PERFIL DA INCIDÊNCIA DE SÍFILIS GESTACIONAL NO PIAUÍ: RETRATO DE UMA DÉCADA MOURA, M.C.L 1 ; FERREIRA, L.V.A 1 ; ARAÚJO, V.L.L 1 ; MENESES, C.E.S 1 ; MOREIRA, F.A.S 1 ; BARROS, A.G.T.S 1 ; SILVA, J.C.S 2 ; CAVALCANTE, G.L 2 RESUMO GRADUANDO EM FARMÁCIA NO CENTRO UNIVERSITÁRIO SANTO AGOSTINHO 1 GRADUANDA EM BIOMEDICINA NA FACULDADE MAURÍCIO DE NASSAU 2 MESTRANDA EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ 3 Introdução: A sífilis conceitua-se como uma doença infectocontagiosa causada pela bactéria Gram-negativa em forma de espiroqueta denominada Treponema pallidum. A presença de Sífilis na mulher grávida pode causar inúmeras consequências tais como o aborto espontâneo, a morte intrauterina, nascimento pré-termo e óbito perinatal em até 40% dos casos, inclusive má formação em múltiplos órgãos. Concernente ao exposto, o presente trabalho objetiva delinear o perfil de incidência da sífilis gestacional no estado do Piauí. Metodologia: Realizou-se uma pesquisa documental, de caráter descritivo, transversal e retrospectivo. Os dados de notificações de casos de sífilis gestacional foram coletados através do Sistema de Informação de agravos de notificação (SINAN), disponíveis no Departamento de Informática do SUS (DATASUS) e processados no Microsoft Excel. As variáveis avaliadas foram: faixa etária, classificação clínica e evolução no recorte temporal de 2007 a 2017. Resultados e Discussão: Os resultados demonstraram que o ano de maior número de casos foi 2017 com 346 notificações, apontando ainda o crescimento dos números de casos nos últimos cinco anos, no que concerne a faixa etária teve-se que o grupo etário de maior incidência foi de 20-39 anos com 1411 casos. Pode-se identificar que conforme a classificação clínica houve a prevalência da primária com 37,91% (n=624) seguida da latente com 31,47% (n=518) casos notificados. E, o imprescindível dado que no tocante a evolução do quadro clínico todos os identificados nesta pesquisa evoluíram para óbito pelo agravo. Conclusões: Portanto, mediante este estudo foi possível delinear a incidência da sífilis gestacional no estado do Piauí e compreende-lo como um agravante problema de saúde pública, observando uma tendência crescente para a mortalidade, com maior enfoque na faixa etária de 20-39 anos e com a classificação clínica de sífilis primária. O conhecimento sobre os agravos estudados pode contribuir para o planejamento de intervenções adequadas para a erradicação da doença e desenvolvimento de estratégias para prevenir e minimizar essa problemática. Palavras-chave Sífilis; Saúde pública; Treponema pallidum. _ ABSTRACT Introduction: Syphilis is characterized as an infectious-contagious disease caused by Gram-negative bacteria in the form of a spirochete called Treponema pallidum. The presence of syphilis in the pregnant woman can cause countless consequences such as spontaneous abortion, intrauterine death, preterm birth and perinatal death
in up to 40% of cases, including multiple organ malformations. Concerning the above, the present work aims to delineate the incidence profile of gestational syphilis in the state of Piauí. Methodology: A descriptive, transversal and retrospective documentary research was carried out. Data on gestational syphilis case reports were collected through the Notification of Injury Information System (SINAN), available from the Department of Information Technology of SUS (DATASUS) and processed in Microsoft Excel. The variables evaluated were: age group, clinical classification and evolution in the temporal cut from 2007 to 2017. Results and Discussion: The results showed that the year with the highest number of cases was 2017 with 346 notifications, also pointing to the growth in the number of cases in the last five years, as regards the age group, it was observed that the age group with the highest incidence was 20-39 years with 1411 cases. It can be identified that according to the clinical classification there was a prevalence of primary infection with 37.91% (n = 624) followed by latent infection with 31.47% (n = 518) cases reported. And, the essential since in the evolution of the clinical picture all those identified in this