ANEEL AP - 017/2002 COMENTÁRIOS DA CFLCL SOBRE A MINUTA DA RESOLUÇÃO QUE ESTABELECE CRITÉRIOS PARA O ENQUADRAMENTO DE APROVEITAMENTO HIDRELÉTRICO NA CONDIÇÃO DE PEQUENA CENTRAL HIDRELÉTRICA está descrito em: Art. 2º... II - nível d água máximo normal de montante: máximo nível d água do reservatório em que, sem vertimento, não resulte volume de espera do reservatório ou capacidade de vertimento inferiores aos projetados para uma vazão de cheia, definida para tempo de recorrência de no máximo 10.000 anos; IV - nível d água normal de jusante: nível d água de jusante da central, associado a uma vazão defluente equivalente a 110% da média das vazões afluentes diárias observadas em período de no mínimo 10 anos; e V - altura máxima da barragem: diferença entre as cotas da crista e a do assentamento da barragem, correspondendo esta última à menor cota do terreno natural após concluída escavação e remoção de solo. II - nível d água máximo normal de montante: máximo nível d água do reservatório em que, sem vertimento, não resulte volume de espera do reservatório. comentário: texto original está dúbio, associa o nível max normal à capacidade de descarga do vertedouro, considerando recorrência de no máximo 10.000 anos. É melhor não deixar margens para interpretações errôneas e restringir a definição de nível apenas. IV - nível d água normal de jusante: nível d água de jusante da central, correspondente a uma vazão defluente equivalente a 110% da média das vazões afluentes diárias observadas em período de no mínimo 10 anos; e V - altura máxima da barragem: diferença entre as cotas da crista e a do assentamento da barragem, correspondendo esta última à menor cota de fundação da barragem, após concluídas as escavações. comentário: parte final do parágrafo está dúbia. Se a medida deve ser feita após a remoção de solo não há sentido usar o termo terreno natural. Por outro lado, as escavações, em casos de barragens de concreto, principalmente, podem envolver solo e rocha está descrito em: Art. 3º... 2º O registro para elaboração de projeto básico terá validade de 18 meses, improrrogáveis, contados a partir da data de protocolo de recebimento da documentação 1
completa de que trata o artigo anterior, deixando de gerar quaisquer efeitos após o referido prazo. Art. 3º... 2º O registro para elaboração de projeto básico terá validade de 18 meses, improrrogáveis, contados a partir da data de protocolo de recebimento da documentação completa de que trata o artigo anterior, deixando de gerar quaisquer efeitos após o referido prazo. Caso um segundo requerente solicite registro para elaboração de projeto básico de um aproveitamento que já tenha registro, e este esteja ativo, o segundo e demais requerentes deverão respeitar o prazo máximo estabelecido para o primeiro registro, ou seja, o saldo para completar os 18 meses do primeiro registro. está descrito em: Art. 4º... I - altura da barragem inferior ou igual a 10 metros; II - atendimento simultâneo às inequações:... I - altura da barragem inferior ou igual a 15 metros; comentário: dez metros é um valor limite baixo para usinas que podem alcançar 30 MW. Quinze metros é mais de acordo com os critérios atuais de submergência da tomada d água e vida útil do reservatório. II - atendimento simultâneo às inequações: sugestão de texto para o parágrafo referente ao inciso II: 5º No caso de centrais com capacidade instalada entre 1.000 kw e 30.000 kw, áreas de reservatório entre 3 e 13 km 2, que não satisfaçam a nenhum dos critérios definidos nos incisos I e II, poderá o empreendedor, caso seja seu interesse, encaminhar pedido de enquadramento da central como PCH, anexando suas justificativas e exposição de motivos comentário: o atendimento às inequações do inciso II, especialmente para o caso de centrais com queda elevada, pode incorrer em algumas exclusões injustificáveis, como o caso abaixo exemplificado. É necessário deixar uma porta para a ANEEL analisar casos distintos e evitar distorções no enquadramento. Exemplo hipotético: central com 20 MW de potência instalada; área de reservatório igual a 3,5 km 2 ; 2
