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Transcrição:

CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO 4.º ANO - TURMA DIA Exame de coincidências: 26 de janeiro de 2017 Prof. Doutor VASCO PEREIRA DA SILVA Comente duas das seguintes afirmações: 2 horas Grupo I (10 valores: 2 * 5) A) O regime do artigo 128.º [CPTA] só operará, ( ) quando, tenha sido ou não pedido o decretamento provisório da suspensão, o juiz não o tenha concedido no despacho liminar: é, pois, nesse caso, em que a entidade requerida é citada sem que o decretamento provisório tenha ocorrido, que ela fica proibida de executar o acto, sem prejuízo da possibilidade da emissão de resolução fundamentada, nos termos do 128.º [CPTA] (M. AROSO DE ALMEIDA). Identificação da questão: compatibilização do decretamento provisório da providência (131.º CPTA) com a proibição de executar o ato administrativo (128.º CPTA) no âmbito dos processos cautelares de suspensão da eficácia de um ato administrativo. Exposição sumária do mecanismo do artigo 128.º, com especial enfoque na descodificação da oração recebido o duplicado do requerimento. Com MAA, deve entender-se que a proibição de executar ( ) opera com a citação no processo cautelar, nos termos do artigo 117.º Compreensão do decretamento provisório de providências cautelares como uma espécie de tutela cautelar de segundo grau, fundamentada no periculum in mora não do processo principal, mas do próprio processo cautelar. Comparação dos dois mecanismos: o 131.º com âmbito de aplicação mais alargado qualquer providência cautelar que o 128.º - apenas providências cautelares de suspensão da eficácia do ato administrativo o 131.º exige decisão do juiz em 48 horas; 128.º opera automaticamente o 131.º e 128.º encontram a sua razão de ser no periculum in mora do processo cautelar Problematizar se a consagração da proibição de executar o ato administrativo nos processos cautelares de suspensão de eficácia de atos administrativos (128.º) não absorve qualquer utilidade que o decretamento provisório da providência cautelar (131.º) poderia ter. Concluir, com MAA, que dependendo a proibição de executar o ato administrativo da citação da entidade demandada, após despacho liminar (116.º/1 CPTA), o decretamento provisório de providências cautelares (131.º) encontrará espaço de afirmação num momento anterior àquele em que eventualmente opera o regime do artigo 128.º. Tendo em conta o ponto anterior, não resta outra hipótese senão concordar com a afirmação A): sempre que num processo cautelar de suspensão da eficácia de atos administrativos for requerido o decretamento provisório da providência cautelar, o regime do 128.º só se aplicará se o juiz deferir o tal requerimento. B) ( ) é bem possível concluir que a norma do art. 73.º, n.º 2 do CPTA se revela desconforme com a Constituição, na parte em que atribui competência aos Tribunais Administrativos para, a título principal e definitivo, declarar a inconstitucionalidade e

