XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010



Documentos relacionados
Intestino delgado. Intestino grosso (cólon)

REGISTRO: Isento de Registro no M.S. conforme Resolução RDC n 27/10. CÓDIGO DE BARRAS N : (Frutas vermelhas) (Abacaxi)

VEGESOY FIBER. Fibra de soja: extrato insolúvel de soja em pó. Informações Técnicas

Fibras e seus Benefícios! Tipos de Farinhas! Coordenadora e Nutricionista Felícia Bighetti Sarrassini - CRN 10664

EFEITO DA UTILIZAÇÃO DE PRÓBIÓTICOS EM DIETAS PARA BOVINOS NELORE TERMINADOS EM CONFINAMENTO INTRODUÇÃO

Biomassa de Banana Verde Integral- BBVI

PALAVRAS-CHAVE Panificação. Alimentos. Subprodutos. Introdução

Hidratos de Carbono. Monossacarídeo (Glicose) Polissacarídeo (Glicogénio) Dissacarídeo (Frutose + Glicose = Sacarose)

Profª Marília Varela

QUE LEITE DAR AO MEU BEBÉ?

1. DETERMINAÇÃO DE UMIDADE PELO MÉTODO DO AQUECIMENTO DIRETO- TÉCNICA GRAVIMÉTRICA COM EMPREGO DO CALOR

PALAVRAS-CHAVE Sorbet. Curso técnico profissionalizante. Engenharia de Alimentos

Sybelle de Araujo Cavalcante Nutricionista

CURSO DE GASTRONOMIA Disciplina : matérias primas Conceito e Tipo de Matéria Prima

Confira a lista dos 25 melhores alimentos para emagrecer:

Anvisa - Alimentos - Informes Técnicos

COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA CARNE. Profª Sandra Carvalho

Características e informação nutricional do ovo

TERAPIA NUTRICIONAL NUTRIÇÃO ENTERAL

Lisina, Farelo de Soja e Milho

Nutrição Normal: Carboidratos. Histórico. Monossacarídeos. Características químicas Estrutura química

SUMÁRIO MÓDULO 6 ALIMENTOS E NUTRIENTES ATIVIDADE 1 (PÁGINA 221)

5 Alimentos que Queimam Gordura IMPRIMIR PARA UMA MAIS FÁCIL CONSULTA

ESTÁGIOS CURRICULARES PARA O ENSINO MÉDIO PROFISSIONALIZANTE PROJETO BOLACHA DE MEL COM FIBRAS

9º Simposio de Ensino de Graduação SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DA FARINHA DE TRIGO PELA FARINHA DE BERINJELA PARA ELABORAÇÃO DE MASSA FRESCA

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

ANÁLISE COMPARATIVA DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DE SARDINHAS ENLATADAS EM ÓLEO COMESTÍVEL, MOLHO DE TOMATE E AO NATURAL 1

Alimentos para limpar as artérias e prevenir a aterosclerose

Econômico no uso Supersol LG é composto com alto teor de tensoativos, que permite sua utilização em altas diluições para uma limpeza perfeita.

Coach Marcelo Ruas Relatório Grátis do Programa 10 Semanas para Barriga Tanquinho

CARACTERIZAÇÃO BROMATOLÓGICA DO RESÍDUO DA PRODUÇÃO DE SUCO IN NATURA¹

Manual de Rotulagem de Alimentos

ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA SE ADQUIRIR HÁBITOS SAUDÁVEIS

RELATÓRIO FINAL. AVALIAÇÃO DO PRODUTO CELLERON-SEEDS e CELLERON-FOLHA NA CULTURA DO MILHO CULTIVADO EM SEGUNDA SAFRA

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA BOVINOS LEITEIROS

O papel da Nutrição na Saúde dos Peixes. João Manoel Cordeiro Alves Gerente de Produtos Aquacultura Guabi Nutrição Animal

VALOR NUTRITIVO E COMPOSIÇÃO FITOQUÍMICA DE VARIEDADES DE MAÇÃ DE ALCOBAÇA

Aluno (a): Professor:

Instituto de Estudos e Assessoria ao Desenvolvimento

NUTRIÇÃO ENTERAL HOSPITAL SÃO MARCOS. Heloisa Portela de Sá Nutricionista Clínica do Hospital São Marcos Especialista em Vigilância Sanitária

AMOSTRAGEM AMOSTRAGEM

ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DE EQUINOS

Introdução. Conceitos aplicados a alimentação animal. Produção animal. Marinaldo Divino Ribeiro. Nutrição. Alimento. Alimento. Nutriente.

