ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DOS CASOS DE LEISHMANIOSE VISCERAL NA MACRORREGIÃO DO CARIRI, CEARÁ

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1 ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DOS CASOS DE LEISHMANIOSE VISCERAL NA MACRORREGIÃO DO CARIRI, CEARÁ RESUMO LÔBO, G. O. 1 ; MACÊDO, M. P, S. 2 ; ALENCAR, G. O. 1 ; RIBEIRO, P. V. L. 1 ; BORGES, K. D. M. 3 Discente da Faculdade de Juazeiro do Norte FJN, Juazeiro do Norte, Ceará 1 ; Técnica Responsável pela Assistência Básica da 21 CRES, Juazeiro do Norte, Ceará 2 ; Docente da Faculdade de Juazeiro do Norte FJN, Juazeiro do Norte, Ceará 3 Introdução: A leishmaniose visceral (LV) é uma doença sistêmica potencialmente fatal quando não se institui o tratamento adequado. Esse estudo teve como objetivo avaliar os dados epidemiológicos da leishmaniose visceral na Macrorregião do Cariri, Ceará. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa documental, descritiva, com abordagem quantitativa de dados relativos aos casos de LV, no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) durante o ano de 2016, oriundos dos municípios que compõe a 21ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRES) do Ceará. Resultados e Discussão: Dos 06 municípios analisados, 04 tiveram notificação de LV no ano de 2016, totalizando um número de 84 notificações e 25 casos confirmados da doença. A cidade de Barbalha foi a mais afetada (09 casos), seguida pela cidade de Juazeiro do Norte (07 casos). A faixa etária mais relevante foi de 1-4 anos (09 casos), seguida por pessoas de anos (04 casos). Conclusões: Os dados obtidos são úteis para se conhecer melhor o comportamento epidemiológico da doença na região e reforçam a necessidade da educação aliada às medidas de controle para diminuir a mortalidade e a morbidade e para erradicação da doença no Brasil. Palavras-chave - Leishmaniose visceral; Dados epidemiológicos; Municípios. _ ABSTRACT Visceral leishmaniasis (VL) is a potentially fatal systemic disease when appropriate treatment is not instituted. This study aimed to evaluate the epidemiological data of visceral leishmaniasis in the Cariri Macroregion, Ceará. Methodology: This is a descriptive, documentary research with a quantitative approach to data on LV cases, in the Information System for Notifiable Diseases (SINAN) during 2016, coming from the municipalities that make up the 21st Regional Coordination of Health (RCH) of Ceará. Results and Discussion: Of the 06 municipalities analyzed, 04 had notification of VL in the year 2016, totaling a number of 84 notifications and 25 confirmed cases of the disease. The city of Barbalha was the most affected (09 cases), followed by the city of Juazeiro do Norte (07 cases). The most relevant age group was 1-4 years (09 cases), followed by people aged years (04 cases). Conclusions: The data obtained are useful to better understand the

2 epidemiological behavior of the disease in the region and reinforce the need of education combined with control measures to reduce mortality and morbidity and to eradicate the disease in Brazil. Keywords - Visceral leishmaniasis; Epidemiological data; Counties. INTRODUÇÃO A leishmaniose visceral (LV) é uma doença cujos agentes etiológicos são protozoários tripanosomatídeos do gênero Leishmania. Os parasitos envolvidos estão agrupados no complexo donovani, onde são reconhecidas atualmente três espécies como agente etiológico da doença: L. donovani, L. infantum e L. chagasi, e no novo mundo, há uma única espécie representante: L. chagasi (CARVALHO et al., 2014, BRASIL, 2014). No Brasil, na área urbana, o cão doméstico é considerado o principal reservatório, e o inseto flebotomíneo Lutzomyia longipalpis, o vetor de maior importância epidemiológica (WERNECK, 2016). Na busca pelo controle da LV, várias medidas preventivas são adotadas, como proteção individual, saneamento ambiental, controle de população canina e inseticidas. Entretanto, a realização destas medidas de forma isolada não contribui de modo efetivo para a redução de casos, sendo necessário apoio econômico e apropriado esclarecimento para a população (PAULAN et al., 2016). Na Região Nordeste, há casos de LV em todos os estados e apesar da redução no número de casos, quando se compara à prevalência da década de 90, cerca de 50% destes, ainda ocorrem nessa região (LOBO et al., 2013). No Ceará no período de 2007 a meados de 2016, foram notificados casos e destes (61,3%) foram confirmados. Ao longo desse período houve redução no número de casos e os municípios do Estado com maior ocorrência foram Fortaleza com 33,2% dos casos, seguida de Sobral com 6%, Caucaia com 5,6% e Maracanaú com 3,8% (BRASIL, 2016). Neste contexto, esse estudo teve como objetivo avaliar os dados epidemiológicos da leishmaniose Visceral na Macrorregião do Cariri, Ceará. METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa documental, descritiva, retrospectiva com abordagem quantitativa. Para a análise foram utilizados os dados relativos aos casos de leishmaniose visceral, no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) durante o ano de 2016, oriundos dos municípios que compõe a 21ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRES) do Ceará. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3 Dentre os 06 municípios que compõem a 21ª Coordenadoria Regional de Saúde, 04 tiveram notificação de leishmaniose visceral (LV) no ano de 2016, totalizando um número de 84 notificações e 25 casos confirmados da doença, sendo que a maioria das notificações estão concentrada na cidade de Juazeiro do Norte (55 notificações) e o maior número de casos confirmados está na cidade de Barbalha (9 casos), conforme a tabela 1. Tabela 1: Notificações de Leishmaniose Visceral em municípios da 21ª CRES do Ceará, no ano de 2016 MUNICÍPIO IGNORADO CONFIRMADO DESCARTADO INCONCLUSIVO TOTAL TOTAL (N) (%) BARBALHA % CARIRIAÇU % GRANJEIRO % JARDIM % JUAZEIRO DO NORTE % MISSÃO % VELHA TOTAL % Fonte: SINAN, Um Caso é confirmado com LV quando há no mínimo um critério clínico laboratorial (encontro do parasito nos exames parasitológicos direto ou cultura ou reação de imunofluorescência reativa com título de 1:80 ou mais, desde que excluídos outros diagnósticos ou testes imunocromatográficos positivos) ou ainda pode ser confirmado pelo critério clínico epidemiológico: pacientes clinicamente suspeitos, sem confirmação laboratorial, provenientes de área com transmissão, mas com resposta favorável ao teste terapêutico (BRASIL, 2011). Tabela 2: Casos confirmados por faixa etária segundo município de residência, Ceará MUNICÍPIO < E + BARBALHA CARIRIAÇU GRANJEIRO JARDIM JUAZEIRO DO NORTE MISSÃO VELHA TOTAL Fonte: SINAN, Na tabela 2 observou-se que a faixa etária mais relevante foi de 1-4 anos (9 casos), seguida por pessoas de anos (4 casos).