ilegalidade qualificada de normas regulamentares, ainda que com efeitos restritos ao caso concreto. (LICÍNIO LOPES MARTINS). Identificação da questão: o pedido pressuposto pelo 73.º/2 CPTA Problematizar se o pedido pressuposto pelo artigo 73.º/2 CPTA: o Desaplicação de uma norma no caso concreto, com fundamento na sua invalidade por remissão ao artigo 281.º/1 CRP. Confrontar esta hipótese com o artigo 73.º/3 o Decalque do regime do 281.º/1 CRP. Confrontar esta hipótese com um possível esvaziamento da norma em análise, na medida em que a CRP já impõe a todos os tribunais a recusa de aplicação de normas inconstitucionais por via do artigo 204.º o Tertium genus que pressupõe a apreciação em abstrato, pelos tribunais administrativos, da norma inválida com fundamentos no 281.º/1 CRP, não implicando, contudo, o expurgo da norma do ordenamento jurídico declaração de ilegalidade sem força obrigatória geral (ANA RAQUEL GONÇALVES MONIZ) Compreender que se trata de uma norma cujo vício é a ilegalidade qualificada, por força da remissão para o artigo 181.º/1 CRP. Compreender que a questão suscitada pelo excerto B) só se coloca perante o entendimento de que o pedido pressuposto pelo artigo 73.º/2 CPTA corresponde ao tertium genus declaração de ilegalidade sem força obrigatória geral. C) A noção de contra interessado terá, pois, de ser construída não a partir do eventual interesse que alguém pudesse ter em ser parte na acção mas a partir do prejuízo que ele terá se não for chamado a juízo, o qual estará sempre relacionado com a manutenção ou a anulação do acto impugnado. (STA, processo 01018/15, de 12-11- 2015). Entender os contra-interessados como autênticas partes no processo (VASCO PEREIRA DA SILVA) Encontrar nas relações jurídicas multipolares o fundamento para a o entendimento apontado. Problematizar as consequências do entendimento dos contra-interessados como autênticas partes no processo: a realidade das relações jurídicas multipolares continua a ser estritamente bilateral ou poderá haver pretensões que um sujeito que vem a processo como contra-interessado possa fazer valer quer contra o Autor, quer contra o Réu? Concluir pela infelicidade da designação contra-interessado, por não corresponder à realidade que implica. D) ( ) Não era essa a opinião [inconstitucionalidade das garantias administrativas necessárias] de boa parte da doutrina, e não foi nesse sentido a jurisprudência, quer do STA, quer do TC, argumentando que o condicionamento do acesso imediato aos tribunais se pode justificar por razões de interesse público e não prejudica de forma desproporcionada ou arbitrária a proteção jurisdicional efetiva dos cidadãos conclusão que é hoje reforçada pelo CPA, seja pela fixação da excecionalidade do caráter necessário das reclamações e recursos, seja pela garantia peremptória da suspensão dos efeitos do ato pelas impugnações necessárias, eliminando a possibilidade anteriormente existente de a lei ou o órgão administrativo competente determinarem a não suspensão da eficácia (F. QUADROS, S. CORREIA, R. MACHETE, V. ANDRADE, M. G. GARCIA, A. ALMEIDA, P. HENRIQUES, J. SARDINHA).

Identificação da questão: a valia e função de impugnações administrativas necessárias como requisitos prévios de acesso à justiça administrativa (em especial nas ações de condenação à prática de atos devidos) Cenário pré-cpta: a afirmação tradicional da definitividade vertical como componente da recorribilidade dos atos e a exigência generalizada de recurso hierárquico necessário Problemas constitucionais desta exigência: o critério de lesividade inscrito na Constituição (268.º/4 CRP); a garantia de acesso aos tribunais (20.º CRP); o princípio da desconcentração administrativa (267.º/5 CRP) e o próprio princípio da separação dos poderes Traços estruturantes trazidos pela reforma de 2002/2004: queda do recurso hierárquico necessário como pressuposto genérico: demonstrações do artigo 51.º/1 CPTA e, de forma particular, nos n. os 4 e 5 do artigo 58.º - de necessário a útil Porém: manutenção de impugnação administrativos necessárias perante previsões especiais? Posição em sentido afirmativo da tendencial maioria da jurisprudência e da doutrina, mas com dificuldades no estabelecimento de critérios fechados de identificação de impugnações administrativas necessárias Contra-argumentos possíveis mesmo contra previsões especiais (VASCO PEREIRA DA SILVA): a duvidosa função dessas previsões especiais; a sua afirmação resultava de uma desmultiplicação da anterior regra geral eliminada esta, as previsões especiais teriam caducado por falta de objeto; desadequação com um sistema promotor do acesso à justiça As implicações do novo CPA (2015): reconhecimento expresso de impugnações administrativas necessárias e critérios de identificação das mesmas em lei especial (cfr. o artigo 3.º do DL 3/2015 e o artigo 185.º CPA o n.º 1 do artigo 185.º como a afirmação de que as impugnações administrativas necessárias também valem para efeitos de propositura de ações de condenação à prática de atos devidos). Manutenção, ainda assim, da estrutura geral e regras de impugnabilidade do CPTA mesmo após o DL 214-G/2015 e possibilidade de colocação da dúvida sobre a real valia contenciosa das impugnações administrativas necessárias. Grupo II (5 valores) Imagine a seguinte hipótese: A. requereu à Câmara Municipal de Lisboa uma licença de construção para finalmente concretizar o seu sonho: construir uma marquise, ao estilo barroco, em pleno Bairro Alto. Tendo sabido das pretensões de A., logo se juntam ao procedimento administrativo B. e C., comerciantes que detinham espaços comerciais no rés-do-chão do prédio de A. e que frontalmente se opunham àquela que julgavam ser uma pirosice da pior espécie. Mais de 90 dias volvidos, e sem resposta alguma da parte da Câmara Municipal, A. pretende agora reagir. Imagine que é consultado para auxiliar A. na propositura da respetiva ação. Que aspetos lhe parecem determinantes, de modo a assegurar a admissibilidade da mesma?

