Diagnóstico e diretrizes para a rearborização do canteiro central da Avenida Cardeal, Jardim das Gaivotas, Caraguatatuba-SP

Documentos relacionados
TÍTULO: DIAGNÓSTICO E DIRETRIZES PARA A REARBORIZAÇÃO DO CANTEIRO CENTRAL DA AVENIDA CARDEAL, JARDIM DAS GAIVOTAS, CARAGUATATUBA-SP.

UTILIZAÇÃO DE LEVANTAMENTO FLORÍSTICO COMO FERRAMENTA PARA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Plano de Ensino JULIANA ROSA DO PARÁ MARQUES DE OLIVEIRA. Carga Horária DPV Histologia e Anatomia Semestral:60H

Plano de Ensino. Qualificação/link para o Currículo Lattes:

LEVANTAMENTO FLORÍSTICO DA MICROBACIA DO CÓRREGO MAMANGABA, MUNICÍPIO DE MUNDO NOVO/MS.

Perspectivas da Restauração Ecológica no Corredor de Biodiversidade do NE

A COLEÇÃO DE FRUTOS (CARPOTECA) DO HERBÁRIO HUPG

Eixo Temático ET Meio Ambiente e Recursos Naturais

ANÁLISE QUALI-QUANTITATIVA DA ARBORIZAÇÃO URBANIZAÇÃO DO COMPLEXO BERADEIRO, MUNICÍPIO DE CONCEIÇÃO DO ARAGUAIA, PA.

ANÁLISE QUANTITATIVA DA COMPOSIÇÃO ARBÓREA VIÁRIA DO DISTRITO DE CORREGO DO OURO-MG

Arborização Urbana ENCONTRO ANUAL DOS DIRIGENTES DE MEIO AMBIENTE- CONDIMMA 2016

MENSURAÇÃO DO DIÂMETRO DE COPA DAS ESPÉCIES DE ÁRVORES EM TRÊS AVENIDAS CENTRAIS DE GURUPI-TO

CONCEITO DE PAISAGISMO E SUAS DIMENSÕES. A palavra paisagem surgiu no século XVI na Holanda, para designar uma pintura.

Composição Florística e Síndromes de Dispersão no Morro Coração de Mãe, em. Piraputanga, MS, Brasil. Wellington Matsumoto Ramos

UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO PROGRAMA DE DISCIPLINA

GESTÃO DA ARBORIZAÇÃO URBANA. Eng.Ambiental. Bruna de Souza Otoni Prefeitura Municipal de Araçuaí -MG

1 LEVANTAMENTO FLORÍSTICO DO COMPONENTE ARBÓREO DE ALGUMAS PRAÇAS PÚBLICAS DO MUNICÍPIO DE GUARAPUAVA, PR. 1

22ª Semana de Tecnologia Metroferroviária

Principais famílias de Angiospermas das matas brasileiras. Erik Gilberto Alessandra

TÍTULO: LEVANTAMENTO DAS ESPÉCIES ARBÓREAS DAS PRAÇAS DO MUNICÍPIO DE MARIA DA FÉ - MG

PLANEJAMENTO DA ARBORIZAÇÃO URBANA

Portaria CBRN 01/2015

Princípios básicos para o projeto de arborização urbana

CICLOVIA LINHA 15 PRATA: CORREDOR VERDE COMO ELEMENTO DE REQUALIFICAÇÃO URBANA

GRUPOS DE PLANTAS ORNAMENTAIS UTILIZADAS NO PAISAGISMO NOS CONDOMÍNIOS RESIDENCIAIS DA CIDADE DE LAVRAS-MG.

