ESTUDO ACÚSTICO DE BANCOS DE IGREJA



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Transcrição:

42º CONGRESO ESPAÑOL DE ACÚSTICA ENCUENTRO IBÉRICO DE ACÚSTICA EUROPEAN SYMPOSIUM ON ENVIRONMENTAL ACOUSTICS AND ON BUILDINGS ACOUSTICALLY SUSTAINABLE ESTUDO ACÚSTICO DE BANCOS DE IGREJA PACS: 43.55.EV António P. O. Carvalho; Joana S. O. Pino Laboratório de Acústica, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Rua Dr. Roberto Frias, 4200-465 Porto Portugal Tel. +351-225081931 Fax +351-225081940 carvalho@fe.up.pt; joanasopino@gmail.com ABSTRACT This paper presents the results regarding sound absorption measurements in a reverberation room by NP EN ISO 354, of three different types of pews in three situations: with and without occupation, and with seat cushions. RESUMO Este texto apresenta os resultados obtidos em câmara reverberante (EN ISO 354) para a absorção sonora de três tipos diferentes de s em três situações: sem e com a sua ocupação, por pessoas ou por almofadas. Foram realizadas três análises distintas de absorção sonora: por, por m 2 de ocupação e por m 2 acrescido de 0,5 m em todo o perímetro. 1. INTRODUÇÃO O objectivo deste trabalho é obter a absorção sonora de s de madeira, tipicamente os s de igreja, usando como casos de estudo três tipos de exemplares. Pretende-se também explorar a influência da absorção sonora dos s de igreja na acústica da mesma e para isso avaliar-se esses s também com ocupação e com almofadas. 2. ENSAIOS Os ensaios para a determinação da absorção sonora foram realizados na câmara reverberante da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) usando a NP EN ISO 354 [1]. Foram usadas cinco posições da fonte sonora para quatro posições de microfone (e três medições para cada configuração fonte sonora/microfone). Foram usados são três tipos de s diferentes, com três elementos de cada tipo de, testados vazios e com ocupação de pessoas ou de almofadas. O tipo F (FEUP) foi cedido pela FEUP (fig. 1) e são antigos exemplares museológicos que estiveram dezenas de anos no seu antigo edifício da R. dos Bragas. Os s denominados por tipo A (Antiga) e N (Nova) foram cedidos pela Igreja de Santo Ovídio (V. N. Gaia, Portugal), existentes no seu antigo e no novo edifício (figs. 2 e 3).

Os ensaios com os s ocupados foram feitos com alunos da FEUP (Fig. 5) com 5 pessoas/ para os s F e 6 pessoas/ para os A e N. Na fig. 4 e quadro 1 apresentam-se as dimensões e respectivo esquema dos s e almofadas (Fig. 6). O quadro 2 contém as dimensões das zonas de s e as respectivas áreas aplicadas na determinação da absorção sonora (S diz respeito à área efectivamente ocupada pela zona de três s (fig. 7) enquanto S + considera ainda uma área suplementar duma faixa de 0,5 m a toda à volta da amostra (fig. 8) cf. sugerido em [2]). Fig. 1, 2 e 3 Bancos tipo F (esq.), A (centro) e N (dir.) no interior da câmara reverberante c L La h1 h2 c Almofada La e Lg L Fig. 4 (esq.), 5 (dir. sup.) e 6 (dir. inf.) - Esquema tipo dos elementos, para apoio ao quadro 1 (esq.), exemplo de s com ocupação (dir. sup.) e almofadas utilizadas (dir.) Quadro 1 Dimensões dos s e almofadas utilizadas nos ensaios (ver fig. 4) Amostra h1 (m) h2 (m) c (m) L (m) La (m) Lg (m) e (m) Área de assento (m 2 ) Banco F 0,945 0,460 2,02 0,380 0,38 - - 0,768 Banco A 0,850 0,440 2,80 0,451 0,39 0,277-1,092 Banco N 0,970 0,455 2,80 0,435 0,44 - - 1,232 Almofada - - 0,49 0,550 0,45-0,045 0,245 7,50 m 7,50 m S+ S 6,15 m 6,15 m 7,00 m Fig. 7 e 8 Câmara reverberante com: S área ocupada pela zona de 3 s (esq.); S + área ocupada pela zona de s mais faixa de 0,5 m no perímetro, cf. [2] (dir.) 7,00 m 2