DNA Darwin Não Atento?

Análise sensorial de diferentes formulações de Smoothie

é a quebra física dos alimentos através da mastigação e dos movimentos peristálticos.

Convivendo bem com a doença renal. Guia de Nutrição e Diabetes Você é capaz, alimente-se bem!

Trato Digestivo do Suíno

ARTIGO TÉCNICO Minerthal Pró-águas Suplementação protéica energética no período das águas

Sistemas do Corpo Humano

GUIA DE BOLSO. Está na hora de incluir a fruta e os hortícolas na alimentação! SAIBA PORQUÊ

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO E SAÚDE 14. BOLO SETE GRÃOS

SMOOTHIES uma maneira fácil e deliciosa para apreciar frutas e legumes.

GUIA DE BOLSO Outono combina Com SOPA!

DOCUMENTO DE REFERÊNCIA PARA GUIAS DE BOAS PRÁTICAS NUTRICIONAIS

TUTORIAL - 3. Sistema digestivo comparado. Disciplina: Nutrição Animal Professora responsável: Izabelle Auxiliadora Molina de Almeida Teixeira

FARELO DE SOJA: PROCESSAMENTO E QUALIDADE

VI CURSO DE ATUALIZAÇÃO EM DIABETES DIETOTERAPIA ACADÊMICA LIGA DE DIABETES ÂNGELA MENDONÇA

EXERCÍCIO E DIABETES

Genkor. 32 FOOD INGREDIENTS BRASIL Nº Introdução

ANÁLISE DAS LANCHEIRAS DE PRÉ-ESCOLARES¹ BOEIRA,

TEMA: Dieta enteral de soja para paciente portadora de doença de Alzheimer e de adenocarcinoma gástrico.

SHAKEASY. Bases Prontas para Shakes Funcionais

Tipos de Diabetes e 10 Super Alimentos Para Controlar a Diabetes

Alimentos Minimamente Processados : controle sanitário e legislação

NATUREZA, SAÚDE E SUSTENTABILIDADE

MITOS E VERDADES SOBRE ALIMENTOS E SAÚDE

Nutrição completa para equinos. Linha Equinos. Rações Suplementos Minerais

Nome do Produto: 100% Whey Protein Gold Standard - Optimum Nutrition

OPERAÇÕES E PROCESSOS DA T.A.

Separação de Misturas

SISTEMA DIGESTÓRIO. Boca Glândulas salivares Esófago Fígado Vesícula biliar. Faringe. Estômago Pâncreas Intestino grosso. Intestino delgado.

A polpa cremosa dessa espécie da Amazônia prova, lá fora, que realmente protege contra doenças do coração e inflamações crônicas

Figura 1: peridrociclopentanofenantreno

O manipulador de alimentos tem que conferir todas as informações do rótulo?

Mantém cores originais A aplicação de TASKI Tapi 101 não altera as cores originais das superfícies.

Fenulife. Identificação. Peso molecular: Não aplicável. Denominação botânica: Não aplicável

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

Fibras, Esponjas e Panos

Nome do produto: BIOCOMPOSTO BLF. Data da última revisão: 22/06/07 Pagina 1/5

Aumentar o Consumo dos Hortofrutícolas

TECNOLOGIA DE ALIMENTOS

PORTARIA N 29, DE 13 DE JANEIRO DE 1998

CARACTERIZAÇÃO COMERCIAL DE MARGARINA, HALVARINA E CREME VEGETAL: PARÂMETROS DA LEGISLAÇÃO

NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO ANIMAL 1. HISTÓRICO E IMPORTANCIA DOS ESTUDOS COM NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO:

Multi Star Adulto 15kg e 5kg

ROTULAGEM DE ALIMENTOS

O FAN Press Screw Separator PSS

CIÊNCIAS PROVA 2º BIMESTRE 8º ANO PROJETO CIENTISTAS DO AMANHÃ

Julia Hoçoya Sassaki

EMEF TI MOACYR AVIDOS DISCIPLINA ELETIVA: COZINHANDO COM OS NÚMEROS

Dietas Caseiras para Cães e Gatos

I DIAGNÓSTICO DE GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DE SERVIÇO DE SAÚDE EM UM HOSPITAL PÚBLICO EM BELÉM/PA

especial iate LIAMARA MENDES

Aprenda como fazer frituras de um modo mais saudável Qua, 28 de Novembro de :04 - Última atualização Qua, 28 de Novembro de :11