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA CAMPUS DE BOTUCATU FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HORTICULTURA PLANO DE ENSINO

ANÁLISE QUANTITATIVA DA ARBORIZAÇÃO URBANA DO BAIRRO ESPERANÇA NA CIDADE DE CHAPADÃO DO SUL, MS

LEVANTAMENTO ARBORÍO NO MUNICÍPIO DE NOVA FLORESTA LOCALIZADO NO CURIMATAÚ PARAIBANO

Renato Vinícius Oliveira Castro

III Seminário: Sistemas de Produção Agropecuária - Engenharia Florestal

DECRETO Nº DE

HERBÁRIO DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA, BAHIA (HUESB)

Bairro Verde. Eixo 2: "Os Valores para Teorias e Práticas Vitais"

COLABORADOR(ES): ANDERSON PEREIRA, CAMILA PEDREIRA DOS SANTOS, HERBÁRIO PMSP, LARISSA REIS DO NASCIMENTO, MARCOS TEIXEIRA DA SILVA

Carta da comunidade científica do VI Simpósio de Restauração Ecológica à população (2015).

DIAGNÓSTICO DA GESTÃO DAS ÁREAS VERDES EM UMA PRAÇA NO MUNICÍPIO DE NATAL RN

BIODIVERSIDADE E ESTRUTURA ARBÓREA DO ESTRATO REGENERANTE EM UM POVOAMENTO DE Eucalyptus spp - COLINA, SP

Edson Vidal Prof. Manejo de Florestas Tropicais ESALQ/USP

AVALIAÇÃO DA ARBORIZAÇÃO DAS VIAS PÚBLICAS DO BAIRRO MORADA DA SERRA, CUIABÁ- MT

ANALISE FLORISTICA E AMBIENTAL NO LAGO ARTIFICIAL J. K. WILLIAMS NA CIDADE DE GARÇA, SÃO PAULO.

BIOLOGIA FLORAL DA PAPOULA-DA- CALIFÓRNIA (Eschscolzia californica Cham., PAPAVERACEAE)

Ipê amarelo. Floresta Ombrófila Mista, Floresta Ombrófila Densa, Floresta Estacional Semidecidual, da Bahia ao Rio Grande do Sul.

TÍTULO: GUIA FOTOGRÁFICO DAS ESPÉCIES DE RESTINGA DO MUNICÍPIO DE CARAGUATATUBA

LEVANTAMENTO DA VEGETAÇÃO ARBÓREA EM UM FRAGMENTO DE MATA CILIAR DA GLEBA AZUL, MUNICÍPIO DE IVINHEMA-MS

ARBORIZAÇÃO COMO FORMA DE PRESERVAÇÃO DO BIOMA CAATINGA E DE MANUTENÇÃO DA BIODIVERSIDADE

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE SEMENTES DE MYRTÁCEAS NA REGIÃO DO ALTO VALE DO ITAJAÍ, SANTA CATARINA

FRAGMENTOS FLORESTAIS

Doutor, Universidade do Estado de Mato grosso,

Manual para Elaboração dos Planos Municipais para a Mata Atlântica

Plano de Ensino. Identificação. Câmpus de Bauru. Curso Arquitetura e Urbanismo. Ênfase

ÁREA: ADMINISTRAÇÃO POLÍTICAS PÚBLICAS VOLTADAS PARA A MANUTENÇÃO DOS PARQUES URBANOS: UM ESTUDO SOBRE OS PARQUES URBANOS DE CAMPO MOURÃO-PR

Issáo Ishimura Eng. Agr., Dr., PqC da Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento em Agricultura Ecológica /APTA

Análise Comparativa do Crescimento Inicial de Eucalyptus grandis Hill ex Maiden (MYRTACEAE) e Guazuma ulmifolia Lam. (Malvaceae)

Relatório Plante Bonito

PFNM: conceitose importância

ARBORIZAÇÃO URBANA EM SÃO JOÃO EVANGELISTA TIAGO DA SILVA PAULA

LEVANTAMENTO FLORÍSTICO E FITOSSOCIOLÓGICO DE UM REMANESCENTE DE MATA CILIAR NA REGIÃO NORTE DO ESTADO DO PARANÁ, BRASIL (dados preliminares)

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

015 - Avaliação de espécies arbóreas em um sistema agroflorestal em Itaquiraí, Mato Grosso do Sul