Quadro 2 Dimensões das zonas ocupadas pelos diferentes tipos de s durante os ensaios em câmara reverberante (S + = S acrescido de faixa de 0,5 m em todo o perímetro) Área da amostra Banco F Banco A Banco N Normal S (m 2 ) 4,63 (= 2,02 2,29) 7,56 (= 2,80 2,70) 6,50 (= 2,80 2,33) Acrescida S + (m 2 ) 9,94 (= 3,02 3.29) 14,06 (= 3,80 3,70) 12,65 (= 3,80 3,33) 2.3. Resultados 2.3.1. Tipos de Análise Para a determinação da absorção sonora foram feitas três análises distintas: I (A/) - Absorção sonora por devido às amostras se tratarem de elementos discretos; permite por exemplo verificar quantos s seriam necessários para atingir determinada absorção sonora global se os s forem usados em número reduzido e com espaçamento razoável. II (A/m 2 ) - Absorção sonora por área real de ocupação S (At/S) por se tratar de um conjunto de objectos usados regularmente em grupo, na sua aplicação prática. III (A/m 2 acrescido) - Absorção sonora por área acrescida S + (At/S + ) isto é, com uma margem lateral suplementar de 0,5 m de largura no perímetro. Pretende ter em conta o fictício acréscimo de área de absorção da audiência quando existe disposição apertada dos s. Uma vez que área do provete é medida em planta, esta abordagem permite considerar o acréscimo de área que existe em altura. 2.3.2. Absorção sonora por Nas figs. 9 a 11 apresentam-se os resultados para os três tipos de s pela análise tipo I (A/) (escalas verticais diferentes para melhor se adaptarem a cada situação). A absorção sonora dos s desocupados (fig. 9) é em geral baixa ( 0,25 m 2 /) mas são os s tipo N os que apresentam maior absorção na generalidade das frequências. Isto deve-se a eles serem os mais pesados dos ensaiados e os que apresentam menor área de aberturas, tendo portanto maior área a absorver. É nas baixas frequências que o tipo A apresenta menor absorção sonora face aos outros s (é o que tem menor área de material). Na situação de ocupado ou com almofadas (figs. 10 e 11), a absorção sonora nas baixas frequências é muito próxima entre si nos três tipos de s. O tipo F apresenta a menor absorção sonora para as médias e altas frequências na situação de ocupado e com almofadas pois a sua área de absorção é inferior. Os s tipo F são os mais pequenos dos ensaiados (Quadros 1 e 2), cabendo por isso menos pessoas e almofadas. Fig. 9 Absorção sonora por desocupado (A, N e F) Fig. 10 e 11 Absorção sonora por ocupado (esq.) e com almofadas (dir.) 3