Entre outros, deveriam ser considerados os seguintes aspetos: Compreender que se trata de uma omissão administrativa com fundamento no dever de praticar um ato administrativo como resposta à solicitação de um particular. A jurisdição administrativa como apta a conhecer o litígio: alínea a) do n.º 1 do artigo 4.º do ETAF; Competência: hierarquia: tribunal administrativo de círculo (44.º ETAF); território: tribunal administrativo de círculo de Lisboa (artigo 17.º CPTA + artigo 3.º e Anexo do DL 325/2003, de 29 de dezembro) Meio processual: ação administrativa de condenação à prática de ato devido (artigos 66.º ss. CPTA) o Necessidade da prévia apresentação de requerimento (67.º CPTA) o Silêncio da Administração perante o requerimento apresentado (67/1/a) + 128.º e 129.º CPA) situação de incumprimento do dever de decisão Legitimidade ativa: 68/1/a) CPTA alegação de um direito ou interesse legalmente protegido à emissão do ato em falta. Legitimidade passiva: Município de Lisboa como réu 10/1 CPTA (1ª parte); B e C como contra-interessados 10/1 CPTA (2ª parte) + 68.º/2 CPTA. Prazo: 1 ano situação de inércia (69/1 CPTA) Grupo III (5 valores: 2 * 2,5) Responda, sinteticamente, a duas das seguintes questões práticas: A) No dia 20 de agosto de 2016, a comissão organizadora da Festa das Vindimas de Palmela pediu uma autorização para realizar um espetáculo de fogo de artifício no dia 6 de setembro. A Câmara Municipal, no dia 25 de agosto, decidiu não conceder a autorização. A comissão pretende reagir. Que meio processual deve utilizar e porquê? O meio processual a usar será a intimação para a proteção de direitos, liberdades e garantias (109.º ss. CPTA). Este é o meio indicado por conferir uma decisão de mérito, a título definitivo. A providência cautelar de suspensão da eficácia do ato administrativo não seria adequada por ser provisória e instrumental da ação principal. B) O STA é incompetente em razão da matéria para conhecer de acção em que se impugnam actos de natureza legislativa. (STA, processo 0637/15, de 02-07-2015). Concorda com a afirmação? Artigo 4.º/3/a) ETAF exclui da jurisdição administrativa a impugnação de atos legislativos. Não obstante, um ato administrativo pode ter a forma de um ato legislativo (v.g. um Decreto-Lei) e ser objeto de uma impugnação na jurisdição administrativa, uma vez que se estabeleceu o princípio da irrelevância da forma do ato administrativo (268.º/4 CRP + 52.º CPTA)

O princípio da irrelevância da forma não se aplica a normas regulamentares. C) Na sequência da reprovação de todos os alunos nas orais de Direito das Conchinhas, feitas pelo docente A., o Reitor da universidade, na qual se integra a Faculdade de Direito onde o A. leciona, suspendeu o docente por tempo indeterminado. A. decidiu impugnar o ato de suspensão, por não ter sido ouvido no procedimento, mas na pendência da ação, o Reitor anulou o ato de suspensão de A., o que levou o tribunal a extinguir a instância, por inutilidade superveniente. Dois dias depois da extinção, o Reitor substituiu o ato anulado por outro, com conteúdo idêntico. O que pode A. fazer? Artigo 64.º/4 CPTA: o A. pode requerer, dentro do prazo de impugnação contenciosa, a reabertura do processo.