TECNOLOGIA DE ALIMENTOS

Introdução a Química Analítica. Professora Mirian Maya Sakuno

INFLUÊNCIA DA GELATINA NA EFICÁCIA PROTEICA DA CASEÍNA EM RATOS WISTAR

Função orgânica nossa de cada dia. Profa. Kátia Aquino

FOSFATO DISSÓDICO DE DEXAMETASONA

Transcrição:

DETERMINAÇÃO DE FIBRA ALIMENTAR SOLÚVEL E INSOLÚVEL EM HAMBÚRGUER DE CARNE BOVINO COM REDUZIDO TEOR DE GORDURA RENATO SILVA LEAL 1, MARIA EMÍLIA DE SOUSA GOMES PIMENTA 2, LUCAS SILVERIA TAVARES 3, CARLOS JOSÉ PIMENTA 4, SABRINA CARVALHO BASTOS 5, BRUNO OLIVETTI DE MATTOS 6 RESUMO Este trabalho foi realizado com o objetivo desse determinar a composição em fibra alimentar total (fibra insolúvel e solúvel) de hambúrgueres de carne bovinos formulados com diferentes substitutos de gordura (farinha de aveia, farinha da polpa de banana verde, farinha de maça, polpa de banana verde). Determinou-se a fibra alimentar insolúvel e solúvel utilizando a combinação de métodos enzimático e gravimétrico. As amostras secas foram gelatinizadas com α-amilase (Heat stable-sigma) e digeridas enzimaticamente com protease (SiGMA) e amiloglugosidase (SIGMA) para a remoção da proteína e do amido presentes na amostra (Banho-Maria). Os hambúrgueres foram avaliados tendo por fim o seu uso como ingrediente e fonte de fibra alimentar, em particular, para alimentos especiais formulados, os chamados de "alimentos funcionais fibrosos", mas, também como ingrediente para alimentos de consumo em dieta normal. O Consumo de hambúrgueres contendo farinha de casca de maça, farinha de casca de banana verde e polpa de banana verde em sua formulação, contribui significamente para a maior ingestão de fibra alimentares sobre tudo de fibras insolúveis, as quais são importantes para prevenir doenças no trato digestivo. Palavras-chaves: Fibra alimentar, hamburguês, teor de gordura INTRODUÇÃO O consumo de alimentos ricos em fibras alimentares é essencial para manter saúde e reduzir os riscos de diversas doenças crônicas. A maioria das tabelas de composição de alimentos, utilizadas pelos profissionais de saúde e de química de alimentos, se limitam a informar o conteúdo de fibra bruta, não contribuindo para fornecer sobre suas propriedades físico-químicas, as quais produzem efeitos fisiológicos no organismo. As fibras alimentares (FA) são as constituídas pela parte comestível das plantas ou carboidratos análogos, que são resistentes à digestão e absorção no intestino delgado de humanos, com fermentação completa ou parcial no intestino grosso. Incluem polissacarídeos, oligossacarídeos, lignina e substâncias associadas às plantas. Promove efeitos fisiológicos benéficos, incluindo laxação, e/ou atenuação do colesterol do sangue e/ou da glicose do sangue (AACC, 2001). Podem ser classificadas em fibras solúveis e insolúveis, de acordo com a solubilidade de seus componentes em água. A maior parte das pectinas, gomas e certas hemiceluloses são fibras solúveis, enquanto celulose, algumas pectinas, grande parte das hemiceluloses e lignina são fibras insolúveis (ASP et al, 1992; CAVALCANTE, 1989). As fibras solúveis retardam o esvaziamento gástrico, a absorção da glicose e reduzem o colesterol no soro sanguíneo. Não são hidrolisadas no intestino delgado, somente ao alcançar o intestino grosso são extensamente fermentadas pela microbiota natural, promovendo efeito laxante. As fibras insolúveis por sua vez, aceleram o trânsito intestinal, aumentam o peso das fezes, contribuindo ¹ Mestrando em Ciências Veterinárias, DMV/ UFLA, renato.quimicaufla@hotmail.com 2 Professora Adjunto, DCA/UFLA, Maria.emilia@dca.ufla.br 3 Mestrando em Ciências dos Alimentos, DCA/UFLA, lucasalimentos@yahoo.com.br 4 Professor Adjunto, DCA/UFLA,Carlos_pimenta@ufla.br 5 Professora Adjunto, DCA/UFLA,sabrinabastos@dca.ufla.br 6Mestrando em Zootecnia, DZO/UFLA,mattospesca@hotmail.com