a fio d água, sem depleção de reservatório; altura da barragem de 12 metros; queda bruta de 100 metros. Não há motivos para que uma central com estas características, que apesar de hipotética, poderia ser real, não seja enquadrada como PCH, mas ela não será enquadrada se os critérios estabelecidos na minuta da Resolução forem rígidos. Vejamos: - não atende ao inciso I - altura da barragem maior que 10 m - não atende ao inciso II - área do reservatório (3,5 km 2 ) acima do valor limite de 3 km 2 estabelecido no art 3º da Resolução e da margem permitida pela inequação do inciso II cujo valor limite calculado para os parâmetros da central é de 2,8 km 2 SOBRE A MINUTA DA RESOLUÇÃO QUE ESTABELECE PROCEDIMENTOS PARA REGISTRO, ELABORAÇÃO, ANÁLISE E APROVAÇÃO DE PROJETO BÁSICO E PARA AUTORIZAÇÃO DE APROVEITAMENTO DE POTENCIAL DE ENERGIA HIDRÁULICA, COM CARACTERÍSTICAS DE PEQUENA CENTRAL HIDRELÉTRICA (PCH) Comentário Geral: Os procedimentos descritos na minuta de Resolução parecem adequados para os casos em que há apenas um requerente registrado com um projeto básico para o empreendimento. Nos casos em que dois ou mais requerentes estão disputando um local, algumas lacunas parecem existir no texto que fragilizam o processo e não garantem a melhor seleção de requerente e respectivo projeto básico, dentro de requisitos que alinhem qualificação técnica, jurídica e fiscal. Entendemos que é da competência desta Resolução criar mecanismos que evitem a seleção de aventureiros, aqueles que se apresentam no setor elétrico como meros oportunistas, visando apenas lucros imediatos com a venda de oportunidades de negócios criadas a partir da seleção da ANEEL, porém sem compromisso com o setor. Nesse sentido, é necessário um texto de Resolução que não crie possibilidades de privilegiar participantes eventuais, em prejuízo daqueles que trabalham seriamente comprometidos com o Setor Elétrico. Basicamente sob este espírito é que são feitos os comentários a seguir. Art 7º Sendo entregue o primeiro projeto básico, será publicado Despacho no DOU, assinalando prazo de 120 dias a outros interessados, que possuam o correspondente registro, para a entrega do projeto à ANEEL. Art 7º Sendo entregue o primeiro projeto básico, será publicado Despacho no DOU, assinalando prazo de 30 dias a outros interessados, que possuam o correspondente registro, para manifestação quanto à permanência de seu interesse no respectivo registro. Caso haja manifestação de interesse por parte de outro requerente que esteja com seu registro ativo, o processo de seleção aguardará a conclusão do prazo estabelecido pelo respectivo registro e recebimento da documentação correspondente, conforme definido no Art 3º, parágrafo 2º. comentários: 3
1.º) É um direito do requerente utilizar o prazo de 18 meses definido por esta Resolução para elaborar seu projeto básico, seguindo um planejamento realizado e cronograma de atividades estabelecido com seus projetistas e consultores. Não é justo este cronograma de trabalho ser atropelado em seu andamento por motivos alheios ao seu conhecimento e ação. Aceitar esta condição é assumir um risco de perda de investimento injustificável. Os investimentos em projetos fazem parte de minucioso planejamento estratégico-econômicofinanceiro das empresas que atuam seriamente no setor elétrico. Aceito o registro, as condições pertinentes devem ser respeitadas. 2.º) Definir um prazo para os demais requerentes menor que o estabelecido pelo registro (18 meses), pode levá-los a desistir em meio do caminho, pela impossibilidade de completarem seus projetos com a qualidade por eles requerida. Fica a dúvida, e se o primeiro projeto não atender aos critérios de qualidade? Com os demais requerentes tendo desistido, rompido contratos, desmobilizado equipes de trabalho no campo, etc, a implantação do empreendimento fica prejudicada e os demais interessados desestimulados de retornar ao processo. O critério de seleção não deve ser imediatista, nem excludente em seus princípios já estabelecidos. Art 10º Decorrido o prazo a que se refere o Art 7º, a ANEEL publicará Despacho sobre a qualificação técnica dos projetos básicos entregues, a qual terá validade de cento e oitenta dias contados a partir da publicação. Sugerimos que sejam esclarecidos os seguintes pontos do artigo: - Qual o