A Globalização da Comunicação



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Transcrição:

A Globalização da Comunicação THOMPSON, John. Ideologia e Cultura Moderna. Petrópolis: Vozes, 1999 Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade Pós-Cultura/UFBa Maria Célia Furtado Rocha COM 565 Cultura e Comunicação 2011.2

Globalização da Comunicação Comunicação em escala global Acesso a fontes distantes Espaço x tempo Atividades Acontecem numa arena global Organizadas, planejadas ou coordenadas numa escala global Envolvem algum grau de interação e interdependência entre atividades locais

Globalização Econômica nova fase da internacionalização dos mercados Globalização financeira e desregulação geral dos mercados financeiros Desregulação dos grandes serviços internacionais massivos (telecomunicações, transporte aéreo) Regionalização (UE, NAFTA) e reescalonamento dos territórios estratégicos Crescente número de fusões e aquisições transfronteiriças de empresas Debilitamento do poder legislativo e fortalecimento dos poderes executivos

Redes de Comunicação Globais emergência (sec. XIX) O telégrafo e os sistemas de cabos submarinos configuram o primeiro grande sistema global de comunicação Novas agências internacionais de notícias ligam-se à imprensa (depois rádio e TV) e dividem o mundo Ondas eletromagnéticas e organizações de administração desse espaço (apenas com os satélites, a partir de 1960, a comunicação se tornará global)

Comunicação Global características (sec. XX) Conglomerados da mídia associados a interesses financeiros e industriais expandem suas operações (Time Warner 1989; grupo Bertelsmann; News Corp.) Uso mais extenso dos sistemas de cabos; satélites (longa distância), TV a cabo, videocassete; digitalização da informação Mercado amplia-se e a difusão de produtos de mídia é global Problematização: padrões de distribuição x padrões de acesso aos bens simbólicos

Cronologia: Primeiros Eventos 1843 Linha de telégrafo regular entre Washington e Baltimore 1849 Berlim e Frankfurt ligadas por telégrafo 1850 Cabo submarino (Grã-Bretanha e França) 1865 Cabo transatlântico tem sucesso 1923 Conversa transatlântica de rádio 1950 Primeiros sistemas a cabo 1955 Programação comercial de TV (Inglaterra)

1957 Rússia lança o Sputnik cronologia... 1958 ARPA (Agência de Projetos de Pesquisa Avançada) EUA 1959 Advento do circuito integrado 1962 Transmissão de TV ao vivo via satélite EUA 1969 Transmissão TV em cores (BBC e ITV) Rupert Murdoch adquire o Sun Sony lança gravadores de videocassete

cronologia... 1971 Lançamento dos microprocessadores 1972 Desenvolvimento do e-mail (ARPA) Gravadores de videocassete domésticos 1975 Fibras óticas Primeira loja de computadores (Los Angeles) 1976 Computadores portáteis 1977 Cabo de fibra ótica instalado na California Telefone celular

cronologia... 1979 Início da comercialização da Internet 1981 Murdoch adquire The Times 1983 Videodiscos a laser comercializados 1984 Lançamento de CDs (EUA) Camcorders 1988 Rede Internacional de Serviços Digitais (ISDN) lançada no Japão 1989 Cabo de fibra ótica transatlântico Fusão: Time com Warner

cronologia... 1990 Império Berlusconi na Itália Fusão: BSB e Sky (BskyB) 1993 Listagem separada das ações NASDAQ 1994 Fundada a Netscape Criação do Yahoo! 1995 Fusão: CNN e Time/Warner 1996 Inaugurada a TV al-jazeera 1998 Fundação do Google 2000 Fusão: American On-Line e Time/Warner 2001 Fusão: Disney e Fox

A Internet 1970-2000: Cultura da tecno-elite + Cultura comunitária hacker + Cultura empreendedora orientada para a inovação e o risco (ganho imediato) 1980-1996: a fase mais fértil da história da Internet 2001: quebra das pontocom (NASDAQ) Segunda fase: Progressiva privatização de conteúdo x Colaboração, relação e práticas sociais de construção do conhecimento (Internet 2.0)