research evolved to death by the disease. Conclusions: Upon, go to this study was possible, aninance the epidemiological gestational no estado do Piauí and compreende-se como agravante the problem of the health public, observando uma tendência crescente para a mortalidade, com maior enfoque na faixa etária de 20-39 anos e com um título clínico de sífilis primária. The knowledge over the agravos studies are considered to the planning of planning shared in the erradication the disease and development of strategies are attentive and minimize this problemática. Keywords - Syphilis; Public health; Treponema pallidum. INTRODUÇÃO A sífilis conceitua-se como uma doença infecciosa produzida pela bactéria gramnegativa em forma de espiroqueta, o Treponema pallidum, de evolução crônica e muitas vezes assintomática e de transmissão predominantemente sexual. Essa doença pode evoluir a estágios que comprometem a pele e órgãos internos, como o coração, fígado e sistema nervoso central quando não tratada. De acordo com Organização Mundial da Saúde (OMS), por ano em todo o mundo ocorrem 340 milhões de casos de infecções sexualmente transmissíveis (IST), entre as quais 12 milhões são de sífilis e, em 90% dos casos são notificados em países em desenvolvimento (LAFETÁ et al., 2016 MAGALHÃES et al., 2011). Na gestação, torna-se um grave problema de saúde pública, responsável por altos índices morbimortalidade intrauterina. Atualmente ainda é observado em uma parcela significativa de mulheres, o que favorece diretamente a ocorrência de sífilis congênita que é decorrente da disseminação hematogênica do agente infeccioso da gestante não tratada ou inadequadamente tratada para o seu concepto, por via transplacentária. A transmissão pode ocorrer em qualquer fase da gestação e em qualquer estágio da doença, sendo também possível transmissão direta no canal do parto. Ocorrendo a transmissão da sífilis congênita, cerca de 40 % dos casos podem evoluir para aborto espontâneo, natimorto e óbito perinatal e má formação de múltiplos órgãos (SERVIÇO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, 2008).
O Ministério da Saúde do Brasil (MS) lançou, em 1993, o projeto de eliminação da sífilis congênita, onde seu rastreio e tratamento é ofertado a todas as gestantes que realizam o pré-natal. A sífilis, nas formas congênita e na gestante, é de notificação compulsória, sendo obrigatória sua realização por profissionais de saúde, sendo que sua inobservância confere infração à legislação de saúde. No entanto, as taxas de morbidade materna, infecção congênita e mortalidade perinatal permanecem altas, representando ainda desafio à saúde pública (PAZ et. al., 2014; MAGALHÃES et al., 2011). Considerando o impacto da sífilis gestacional e congênita na assistência em saúde pública e a necessidade de seu controle, o presente trabalho tem por objetivo delinear o perfil de incidência da sífilis gestacional no estado do Piauí, a fim de identificar pontos vulneráveis da assistência obstétrica e neonatal. METODOLOGIA Realizou-se uma pesquisa documental de apreciação exploratória, com abordagem descritiva, retrospectiva e quantitativa. Os dados de notificações de casos de sífilis gestacional foram coletados através do Sistema de Informação de agravos de notificação (SINAN), disponíveis no Departamento de Informática do SUS (DATASUS). As variáveis avaliadas foram: faixa etária, classificação clínica e evolução do quadro clínico delimitados no recorte temporal estabelecido de 2007 a 2017. A análise dos dados deu-se em acordo com a estatística descritiva e os resultados foram apresentados em forma de tabelas e gráficos processadas pelo software Microsoft Excel 2010. A complementação de dados bibliográficos, assim como a interpretações dos dados levantados foram realizadas por meio de consulta a Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) com as bases: Medical Literature Analysis and RetrievalSystem Online (MEDLINE), Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Eletronic Library Online (SciELO), sem delimitação de período. RESULTADOS E DISCUSSÃO Gráfico 1. Total de casos confirmados de sífilis gestacional por ano de diagnóstico no estado do Piauí.