Na fig. 12 apresentam-se os valores médios obtidos para os três tipos de s, para cada situação (s ocupados, com almofadas e desocupados). A situação de s ocupados, para as altas frequências, apresenta quase o triplo de absorção sonora quando comparado com a situação de s com almofadas. Fig. 12 Absorção sonora por s, média dos três tipos de (A, N e F) A fig. 13 apresenta as variações de absorção sonora por ( A/) para três situações: Efeito da ocupação: variação de absorção sonora do ocupado relativamente ao vazio ( A,o = A/_ocupado A/_desocupado); Efeito só das almofadas: variação de absorção sonora do com almofadas relativamente ao vazio ( A,a = A/_lmofadas A/_desocupado); Efeito da ocupação vs. almofadas: variação de absorção sonora do ocupado relativamente ao com almofadas ( A,o-a = A/_ocupado A/_almofadas). Pretende-se assim verificar o ganho de absorção sonora por que se obtém nas três situações. Esse ganho é mais significativo na situação de s ocupados. O tipo A é o mais leve e com mais aberturas, como tal, quando ocupado ou com almofadas a variação de absorção sonora é maior. No caso do tipo F, apesar dele não ser o que apresenta menor massa, é o que apresenta menor influência na absorção para a situação de ocupado e com almofadas pois nos ensaios com pessoas e almofadas, foram necessários menos elementos devido ao seu menor comprimento (quadro 1). Fig. 13 Variação de absorção sonora por, ocupado ( A,o) ou com almofadas ( A,a) em relação ao desocupado e ocupado em relação a com almofadas ( A,o-a) 2.3.3. Absorção sonora por m 2 A área (S) ocupada pela amostra dos s tipo F é a menor dos tipos em estudo pelo que a área de absorção sonora equivalente, também menor que para os outros tipos de s, é dividida por uma área menor do que as restantes. Esta diferença nas abordagens é suficiente para que quando analisada por m 2 se verifique que é o tipo F que mais absorve (figs. 14 a 16). A mesma explicação é válida para a diferença nas variações, uma vez que nesta abordagem não é contabilizada a unidade mas sim a área ocupada. 4

Fig. 14 Absorção sonora por área S da amostra, dos s desocupados (F, N e A) Fig. 15 e 16 - Absorção sonora por área S, dos s ocupados (esq.) e com almofadas (dir.) Na fig. 17 apresentam-se os valores médios obtidos dos três tipos de s, para as três situações analizadas. Para os s ocupados a absorção sonora por m 2 média ao longo da frequência assume três ramos distintos: Até cerca dos 250 Hz a absorção sonora assume valores muito próximos dos 0,4. Dos 250 aos 630 Hz os valores da absorção sonora por m 2 crescem até cerca dos 1,4, estabilizando no terceiro ramo (a partir dos 800 Hz) em valores da ordem dos 1,4 a 1,8. Para os s com almofadas verifica-se um primeiro ramo crescente até aos 500 Hz, atingindo um valor de cerca de 0,8, decrescendo, num segundo ramo, até um valor próximo dos 0,6, a partir dos 1,6 khz, mantendo-se nessa gama de valores até aos 5 khz. Para os s desocupados, os valores mantêm-se muito próximos dos 0,1 para toda a gama de frequências. Fig. 17 Absorção sonora média por área do provete dos s (F, N e A) Na fig. 18 podem-se verificar as variações de absorção sonora ( A) nas seguintes situações: Efeito da ocupação: variação de absorção sonora do ocupado relativamente ao desocupado ( A/m 2,o = A/m 2 (ocupado) A/m 2 (desocupado)); Efeito só das almofadas: variação de absorção sonora do com almofadas relativamente ao desocupado ( A/m 2,a = A/m 2 (almofadas) A/m 2 (desocupado)); Efeito da ocupação versus almofadas: variação de absorção sonora do ocupado relativamente ao com almofadas ( A/m 2,o-a = A/m 2 (ocupado) A/m 2 (almofadas)). Estas variações são obtidas pelo mesmo processo da abordagem usado na A/, mas agora, nesta é contabilizada toda a área que a amostra ocupa (S) e não só o número de s de cada amostra possui. Isto implica uma mudança quer na gama dos valores para a absorção, quer na ordem em que os diferentes tipos de s assumem na absorção. Tornase assim mais patente a importância da massa e da área de aberturas que cada possui. 5