para a redução do risco de doenças do trato digestório (JAMES & THEANDER, 1977; MARQUEZ, 2001; PAULA, 2005). O hambúrguer é definido como um produto cárneo industrializado obtido da carne moída dos animais de açougue, adicionado ou não de tecido adiposo e ingredientes, moldado e submetido a processo tecnológico adequado, devendo a textura, cor, sabor e odor serem característicos (BRASIL, 2000). Tornou-se um alimento popular pela praticidade que representa atualmente, pois possui nutrientes que alimentam e saciam a fome rapidamente, o que combina com o modo de vida que vem se instalando nos centros urbanos (ARISSETO, 2003). Sabendo-se da importância dos produtos cárneos na alimentação diária, devido ao seu elevado teor de proteínas e equilíbrio aminoacídico, existe uma busca incessante pela utilização de fibras nesses produtos, pois além de melhorar o valor nutricional dos mesmos, também melhorará a sua capacidade de retenção de água e diminuirá seus custos de produção. Neste contexto, o objetivo desse trabalho foi determinar a composição em fibra alimentar total (fibra insolúvel e solúvel) de hambúrgueres de carne bovinos formulados com diferentes substitutos de gordura como a farinha de aveia, farinha da polpa de banana verde, farinha de maça e polpa de banana verde. MATERIAL E MÉTODOS Formulação dos hambúrgueres Para a formulação dos hambúrgueres foi empregada carne bovina, mais especificamente o acém, inspecionado pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF), adquirida em estabelecimento comercial da cidade de Lavras, MG. Após a aquisição, a carne foi limpa retirando-se a gordura e o tecido conectivo aparente, estas então foram picadas, separadamente, em moinho equipado com lâmina de 5 mm de diâmetro, previamente higienizado, a uma temperatura de 5-10ºC. A carne passou pelo moinho por duas vezes para obter melhor uniformidade do produto. A carne moída, total de 36 Kg, após serem divididas em blocos de 1 Kg foram embalada em embalagem plástica e em seguida congelada a -18ºC em blocos até o momento de processamento e caracterização desta. O preparo das formulações de hambúrguer seguiram as boas práticas de manipulação (BRASIL, 1997). Os blocos de carne moída foram então descongelados sob refrigeração 7ºC±1ºC, para sua posterior utilização. Para a formulação dos hambúrgueres utilizou-se carne descongelada a uma temperatura entre - 1,6ºC e -3,0 ºC, sendo monitorada por um termômetro. A carne limpa e descongelada foi utilizada na elaboração das formulações indicadas na Tabela 1. Tabela 1. Percentuais dos ingredientes usados nas formulações de hambúrgueres de carne bovina. Formulações Ingredientes (%) F1 F2 F3 F4 F5 F6 F7 Carne Limpa 88,0 79,0 85,0 85,0 85,0 85,0 85,0 Gordura adicionada - 9,0 - - - - - Água mineral gelada 10,5 10,5 10,5 10,5 10,5 10,5 10,5 Sal 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 Farinha de Aveia - - 3,0 - - - - Farinha da Polpa de - - - 3,0 - - - Banana Verde Farinha da Casca de - - - - 3,0 - - Banana Verde Farinha de Maçã - - - - - 3,0 - Polpa de Banana - - - - - - 3,0 Verde F1 = Hambúrguer padrão sem gordura adicionada F2 = Hambúrguer padrão com gordura adicionada F3 = Hambúrguer sem gordura adicionado de farinha de aveia