ARBORIZAÇÃO DO IFMT CAMPUS CUIABÁ - BELA VISTA COM VEGETAÇÃO ARBÓREA NATIVA DO CERRADO

AUP 652 PLANEJAMENTO DA PAISAGEM PLANO DE PAISAGEM E DO SISTEMA DE ESPAÇOS LIVRES

TRABALHO DE CAMPO DE BIOGEOGRAFIA

Vegetação de Restinga

NÚCLEO DE ESTUDOS & APERFEIÇOAMENTO CIENTÍFICO NEAC

PROGRAMA PLANTE BONITO

Caracterização da Arborização Urbana da Área Central do Município de Manaquiri, Amazonas

LEVANTAMENTO DO ÍNDICE DE DIVERSIDADE DA ARBORIZAÇÃO EM TRÊS BAIRROS DA CIDADE DE JANUÁRIA/MG

Projeto Verde Novo: levantamento florístico preliminar do IF-SC - Campus Florianópolis

IDENTIFICAÇÃO DA DIVERSIDADE DE ESPÉCIES E ÍNDICES ARBÓRIOS NO PATIO ESCOLAR DE TRÊS INSTITUIÇÕES DE ENSINO DA CIDADE DE SÃO VALÉRIO-TO.

LEVANTAMENTO DE ÁREAS VERDES COMO INSTRUMENTO INDICADOR DE QUALIDADE AMBIENTAL E DE VIDA NA CIDADE DE BEBEDOURO-SP

Aula Bioma e Vegetação. Prof. Diogo

UTILIZAÇÃO DE PLANTAS ORNAMENTAIS POR BEIJA- FLORES EM ÁREA URBANA

RIOS E CIDADES: RUPTURA E RECONCILIAÇÃO

Programa Analítico de Disciplina FIT482 Plantas Ornamentais e Paisagismo

08/07/ /07/2016 II Encontro de Inovações em Olericultura Campinas - SP 15/07/2016 II Seminário de Fruticultura do. 1 de 5 08/07/ :02

Biólogo Sérgio Brazolin

INFRA ESTRUTURA URBANA VEGETAÇÃO URBANA

26 a 29 de novembro de 2013 Campus de Palmas

ANALISE FITOSSOCIOLOGICA DO ESTRATO HERBÁCEO-SUBARBUSTIVO EM UMA ÁREA DO SERTÃO DE ALAGOAS

Disciplina: EB68 C Conservação e Recuperação Ambiental

Produção Florestal e SAFs

Fonte: Paisagismo Aposte na arborização

AGINDO NO BOSQUE O QUÊ É O BOSQUE. Causas da imagem atual do Bosque: Você sabia?

O ganho de florestas no estado do Rio de Janeiro e a perda de diversidade. Richieri A. Sartori. PUC-Rio

BIODIVERSIDADE DAS UNIDADES FAMILIARES GUARANI E KAIOWÁ. Biodiversity of family units Guarani e Kaiowá

PROGRAMA DE REFLORESTAMENTO

ARBORIZAÇÃO URBANA PENÁPOLIS - SP

ARBORIZAÇÃO E PAISAGISMO

6 Campanha de medições

Crescimento de quatro espécies florestais submetidas a diferentes formas de manejo de Urochloa spp. em área de restauração florestal

Arborização do Instituto Federal de Minas Gerais Campus Bambuí

LEI Nº , DE 26 DE DEZEMBRO DE 2001.

