Felipe Costa Miranda 1, Pedro Vayssiere Brandão 2, Camila Pinto de Souza 3, Márcia Motta Pimenta Velloso 4 Fabiana Rodrigues Leta 5



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Transcrição:

GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS UMA ANÁLISE ECONÔMICA DO POTENCIAL DE RECICLAGEM DE COMPUTADORES, CONSIDERANDO O CASO DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF. Felipe Costa Miranda 1, Pedro Vayssiere Brandão 2, Camila Pinto de Souza 3, Márcia Motta Pimenta Velloso 4 Fabiana Rodrigues Leta 5 1-Universidade Federal Fluminense, Departamento de Engenharia Mecânica, Rua Passo da Pátria, 156, São Domingos, Niterói, RJ, Brasil, felipe_costa@id.uff.br 2- Universidade Federal Fluminense, Departamento de Engenharia Mecânica, Rua Passo da Pátria, 156, São Domingos, Niterói, RJ, Brasil, pedrovayssiere@id.uff.br 3- Universidade Federal Fluminense, Departamento de Engenharia Mecânica, Rua Passo da Pátria, 156, São Domingos, Niterói, RJ, Brasil, camilaps@id.uff.br 4- Universidade Federal Fluminense, Departamento de Engenharia Mecânica, Rua Passo da Pátria, 156, São Domingos, Niterói, RJ, Brasil, marciavelloso@id.uff.br 5- Universidade Federal Fluminense, Departamento de Engenharia Mecânica, Rua Passo da Pátria, 156, São Domingos, Niterói, RJ, Brasil, fabianaleta@id.uff.br Palavras chave: Gerenciamento de resíduos, lixo eletrônico, potencial de reciclagem. Resumo Este trabalho foi elaborado a partir de uma análise do descarte de lixo eletrônico da Universidade Federal Fluminense UFF, a fim de se propor reflexões sobre consumo responsável e soluções no âmbito do gerenciamento de resíduos. O estudo foi feito a partir de dados de equipamentos patrimoniados na universidade nos últimos 10 anos. Neste contexto, foram feitas pesquisas, procurando entender à questão atual do lixo eletrônico no mundo, a fim de se conhecer o problema, para realizar uma análise crítica sobre o atual modelo de consumo e descarte de resíduos. Essas pesquisas também buscaram observar os benefícios gerais da reciclagem, sejam eles ambientais, sociais ou econômicos, para facilitar assim a busca por soluções. Considerando que na própria UFF o descarte de equipamentos vem aumentando significativamente nos últimos anos, torna-se interessante avaliar o potencial de reaproveitamento dos materiais descartados. Assim, o objetivo deste artigo é apresentar o potencial econômico da reciclagem de computadores da Universidade Federal Fluminense, especificamente relacionado às placas de circuito impresso. A partir de informações da própria universidade e dados oriundos de pesquisas bibliográficas elaborou-se uma planilha, que foi denominada planilha de potencial de reciclagem. De acordo com os dados obtidos, demonstra-se o quão benéfico seria a reciclagem dos eletrônicos analisados na universidade, e que os benefícios se dariam em diversos aspectos destacando o econômico. Considerando que o ganho relativo ao reaproveitamento dos metais presentes nas placas estudadas fosse máximo, poderia se obter uma média de ganho de mais de US$ 20.000,00 ao ano, no período analisado. É possível a partir desta análise, propor a aplicação da mesma metodologia em outros ambientes e/ou instituições, empresariais e governamentais, que possuem dimensões maiores que a UFF e consequentemente podem gerar ganhos e vantagens ainda maiores para estas instituições. A continuidade desta pesquisa consistirá no estudo de técnicas de reciclagem e de extração de materiais, a partir da análise dos materiais que demonstram o melhor custo-benefício referente aos processos envolvidos. Pretende-se ainda avaliar os processos disponíveis e seus desafios de implantação, visando o uso destes ou o estudo e desenvolvimento de novas tecnologias.