F4 = Hambúrguer sem gordura adicionado de farinha da polpa de banana verde F5 = Hambúrguer sem gordura adicionado de farinha da casca de banana verde F6 = Hambúrguer sem gordura adicionado de farinha de casca de maçã F7 = Hambúrguer sem gordura adicionado de polpa de banana verde *quantidade indicada pelos fornecedores, invariável nas formulações. A massa de carne obtida foi misturada durante 6 minutos e em seguida foram adicionados os componentes das diferentes formulações, dissolvidos na água gelada (temperatura de 4ºC) e sal. A massa foi novamente misturada para que ocorresse completa absorção dos ingredientes pela massa. Para a fabricação dos hambúrgueres, pesaram-se porções de 90g em balança semi-analítica. Os hambúrgueres foram previamente acondicionados em embalagens plásticas de polietileno, em seguida moldados manualmente com o auxílio de placas de petri descartáveis e posteriormente congelados em caixas de papelão. Depois de congelados, foram embalados à vácuo e mantidos em congelamento a temperatura inferior a -18ºC ± 1ºC até o momento das análises. Análise de Fibra alimentar Após a fabricação dos hambúrgueres, determinou-se a porcentagem de umidade e matéria seca, segundo a A.O.A.C (2000). Em seguida trituraram-se em moinho (marca e modelo) um hambúrguer de cada tratamento para adquirir amostras mais homogêneas. Determinou-se a fibra alimentar insolúvel utilizando a combinação de métodos enzimático e gravimétrico. As amostras secas foram gelatinizadas com α-amilase (Heat stable-sigma) e digeridas enzimaticamente com protease (SiGMA) e amiloglugosidase (SIGMA) para a remoção da proteína e do amido presentes na amostra (Banho-Maria). As fibras não-digeridas enzimaticamente foram precipitadas com a adição de etanol, sendo o resíduo filtrado e lavado com etanol e acetona. Após a secagem, o resíduo foi pesado. Metade das amostras foi utilizada para análise de proteínas e a outra para a análise de cinzas. O total de fibra alimentar é o peso do resíduo menos o peso das proteínas e das cinzas de acordo com o método AOAC (2000). DELINEAMENTO ESTATÍSTICO O delineamento utilizado foi o DIC (Delineamento Inteiramente Casualizado) com 7 formulações e 4 repetições. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os hambúrgueres foram avaliados tendo por fim o seu uso como ingrediente e fonte de fibra alimentar, em particular, para alimentos especiais formulados, os chamados de "alimentos funcionais fibrosos", mas, também como ingrediente para alimentos de consumo em dieta normal. A Tabela 1 mostra os resultados das determinações dos teores médios de Fibra insolúvel e solúvel dos alimentos. Os resultados apresentados em valores médios e desvios padrão para fibras insolúveis e solúveis dos alimentos foram obtidos através de uma análise de variância considerando um nível de significância de 5%. TABELA 1: Teor de Fibra alimentar Insolúvel, solúvel e total dos hambúrgueres (%) Hambúrgueres Fibra Insolúvel(%) Fibra Solúvel(%) Fibra Total(%) F1 12,295 c 0,150 a 12,440 b F2 9,970b b 1,670 b 11,390 b F3 3,970c a 0,830 b 4,800 a F4 11,990 c 0,000 a 11,990 b F5 28,170 d 0,000 a 28,170 d F6 33,875 e 0,000 a 33,875 e F7 20,575 d 0,000 a 20,575 c CV 3,38 17,29 3,31