4 Segundo Caldas et al., (2013), a preferência da doença pela população jovem e infantil vem se mantendo ao longo dos anos e quanto maior a incidência da patologia, maior o risco para as crianças mais jovens. Na maioria das áreas endêmicas no Brasil, a LV é mais frequente entre as crianças, apesar disso, atualmente, a prevalência tem diminuído entre os menores de 10 anos de idade. A razão da maior suscetibilidade da criança está ligada ao sistema imunológico imaturo, a imunodepressão induzida pela desnutrição, situação frequente nas populações pobres e maior contato com cães (principal reservatório doméstico). É importante salientar que a elevada incidência da doença nesta faixa etária sugere que a transmissão da LV é mais facilmente difundida nos ambientes peridomiciliar e intradomiciliar (BARBOSA et al., 2013; ORTIZ et al., 2015). É de extrema importância tratar os casos confirmados e acompanhá-los durante toda a evolução clínica, visando reduzir a letalidade, recidiva, gravidade, complicações da doença ou toxicidade do medicamento (CALDAS et al., 2013). CONCLUSÕES A pesquisa possibilitou discutir a caracterização da doença nos municípios analisados e os dados obtidos são úteis para se conhecer melhor o comportamento epidemiológico da doença na macroregião do Cariri. Os resultados reforçam a necessidade de uma rigorosa vigilância epidemiológica, com identificação de áreas de risco, avaliação do impacto das atuais estratégias de controle e na importância da divulgação das informações acerca da doença visto que a educação aliada às medidas de controle para a diminuição da mortalidade e da morbidade a fim de erradicar a doença no Brasil. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBOSA, I. R.; COSTA, I. C. C. Aspectos clínicos e epidemiológicos da leishmaniose visceral em menores de 15 anos no estado do Rio Grande do Norte, Brasil. Scientia Medica, Porto Alegre, v. 23, n. 1, p. 5-11, BRASIL. Ministério da Saúde. Coordenadoria de Promoção e Proteção à Saúde. Núcleo de Vigilância Epidemiológica. Secretaria da Saúde do Estado do Ceará. Boletim Epidemiológico: Leishmaniose Visceral. Governo do Estado do Ceará. Secretaria de Saúde Disponível em: Acesso em: 26 jun BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Leishmaniose visceral: Recomendações clínicas para redução da letalidade. Brasília: Ministério da

5 Saúde, Disponível em: lidade.pdf. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Manual de vigilância e controle da leishmaniose visceral. 1. ed., 5. reimpr. Brasília: Ministério da Saúde, Disponível em: niose_visceral_1edicao.pdf. CALDAS, A. J. M.; LISBÔA, L. L. C.; SILVA, P. F.; COUTINHO, N. P. S.; SILVA, T. C. Perfil das crianças com leishmaniose visceral que evoluíram para óbito, falha terapêutica e recidiva em hospital de São Luís, Maranhão. Rev Pesq Saúde, Maranhão, v. 14, n. 2, p , CARVALHO, P. R. M.; SÁ, J. R. F.; PAZ, F. A. N.; DIHL, R. R. Produção científica sobre leishmaniose visceral. Rev. Saúde em Foco, Teresina, v. 1, n. 2, p , LOBO, K. S.; BEZERRA, J. M. T.; BRITO, L. M. O.; SILVA, J. S.; PINHEIRO, V. C. S. Conhecimentos de estudantes sobre Leishmaniose Visceral em escolas públicas de Caxias, Maranhão, Brasil. Ciênc. saúde coletiva., Rio de Janeiro, v. 18, n. 8, p , DOI: ORTIZ, R. C.; ANVERSA, L. Epidemiologia da leishmaniose visceral em Bauru, São Paulo, no período de 2004 a 2012: um estudo descritivo. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, v. 24, n. 1, p , DOI: PAULAN, S. C.; SILVA, D. T.; LINS, A. G. S.; LIMA, F. L.; TENÓRIO, M. S.; TASCA, K. I.; PSO, A. R.; STARKE-BUZETTI, W. A. O conhecimento sobre leishmaniose visceral: suficiente para controle e prevenção?. Rev. Ciênc. Ext., São Paulo, v. 12, n. 2, p , SINAN. Sistema de Informação de Agravos de Notificações. Dados epidemiológicos de Leishmaniose Visceral. Brasília: Ministério da Saúde, Disponível em: Acesso em: 15 jun WERNECK, G. L. Controle da leishmaniose visceral no Brasil: o fim de um ciclo?. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 32, n. 6, p. 1-2, DOI: