas como de educação ambiental caracteriza-se pelo cunho educativo, relacionadas à conservação do meio ambiente no sentido mais amplo. Cita-se o atendimento especializado na recepção e orientação, geralmente de crianças e jovens, voltadas para as questões ecológicas e de cidadania. As áreas naturais, incluindo-se as protegidas legalmente, transformam-se em atrativos turísticos elementares. Ao serem entendidas como importante fator de atratividade, passam a servir de estímulo à sua proteção, tanto pelo turista como pelo agricultor. Os serviços turísticos propriamente ditos são os de alimentação e de hospedagem. Quanto aos primeiros, consistem na oferta de produtos típicos da gastronomia local ou de 4

preparo especial, sempre no contexto da valorização e resgate cultural receitas e preparos em desuso o quase esquecidos. Nos estabelecimentos de hospedagem (pousadas, pensões, hospedarias, residência de agricultores, acampamentos) o envolvimento com a produção rural, o atendimento tipicamente familiar, a rusticidade típica do meio e a manutenção das características arquitetônicas e decorativas dão o toque da cultura rural. São pequenas e simples, mas oferecem conforto, calor humano e qualidade. O turismo rural na agricultura familiar também ocorre nos arredores da unidade familiar. Os agricultores podem se beneficiar de atrativos culturais, naturais, tecnológicos e outros, nas comunidades ou propriedades próximas, a exemplo de festas populares e religiosas, eventos esportivos, técnicos e científicos, feiras e exposições agropecuárias, centros tecnológicos e de pesquisa, cachoeiras e rios, propriedades de turismo rurais já consolidadas, outras unidades familiares que podem ser visitadas para aumentar o tempo de permanência do turista. O surgimento de projetos turísticos em áreas de agricultura familiar tem ocasionando um novo modelo de desenvolvimento com sustentabilidade econômica, social, ambiental e territorial (Lúcio, entrevista pessoal). 1.2 Desenvolvimento econômico e o turismo no meio rural Analisando a atividade do ponto de vista econômico, encontramos mais benefícios que dificuldades. O dinheiro que é gasto por turistas em cada comunidade, gira dentro dela mesmo, passando por diversos setores da economia do local. A partir do pagamento da conta do hotel de um turista, por exemplo, esse dinheiro pode ser usado para pagar um fazendeiro da região, que pode usá-lo para pagar o posto de gasolina, assim sucessivamente, movimentando a economia local. No entanto, o desenvolvimento econômico não é o que mais interessa. O objetivo é conseguir um desenvolvimento econômico sustentável, e ao que tudo indica, o Turismo Rural está nesse caminho, já que nele podemos encontrar características de sustentabilidade. A sustentabilidade Ecologia, que é o conjunto de medidas capazes de minimizar os impactos ambientais que a atividade turística pode causar em determinado lugar, a Social, que se baseia na preservação das condições de vida da comunidade, da política de ajuda mútua, a Produtiva, que faz com que o turismo não seja a principal atividade economia da 5

região, e sim, um complemento, e por fim, a Ambiental, onde a produção é responsável, visando não degradar o ambiente. Quanto aos entraves do meio rural, as soluções já não recaem somente sobre as políticas agrícolas dirigidas especialmente às atividades agropecuárias. Também se faz necessário que o governo intervenha com políticas que apóie todas as atividades produtivas agrícolas e não agrícolas, contribuindo assim para aumentar a renda e melhoras as condições de vida da população rural. (Lúcio, entrevista pessoal) Portanto, o turismo no meio rural, na maioria dos casos, não é considerado solução para os problemas econômicos no meio rural mato-grossense, mas como alternativa opcional de renda e emprego para as famílias, principalmente nas regiões menos favorecidas em termos geográficos e climáticos, onde as opções de produção agrícola e pecuária não são favoráveis ou são reduzidas. CONSIDERAÇÕES FINAIS As atividades de turismo rural em geral, estimulam, desenvolvem e movimentam a economia do local em que são praticadas. Existem vários incentivos governamentais e não governamentais em torno desta atividade, o que faz com que cresça cada vez mais no Estado. Mato Grosso, por ser rico e ecossistemas e culturas, tem o turismo rural bem desenvolvido, o que facilita a vida das pessoas que dele dependem. O turismo rural é praticado muito mais para se acrescentar uma renda a mais no saldo final da família do que como única atividade rentável exercida por ela. O que se precisa para que a atividade cresça ainda mais, é a criação de um Programa Especial que busque fomentar esta atividade no Estado, de uma forma sustentável, inteligente e comprometida com os anseios do setor rural, visando, sobretudo a melhoria das condições sócio-econômica deste importante setor da economia Estadual. REFERÊNCIAS BRAVO, J.R.B. Turismo Rural na Pequena Propriedade, Globo Rural, Rio de Janeiro, 1998. ZIMMERMANN, ADONIS. Turismo Rural: Um modelo brasileiro. 1 ed. Florianópolis: do autor, 1996. SEDTUR, Política Estadual de Turismo 2004. Diretrizes para o Desenvolvimento do Turismo Rural, 2003. 6