DIREITOS HUMANOS. Sistema Global de Proteção dos Direitos Humanos: Instrumentos Normativos. Convenção sobre os Direitos da Criança

Documentos relacionados
Direitos das Crianças

A UNICEF e a Convenção sobre os Direitos da Criança

SUPPORTED BY THE RIGHTS, EQUALITY AND CITIZENSHIP (REC) PROGRAMME OF THE EUROPEAN UNION

PRINCÍPIOS BÁSICOS RELATIVOS À FUNÇÃO DOS ADVOGADOS

DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

DIREITOS HUMANOS. Sistema Global de Proteção dos Direitos Humanos: Instrumentos Normativos. Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência

CARTA DE BRASÍLIA DO ENFRENTAMENTO À EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES PARA FINS COMERCIAIS.

Aprendendo a ser Enfermeira Pediátrica. P rofª Graça P i menta UCSal

DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Os direitos da criança - No contexto internacional. Director do ILPI Njal Hostmaelingen MJDH, workshop interno, Luanda, 27 de Junho 2016

DIREITOS HUMANOS. Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos: Instrumentos Normativos. Convenção Americana sobre Direitos Humanos Parte 1

DIREITOS HUMANOS. Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos: Instrumentos Normativos. Convenção Americana sobre Direitos Humanos Parte 2

LEI N /1990 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA PREÂMBULO

PRINCÍPIOS BÁSICOS RELATIVOS À INDEPENDÊNCIA DA MAGISTRATURA. Princípios Básicos Relativos à Independência da Magistratura

DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

CONVENÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA - UNICEF

DIREITOS HUMANOS. Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos: Instituições. Comissão Interamericana de Direitos Humanos - Parte 1.

AULA 04 ROTEIRO CONSTITUIÇÃO FEDERAL ART. 5º; 37-41; ; LEI DE 13/07/1990 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE E C A PARTE 04

9116/19 JPP/ds JAI.2. Conselho da União Europeia

GUIA PARA A CONDUTA E O COMPORTAMENTO DA POLÍCIA SERVIR E PROTEGER FOLHETO

DIREITOS HUMANOS. Direito Internacional dos Direitos Humanos. Direitos Humanos, Direito Humanitário e Direito dos Refugiados. Profª.

DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

PREÂMBULO. Os Estados Partes na presente Convenção,

Convenção sobre os Direitos das Crianças

TRABALHO INFANTIL E TRABALHO DO MENOR

Direitos Humanos. Declaração Universal de Professora Franciele Rieffel.

Pós-graduado em Direito Administrativo, Direito Constitucional, Direito Penal, Direito Civil e em Educação à Distância;

Direitos da Pessoa com Deficiência

Curso de Urgências e Emergências Ginecológicas. Sigilo Médico X Adolescente

DIREITOS HUMANOS. Sistema Global de Proteção dos Direitos Humanos: Instrumentos Normativos

Direitos Humanos na Administração da Justiça - Conduta profissional. Princípios Básicos Relativos à Independência da Magistratura

Convenção sobre os Direitos das Crianças

DIREITOS HUMANOS. Sistema Global de Proteção dos Direitos Humanos: Instrumentos Normativos

Ciclo de Palestras ECA - L.8069/90

DIREITOS HUMANOS. Sistema Global de Proteção dos Direitos Humanos: Instrumentos Normativos

CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA

DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Conheça esses direitos com a Defensoria Pública

O que são Direitos Humanos? DIREITOS HUMANOS Profa. Rosana Carneiro Tavares. Principal instrumento legal

DIREITOS HUMANOS. Sistema Global de Proteção dos Direitos Humanos: Instrumentos Normativos. Declaração Universal dos Direitos Humanos Parte 2

Aspectos jurídicos da Violência intra e extra familiar contra crianças. as e adolescentes INSTITUTO WCF LAÇOS DA REDE

Convenção sobre os Direitos da Criança

CONVENÇÃO INTERNACIONAL DE DIREITOS DAS PESSOAS IDOSAS

Conferência Internacional do Trabalho

DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA- 1990) regulamenta o Artigo da Constituição Federal de 1988 que prevê:

CURSO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL SECRETARIA DE ESTADO DE POLÍTICAS PARA CRIANÇAS, ADOLESCENTES E JUVENTUDE DO DISTRITO FEDERAL

Direito à Privacidade

Artigo 1º. Artigo 2º. Artigo 3º

Profa. Alik Santana

DIREITOS HUMANOS. Sistema Global de Proteção dos Direitos Humanos: Instrumentos Normativos

SISTEMA GLOBAL DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS

DIREITOS HUMANOS Professor Luis Alberto

Panorama legal e sistêmico dos cuidados alternativos para crianças afastadas das famílias de origem

DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

RESOLUÇÃO CONJUNTA Nº 1, DE 9 DE AGOSTO DE 2017

11) A população do Quilombo da Cachoeira e da Pedreira é surpreendida com o lançamento do Centro de Lançamento de Foguetes da Cachoeira e da Pedreira

5. Os menores, quando puderem ser processados, devem ser separados dos adultos e conduzidos a tribunal especializado, com a maior rapidez possível,

DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

7775/17 jp/fc 1 DGC 2B

DIREITOS HUMANOS. Organização Internacional do Trabalho. Convenções da Organização Internacional do Trabalho - Parte 1. Profª.

