Estado nutricional e fatores comportamentais associados à síndrome metabólica em adolescentes de 15 a 17 anos

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Transcrição:

ARTIGO ORIGINAL 77 Juliana Oliveira Cibelle Matias Neves 2 Maíra Macário de Assis 3 Juliana Farias de Novaes 4 Ariana Aparecida Campos Souza 5 Ana Paula Carlos Candido 6 Renata Maria Souza Oliveira 7 Estado nutricional e fatores comportamentais associados à síndrome metabólica em adolescentes de 5 a 7 anos Nutritional status and behavioral factors associated to metabolic syndrome in adolescents from 5 to 7 years RESUMO Objetivo: Identificar a frequência dos fatores que compõem a Síndrome Metabólica (SM) em adolescentes e sua relação com estado nutricional e fatores comportamentais. Métodos: Foi realizado um estudo transversal com 302 adolescentes de ambos e com idades entre 5 e 7 anos, estudantes do ensino médio do município de Juiz de Fora, MG. Para a obtenção dos dados foi aplicado um questionário estruturado contendo informações sobre estilo de vida e comportamento alimentar, além de analisados os parâmetros antropométricos (peso, estatura, circunferências da cintura e quadril) e bioquímicos (triglicerídeos, HDL, LDL, VLDL e glicemia de jejum). Resultados: Encontrou-se diferenças estatisticamente significantes nos valores de colesterol (p= 0,00), HDL (p=0,005), Triglicerídeos (p=0,00) e pressão arterial (p=0,00) entre eutróficos e aqueles com excesso de peso. A frequência de síndrome metabólica entre os grupos foi de 5,89% (n=48). A inatividade física foi associada à síndrome metabólica, tendo os adolescentes sedentários duas vezes maior risco de desenvolvê-la (OR=2,22). Conclusão: Este estudo apontou para associação direta do excesso de peso com alterações metabólicas, componentes da síndrome metabólica. A associação da SM com a atividade física reforça a importância deste hábito na prevenção de doenças e promoção de saúde. PALAVRAS-CHAVE Adolescente, metabolismo, obesidade, dislipidemias. ABSTRACT Objective: Identify the frequency of factors that compose the Metabolic Syndrome (MS) in adolescents and its relation to nutrition and behavioral factors. Methods: A cross-sectional study was carried out with 302 adolescents of both sexes and with ages between 5 and 7 years old, all high school students from Juiz de Fora municipality, MG. To obtain the data it was applied a structured questionnaire containing information on lifestyle and eating behavior, besides the analysis Graduanda em Nutrição na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Juiz de Fora, MG, Brasil. 2 Graduanda em Nutrição na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Juiz de Fora, MG, Brasil. 3 Mestranda em Saúde Coletiva. Graduação em Nutrição pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Juiz de Fora, MG, Brasil. 4 Doutora em Ciências da Saúde. Professora Adjunta do Departamento de Nutrição e Saúde da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Viçosa, MG, Brasil. 5 Mestre em Saúde Brasileira pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Juiz de Fora, MG, Brasil. Graduação em Nutrição pela Universidade Presidente Antônio Carlos (UnipacJF). Juiz de Fora, MG, Brasil. 6 Doutora em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Ouro Preto, MG, Brasil. Professora Adjunta do Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Juiz de Fora, MG, Brasil. 7 Doutora em Saúde. Professora Adjunta do Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Juiz de Fora, MG, Brasil. Juliana Oliveira (jujuliana.olv@gmail.com) - Rua José Marini de Souza, 5, Santa Lúcia. Juiz de Fora, MG, Brasil. CEP: 36090-087. Recebido em //203 Aprovado em 25/05/204 Adolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 3, supl., p. 77-85, agosto 206

78 ESTADO NUTRICIONAL E FATORES METABÓLICA EM ADOLESCENTES DE 5 A 7 ANOS of the anthropometric parameters (weight, height, waist and hip circumferences) and biochemical (triglycerides, HDL, LDL, VLDL and fasting glucose). Results: We found statistically significant differences in cholesterol (p = 0.00), HDL (p = 0.005), triglycerides (p = 0.00) and blood pressure values (p = 0.00) among those with normal weight and overweight. The frequency of metabolic syndrome between the groups was 5.89% (n = 48). Physical inactivity was associated with metabolic syndrome, where sedentary teenagers have twice the risk of developing the disease (OR = 2.22). Conclusion: This study pointed to a direct association of overweight with metabolic disorders, components of metabolic syndrome. The association of MS with physical activity strengthens the importance of this habit in disease prevention and health promotion. KEY WORDS Adolescent, metabolism, obesity, dyslipidemias. INTRODUÇÃO A síndrome metabólica (SM) é uma desordem multifatorial principalmente relacionada com a deposição de gordura abdominal e alterações da homeostase da glicose e/ou resistência à insulina. As repercussões metabólicas desta síndrome são bem reconhecida em adultos, no entanto, ainda são poucos os estudos que investigam esta síndrome em adolescentes. Estudos demonstram uma forte associação entre o excesso de peso nos primeiros anos de vida e taxas de morbimortalidade altas na vida adulta e sabe-se que a presença de alterações metabólicas (resistência à insulina, dislipidemia, hipertensão, alterações trombogênicas, hiperuricemia) na infância e adolescência pode contribuir para um perfil lipídico desfavorável, que mesmo de expressão pequena é prejudicial à saúde atual e futura dos indivíduos 2. No Brasil, segundo dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) 2008/2009, a prevalência de excesso de peso no país é de 20,5% entre os adolescentes, sendo 2,5% do sexo masculino e 9,4% do sexo feminino. A prevalência da obesidade no mesmo grupo é de 4,9% entre os meninos e 4% entre as meninas. Comparando os resultados desta pesquisa com inquéritos anteriores, verifica-se um aumento na prevalência do excesso de peso em ambos os sexos 3. Pesquisas sugerem que a obesidade na infância e na adolescência encontra-se associada a complicações metabólicas que, em conjunto, caracterizam a síndrome metabólica que pode permanecer na vida adulta 4. Na maioria dos estudos, a resistência à insulina aparece como fator essencial para determinação da síndrome metabólica. Porém em 2006, a International Diabetes Federation (IDF) reconheceu a importância de cada um dos componentes da SM, não sendo necessária para diagnóstico a resistência à insulina 5. Sendo a adolescência uma fase de transição, torna-se importante realizar atividades de educação nutricional que auxiliem na formação de hábitos alimentares saudáveis, prevenindo as doenças crônicas não transmissíveis, como as cardiovasculares 4. Diante da complexidade de fatores que estão diretamente ligados a síndrome metabólica em adolescentes e suas conseqüências na vida adulta, o presente estudo tem como objetivo identificar fatores comportamentais e o estado nutricional de adolescentes que se associam a síndrome metabólica nesta faixa etária. METODOLOGIA Desenho do estudo e seleção amostral O presente estudo transversal foi realizado com adolescentes de 5 a 7 anos recrutados nas escolas de ensino médio da cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. Considerando o tamanho do município, optou-se por trabalhar com escolas localizadas na região central de Juiz de Fora. Nesta região, estima-se uma população de.58 adolescentes na faixa etária de interesse (6,5%da amostra total), matriculados em 3 escolas públicas e 9 particulares. Adolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 3, supl., p. 77-85, agosto 206

ESTADO NUTRICIONAL E FATORES METABÓLICA EM ADOLESCENTES DE 5 A 7 ANOS 79 Para o cálculo do tamanho amostral utilizou-se o programa Epi Info, versão 6,04 para estudos transversais, considerando-se uma população total de.58 indivíduos, frequência esperada de obesidade de 5% 6, variabilidade aceitável de 2,5% e 95% de nível de confiança, totalizando 285 indivíduos. Ao número total de indivíduos acrescentou-se 0% para recuperar possíveis perdas, totalizando um tamanho amostral de 302 adolescentes. A partir do levantamento dos diários de classe das escolas selecionadas, obteve-se o número total de adolescentes (n=4.357) com idade entre 5 e 7 anos. Todos os adolescentes da faixa etária de interesse foram convidados e aqueles que aceitaram foram submetidos a uma triagem (avaliação de peso e estatura) para classificação do estado nutricional. Todos os indivíduos classificados na triagem como obeso foram convidados a participar do estudo e aqueles que demonstraram interesse foram incluídos no grupo Excesso de Peso. Quando o indivíduo obeso recusava-se a participar, realizava-se novo sorteio entre indivíduos com sobrepeso, para reposição no grupo. Para cada indivíduo com excesso de peso incluído no projeto, foi selecionado um indivíduo eutrófico, pareado por sexo, idade e tipo de escola (pública ou privada). Avaliação Nutricional O peso foi obtido em balança digital, eletrônica, com capacidade máxima de 50 kg e subdivisão em 00 g, e a estatura foi aferida por estadiômetro portátil, com extensão de 2 m e escala de 0, cm. O peso e a estatura foram avaliados segundo as técnicas preconizadas por Jellife 7. A avaliação do estado nutricional foi realizada por meio do índice de massa corporal (IMC), utilizando-se os pontos de corte e a referência antropométrica preconizados pelo World Health Organization (WHO) 7. Como não há referência para a circunferência da cintura para esta faixa etária, optou-se por utilizar o percentil 90 da população como ponto de corte para obesidade abdominal 8. O sangue foi coletado na própria escola por profissionais capacitados, com os adolescentes em jejum de 2 horas. As amostras foram colhidas por punção venosa em seringas descartáveis para análise de colesterol total, triacilgliceróis, HDL-colesterol (HDL), LDL-colesterol (LDL), VLDL-colesterol (VLDL) e glicemia de jejum. Para dislipidemias, foram considerados os seguintes pontos de corte (Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2005): colesterol total: 50 mg/dl; triglicerídeos: 00mg/dL; HDL< 45mg/dL; LDL 00mg/dL. Para glicemia de jejum alterada utilizou-se a glicemia de jejum 00 mg/dl 9. A pressão arterial foi aferida por meio de monitor de pressão sanguínea de inflação automática (Omron HEM 907 Vernon Hills, Illinois, EUA), seguindo as orientações da VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial 6. Foram realizadas três medidas com intervalo de um a dois minutos entre elas, sendo a média das duas últimas considerada pressão arterial do indivíduo. Critério Diagnóstico para definição da síndrome metabólica Para classificação da síndrome metabólica foi utilizado o critério que identifica a síndrome pela presença de pelo menos 3 dos fatores a seguir: IMC p85 2,7,9, triacilgliceróis 00mg/dL; HDL < 45mg/dL 0 ; presença de diabetes mellitus ou glicemia de jejum alterada 00mg/dL 9 e pressão arterial percentil 90 para idade, sexo e percentil de estatura. Estilo de vida Através de um questionário estruturado foram investigadas questões sobre hábito de fumar, ingerir bebidas alcoólicas e questões comportamentais sobre o consumo alimentar. A atividade física foi avaliada segundo questionário específico. Para o cálculo do nível de atividade física, foi utilizado o escore final como variável contínua e, como variável dicotômica foi utilizado o ponto de corte maior ou igual a 300 minutos por semana de atividades físicas moderadas ou vigorosas, e menor do que Adolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 3, supl., p. 77-85, agosto 206

80 ESTADO NUTRICIONAL E FATORES METABÓLICA EM ADOLESCENTES DE 5 A 7 ANOS 300 minutos/semana com atividades físicas leves ou sedentárias. Softwares e Análise Estatística A análise dos dados foi realizada utilizando o software SPSS, versão 7.0, e para avaliar a distribuição das variáveis utilizou-se o teste Kolmogorov-Smirnov. A análise da associação entre o comportamento alimentar e a adequação de consumo com o estado nutricional foi realizada através da Odds Ratio. Considerou-se o nível de significância estatística de p < 0,05. O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Juiz de Fora (parecer n. 066/2009). RESULTADOS Caracterização da amostra Avaliou-se 302 adolescentes com idade média de 6 ± 0,7 anos, sendo 48% do sexo masculino. Dentre os avaliados, 52 (50,33%) eram eutróficos e 50 (49,67%) apresentaram excesso de peso (2,85% sobrepeso e 27,82% obesidade) (Tabela ). A maior alteração observada no perfil lipídico foi a hipercolesterolemia (40,4%), seguido do HDL reduzido (27,8%), triglicerídeo aumentado (3,9%) e LDL aumentado (3,2%). Observou-se uma significativa diferença estatística entre os níveis séricos de colesterol (36,6 vs 48,0%, p=0,007), triglicerídeos (8,6 vs 33,5%, p=0,003) e HDL (6,6 vs 38,8%, p=0,00) de adolescentes eutróficos e excesso de peso, respectivamente. Em relação à glicemia de jejum, observou-se hiperglicemia em 2,6% (8) dos adolescentes estudados. Dentre os avaliados, 29,80% (n=90) dos adolescentes da amostra apresentaram valores de pressão sistólica e diastólica superior ao percentil 90 para idade, sexo e estatura. No grupo de eutróficos,,8% (n=7), 5,78% (n=24), 9,73% (n=30), 2,63% (n=4), respectivamente, apresentaram alteração nos níveis de colesterol total, LDL, HDL, triglicerídeos e glicemia de jejum. Sendo que 6,84% (n=94) dos adolescentes eutróficos apresentaram pelo menos uma dessas alterações bioquímicas. Já entre os adolescentes com excesso de peso, pelo menos uma alteração bioquímica foi encontrada em 86,66% dos indivíduos estudados. Tabela. Análise descritiva da amostra. Variável N Percentual (%) Tipo de Escola Pública 222 73,5 Privada 80 26,49 Sexo Feminino 45 48,0 Masculino 57 5,99 Idade 5 89 29,3 6 7 38,74 7 97 32,3 Estado Nutricional Eutrófico 50 49,67 Sobrepeso 69 22,85 Obesidade 83 27,48 Adolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 3, supl., p. 77-85, agosto 206

ESTADO NUTRICIONAL E FATORES METABÓLICA EM ADOLESCENTES DE 5 A 7 ANOS 8 Como pode ser visto na Tabela 2, o percentual do número de alterações bioquímicas é superior em indivíduos com excesso de peso. Esse fato pode ser explicado pela associação existente entre excesso de peso e variáveis bioquímicas e clínicas (Tabela 3). O hábito de fumar e consumir bebidas alcoólicas foi relatado por 6 e 43% dos adolescentes, respectivamente. Em relação ao nível de atividade física, observou-se a média de 240 min/semana de atividade entre os adolescentes estudados. Ressalta-se que 27,8% declarou não realizar nenhuma atividade física. Analisando-se o comportamento alimentar, obteve-se que 70% dos adolescentes afirmaram realizar de 3 a 4 refeições por dia. Entre as principais refeições, a mais omitida foi o desjejum (36, 5%). A omissão do Jantar também foi superior entre os adolescentes do sexo masculino (78,3% vs 64,8%; p = 0,009). Em relação ao horário fixo para realização das refeições, observou-se que apenas 3,% dos adolescentes possuem este hábito. Tabela 2. Número de alterações bioquímicas dos adolescentes estudados independente do sexo. Número de Alterações Eutróficos Excesso de Peso Nenhuma Alteração 38,% 3,3% Alteração 32,2% 28,6% 2 Alterações 9,7% 32,6% 3 Alterações 9,2% 6,0% 4 Alterações 0,6% 7,3% 5 Alterações 0% 2,0% Tabela 3. Associação entre estado nutricional e variáveis bioquímicas e clínicas. Variáveis Colesterol total (mg/dl) < 50 50 HDL (mg/dl) 45 < 45 LDL (mg/dl) < 00 00 Triglicerídeos (mg/dl) < 30 30 Glicose (mg/dl) < 99 99 Pressão arterial (mmhg) < 90 th percentil 90 th percentil Estado Nutricional Eutrófico (50) Excesso de peso (52) 0 (67,3) 49 (32,7) 25 (83,3) 25 (6,7) 34 (89,3) 6 (0,7) 4 (94) 9 (6) 47 (98) 3 (2) 27 (83,5) 23 (6,5) 79 (5,9) 73 (48,) 93 (6,) 59 (38,9) 28 (84,2) 24 (5,8) 9 (78,2) 33 (2,8) 47 (96,7) 5 (3,3) 85(55,9) 67 (44,) OR (IC 95%),90 (2,5 7,50) 3,7 (,89-53,03),57 (0,79 3,09) 4,34 (,99 9,44),66 (0,39 7,0) 4,35 (2,5 7,50) IMC=Indice de Massa Corporal; PAS = pressão arterial sistólica; PAD = pressão arterial diastólica ** Correlação de Pearson (variável paramétrica); Correlação de Spearman (variável não paramétrica), p<0,005 p < 0,00 0,005 0,26 < 0,00 0,369 < 0,00 Adolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 3, supl., p. 77-85, agosto 206

82 ESTADO NUTRICIONAL E FATORES METABÓLICA EM ADOLESCENTES DE 5 A 7 ANOS Frequência de Síndrome metabólica em adolescentes e fatores comportamentais associados Foram identificados 48 adolescentes com Síndrome Metabólica (SM) o que representa 5,89% da amostra. Dentre estes, 29 eram do sexo masculino (39,59%). Em relação ao estado nutricional dos adolescentes, não foi encontrado nenhum adolescente eutrófico com a síndrome, e observou-se que dentre os portadores de Síndrome Metabólica, 27,08% apresentavam excesso de peso e 72,92 % eram obesos. Não se obteve diferença estatística significante da frequência da síndrome entre os sexos (p=0,32). Pode-se observar ainda a distribuição dos adolescentes com SM considerando sexo e estado nutricional (Tabela 4). A análise dos fatores comportamentais associados à síndrome metabólica também pode ser observada na Tabela 5. Como visto, apenas a atividade física se associou à presença da síndrome, indicando que indivíduos inativos têm duas vezes mais chances de desenvolver síndrome metabólica. Tabela 4. Distribuição dos adolescentes com SM por sexo e estado nutricional. Meninas Meninos Sobrepeso 3,57% 24,3% Obesidade 68,43% 75,87% Tabela 5. Associação de fatores comportamentais com síndrome metabólica em adolescentes. Variáveis SEM SÍNDROME COM SÍNDROME OR (IC 95%) p (254) (48) Sexo Feminino 26 9 0,32 Masculino 28 29,50(0,80 2,8) Escola Privada 93 23 0,48 Pública 6 25,46 (0,78 2,73) Consumo diário de refeições 4-6 refeições 6 26 0,48-3 refeições 93 22,46 (0,78 2,73) Horário fixo para realizar as refeições Sim 8 3 0,36 Não 73 35,26(0,63 2,5) Fumante Não 250 46 0,244 Sim 4 2 0,36(0,65 2,06) Consumo de álcool Não 42 30 0,240 Sim 2 8,3(0,69-2,48) Atividade física Moderada 88 26 0,009 Sedentário/Leve 66 22 2,22 (,9 4,6) Adolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 3, supl., p. 77-85, agosto 206

ESTADO NUTRICIONAL E FATORES METABÓLICA EM ADOLESCENTES DE 5 A 7 ANOS 83 DISCUSSÃO O excesso de gordura corporal, principalmente abdominal, está diretamente relacionado com diversas alterações no perfil lipídico, aumento da pressão arterial, e hiperinsulinemia 2 ; o que provavelmente justifica o fato de indivíduos com excesso de peso apresentarem maior percentual de alterações nos níveis de colesterol total, LDL, HDL, triglicerídeos e glicemia de jejum, quando comparado aos eutróficos. Porém, estes também apresentam alterações metabólicas. Revisões recentes exami naram a prevalência da SM em todo o mundo e encontraram valores entre 0, e 49,7%, com maior freqüência entre indivíduos com excesso de peso. Além disso, foi relatada a maior prevalência no sexo masculino e entre adolescentes na faixa etária mais jovem (0 a 4 anos) 3,4,5. A frequência de Síndrome Metabólica observada neste trabalho (5,89%) foi próxima à encontrada por Gontijo 6 (6,6%) em adolescentes de Viçosa-MG. Alguns autores observaram frequência de SM superior a encontrada no presente estudo (42,3%), o que possivelmente pode ser proveniente de um serviço que atende casos graves de obesidade 7. Tais diferenças podem ser justificadas pela discrepância nos métodos diagnósticos, uma vez que ainda não há consenso para a determinação desta síndrome em adolescentes 2. Este estudo verificou que 27,8% dos indivíduos portadores da SM não praticavam nenhum tipo de atividade física. Pesquisas anteriores associaram inversamente a atividade física ao risco metabólico em adultos e crianças 8,9. Foi identificado que indivíduos sedentários ou que praticam atividades leves tiveram 2,22 vezes mais chances de desenvolverem a síndrome, do que os adolescentes que relataram realizar semanalmente atividades físicas moderadas. A adoção de um estilo de vida voltado para a manutenção da saúde está associado a prática de atividade física e o consumo de uma dieta adequada, sendo estes componentes básicos para a prevenção da síndrome metabólica. O marcador que apresentou maior percentual de inadequação foi o colesterol total, tanto em indivíduos eutróficos (33,55%) quanto nos de excesso de peso (47,33%), seguido de HDL no grupo com excesso de peso (40%) e TG dentre os eutróficos (9,73%). Em um estudo realizado em Viçosa com 99 adolescentes, foi encontrado também maior percentual de inadequação do colesterol total (73,4%), seguido das frações HDL (49,7%) e LDL (44,7%), triglicerídeos (4,2%). Os valores de glicemia de jejum encontrados foram superiores aos do presente estudo (5,5%), onde foi encontrado aproximadamente 2,6% em ambos os grupos 6. No estudo de Rizzo também foram observados baixos níveis de HDL como a segunda alteração mais presente e triglicerídeos como a quarta alteração mais presente 5. A adoção de medidas de prevenção primária em jovens tem sido reconhecida como de enorme importância no cenário da abordagem das doenças cardiovasculares. A demonstração da presença da aterosclerose na infância, na adolescência e na fase adulta jovem, aliada ao maior conhecimento sobre os fatores de risco nessas idades, aponta para propostas de programas racionais e efetivos que tenham como objetivo intervir sobres esses fatores o mais cedo possível 20. CONCLUSÃO Este estudo apontou para associação direta entre o excesso de peso e as alterações metabólicas, componentes da síndrome metabólica. A freqüência de adolescentes classificados como portadores da síndrome aponta para necessidade de intervenção no grupo em questão. Além disso, vários adolescentes ainda que não diagnosticados com SM já apresentavam no mínimo uma alteração metabólica, apontando para presença de um perfil bioquímico desfavorável. A associação da SM com prática de atividade física reforça a importância deste hábito na prevenção de doenças e promoção de saúde. Adolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 3, supl., p. 77-85, agosto 206

84 ESTADO NUTRICIONAL E FATORES METABÓLICA EM ADOLESCENTES DE 5 A 7 ANOS É importante que sejam definidos pontos de corte específicos para essa fase da vida, bem como métodos diagnósticos que detectem a presença da síndrome de forma precoce. NOTA Este artigo contou com o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG protocolo n. CDS APQ 057). REFERÊNCIAS. Brasil. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009: Antropometria e estado nutricional de crianças, adolescentes e adultos no Brasil. Rio de Janeiro, 200. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pof/2008_2009_ encaa/pof_20082009_encaa.pdf 2. Faria ER, Priore SE, Franceschini S. Síndrome Metabólica. In: Priore SE, Oliveira RM, Faria E, Franceschini S, Pereira P. (Org.). Nutrição e Saúde na Adolescência. Editora Rubio. Rio de Janeiro: 200. p 277-286. 3. Lavrador MSF, Abbes PT, Escrivão MAMS, Taddei JAAC. Riscos cardiovasculares em adolescentes com diferentes graus de obesidade. Arq Bras Cardiol 20 Mar; 96(3): 205-2. 4. Moraes ACF, Fulaz CS, Netto-Oliveira ER, Reichert FF. Prevalência de síndrome metabólica em adolescentes: uma revisão sistemática. Cad Saúde Pública 2009 Jun; 25(6): 95-202. 5. Costa GB, Resende ZF, Souza G, Barreto LMF, Correia LH, Nascimento TA, Rios CB, Filho-Barreto JB, Lopes HF. Índice de massa corporal apresenta boa correlação com o perfil pró-aterosclerótico em crianças e adolescentes. Arq Bras Cardiol 2009 Set; 93(3): 26-267. 6. BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Diretoria de Pesquisas Coordenação de Trabalho e Rendimento. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009: Antropometria e estado nutricional de crianças, adolescentes e adultos no Brasil. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 200. [Acesso em0 set 200]. Disponível em: http://www.ibge. gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pof/2008_2009_encaa/pof_20082009_encaa.pdf. 7. Onis M de, Onyango AW, Borghi E, Siyam A, Nishida C, Siekmann J. Development of a WHO growth reference for school-aged children and adolescents. Bull World Health Organ 2007 Sep;85(9):660-7. 8. International Diabetes Federation. The IDF consensus definition of the Metabolic Syndrome in children and adolescents. Brussels: IDF; 2007. 9. American Diabetes Association. Diagnosis and classification of diabetes mellitus. Diabetes care 200 Jan;33 (Supl): 62-69. 0. Sociedade Brasileira de Cardiologia. I Diretriz de Prevenção da Aterosclerose na Infância e na Adolescência. Arq Bras Cardiol 2005 Mês;85(Supl 6):3-36.. Sotelo YOM, Colugnati FAB, Taddei JAAC. Prevalência de sobrepeso e obesidade entre escolares da rede pública segundo três critérios de diagnóstico antropométrico. Cad Saúde Pública 2004 Fev; 20(): 233-240. 2. Oliveira CL, Mello MT, Cintra IP, Fisberg M. Obesidade e síndrome metabólica na infância e adolescência. Rev Nutr 2004 Abr/Jun; 7(2): 237-245. 3. De Ferranti SO, Osganian SK. Epidemiology of paediatric metabolic syndrome and type 2 diabetes mellitus. Diabetes and Vascular Disease Research, 2007, v. 4, n. 4, p. 283-284. 4. Moraes ACF, Fulaz CS, Netto-Oliveira ER, Reichert FF. Prevalência de síndrome metabólica em adolescentes: uma revisão sistemática. Cadernos de Saúde Pública 2009 Mês;25(6):95-202. Adolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 3, supl., p. 77-85, agosto 206

ESTADO NUTRICIONAL E FATORES METABÓLICA EM ADOLESCENTES DE 5 A 7 ANOS 85 5. Rizzo ACB, Goldberg TBL, Silva CC, Kurokawa CS, Nune HRC, Corrente JE. Metabolic syndrome risk factors in overweight, obese, and extremely obese brazilian adolescents. Nutrition Journal 203 Mês; Volume: página inicial-página final2:9. doi:0.86/475-289-2-9. 6. Gontijo CA, Faria ER, Oliveira RMS, Priore SE. Síndrome Metabolica em adolescentes atendidos em programa de saúde em Viçosa MG. Rev Bras Cardiol 200 Mês; 23(6): 324-333. 7. Buff CG, Ramos E, Souza FIS, Sarni ROS. Freqüência de síndrome metabólica em crianças e adolescentes com sobrepeso e obesidade. Rev paul pediatr 2007 Set; 25(3): 22-226. 8. Franks PW, Ekelud U, Brage S, Wong M, Wareham, NJ. Does the association of habitual physical activity with the metabolic syndrome differ by level of cardiorespiratory fitness? Diabetes Care 2004 Mês; 27:87-93. 9. Brage S, Wedderkopp N, Ekelund U, Franks PW, Wareham NJ, Anderesen LB et al. Features of the metabolic syndrome are associated with objectively measured physical activity and fitness in Danish children. Diabetes Care 2004 Mês; 27: 24-8. 20. Kavey RW, Daniels SR, Lauer RM, Atkins DL, Hayman LL, Taubert K. American Heart Association. Guidelines for Primary Prevention of Atherosclerotic Cardiovascular Disease Beginning Childhood. Circulation 2003 Mês;07:562-566. Adolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 3, supl., p. 77-85, agosto 206