Fig. 18 - Variação de absorção sonora por m 2 [ (A T /S)] dos s ocupados ( A/m 2,o) ou com almofadas ( A/m 2,a) em relação aos s desocupados e ocupados em relação aos s com almofadas ( A/m 2,o-a) 2.3.4. Absorção sonora por m 2 acrescido Apresentam-se nas figs. 19 a 21 os resultados da absorção sonora por m 2 acrescido entre s (escalas verticais diferentes para melhor se adaptarem a cada situação). Apesar da gama de valores obtidos nesta abordagem ser diferente, em termos relativos as conclusões que se podem retirar daqui são iguais à da abordagem anterior (A/m 2 ). Fig. 19 Absorção sonora por área acrescida (S + ) dos s desocupados (F, N e A) Fig. 20 e 21 Absorção sonora por área acrescida (S + ) dos s ocupados (esq.) e dos s com almofadas (dir.) A fig. 22 apresenta os valores médios obtidos dos três tipos de s, para cada situação (s desocupados, ocupados e com almofadas). Para os s ocupados a absorção sonora por m 2 média ao longo da frequência assume, tal como na abordagem anterior, três ramos distintos: Até cerca dos 250 Hz, a absorção sonora assume valores muito próximos dos 0,2. Dos 250 aos 630 Hz, os valores da A/m 2 crescem até cerca dos 0,7, estabilizando no terceiro ramo (a partir dos 800 Hz) em valores da ordem dos 0,7 a 0,8. Para os s com almofadas verifica-se um primeiro ramo crescente até aos 500 Hz, atingindo um valor de cerca de 0,4, decrescendo, num segundo ramo, até um valor próximo dos 0,3, a partir dos 1,6 khz, mantendo-se nessa gama de valores até aos 5 khz. Para a 6

situação de s desocupados, os valores se mantêm muito próximos dos 0,05 para toda a gama de frequências. Na fig. 23 apresentam-se as variações de absorção sonora ( A) nas três seguintes situações: Efeito da ocupação: variação de absorção sonora do ocupado relativamente ao desocupado ( A/m 2 acrescido,o =A/m 2 acrescido (ocupado) A/m 2 acrescido (desocupado)); Efeito só das almofadas: variação de absorção sonora do com almofadas relativamente ao desocupado ( A/m 2 acrescido,a = A/m 2 acrescido (almofadas) A/m 2 acrescido (desocupado)); Efeito da ocupação versus almofadas: variação de absorção sonora do ocupado relativamente ao com almofadas ( A/m 2 acrescido,o-a = A/m 2 acrescido (ocupado) A/m 2 acrescido (almofadas)). Essas variações são obtidas através da subtracção da absorção sonora obtida para os s ocupados ou com almofadas, pela absorção sonora obtida para os s desocupados e pela subtracção da absorção sonora obtida para s com almofadas pela absorção sonora dos s ocupados. Nesta abordagem é contabilizada a área acrescida (S+) que a amostra ocupa. Este facto implica uma mudança na gama dos valores para a absorção sonora relativamente à abordagem anterior. Fig. 22 Absorção sonora média por área acrescida (S + ) dos s (F, N e A) Fig. 23 Variação de absorção sonora por m 2 acrescido (S + ) dos s ocupados ( A/S T,o) ou com almofadas ( A/S T,a) em relação aos s desocupados e ocupados em relação aos s com almofadas ( A/S T,o-a) 2.5. Novo Parâmetro de Absorção Sonora de Bancos de Igreja É útil ter um valor único que caracterize a absorção sonora dos s de igreja para facilitar a comunicação entre fabricantes ou projectistas. Assim propõe-se um novo parâmetro NRC(A) cuja base teórica é o Noise Reduction Coefficient, como a média dos valores de A nas bandas de frequências de oitava dos 250 aos 2k Hz: NRC(A) = (A 250 + A 500 + A 1k + A 2k ) / 4. No quadro 3 apresenta-se os valores obtidos para este novo parâmetro para os três s nas três situações analisadas ( desocupado, ocupado e com almofadas). O NRC(A) é determinado considerando o acréscimo de área à volta da amostra (S + ). 7