sentido em definir um prazo para qualificação técnica de um projeto? Pode-se renovar a qualificação vencida? Quais as providências para a renovação da qualificação técnica? Qual documentação precisaria ser atualizada? Art 12º Existindo mais de um requerente para o mesmo aproveitamento, nos termos do artigo anterior, a ANEEL, visando aumentar o número de agentes e assegurar maior competição no setor elétrico, selecionará, pela ordem, segundo os seguintes critérios: I - aquele que possuir participação percentual na potência elétrica instalada nacional inferior a um por cento; II - aquele que possuir participação na comercialização de energia elétrica no território nacional inferior a 300 GWh/ano; III - aquele que for concessionário ou permissionário de distribuição com mercado próprio inferior a 300 GWh/ano, inclusive cooperativa de eletrificação rural assim enquadrada, desde que seja para atender sua área de concessão ou permissão; IV - aquele que não seja do mesmo grupo econômico da distribuidora de energia elétrica da área de concessão ou sub-concessão onde esteja localizado o aproveitamento;... 4
VIII - o requerente com menor participação no mercado de energia elétrica nacional. Art 12º Existindo mais de um requerente para o mesmo aproveitamento, nos termos do artigo anterior, a ANEEL, visando garantir a melhor escolha no processo de seleção, aumentar o número de agentes e assegurar maior competição no setor elétrico, selecionará, pela ordem, segundo os seguintes critérios: comentário: Em primeiro lugar, o critério de seleção deve considerar o aspecto qualidade, o melhor requerente. Ainda que o primeiro aspecto a ser considerado seja privilegiar os menores, porém dentre estes, a seleção deve ter critérios de qualificações dos requerentes, conforme a seguir sugerido. I - aquele que possuir participação percentual na potência elétrica instalada nacional inferior a dois por cento; comentário: o percentual de três por cento já exclui as maiores empresas de geração do país. Com um por cento, cerca de 800 MW, a restrição parece-nos exagerada dentro do quadro destas empresas que detém de 4.000 a 12.000 MW. Nossa sugestão é o limite de dois por cento, cerca de 1.600 MW. II - aquele que possuir participação na comercialização de energia elétrica no território nacional inferior a 300 GWh/ano; comentário: sugerimos substituir este inciso pelo texto abaixo. Favorecer agentes de comercialização no setor de geração não estimula a competição no Setor. Os pequenos agentes de geração é que precisam de estímulo. II - aquele que tiver melhor competência técnica comprovada junto a ANEEL para gerenciar projetos de engenharia e meio ambiente, construção e operação de aproveitamentos hidrelétricos; comentário: conforme já mencionado, é preciso não somente estabelecer estímulos à competição, mas também definir critérios para garantia de qualidade na implantação dos aproveitamentos hidrelétricos. Neste sentido o histórico dos participantes em ter gerido ou implementado projetos deveria ser utilizado também. Evitaria-se incluir neste rol aqueles que não tiveram um retrospecto de cumprimento de projetos anteriores. III - aquele que atender aos requisitos de qualificações jurídica e fiscal, definida no Art 15º, e econômico-financeira, definidos no Art 16; comentário: a qualificação da empresa ou das empresas que estão no rol de seleção deve ser antecipada para esta fase para evitar a desperdícios futuros. Aqueles que estão estruturados para sua atuação no mercado de geração não se negarão a atender. Por outro lado, aqueles que estão se aventurando, teriam que enfrentar nesta fase as condições de qualificação. Esse procedimento promove garantias ao processo de seleção, que representa um momento fundamental e evita-se desperdícios de tempo futuro. 5