1. Introdução A questão do tratamento de resíduos vem sendo discutida cada vez mais com o passar do tempo. Críticas sobre a maneira como a sociedade vem gerenciando seus resíduos (ou deixando de gerenciar) estão levando alguns setores da sociedade a se preocuparem com o destino do lixo. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada [1] (IPEA), o reaproveitamento de material descartado no Brasil movimenta cerca de R$ 8 bilhões só com aço, alumínio, papel, plástico e vidro tendo potencial para gerar R$ 20 bilhões por ano. A partir de 2010 o governo brasileiro lançou uma lei que obriga as empresas a cuidar dos seus lixos eletrônicos, o que as obrigou a se preocuparem mais com o destino de seus resíduos, e ainda criou novas oportunidades para empresas atuarem em atividades tecnológicas e logísticas nessa área. A partir de 2010 quando o governo brasileiro lançou uma lei que obriga as empresas a cuidarem dos seus lixos eletrônicos, o que obrigou as empresas a se preocuparem mais com o destino de seus resíduos, surgiram também novas oportunidades para empresas nessa área. Do ponto de vista da reciclagem essa lei é importante, pois apesar de impor, acaba funcionando como uma forma de incentivo para a criação de novas empresas e tecnologias de reciclagem [2]. Outro importante motivo para essa preocupação é o meio ambiente, já que a destinação incorreta de lixo está diretamente ligada com sua degradação. Porém algo que se mostra relevante ao tratar de gerenciamento de resíduos, além da questão ambiental, são as questões sociais e econômicas. Além de vantagens ambientais, a reutilização e a reciclagem do lixo podem trazer inúmeras vantagens econômicas e sociais, como por exemplo, geração de empregos, redução de gastos e ganhos financeiros. Entre as vantagens econômicas que a reciclagem apresenta, a mais visível é a de que ao invés de algo ter como destino o lixo, vai ser reinserido no ciclo de produção como matéria-prima reaproveitável. Tendo em vista os benefícios encontrados na reciclagem, o presente artigo tem por objetivo analisar e explicitar o quão importante seria a reciclagem no caso específico da Universidade Federal Fluminense UFF, onde foram analisados dados do patrimônio da universidade. Especificamente para este trabalho, foram considerados computadores cuja aquisição foi registrada pela universidade nos últimos 10 anos. Foram realizadas ainda pesquisas a fim de se conhecer melhor os processos de reaproveitamento dos metais contidos nas peças dos computadores, principalmente placas de circuito impressos, e as empresas que trabalham com esses processos no Brasil e no mundo. Um ponto problemático no reaproveitamento dos metais contidos nas placas de circuito impresso é a dificuldade de encontrar empresas que façam sua extração. No Brasil existem empresas que trabalham com reciclagem eletrônica, porém são empresas que trabalham com logística reversa. Nenhuma extrai sozinha, completamente, os metais contidos nos componentes eletrônicos. O objetivo, deste modo, é apresentar esses dados e mostrar que o reaproveitamento dos componentes contidos nos computadores seria importante, analisando-se o caso da universidade, e que os dados, resultados e conclusões poderiam ser extrapolados para outros setores da sociedade como empresas e governos. 2. O lixo eletrônico e a reciclagem Observa-se que novas tecnologias estão sendo desenvolvidas cada vez mais rápidas, representando avanços significativos para a sociedade, porém nem sempre se preocupando com a preservação ambiental. Como consequência, tem-se um consumo desenfreado, com uma substituição também cada vez mais rápida de produtos eletrônicos, e daí surge a preocupação e a necessidade de se reaproveitar o lixo gerado por esses aparelhos descartados, que consistem no lixo eletrônico. Este lixo tem se tornado um dos principais problemas em todo o mundo. Mas o que parece um inconveniente pode se tornar algo bom, basta que haja investimentos no setor da recuparação de metais presentes nesse lixo eletrônico. Contudo esse investimento necessita de justificativas para ocorrer, onde uma delas é a quantidade de sucata a ser reciclada. Com isso tem-se que esse tipo de investimento poderia se justificar no caso do Brasil, visto que o país figura entre os que mais produzem esse tipo de lixo, ficando atrás apenas da China no caso de descarte de computadores pessoais, com 96,8 mil toneladas descartadas ao ano [3]. Sendo também o líder em produção per capita de lixo eletrônico proveniente de computadores, entre os países emergentes como pode ser visto na Figura 1. A reciclagem do lixo eletrônico configura, portanto, uma boa forma de atender à demanda por minerais que possa existir em um local, e consequentemente possui grande importância econômica. Exemplo disso é o Japão, país que possui escassez em reservas minerais, onde há a consciência de que componentes do lixo eletrônico têm alto valor de mercado. O Japão ganha com este lixo já que entre outras ações, até mesmo a população participa ao, por exemplo, devolverem seus antigos celulares às lojas. Com essa e outras ações é possível obter-se valiosos minerais dos quais o país possui certa escassez [4].