Da Ordem Social: da família, da criança, do adolescente e do idoso.

OBJETIVOS DA AULA 03/09/2009 POLÍTICA SOCIAL SETORIAL: INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA AULA 3 ECA: UMA LEI ESPECÍFICA NA ÁREA DA INFÂNCIA E DA ADOLESCÊNCIA


Prof. Renan Flumian DIREITOS HUMANOS. Sistema Global de Proteção Geral II e Sistema Global de Proteção Específica I

Convenção No. 182 VERSÃO LIVRE EM PORTUGUÊS VERSÃO OFICIAL EM INGLÊS VER:

DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Declaração Universal dos Direitos Humanos

ADOÇAO INDÍGENA E SEUS DESAFIOS. Katy Braun do Prado

Aula 19. Convenção Americana de Direitos Humanos: art 24 ao 29. A igualdade formal apresenta um tratamento igualitário para todos os seres humanos.

I ENCONTRO ESTADUAL DE COORDENADORES REGIONAIS. Defesa de Direitos e Mobilização Social. Informática e Comunicação. Artes

PRINCÍPIOS ORIENTADORES RELATIVOS À FUNÇÃO DOS MAGISTRADOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO

XXII EXAME DE ORDEM ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PROF.ª MAÍRA ZAPATER

Resolução 53/144 da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 9 de dezembro de 1998.

PROJETO DE LEI Nº DE 2015.

PROJETO DE LEI N.º DE DE DE 2016

Grupos Vulneráveis e Direitos Humanos: crianças, adolescentes e mulheres

Carta aberta ao Ministério dos Direitos Humanos sobre Recomendações ao Brasil feitas no III Ciclo do Mecanismo de Revisão Periódica Universal (RPU)

AG/RES (XXXVI-O/06) PROMOÇÃO E RESPEITO DO DIREITO INTERNACIONAL HUMANITÁRIO

Direito Constitucional

RESPONSABILIDADE PENAL DOS MENORES NA ORDEM NACIONAL E INTERNACIONAL

PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO E COMBATE AO TRABALHO INFANTIL. Araucária 2016

Alguém consegue ouvir-me? Melhorar os Sistemas de Justiça Juvenil na Europa:

Primado do Direito e Julgamento Justo

DH e Educação Aula 04

Direitos Humanos em Conflito Armado

ESCUTA ESPECIALIZADA DE CRIANÇAS VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA PROFª DRª IONARA RABELO

A maioridade do Estatuto da Criança e do Adolescente: realidades e desafios

DIREITO CONSTITUCIONAL

MATERIAL DE APOIO - MONITORIA

Convenção sobre dos Direitos da Criança

DIREITOS HUMANOS. Política Nacional de Direitos Humanos. Segurança Pública, Acesso à Justiça e Combate à Violência. Profª.

Convenção sobre a Proibição das Piores Formas de Trabalho Infantil e a Ação Imediata para a sua Eliminação

A SITUAÇÃO DOS DIREITOS DA CRIANÇA EM ANGOLA: COMPROMISSOS E DESAFIOS. Joana Manico

ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

Transcrição:

DIREITOS HUMANOS Sistema Global de Proteção dos Direitos Humanos: Instrumentos Normativos Convenção sobre os Direitos da Criança Profª. Liz Rodrigues

- Aberta às ratificações em 1989 e ratificada pelo Brasil em 1990, é o tratado mais ratificado da história da ONU. - Consagra a Doutrina da Proteção Integral (incorporada à nossa Constituição veja o art. 227) e protege todas as pessoas menores de 18 anos salvo se, de acordo com a lei local, a maioridade for alcançada antes. - A Convenção não utiliza a categoria adolescentes.

- A Convenção protege inúmeros direitos, com bastante ênfase na convivência familiar. Como regra geral, a criança não deve ser separada de seus pais contra a vontade destes, a não ser que, em razão de seu maior interesse, esta separação seja necessária. - Esta separação deve respeitar os parâmetros legais e deve sempre poder ser submetida à revisão judicial.