Conforme apresentado no gráfico 1 verifica-se que no ano de 2017 teve-se a maior incidência do agravo no estado com 346 casos notificados, a análise demonstra também o significativo e crescente aumento nos últimos 5 anos. Gráfico 2. Casos confirmados notificados de sífilis gestacional conforme faixa etária no estado do Piauí (2007-2017). Observa-se no gráfico 2, a maioria das mulheres apresentavam possuia faixa etária de 20-39 anos (n=1429) e 15-19 anos (n=546) respectivamente. Considerando os dados levantados, torna-se possível há urgência em nível de estado de melhoria da qualidade de assistência a saúde relacionada as infecções sexualmente transmissíveis. Gráfico 3. Casos confirmados notificados de sífilis gestacional conforme classificação clínica (2007-2017).
O estudo demonstrou (Gráfico 3) um maior número de casos com classificação clínica primária (n=624) e Latente (n=518) respectivamente. Independente da identificação da fase da doença o tratamento em gestante deve ser sempre igual ao da sífilis terciária, portanto, o tratamento preconizado deve ser com penicilina Benzatina de 2.400.000 UI a cada 7 dias, impreterivelmente. Acresce que preconizase o tratamento com uma abordagem acirrada nas gestantes portadoras da sífilis incluindo o tratamento concomitante do cônjuge, visando aumentar o diagnóstico e tratamento para a obtenção de um resultado mais eficaz evitando assim a transmissão vertical. Embora tenha-se um grande número de subnotificação de sífilis gestacional, os elevados números no presente estudo vão ao encontro do indicador do grande problema enfrentado pela saúde no Brasil, sendo notificados 4,5 mil casos por ano, estimando-se uma subnotificação com um número real que pode chegar a 48 mil casos realidade essa que esconde a magnitude dessa problemática (BRASIL, 2007; BRASIL 2005). CONCLUSÕES Conclui-se por intermédio do estudo o perfil de incidência da sífilis gestacional no estado do Piauí. Observa-se a tendência crescente de notificações para a mortalidade por esse agravo nos últimos anos, a prevalência nas mulheres de faixa etária entre 20 e 39 anos e classificação clínica primária. Sinalizando, assim, para a ausência de uma política eficaz de controle da sífilis no estado. O conhecimento sobre os agravos estudados pode contribuir para o planejamento e implementação de estratégias de capacitação e sensibilização adequadas para a erradicação da doença e desenvolvimento de estratégias para prevenir e melhorar os níveis de saúde da população. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST e AIDS. Plano Estratégico do Programa Nacional de DST e AIDS 2005. Brasília: Ministério da Saúde, 2005. BRASIL, Secretaria de Vigilância em Saúde, Ministério da Saúde. Protocolo para a prevenção de transmissão vertical de HIV e sífilis manual de bolso. Brasília: Ministério da Saúde, 2007. LAFETA, K.R.G. et al. Sífilis materna e congênita, subnotificação e difícil controle. Rev. bras. epidemiol., São Paulo, v. 19, n. 1, p. 63-74, 2016. MAGALHAES, D. M. S. et al. Sífilis materna e congênita: ainda um desafio. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 29, n. 6, jun. 2013. Paz, L. C. et al. Vigilância epidemiológica da sífilis congênita no Brasil: definição de casos, 2004. Boletim Epidemiológico AIDST. Rio de Janeiro, Ano I, nº 1, 2004. São Paulo. Serviço de Vigilância Epidemiológica. Coordenação de DST/Aids- SP. Informe Técnico Institucional. Secretaria de Estado de Saúde-SES-SP. Sífilis congênita e sífilis na gestação. Rev Saúde Pública, São Paulo, v.42, n.4, p.768-772, 2008.