Figura 1 Gráfico da distribuição anual do lixo proveniente de computadores descartados por habitantes. Fonte: [3]. Contrastando com o Japão, o Brasil está um pouco atrasado nisto, já que não há empresas aqui que façam a recuperação de todos os componentes de um celular ou de um computador, por exemplo. No Brasil, as empresas que trabalham com reciclagem de lixo eletrônico não recuperam os metais presentes, elas realizam a logística reversa e os processos mecânicos, que são mais baratos e que utilizam equipamentos mais simples. E em seguida enviam esse lixo eletrônico já processado para empresas em outros países como Canadá, Bélgica e Cingapura, onde é feita a recuperação dos metais [5]. Quando o Brasil envia esse lixo eletrônico para outros países, está enviando os metais nobres ali presentes a um valor abaixo do valor de mercado. A recuperação desse lixo eletrônico no Brasil faria com que os metais presentes nesse lixo retornassem ao ciclo de produção e também evitaria a evasão do Brasil dessa matéria-prima. Entretanto já é possível notar alguma mobilização no país. Algumas universidade e empresas estão passando a investir em pesquisas nessa área, tanto para desenvolvimento de tecnologias como para capacitações de pessoal, por exemplo, a Universidade de São Paulo - USP realiza uma capacitação a catadores para que eles se protejam dos malefícios do lixo eletrônico e aumentem suas rendas [6]. No Brasil, indústrias, importadores, distribuidores e comerciantes de eletroeletrônicos e componentes têm quatro meses contados a partir da publicação do edital Chamamento para a Elaboração de Acordo Setorial para a Implantação de Sistema de Logística Reversa de Produtos Eletroeletrônicos e seus Componentes, para apresentar ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) propostas para a implementação de um processo que faça o recolhimento do lixo eletrônico corretamente a fim de fazer o tratamento deste. As empresas terão cinco anos para implementar o novo sistema, tendo que definir pontos de coleta do lixo e quem será o responsável por recolher o que foi arrecadado [7][8]. A reciclagem do lixo eletrônico não está atrelada somente a fatores econômicos, possui uma relação estreita com a saúde da população, pois com o descarte indevido, os componentes químicos desse lixo podem prejudicar a saúde de catadores e do meio ambiente. Por exemplo, considerando elementos químicos do computador, 6,28% da massa é composta por chumbo, o que pode trazer para uma pessoa que obteve contato com o elemento, irritabilidade e alucinação entre outros males [9][10]. 2.1. Políticas públicas para a reciclagem Para que haja uma maior conscientização acerca da importância de reciclagem, e principalmente, para que existam empresas participando ativamente no âmbito do reaproveitamento de resíduos, é essencial que os governos atuem em conjunto com as empresas e sociedade. A atuação dos governos pode se dar de diversas formas, seja promovendo cartilhas e apresentações de cunho educacional, seja subsidiando empresas que venham a trabalhar diretamente nessa área ou que demostrem a responsabilidade ambiental em suas ações, ou seja, ainda propondo leis e normas que obriguem empresas a tomarem ações corretas neste quesito.

Outra forma de se promover a reciclagem é o investimento por parte de instituições como universidades, centros de pesquisa e empresas. Essas instituições podem se tornar aliadas a esse tipo de indústria (da reciclagem), pois produzem muito lixo eletrônico, e são detentores de tecnologias. 2.1.1. Brasil e Mundo Cada vez mais vão sendo tomadas decisões, acerca de políticas públicas, no que diz respeito à reciclagem. O Brasil está atrás de países da Europa e Estados Unidos no que tange à tecnologia no geral, e o mesmo vale para tecnologias de reciclagens. Os países membros da União Europeia já deram um importante passo no assunto de políticas públicas. O Fórum WEEE (lixo de equipamentos eletroeletrônicos), é uma associação sem fins lucrativos, formada por 42 países produtores de lixo eletrônico, e serve como uma plataforma de promoção e compartilhamento de boas ideias e boas práticas de desenvolvimento sustentável através do gerenciamento de resíduos eletrônicos [11]. Plataformas como essa ainda estão em falta em países como o Brasil, grande produtor de sucata eletrônica, que ainda não trata a reciclagem como prioridade. Apesar de o governo já ter instaurado a política nacional para resíduos sólidos, que trata em cima, basicamente, da logística reversa, o brasileiro ainda não compreendeu as vantagens da reciclagem, e que dentre as mesmas está o aspecto econômico. As universidades podem se tornar, como já o estão fazendo, importantes aliadas no quesito de promoção e execução de políticas de reaproveitamento de resíduos. Principalmente se tratar da reciclagem de eletroeletrônicos, pois esses tipos de materiais exige uma tecnologia um tanto mais restrita que a reciclagem de materiais comuns. Como exemplo de universidade que já está trabalhando nesse caminho tem-se a Universidade de São Paulo USP, que possui um Centro de Descarte e Reuso de Resíduos de Informática CEDIR. O CEDIR faz parte do centro de computação da USP e tem como objetivo a implementação de práticas de reuso e descarte sustentável de lixo eletrônico [12]. O CEDIR atua em com base em três etapas: Coleta e Triagem, Categorização e Reciclagem. Na primeira etapa é feita a coleta dos materiais, e a triagem dos elementos, em seguida os materiais são categorizados quanto às suas características e a funcionabilidade, o que está em funcionamento é reconfigurado e colocado em uso novamente, que não está é direcionado à empresas de reciclagem que estejam devidamente registradas no centro. Segundo o site do centro, o CEDIR é um projeto pioneiro no tratamento de lixo eletrônico em órgão público e instituição de ensino superior [12]. Além da USP, a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro PUC-RIO juntamente com a Secretaria de Estado do Ambiente - SEA do Rio de Janeiro, lançaram o primeiro ponto de coleta seletiva de eletrônicos da zona sul do Rio de Janeiro. O material recolhido é doado para a Fábrica Verde, um projeto da SEA que transforma lixo em inclusão digital e atua na montagem e manutenção de computadores usados. Em média de cada três computadores velhos, por exemplo, os alunos da fábrica produzem um computador em condição de uso [13]. 2.2. Vantagens da reciclagem Como já dito a reciclagem apresenta diversos benefícios ao homem e à sociedade. Benefícios esses que se apresentam de diferentes formas à diferentes classes da sociedade, isto é, depende de quem e como se observa a reciclagem. Dentre as vantagens, destaca-se a reciclagem quando observada sob três óticas diferentes: a social, a econômica e a ambiental. 2.2.1. O social Quando observado sob o ponto de vista social, o reaproveitamento de resíduos pode apresentas diferentes aspectos positivos. Um importante ponto a se considerar é a geração de empregos. A geração de empregos nesse caso pode se referir tanto à mão de obra qualificada quanto não qualificada, pois a reciclagem inclui desde a coleta e separação de materiais, até técnicas de separação por exemplo. A questão social pode ser complementada ainda, com a ideia de se reaproveitar partes de computadores, por exemplo, para serem utilizadas em comunidades, escolas etc. 2.2.2. O ambiental A degradação do meio ambiente, com o despejo irregular de resíduos, é observada de forma negativa pela sociedade, até mesmo que intuitivamente. Assim sendo é quase que unânime os benefícios trazidos pela reciclagem.