CHAVE DENDROLÓGICA DAS PRINCIPAIS FAMÍLIAS DE IMPORTÂNCIA FLORESTAL

Analise florística do componente arbóreo urbano da cidade de Não-me-toque, RS, Brasil

Experiências Agroflorestais na Comunidade de Boqueirão. Renato Ribeiro Mendes Eng. Florestal, Msc

AEAMESP 21ª. Manejo Arbóreo Otimização dos Processos nos Empreendimentos do Metrô de São Paulo SEMANA DE TECNOLOGIA METROFERROVIÁRIA

REFLEXÕES SOBRE A IDENTIDADE ARBÓREA DAS CIDADES. Lenir Maristela Silva 1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA Paisagismo e Floricultura. Paisagismo. Profª. Renata Canuto de Pinho

TECNOLOGIAS DE BAIXO CARBONO RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS - RAD COM PASTAGEM OU FLORESTAS

COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E ESTRUTURA DA FLORESTA SECUNDÁRIA EM UM PERÍMETRO URBANO, BELÉM-PA

Transcrição:

Diagnóstico e diretrizes para a rearborização do canteiro central da Avenida Cardeal, Jardim das Gaivotas, Caraguatatuba-SP Larissa Maximiliano do Prado¹, Karolina Marie Alix Benedictte Van Sebroeck Dória² ¹ Discente do curso de ciências biológicas do Centro Universitário Módulo/ laaari.maximiliano@gmail.com ² Docente do curso de ciências biológicas do Centro Universitário Módulo/ karolina.doria@modulo.edu.br Resumo A arborização está relacionada com a qualidade de vida, trazendo para o ambiente urbano benefícios como: a redução da poluição, abrigo e alimentação para a fauna, funções estéticas, paisagísticas e culturais. O presente estudo teve como objetivo realizar o levantamento cadastral das espécies arbóreas presentes na Avenida Cardeal, no bairro Jardim das Gaivotas, no município de Caraguatatuba-SP e propor diretrizes para sua rearborização. Foi realizado a revisão bibliográfica e o levantamento arbóreo in loco. Identificaram-se 56 árvores, das quais 43 estavam mortas, 68 não foram identificadas e 45 pertencem a 39 famílias. Dos indivíduos analisados, 3 apresentam estado fitossanitário ruim (acometidas por cupins), 43 estão mortas e 496 sadias. Notou-se que 54,% das espécies plantadas nesta área são exóticas, 44,8% são nativas e,% são híbridos. Para realização das diretrizes para a reaborização urbana foram escolhidas espécies nativas dando ênfase à Mata Atlântica, com espécies ornamentais e frutíferas para interação da população com as áreas verdes e ainda ressaltando a utilização de mobiliários urbanos. Palavras-chave: Arborização Urbana; Paisagem; Inventário da Arborização. Diagnosis and guidelines for planting the median of Avenue Cardeal, Jardim das Gaivotas, Caraguatatuba-SP Abstract The afforestation is related to quality of life, bringing to urban environment benefits such as reducing pollution, shelter and food for fauna, aesthetic, landscape and cultural functions. This study aimed to carry out the survey of tree species present in the Avenue Cardeal, district of Jardim das Gaivotas, in the municipality of Caraguatatuba-SP and propose guidelines for its reforestation. A literature review was conducted and the survey of the trees on site. 56 trees were identified, of which 43 were dead, 68 were not identified and 45 belong to 39 families. Of the individual analyzed, 3 have bad plant health (affected by termites), 43 are dead and 496 healthy. It was noted that 54,% of the species in this area are exotic, 44.8% are native and.% are hybrids. For implementation of the guidelines for the urban reaborização were chosen native species, giving emphasis to the Atlantic Forest, with ornamental species and fruit trees for interaction of the population with the green areas and still emphasizing the use of municipal securities. Keywords: Urban tree; Landscape; Inventory of afforestation. Introdução Antigamente as populações se concentravam nas áreas rurais, porém a situação se opôs nos últimos tempos, com a troca de moradias do campo para o meio urbano. UNISANTA Bioscience Vol. 5 nº 4 (06) p. 305-3 pág. 305

Com o avanço tecnológico e a intervenções do homem no meio ambiente grandes mudanças vieram a ocorrer na paisagem urbana. O crescimento rápido e desordenado das cidades sem um devido planejamento do uso e ocupação do solo é o motivo. De acordo com Cabral (03), situações como retiradas das árvores para dar lugar as residências, pecuária e a agricultura, vieram a ocorrer, comprometendo a qualidade de vida, com a diminuição da arborização. Na busca por melhorias neste cenário faz-se pertinente a compatibilização dos modos de vida da sociedade pós-moderna com o meio ambiente. Uma das estratégias é a arborização urbana que apresenta benefícios variados, como, a redução da poluição, reduz os efeitos do aquecimento global, atua no controle dos ciclos hidrológicos, ambientação da fauna, funções estéticas, paisagísticas e sociais (SANTOS, 997 apud CABRAL, 03). Novas abordagens estão sendo utilizadas nos ambientes altamente antropizados, como por exemplo a ecogênese. Este conceito de restauração paisagística, surge como resposta a um quadro de degradação da paisagem e de seus elementos naturais (CURADO, 007). De acordo com Chacel (004), é possível recriar paisagens semelhantes ao ambiente natural. A arborização urbana precisa de planejamento, pois compromete o meio urbano. Há necessidade de conhecimento prévio da arquitetura vegetal, de sua exigência quanto a questões edafoclimáticas e de suas exigências nutricionais. Caso ocorra sem um estudo prévio, pode causar problemas à fauna e flora local, além de prejudicar a rede elétrica, tubulação, redução da iluminação pública e problemas nas calçadas (BARRICHELO & MULLER, 006). Estes são apenas alguns fatores relacionados à falta de ordenamento do espaço urbano. Para Brum & Brum (006) a arborização das cidades (ruas, avenidas, praças, parques e florestas urbanas) é um elemento essencial a ser inserido nos planos diretores municipais, pois as árvores no meio urbano cumprem papéis fundamentais e de alto valor a população. A Organização Mundial da Saúde recomenda que as cidades disponham com no mínimo entre 9 e m² de área verde por habitante (PNUMA, 00). O uso de espécies nativas na arborização urbana é fundamental. Essas espécies se adaptam melhor ao tipo de solo e clima local, possuem importância ecológica junto à fauna residente ou visitante e podem ainda contribuir na recuperação e adubação do solo e sendo excelentes no controle de erosão dos solos. Portanto, a arborização é um fator predominante para a qualidade de vida nos centros urbanos, pois apresentam inúmeros benefícios para a sociedade, além de sua contribuição ecológica para o meio ambiente. Objetivos O estudo teve como objetivo realizar o levantamento cadastral das espécies arbóreas presentes na Avenida Cardeal, Jardim das Gaivotas, no município de Caraguatatuba-SP e propor diretrizes para sua rearborização, demonstrando as espécies adequadas para este ambiente, favorecendo a qualidade de vida, a fauna e a flora local. Métodos O local escolhido para a execução da pesquisa situa-se na Avenida cardeal no bairro jardim das gaivotas, no município de Caraguatatuba - SP. A pesquisa ocorreu de janeiro a dezembro de 05. Para tanto, efetuou-se um inventário in loco, onde foram observadas e medida a alocação das espécies presentes na área (diâmetro a altura do peito (cm), altura total do indivíduo (m) e projeção da copa (m) e dados do estado fitossanitário de cada UNISANTA Bioscience Vol. 5 nº 4 (06) p. 305-3 pág. 306