- Maus-tratos e falta de cuidado são exemplos que justificam a separação da criança de seus pais. - Art. 1º: Para efeitos da presente Convenção considera-se como criança todo ser humano com menos de dezoito anos de idade, a não ser que, em conformidade com a lei aplicável à criança, a maioridade seja alcançada antes.

- São reconhecidos como direitos da criança: o direito à não discriminação, o direito à absoluta prioridade, a realização progressiva de direitos econômicos, sociais e culturais, o direito à vida, à sobrevivência e ao desenvolvimento, o direito ao registro (nome, nacionalidade, conhecer seus pais e ser cuidada por eles), à identidade, à manutenção com sua família, o direito de reunir-se à sua família (em caso de pais que residam em outro país), liberdade de expressão, direito de ser ouvida e respeitada, liberdade de pensamento, dentre outros.

- Todas as ações relativas às crianças realizadas por instituições (públicas ou privadas) de bem-estar social, tribunais, autoridades administrativas ou órgãos legislativos devem considerar o interesse maior da criança. - A criança deve ser protegida de toda forma de discriminação.

- São deveres dos Estados: lutar contra a transferência ilegal de crianças para o exterior e contra a retenção ilícita destas fora de seu país, proteger a criança em relação ao acesso a informações, visando garantir o seu bem-estar social, espiritual, moral e sua saúde física e mental, assegurar que ambos os pais tenham obrigações em relação à educação e desenvolvimento da criança.

- O Estado também deve adotar medidas para proteger a criança contra todas as formas de violência física ou mental, assegurar a proteção a todas as crianças privadas da convivência familiar, legislar adequadamente sobre a adoção, quando ela for permitida, criar proteções especiais para a criança refugiada, para a criança portadora de deficiências físicas ou mentais, garantir a todas o melhor possível de saúde, dentre outros. padrão

- Infrações penais/atos infracionais: o art. 40 da Convenção determina que toda criança que tenha praticado atos infracionais ou seja suspeita disso deve ser tratada de modo a promover e estimular seu sentido de dignidade e valor e a fortalecer seu respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais de terceiros, levando em consideração sua díade e a importância de estimular sua reintegração à sociedade.

- Toda criança de quem se alegue ou que seja acusada de ter infringido as leis penais deve ter asseguradas, no mínimo, estas garantias: - ser considerada inocente enquanto não for comprovada sua culpabilidade conforme a lei;

- ser informada sem demora e diretamente ou, quando for o caso, por intermédio de seus pais ou de seus representantes legais, das acusações que pesam contra ela, e dispor de assistência jurídica ou outro tipo de assistência apropriada para a preparação e apresentação de sua defesa;

- ter a causa decidida sem demora por autoridade ou órgão judicial competente, independente e imparcial, em audiência justa conforme a lei, com assistência jurídica ou outra assistência e, a não ser que seja considerado contrário aos melhores interesses da criança, levando em consideração especialmente sua idade ou situação e a de seus pais ou representantes legais;

- não ser obrigada a testemunhar ou a se declarar culpada, e poder interrogar ou fazer com que sejam interrogadas as testemunhas de acusação bem como poder obter a participação e o interrogatório de testemunhas em sua defesa, em igualdade de condições; - se for decidido que infringiu as leis penais, ter essa decisão e qualquer medida imposta em decorrência da mesma submetidas a revisão por autoridade ou órgão judicial superior competente, independente e imparcial, de acordo com a lei;

- contar com a assistência gratuita de um intérprete caso a criança não compreenda ou fale o idioma utilizado; - ter plenamente respeitada sua vida privada durante todas as fases do processo.

- A Convenção tem três protocolos facultativos: sobre o Envolvimento de Crianças em Conflitos Armados, sobre a Venda de Crianças, Prostituição e Pornografia Infantil e sobre um procedimento de comunicações (não-ratificado). - Há, também, um sistema de Regras Mínimas para o tratamento de crianças envolvidas em práticas criminosas.

- Regras Mínimas da ONU para a Administração da Justiça da Infância e Juventude (Regras de Beijing); - Regras Mínimas da ONU para a Proteção dos Jovens Privados de Liberdade e as Diretrizes das Nações Unidas para a Prevenção da Delinquência Juvenil (Diretrizes de Riad).

- Comitê para os Direitos da Criança: dez especialistas de reconhecida integridade moral e competência nas áreas cobertas pela convenção, que serão eleitos pelos Estados e exercem as funções a título pessoal. - Mandatos de quatro anos, sendo permitida a reeleição. - Recebe relatórios, faz comentários gerais e pode solicitar informações aos Estados.