IV - aquele que for concessionário ou permissionário de distribuição com mercado próprio inferior a 300 GWh/ano, inclusive cooperativa de eletrificação rural assim enquadrada, desde que seja para atender sua área de concessão ou permissão; IV - aquele que não seja do mesmo grupo econômico da distribuidora de energia elétrica da área de concessão ou sub-concessão onde esteja localizado o aproveitamento; comentário: Propomos suprimir este inciso pelas seguintes razões: - Esta forma de descriminação de grupos econômicos não amplia a competição e sim restringe. Grupos econômicos que se encaixam no perfil de investidor no setor elétrico já são obrigados a desverticalizar suas atividades dentro do modelo concebido pela ANEEL. A atuação do grupo econômico, uma vez desverticalizado em uma empresa de geração estaria livre para competir em todo o território nacional e não somente na área de um dos seus segmentos de interesse na distribuição. - Atendido os demais critérios estaria se estabelecendo limites de participação de empresas de determinado porte, através dos limites de concentração. Porque se excluir quem por ventura tem investimentos em distribuição em outras regiões e privilegiar outros grupos econômicos, por exemplo, de construção ou de outros ramos? VIII - o requerente com menor participação, como agente de geração, no mercado de energia elétrica nacional. Comentário: está de acordo com o nosso comentário a respeito do Inciso II acima. Art.12º 3º - Para o cálculo da energia assegurada de PCH, serão aplicadas, no que couber, os critérios definidos em regulamentação específica da ANEEL para centrais não despachadas centralizadamente, considerando os dados constantes do respectivo projeto básico e admitindo, por simplificação, indisponibilidade total, forçada e programada, de dez por cento e rendimento de oitenta e cinco por cento do conjunto turbina-gerador. 3º - Para o cálculo da energia assegurada de PCH, serão aplicadas, no que couber, os critérios definidos em regulamentação específica da ANEEL para centrais não despachadas centralizadamente, considerando os dados constantes do respectivo projeto básico e admitindo, por simplificação, indisponibilidade total, forçada e programada, de cinco por cento e rendimento de noventa por cento do conjunto turbina-gerador. comentário: O padrão tecnológico atual de fabricação de equipamentos e os modernos e ágeis procedimentos de operação e manutenção de usinas permitem que façamos a sugestão acima. Por outro lado, os valores propostos na minuta de Resolução podem inviabilizar economicamente o aproveitamento. 6
Art.18º... Parágrafo único. No caso do inciso II deste artigo, o ato de autorização terá validade de até 3 anos e será convertido em autorização plena, caso seja, durante sua validade, apresentado a Licença Ambiental de Instalação e aprovado o projeto básico. Parágrafo único. No caso do inciso II deste artigo, o ato de autorização terá validade de até 5 anos e será convertido em autorização plena, caso seja, durante sua validade, apresentado a Licença Ambiental de Instalação e aprovado o projeto básico. comentário: há aspectos complexos no processo de licenciamento ambiental que, para alguns casos, demoram de 4 a 5 anos para serem resolvidos e obter-se a licença de instalação do aproveitamento. Não raro os processos tem retornado para serem estendidos os estudos e pesquisas ambientais e novamente analisados pelo órgão ambiental. sugestão de inclusão de 2 artigos: Cap I - Do Registro da Elaboração de Projeto Básico Art nº - Após a analise e aprovação da ANEEL da documentação para a obtenção do Registro, deverá o interessado deverá fazer um depósito de caução correspondente ao valor de um por cento do valor estimado pela ANEEL para o valor do investimento total do aproveitamento. nº - O valor deverá ser devolvido ao requerente caso o seu projeto não seja selecionado, e no caso de ter sido selecionado será devolvido após a obtenção da concessão de autorização. Cap VIII - Da Seleção entre Requerentes Art nº -.A seleção ficará condicionada a assinatura de um Termo de Compromisso do requerente em não transferir a Outorga de Autorização até um ano após a entrada em operação da usina. comentário: A inclusão destes dois artigos visam dificultar a participação daqueles que tem a intenção de obter os registros apenas para a criação de oportunidade de negócios, geralmente sem compromissos com a qualidade dos projetos que desenvolvem, uma vez que não estarão mais vinculados à obra ou a usina em operação. A justificativa é melhor explicada no comentário geral apresentado no início desta contribuição. 7