*Medias seguidas de letras e números na coluna são estatisticamente iguais (p>0,05) F1 = Hambúrguer padrão sem gordura F2 = Hambúrguer padrão com gordura F3 = Hambúrguer sem gordura adicionado de farinha de aveia F4 = Hambúrguer sem gordura adicionado de farinha de polpa de banana verde F5 = Hambúrguer sem gordura adicionado de farinha de casca de banana verde F6 = Hambúrguer sem gordura adicionado de farinha de casca de maça F7 = Hambúrguer sem gordura adicionado de farinha de banana verde Ao comparar as formulações de hambúrguer contendo substitutos de gordura, com aquelas considerações padrão (F1 e F2) observou-se que a formulação com inclusão da farinha de casca de maçã (F6) apresentou as maiores (P>0,01) porcentagens de fibra insolúvel e de fibra alimentar total (33,875%). As formulações contendo farinha de casca de banana verde (F5) e polpa de banana verde (F7) também apresentaram valores elevados, o que permite inferir que essas três formulações F5, F6 e F7 apresentam maior quantidade de fibras, e estas podem contribuir para acelerar o transito intestinal, aumentar o peso das fezes e prevenir doenças do trato digestivo, conforme sugerido por alguns estudos realizados (JAMES E THEANDER, 1977; MARQUES, 2001; PAULA, 2005). De acordo com WAITZBERG (2004) a suplementação de fibra alimentar na dieta é recomendada em pequenas quantidades em caráter preventivo para manter o equilíbrio das funções intestinais. Levando em conta a recomendação diária de 25g de fibra alimentar A formulação contendo farinha de aveia (F3) apresentou o maior teor de fibra solúveis, o que pode contribuir para uma maior sensação de saciedade uma vez que estas retardam o esvaziamento gástrico e absorção de glicose (JAMES E THEANDER, 1977; MARQUES, 2001, PAULA, 2005). As quantidades de Fibra alimentar dos alimentos adicionadas em 2 L de dieta ficaram bem abaixo das recomendações diárias de 25 g/dia para uma dieta de 2000 kcal (CATALANI, et al., 2003), porém para a F6 (Hambúrguer sem gordura adicionado de farinha de casca de maça) a quantidade de fibra ficou superior as recomendações diárias. A suplementação de Fibra alimentar na Dieta também é recomendada em pequenas quantidades em caráter preventivo para manter o equilíbrio das funções intestinais (WAITZBERG, 2004). Segundo BAXTER, et al., (2000) as recomendações de fibras para os pacientes em terapia nutricional integral não são numericamente definidas. Pode-se estimar que o consumo de um hambúrguer elaborado por meio das formulações F5, F6 e F7 garantem a ingestão de metade das fibras alimentares necessárias porá desempenhar os efeitos fisiológicos já discutidos. A presença de Fibra Alimentar na Dieta é importante para manter a microflora colônica e o equilíbrio de ph, proteger a mucosa intestinal e estimular o sistema imunológico local (BAXTER, 2001). CONCLUSÃO O Consumo de hambúrgueres contendo farinha de casca de maça, farinha de casca de banana verde e polpa de banana verde em sua formulação, contribui significamente para a maior ingestão de fibra alimentares sobretudo de fibras insolúveis, as quais são importantes para prevenir doenças no trato digestivo. REFERÊNCIAL BIBLIOGRÁFICO AMERICAN ASSOCIATION OF CEREAL CHEMISTS. The definition of dietary fiber. Cereal Food Word, v. 46, p.112-126, 2000. ARISSETO, A. P. Avaliação da qualidade global do hambúrguer tipo calabresa com reduzidos teores de nitrito. São Paulo, 2003. 145 p. Dissertação - (Mestrado em Engenharia de Alimentos), Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

ASP, N. G. et al. Rapid enzymatic assy of insoluble and soluble dietary fiber. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 31, n. 3, p. 476-482, 1983. ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS - AOAC. Official methods of analysis. 14 ed. Washington D.C., 1984. p. 1141 BAXTER, Y. C. et al. Critérios de decisão na seleção de dietas enterais. In: WAITZBERG, D. L. (Ed.). Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica. 3 ed. São Paulo: Atheneu, 2000. Cap. 41, p. 659-676. BAXTER, Y. C. Fibras alimentares: nutriente funcional na prevenção e tratamento da obstipação intestinal. Boletim da Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral, n. 32, p. 18-19, 2001. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução - RDC nº 360, de 23 de dezembro de 2003. Brasília, DF. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/2003/rdc/360_03rdc.htm#>. Acesso em: 10 de agosto de 2010. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Instrução Normativa nº 20/2000. Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade do Hambúrguer. Brasília, 2000. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br>. Acesso em: 09/08/2010 CATALANI, L. A. et al. Fibras alimentares. Revista Brasileira de Nutrição Clínica, v. 18, n. 4, p. 178-182, 2003. JAMES, W.P.T.; THEANDER,O. The analysis of dietary fiber in food. New York: M.Dekker,1977. MITNE, C. Preparações não-industrializadas para nutrição enteral. In: WAITZBERG, D. L (Ed.). Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica. 3 ed. São Paulo: Atheneu, 2000. Cap. 38, p. 629-640. WAITZBERG, D. L. Nutrição Enteral e Parenteral na Prática Clínica. In: CHAAYA, A. P. et al. Suporte nutricional enteral em ambiente domiciliar: Via e método de administração e complicações após 1 ano de prestação de serviços. Revista Brasileira de Nutrição Clínica, v. 12, n. 1, p. 21-26, 1997.