Quadro 3 Valores de absorção sonora por m 2 acrescido e NRC(A) para cada tipo de desocupado, ocupado e com almofadas (e seu valor médio) A/m 2 acrescido (= A/S + ) Banda de Frequência (Hz) NRC(A) NRC(A) Banco de igreja desocupado 125 250 500 1000 2000 4000 médio Banco F 0,03 0,06 0,06 0,06 0,05 0,08 0,06 Banco A 0,01 0,01 0,03 0,04 0,05 0,06 0,03 0,05 Banco N 0,04 0,05 0,07 0,09 0,09 0,07 0,07 Banco de igreja ocupado Banco F 0,20 0,36 0,68 0,81 0,85 0,82 0,67 Banco A 0,15 0,26 0,59 0,73 0,78 0,78 0,59 0,64 Banco N 0,17 0,32 0,63 0,81 0,86 0,83 0,65 Banco de igreja com almofadas Banco F 0,12 0,30 0,41 0,34 0,29 0,31 0,34 Banco A 0,09 0,23 0,34 0,32 0,27 0,28 0,29 0,32 Banco N 0,10 0,26 0,41 0,38 0,32 0,30 0,34 3. CONCLUSÕES Encontram-se diferenças na gama e na relação dos valores obtidos, para a absorção sonora, dos três tipos de s. Enquanto na abordagem A/, para os s desocupados é o tipo N que apresenta maior absorção sonora (seguido pelo F), nas duas abordagens em que se contabiliza a área ocupada pelas amostras, do maior absorsor para o menor vem o tipo F, N e A. Isto deve-se à diferença existente nas áreas ocupadas por cada amostra. Estas diferenças são menos significativas nos ensaios com almofadas e com pessoas. A maior diferença observa-se para o tipo F pois por ser mais pequeno, o número de almofadas e pessoas foi inferior que nos outros tipos (5 em vez de 6 pessoas/). Os valores obtidos para o tipo N e A são muito próximos em todas as abordagens efectuadas e as ligeiras diferenças encontradas justificam-se pela contabilização da área ou do número de s de cada amostra como na situação de s desocupados. Pelas fig.s 13, 18 e 23, verifica-se que o ganho em absorção obtido pelo uso de almofadas é cerca de um terço do obtido para os s ocupados. Isto revela que se os s tiverem almofadas ou forem estofados, a variação de absorção sonora face aos s não estarem completamente ocupados é menor, conseguindo assim menor variação nas características acústicas da igreja (no TR). O quadro 4 apresenta os valores médios dos três tipos de s, para s desocupados, ocupados e com almofadas, para as três abordagens estudadas que se propõe sejam utilizados, como referência para s de igreja. A abordagem de absorção sonora por poderá ser útil na determinação do número de s necessário para atingir certa absorção sonora mas apenas se os s forem usados com razoável espaçamento entre eles. A abordagem da absorção sonora por m 2 acrescido é a mais fiável pois contabiliza o acrescento de área absorvente obtida pela ocupação. A/m 2 Quadro 4 Valores médios propostos para serem usados no futuro (= média aritmética dos valores obtidos para os três tipos de s estudados) Abordagem Banco Freq. (Hz) 125 250 500 1000 2000 4000 A/ Desocupado 0,12 0,16 0,21 0,26 0,26 0,28 Ocupado (com pessoas) 0,69 1,25 2,55 3,17 3,37 3,29 (m 2 ) Com Almofadas (sem pessoas) 0,42 1,06 1,56 1,40 1,19 1,19 Desocupado 0,06 0,09 0,10 0,13 0,12 0,14 Ocupado (com pessoas) 0,35 0,63 1,26 1,55 1,65 1,61 Com Almofadas (sem pessoas) 0,21 0,53 0,77 0,69 0,58 0,59 A/m 2 acrescido Desocupado 0,03 0,04 0,05 0,06 0,06 0,07 Ocupado (com pessoas) 0,17 0,31 0,63 0,78 0,83 0,81 Com Almofadas (sem pessoas) 0,10 0,26 0,39 0,34 0,29 0,29 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] EN ISO 354, Acoustics, Measurement of sound absorption in a reverberation room, 2003. [2] Beranek, Leo. Concert and opera halls: how they sound. Acoustical Soc. of Am., EUA, 1996. 8