indivíduo para posterior realização da proposta. Foram coletados dados sobre a condição fitossanitária dos indivíduos cadastrados. Para tanto foram observadas se havia o desenvolvimento de fungos na superfície foliar, presença de rachaduras no tronco e a presença de cupins. Dados acerca do tipo de rede elétrica sobre as árvores e as características do entorno também foram coletados. Observou-se qual a característica do entorno imediato da Avenida Cardeal, para posterior elaboração da proposta. Todas as espécies foram registradas em fotos com e sem escala humana das espécies arbóreas. Todas as espécies foram identificadas visualmente. A determinação científica do nome seguiu os critérios propostos pelos sistemas de Cronquist (98) para Magnoliophyta e Tryon (98) para Pteridophyta. As famílias botânicas seguiram o Sistema de Classificação proposto por Angiosperm Phylogeny Group. Para realização da proposta foram escolhidas espécies vegetais nativas, e adotou-se o princípio da ecogênese. Resultados A área estudada compreende a Avenida Cardeal localizada no bairro Jardim Gaivotas. Esta é uma avenida ampla que apresenta um canteiro central subdividido em oito quadras separadas por ruas paralelas. O canteiro apresenta largura variando de aproximadamente,90 a metros, com comprimento variando de acordo com a quadra. Neste estudo a avenida foi subdividida em 8 áreas com os seguintes comprimentos, a saber: área (00 m), área (90 m), área 3 (85 m), área 4 (85 m), área 5 (90 m), área 6 (85 m), área 7 (85 m) e área 8 (95 m), totalizando 35 m de comprimento, conforme a Figura a. Como característica do entorno imediato, a avenida apresenta seis comércios, uma praça com a ausência total de árvores ou arbustos, uma creche, um depósito, dois pontos de ônibus, uma igreja e várias residências, de acordo com a Figura b. a b Figura : a) Distribuição das quadras na Avenida Cardeal. B) Caracterização do entorno. Google Maps com adaptações. UNISANTA Bioscience Vol. 5 nº 4 (06) p. 305-3 pág. 307

Através do levantamento arbóreo das espécies já alocadas na avenida, constatouse a presença de 56 árvores, destas 43 estavam mortas, 68 não foram identificadas. Quanto ao estado fitossanitário dos indivíduos já presentes no local, notou-se que 496 indivíduos estão sadios, 3 indivíduos estão com alguma doença e 43 indivíduos apresentavam-se mortos, como mostra a Figura. 496 500 400 300 00 00 0 43 Árvores mortas 3 Árvores sádias Árvores doentes Figura : Estado fitossanitário, autoria própria. De acordo com a composição florística presente para os indivíduos arbóreos identificadas 54,% com exemplares são espécies exóticas, 44,8% nativas e,% por híbridos, como ilustra a Figura 3. 60,0 50,0 40,0 30,0 0,0 54, 44,8 0,0 0,0, Exóticas Nativas Híbridos Figura 3: Categorias das espécies, autoria própria. UNISANTA Bioscience Vol. 5 nº 4 (06) p. 305-3 pág. 308

Agavaceae Anacardiaceae Annonaceae Apocynaceae Araliaceae Arecaceae Bignoniaceae Bixaceae Bombacaceae Bromeliaceae Cannaceae Caricaceae Clusiaceae Combretaceae Cupressaceae Cycadaceae Davalliaceae Euphorbiaceae Fabaceae Lamiaceae Lauraceae Laxmanniaceae Lythraceae Malpighiaceae Malvaceae Melastomataceae Moraceae Musaceae Myrsinaceae Myrtaceae Nyctaginaceae Orchidaceae Phyllanthaceae Rosaceae Rubiaceae Ruscaceae Rutaceae Sapotaceae Verbenaceae Em relação os 45 indivíduos identificados, foi observado que eles pertencem a 39 famílias. Conforme mostra a Figura 4, as famílias com maior número de espécies, é a Fabaceae (8), seguida da Arecaceae (7) e tanto Euphorbiaceae quanto a Myrtaceae (5), já as demais com pequena significância. Ao observar a densidade dos indivíduos em cada família, nota-se uma alta densidade populacional na família Arecaceae, com 7 indivíduos cadastrados. Outras famílias como a Bignoniaceae (46), a Combretaceae (37), Myrtaceae (8) e Moraceae com 6 indivíduos cadastrados, também são representativas na área amostrada. As demais famílias apresentam densidade populacional menor, contribuindo pouco para a diversidade local, como mostra a Figura 5. 8 7 7 8 6 5 5 5 4 3 3 3 3 3 3 0 N espécies Figura 4: Número de espécies por família, autoria própria. UNISANTA Bioscience Vol. 5 nº 4 (06) p. 305-3 pág. 309