2006 - Rupert Murdoch adquire o fórum MySpace Apple altera substancialmente a distribuição e marketing da música (ipod, itunes) www: Crescimento das informações, multiplicidade de processos culturais e comunicativos Browsing x Site orientado à busca Motor de busca como interface privilegiada: classificação do saber pronto para uso Bolha de Filtros

Teoria do Imperialismo Cultural 1969 Herbert Schiller Mass Communications and American Empire A globalização da comunicação é fruto de interesses comerciais de grandes corporações transnacionais sediadas nos EUA, agindo em colaboração com interesses políticos e militares Culturas tradicionais são destruídas pela invasão de valores ocidentais

Reavaliação da Teoria Hegemonia americana x Economia global multipolar Papel de corpos supranacionais (ONU e CE) Corporações transnacionais e investimento c/ fontes de recursos diversas Novas formas de poder simbólico (religiosos) Formas culturais atuais: culturas híbridas Recepção e apropriação dos produtos de mídia são processos sociais complexos e variados

Difusão x Recepção A globalização da comunicação não eliminou o caráter localizado da apropriação A circulação da informação se tornou cada vez mais global x Processo de apropriação permanece intrinsecamente contextual e hermenêutico A apropriação da mensagem depende do contexto da recepção e dos recursos que os receptores têm à sua disposição

Cultura da Convergência Henry Jenks Estudos de Mídias Comparadas MIT Fluxo de conteúdo através de múltiplas mídias Consumo tornou-se coletivo Produção coletiva de significados Revolução digital x Convergência: novas e antigas mídias irão interagir Magnatas do cinema vêem games como meio de expandir a experiência narrativa

Ithiel de Sola Pool Technologies of Freedom (1983) Um único meio físico fios, cabos ou ondas pode transportar serviços que no passado eram oferecidos separadamente. De modo inverso, um serviço que no ano passado era oferecido por um único meio pode ser oferecido de várias formas físicas diferentes A relação que havia entre um meio de comunicação e seu uso está se corroendo Cada meio de comunicação tinha suas próprias e distintas funções e seus mercados, cada um regulado por regimes específicos

Fomenta-se a liberdade quando os meios de comunicação estão dispersos, descentralizados e facilmente disponíveis (Pool) Agora o mesmo conteúdo flui por vários canais diferentes e assume formas distintas no ponto de recepção Novos padrões de propriedade cruzada de meios de comunicação (meados dos anos 80): interesse no controle de toda uma indústria do entretenimento A digitalização estabeleceu as condições para a convergência; os conglomerados corporativos criaram seu imperativo

Proliferação de canais e portabilidade: mídia em todos os lugares Mudança: forma de produzir e de consumir esses meios Entretenimento não é a única coisa que flui pelas plataformas de mídia: nossa vida, relacionamentos, memórias, fantasias e desejos também fluem Os novos consumidores são ativos; a lealdade a redes declina; são + conectados socialmente; são barulhentos e públicos

A convergência representa uma mudança no modo como encaramos nossas relações com as mídias As habilidades que adquirimos nessa brincadeira têm implicações no modo como aprendemos, trabalhamos, participamos do processo político e nos conectamos com pessoas de outras partes do mundo O público que ganhou poder com as novas tecnologias vem ocupando um espaço na interseção entre os velhos e os novos meios de comunicação. Está exigindo o direito de participar intimamente da cultura

Referências BRIGGS, Asa; BURKE, Peter. Uma história social da mídia: de Gutenberg à internet. RJ: Zahar, 2006. JENKINS, Henry. Cultura da convergência. SP: Aleph, 2009. MIGNAQUI, Iliana. La ciudad global, las redes y la geografia urbanos de los Estados glocalizados. FLACSO, 2008. (Curso Gestión socio-urbana y participación ciudadana em politicas públicas) MONACI, Sara. La conoscenza on line: logiche e stumenti. Roma: Carocci, 2008. THOMPSON, John. Ideologia e Cultura Moderna. Petrópolis: Vozes, 1999.