As vantagens trazidas ao meio ambiente, não se tratam apenas de deixar de despejar resíduos no meio, mas também deixar de extrair matéria prima para utilizar em um determinado produto, já que a reciclagem trata de reinserir a matéria em determinado ciclo de produção. Além disso, a energia poupada na produção de alguns metais é altamente significativa se comparada aos gastos de energia da fabricação de metais a partir da extração, e a partir da reciclagem. Considerando que toda forma de geração de energia acarreta de alguma maneira danos ao meio ambiente, poupar energia é interessante do ponto de vista da preservação ambiental. 2.2.3. O econômico As vantagens econômicas obtidas com a reciclagem podem ocorrer de diferentes formas. Reutilizar algo que estaria obsoleto, a fim de não necessitar comprar ou extrair da natureza novamente é uma economia de capital que deve ser levada em conta, principalmente do ponto de vista industrial. Além da economia de capital obtida com o reaproveitamento de determinado componente, a energia poupada na produção de metais como o alumínio, oriundo de reciclagem, fica acima de 90% [14]. Com o alto índice de economia de energia, e levando-se em conta que o gasto com a energia está diretamente relacionado ao gasto econômico, a economia de energia acarreta em uma economia de capital. Na Tabela 1 pode-se observar a relação do consumo de energia na produção de metais primários e secundários. Tabela 1 Relação entre o consumo de energia na produção de metais primários e secundários. Metal Consumo de energia na produção de metais primários e secundários Energia empregada na produção de 1 tonelada Metal primário (kwh/t) Metal secundário (kwh/t) Energia poupada na reciclagem (kwh/t) (%) Níquel 23000 600 22400 97 Alumínio 17600 750 16850 96 Zinco 4000 300 3700 93 Magnésio 18000 1830 16170 90 Chumbo 3954 450 3504 89 Cobre 2426 310 2116 87 Estanho 2377 360 2027 85 Fonte: [14]. Aliado à economia de energia, pode-se também analisar a vantagem econômica devido à quantidade dos metais presentes nas placas de circuito impresso. As quantidades desses metais são significativas, considerando que a concentração de ouro existente na placa de circuito impresso é superior à encontrada no próprio minério de ouro bruto. Há 17g de ouro por tonelada de resíduo de placa de circuito impresso, enquanto que na mineração de ouro a quantidade varia de 6g a 12g por tonelada de minério [5]. Com isso tem-se que com menos quantidade de matéria prima, e menos quantidade de energia, poder-se-ia obter a mesma quantidade de ouro, por exemplo, em relação à extração primária. O que torna a reciclagem ainda mais vantajosa economicamente. 3. Estudo de caso UFF 3.1. Metodologia Foi feita uma análise de dados da Universidade Federal Fluminense, mais precisamente sobre os aparelhos eletrônicos patrimoniados pela universidade desde 2002. Após análise percebeu-se que os computadores de mesa constituem a maior parte, quantitativamente, desses aparelhos eletrônicos. A partir disso buscou-se mensurar o potencial econômico de reciclagem dos aparelhos eletrônicos da Universidade Federal Fluminense através de revisões bibliográficas e utilizando como base dados fornecidos pela Coordenação do Patrimônio da UFF. Segundo Miranda et al. [15], o tempo médio de troca de um computador de mesa é de 3,5 anos, este valor de tempo médio foi aproximado para 4 anos, e aplicou-se esse tempo aos computadores da universidade, considerando que os computadores patrimoniados a cada ano são utilizados em média por quatro anos e depois são descartados.

A Tabela 2 que mostra a quantidade de computadores de mesa patrimoniados em cada ano de 2002 a 2011. Os computadores de mesa foram selecionados como objeto de estudo por estarem presentes em maior quantidade. Tabela 2 Computadores de mesa patrimoniados por ano. COMPUTADORES ANO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL 2002 40 15 34 31 13 21 12 8 7 9 51 279 520 2003 3 29 47 17 13 9 47 15 21 19 146 30 396 2004 63 6 42 11 13 21 13 15 10 16 22 49 281 2005 44 27 6 20 29 18 24 29 10 8 9 13 237 2006 116 111 192 12 27 49 36 13 182 60 25 21 844 2007 40 10 51 15 48 57 2 149 135 68 32 46 653 2008 6 173 94 88 289 128 22 25 34 58 161 113 1191 2009 17 82 26 164 65 71 23 30 14 73 203 75 843 2010 83 8 71 45 307 132 200 94 69 109 188 92 1398 2011 20 29 3 1 3 104 45 11 6 32 59 9 322 Em seu artigo, Miranda et al. [15] apresenta os impactos para o meio ambiente e consequentemente para o homem do depósito irregular de lixo eletrônico. No presente artigo é chamada atenção também para o cunho econômico da reciclagem, levando-se em consideração que a não reciclagem do lixo eletrônico representa um desperdício de matéria prima e desperdício de energia. Foi mensurado o potencial econômico de reciclagem de computadores de mesa da Universidade Federal Fluminense, especificamente as placas de circuito impresso presentes nesses computadores. O enfoque em placas de circuito impresso foi dado porque se encontram mais facilmente na literatura a relação entre os metais presentes nas placas e as respectivas massas desses metais em porcentagem. Algo que chamou atenção foi a presença de alguns metais com alto valor de mercado como Ouro, Prata e Paládio. Esses metais são responsáveis por tornar a reciclagem das placas de circuito impresso uma atividade não apenas viável, mas também uma atividade lucrativa, o que justificou o enfoque dado a essas placas. Após uma revisão bibliográfica sobre lixo eletrônico obteve-se o percentual de massa dos metais em placas de circuito impresso. Esses dados foram organizados em uma tabela contendo os metais e suas respectivas massas em percentual da massa total da placa de circuito impresso, que foi utilizada como base para a análise de potencial de reciclagem. Tabela 3 Porcentagem de massa dos metais presentes em placas de circuito impresso. Metal Massa(%) Fe 6,00% Cu 14,00% Al 5,00% Pb 1,50% Ni 2,00% Zn 2,00% Sn 2,00% Ag 0,30% Au 0,04% Pd 0,02% Fonte: Adaptado de [5]. A quantidade dos metais apresenta uma pequena variação de acordo com o modelo e idade da placa de circuito impresso em questão. A tabela 3 constitui assim uma média das porcentagens das massas e aplicou-se essa média para todas as placas de circuito impresso. O passo seguinte foi determinar a massa total de placas de circuito impresso presentes no gabinete de um computador. Considerou-se um computador como sendo um gabinete com placa-mãe, fonte, disco-rígido, driver de CD (Compact Disc)/DVD (Digital Versatile Disc). Recolheu-se uma série de computadores descartados dentro da Universidade Federal Fluminense (Campus da Praia Vermelha). Os computadores foram desmontados, e, então retiradas as placas de circuito impresso, das partes consideradas, para determinação de massa das placas de circuito impresso através de uma balança. A Figura 2 mostra as placas de circuito impresso das partes consideradas dos computadores. Para determinar as informações

contidas na Tabela 4 foram pesados diferentes modelos de placa de circuito impresso de cada hardware do computador e obteve-se a média. Tabela 4 Massas médias das placas de circuito impresso presentes no gabinete. Placa de circuito impresso Fonte Placa-mãe Driver CD/DVD Disco Rígido Massa (média) 0,346 Kg 0,582 Kg 0,074 Kg 0,03 Kg Figura 2 Placas de circuito impresso retiradas do gabinete de um computador. A partir disso determinou-se que há dentro de um gabinete, em média, 1,032 Kg de placas de circuito impresso. Considerando uma massa de 10,35Kg (massa do gabinete do computador Positivo Premium K5780), as placas de circuito impresso representam aproximadamente 10% da massa de um gabinete de computador. No artigo não esta sendo levado em consideração o montante que pode ser obtido com a reciclagem dos 90% restantes do gabinete. 3.2. Perspectivas para o caso estudado Pesquisaram-se [16] os valores de mercado dos metais presentes nas placas de circuito impresso a fim de se determinar o montante que pode ser obtido com a reciclagem das placas de circuito impresso presentes nos computadores de mesa. A tabela potencial de reciclagem (Tabela 5), mostra por ano o valor que pode ser obtido com a recuperação de cada um dos metais, o valor de mercado dos metais (em vermelho) e o valor total (somatório do valor obtido com a reciclagem de cada um dos metais em cada ano). Foi encontrado o montante de U$ 21.473,32 (Dólar cotado a R$ 2,05 [17]) como valor médio por ano que poderia ser obtido com a separação e reciclagem dos metais presentes nas placas de circuito impresso. É importante lembrar que os cálculos foram feitos supondo-se que é possível separar 100% dos metais presentes nas placas. Apesar de o valor conseguido na prática não fica muito aquém dos 100%, por exemplo, utilizando material lixiviante é possível recuperar 98% de prata, 93% de paládio e 97% de ouro de resíduo constituído de placas de circuito impresso [3]. Além disso, nos valores mostrados não foram considerados os valores que seriam despendidos na separação e gerenciamento desse lixo eletrônico. Os valores mostrados na Tabela 5 são referentes às placas de circuito impresso que constituem cerca de 3% da massa total da sucata proveniente de equipamentos eletrônicos descartados [3]. Se considerada essa grande quantidade de material não quantificada esses valores serão maiores.

Tabela 5 Potencial de reciclagem Valor (R$/kg) Ano Fe Cu Al Pb Ni Zn Sn Ag Au Pd Total (R$) 3,06 16,37 4,14 4,74 35,56 4,13 50,00 2030,23 109324,76 47198,15 2002 98,53 1229,87 111,08 38,16 381,66 44,33 536,64 3268,51 23467,22 5065,68 34241,67 2003 75,03 936,59 84,60 29,06 290,65 33,76 408,67 2489,09 17871,19 3857,71 26076,35 2004 53,24 664,60 60,03 20,62 206,24 23,95 289,99 1766,25 12681,32 2737,42 18503,67 2005 44,91 560,54 50,63 17,39 173,95 20,20 244,58 1489,69 10695,63 2308,78 15606,30 2006 159,92 1996,18 180,30 61,93 619,46 71,95 871,01 5305,04 38089,10 8221,99 55576,86 2007 123,73 1544,43 139,50 47,91 479,27 55,66 673,90 4104,49 29469,41 6361,33 42999,64 2008 225,66 2816,88 254,43 87,39 874,14 101,52 1229,11 7486,14 53748,95 11602,36 78426,59 2009 159,73 1993,81 180,09 61,86 618,73 71,86 869,98 5298,75 38043,97 8212,25 55511,01 2010 264,89 3306,46 298,65 102,58 1026,07 119,17 1442,74 8787,26 63090,71 13618,89 92057,41 2011 61,01 761,57 68,79 23,63 236,33 27,45 332,30 2023,96 14531,62 3136,83 21203,50 4. Conclusão Observa-se a importância da reciclagem de eletrônicos se analisando o caso da UFF e avaliando a atual conjuntura mundial no que tange ao consumo de eletrônicos. Porém deve-se frisar que ainda existe carência de setores produtores de tecnologia de extração de metais presentes em componentes eletrônicos, em particular no Brasil. O que acaba por ocorrer atualmente, é que a reciclagem realizada fora do país onde é gerado o lixo eletrônico acarreta em uma exportação de matéria prima nobre com baixo valor agregado, consequentemente indica perdas econômicas para o país. A partir dos dados apresentados, pode se observar a relevante presença de metais valiosos na sucata tecnológica. Levando-se em