Agavaceae Anacardiaceae Annonaceae Apocynaceae Araliaceae Arecaceae Bignoniaceae Bixaceae Bombacaceae Bromeliaceae Cannaceae Caricaceae Clusiaceae Combretaceae Cupressaceae Cycadaceae Davalliaceae Euphorbiaceae Fabaceae Lamiaceae Lauraceae Laxmanniaceae Lythraceae Malpighiaceae Malvaceae Melastomataceae Moraceae Musaceae Myrsinaceae Myrtaceae Nyctaginaceae Orchidaceae Phyllanthaceae Rosaceae Rubiaceae Ruscaceae Rutaceae Sapotaceae Verbenaceae 40 7 0 00 80 60 40 46 37 6 8 0 0 7 4 3 6 3 3 4 3 5 8 8 3 7 3 3 3 8 8 9 N indivíduos Figura 5: Número de indivíduos por família, autoria própria. As famílias e as respectivas espécies escolhidas para recompor o ambiente da Av. Cardeal foram a Arecaceae (Syagrus romanzoffiana), Bignoniaceae (Tabebuia chrysotricha e Tabebuia impetiginosa), Clusiaceae (Clusia fluminensis), Convolvulaceae (Evolvulus pusillus), Fabaceae (Calliandra haematocephala alba, Senna macranthera e Senna polyphylla),melastomaceae (Tibouchina granulosa e Tibouchina mutabilis), Laminaceae (Salvia splendens), Myrtaceae (Campomanesia xanthocarpa, Eugenia brasiliensis, Eugenia involucrata, Eugenia pyrlformis, Eugenia uniflora, Myrciaria glazioviana e Psidium cattleianum), Rutaceae (Dictyoloma vandellianum), Solanaceae (Brunfelsia uniflora), Verbenaceae (Aegiphila sellowiana) e Solanaceae (Brunfelsia uniflora). Discussão Dentro dos 56 indivíduos registrados na Avenida Cardeal a maioria é de espécies exóticas, ou seja, oriundas de outros países. Lorenzi (99) salienta que grande parte das espécies cultivadas no Brasil são de origem exótica, apesar da ampla diversidade da flora nativa de compor beleza e qualidade paisagística. O que também foi provado por Blum, Borgo & Sampaio (008) e por Matos et al. (0) em seus respectivos trabalhos. Isso pode representar que os plantios foram realizados pela própria população sem conhecimento prévio das espécies. Sendo assim, o trabalho propõe espécies somente nativas, afim de reverter o quadro da avenida. Há uma preferência da população local pela utilização das palmeiras, onde a família Arecaceae apresenta o maior número de indivíduos. Este fato, deve-se aos exemplares desta família apresentarem UNISANTA Bioscience Vol. 5 nº 4 (06) p. 305-3 pág. 30

resistência a pragas e doenças, não serem caducifólias e serem bastante rústicas. Para fins comparativos Matos et al. (0) cita que no município de São Sebastião, cidade vizinha de Caraguatatuba, o diagnóstico de determinada área mostra a predominância de espécies da família Fabaceae, assim como no diagnóstico da Avenida Cardeal. Conclusão A arborização urbana é um desafio principalmente no que rege a harmonia do espaço urbano com o espaço verde. Do ponto de vista ambiental, uma configuração urbana que preserve e estenda a estrutura ecológica, traçando corredores biológicos ao longo de seu território, reduz o impacto negativo do desenvolvimento urbano sobre os ecossistemas e ajuda a preservar a biodiversidade. Essas premissas podem ser aplicadas à Av. Cardeal, uma vez que esta apresenta proximidade com o maciço do Parque Estadual da Serra do Mar, núcleo de Caraguatatuba. A arborização adequada desta avenida pode servir tanto para a melhoria das condições ambientais da população residente, quanto ter a função de corredor biológico, interligando a cidade ao ecossistema presente em sua proximidade. Os resultados do diagnóstico do entorno indicam predomínio na quantidade de indivíduos da família Arecaceae, com 7 indivíduos, seguido da Bignoniaceae com 46 indivíduos. A maior riqueza de espécies é dada pela família Fabaceae com 8 espécies diferentes, enquanto a Arecaceae apresenta 7 espécies. Observando a categoria das espécies é constatado uma predominância de exóticas com 54,%, sendo o restante distribuídos em nativas 44,8% e híbridos com,%. A proposta consistiu em escolhas de espécies de elevado potencial para recompor o ambiente da Av. Cardeal, com o porte variando de pequeno (<5 metros), médio (5>0 metros) e grande (>0 metros). As espécies propostas são recomendadas para a arborização urbana, ornamentais, com utilização no paisagismo, e a presença de espécies frutíferas está vinculada para que haja interação da flora com a fauna, onde os frutos poderão servir de alimento para a avifauna, além dá dispersão das sementes que poderá ocorrer. Deu-se privilégios para espécies que são nativas da Mata Atlântica e com relação status da vegetação propôs arbóreas, arbustivas, herbáceas e rasteiras. As espécies que já se encontram no local deverão ser realocadas em áreas adequadas para o seu desenvolvimento, pois apesar de a grande maioria ser de origem exóticas, não são recomendadas para a arborização de ruas e avenidas pelo potencial de causar acidentes com frutos e conter espinhos podendo causar danos nas crianças que brincam ao redor. As espécies que estão no local e também foram propostas teriam sua realocação no próprio canteiro realizada. A proposta incluiu a utilização de mobiliário urbano visando a ecodesign com bancos e iluminação ornamental movida a energia solar, distribuídas proporcionalmente conforme o tamanho dos canteiros. Referências BARRICHELO, L. E.G.; MULLER, D.F.S.F. Arborização urbana. 006. Disponível em: <www.ipef.br/silvicultura/arborizacaourba na.asp> Acesso em: 8 de agosto de 05. BLUM, T; BORGO, M. e SAMPAIO, A. C. F. Espécies exóticas invasoras na arborização de vias públicas de Maringá- PR. Revista Sociedade Brasileira de Arborização Urbana. Piracicaba, v.3, n., junho 008, p. 78-97. Disponível em: <http://www.revsbau.esalq.usp.br/artigos_c ientificos/artigo40.pdf> Acesso em: 7 de agosto de 05. UNISANTA Bioscience Vol. 5 nº 4 (06) p. 305-3 pág. 3

BRUN, E. J.; BRUN, F. G. K. Arborização urbana e qualidade de vida. CREA-RS Conselho em Revista, ano III, n 8, fevereiro de 006. CABRAL, P. I. D. Arborização urbana: Problemas e Benefícios. Revista Especialize On-line IPOG, Goiânia, GO, v.0, n.006, ed. 6ª, 03. Disponível em: <http://www.ipog.edu.br/uploads/ arquivos/347454c808305a9ba984df5faa0 37c.pd> Acesso em: 4 de agosto de 04. CHACEL, F. Paisagismo e ecogênese. Rio de Janeiro: Artiber, 004. CURADO, M. M. de C. Paisagismo contemporâneo: Fernando Chacel e o conceito de ecogênese. Rio de Janeiro: UFRJ/FAU, 007. LIMA, R. M. C. e. Avaliação da arborização urbana do plano piloto. Universidade de Brasília, 009. LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Plantarum, 99 MATOS, F. P. de; et al. Diagnóstico da arborização do acompanhamento viário do bairro Pontal da Cruz, São Sebastião-SP. 0. Simposio de Estudos Urbanos: Desenvolvimento regional e dinâmica ambiental. PNUMA, Programa das Nações Unidade para o Meio Ambiente. Perspectivas do Meio Ambiente: América Latina e o Caribe, 00. UNISANTA Bioscience Vol. 5 nº 4 (06) p. 305-3 pág. 3