conta esta constatação, aliada ao fato do gasto de energia necessário para a produção dos metais presentes nesse lixo ser inferior ao gasto de energia na produção de metais primários, pode-se ter a reciclagem como assunto de extrema importância para a economia nacional. Com os resultados encontrados, em um estudo de caso particular, percebe-se que o investimento no setor pode ser promissor, ao se extrapolar tal investigação para instituições maiores que a universidade, como empresas, organizações cidades, estados e países. Por exemplo, de acordo com dados citados anteriormente, os brasileiros abandonam por ano 96,8 mil toneladas de computadores, extrapolando os resultados obtidos para todo lixo eletrônico proveniente de computadores abandonados pelos brasileiros, o ganho seria obviamente superior. Com isso, apesar de os valores encontrados na planilha potencial de reciclagem, desconsiderarem gastos relativos à extração, também foram desconsiderados lucros com outros possíveis reaproveitamentos, como a carcaça dos computadores, e ainda custos relativos ao meio-ambiente que serão sempre positivos se caminhando junto à reciclagem. E feita uma extrapolação para algo maior, vê-se que a reciclagem de lixo eletrônico justifica por si só o investimento necessário. Agradecimentos Os autores agradecem o financiamento do MEC-SeSU e o apoio da Escola de Engenharia e das Pró-Reitorias de Graduação e de Assuntos Estudantis da Universidade Federal Fluminense. 5. Referências [1] http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=17088&catid=159&itemid=75 - acessado em 10/07/13 [2] http://g1.globo.com/economia/pme/noticia/2012/10/reciclagem-de-lixo-eletronico-o-e-lixo-e-oportunidade-demercado.html - acessado em 08/04/13 [3] Santos, Fabio Henique Silva - Resíduos de origem eletrônica; Série Tecnologia Ambiental; Rio de Janeiro: CETEM/MCT, 2010. [4] http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2010/05/japao-ganha-com-reciclagem-de-celulares.html - acessado em 21/07/13 [5] Gerbase e Oliveira; Reciclagem do lixo de informática: uma oportunidade para a Química; Química Nova Vol 35, No 7.

[6] http://www3.poli.usp.br/pt/comunicacao/noticias/1120-usp-realiza-formatura-de-180-catadores-capacitados-parareciclagem-de-lixo-eletronico.html - acessado em 08/04/13 [7] Chamamento para a Elaboração de Acordo Setorial para a Implantação de Sistema de Logística Reversa de Produtos Eletroeletrônicos e seus Componentes Edital 01/2013 Ministério do Meio Ambiente [8] http://oglobo.globo.com/defesa-do-consumidor/industria-tem-quatro-meses-para-apresentar-ao-governo-plano-derecolhimento-de-lixo-eletronico-7575764 - acessado em 21/07/13 [9] Pallone, S. Resíduo eletrônico: Redução, reutilização, reciclagem e recuperação. Revista eletrônica, Com Ciência. 2008. [10] Cândido, C. E.; da Silva, W. C. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Centro de ciências matemáticas e da natureza. Educação ambiental: O lixo eletrônico. 2007. 50 f. Monografia. [11] http://www.weee-forum.org/what-is-the-weee-forum - acessado em 15/05/13 [12] http://www.cce.usp.br/?q=node/266 - acessado em 30/05/2012 [13] http://www.inea.rj.gov.br/noticias/noticia_dinamica1.asp?id_noticia=1866 - acessado em 03/08/13 [14] Eloisa Biasotto Mano, Elen B. A. V. Pacheco, Claudia M. C. Bonelli; Livro Meio Ambiente, Poluição e Reciclagem. [15] Miranda, F. C.; Brandão, P. V., Velloso, M. P., Leta, F. R., Avaliação do Consumo de Equipamentos Eletrônicos: um meio de despertar a consciência sócio-econômica-ambiental em alunos de engenharia Publicado no XL Congresso Brasileiro de Eduacação em Engenharia, 2012. [16] http://www.indexmundi.com/ - acessado em 15/02/13 [17] http://www.bcb.gov.br/pt-br/paginas/default.aspx - acessado em 26/05/13