A oferta de formação a nível internacional



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Transcrição:

A R T I G O 41 A oferta de formação a nível internacional ANA AZEVEDO PALAVRAS-CHAVE: R E S U M O Neste artigo formulam-se duas questões. A primeira sublinha quão difusa é ainda a área da designação profissional de profissões emergentes em contextos em mutação: bibliotecas, arquivos, etc. A segunda procura na designação e conteúdo da oferta de formação, a nível internacional, a resposta para a primeira. Em conclusão estamos a caminho... IDENTIDADE PROFISSIONAL OFERTA INTERNACIONAL DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL BIBLIOTECÁRIOS ARQUIVISTAS A B S T R A C T In this paper two issues are considered. The first outlines the vagueness ofthe titles of emergent professions in dynamic ambiences: libraries, archives, etc The second tries to look into title and content of internationally training oportunities, seeking answers for the first. As a conclusion we are on the way to...

42 43 O PROBLEMA A secura e incompletude do título não é lapso mas, ab initio, a vontade de reforçar a falta de nitidez do horizonte procurado. Pretende-se indagar sobre as modalidades de oferta de formação inicial de bibliotecários, arquivistas, documentalistas? Ou então de quem? De profissionais de informação? Baseados em que definições? Menus temos vários: OCDE, Poirier, Griffiths e King ou a International Encyclopedia of Information and Library Science? À falta de uma orientação teórica do ponto de vista de identificação da profissão ou sector profissional, recorreu-se, neste trabalho, a dados que de forma alguma suportam conclusões ou resolvem o problema identitário que a todos se nos coloca. Já não somos o quê? Vamos ser quem? Que modelo ou modelos temos para formar os vindouros? A ABORDAGEM Pretendeu-se fazer uma primeira abordagem baseada na literatura. Fez-se uma pesquisa bibliográfica, cruzando quatro conceitos básicos: Profissional de Informação ou Bibliotecário e Formação ou Currículo, no período de 1999 a 2003, em onze bases de dados de referência bibliográfica consideradas potencialmente relevantes para a área. Que abordasse centralmente o assunto nada se encontrou. As referências recuperadas centravam-se fundamentalmente nos novos contextos de exercício da profissão e nas novas competências e conhecimentos exigidos. Seguiu-se então uma segunda abordagem no sentido de identificar a oferta de formação recorrendo-se ao referencial da International Encyclopedia of Information and Library Science, que identifica e define as seguintes situações de profissionais da informação: Bibliotecários Arquivistas Gestores da informação Gestores do conhecimento Cientistas da informação, no sentido de quem trabalha em sistemas de informação, recuperação de informação, estudos de comportamento de pesquisa e uso, interacção homem máquina. Colocou-se de seguida o problema de como aceder, no âmbito de um artigo que se pretendia escrito num mês, à informação sobre a oferta de formação a nível internacional. O caminho seguido foi extremamente limitado. Urgiria eleger a área e não ter ambições planetárias, aceder a fontes oficiais de registo de formação e não a repositórios informais. Tal seria incompatível com o produto desejado. Do ponto de vista metodológico tomaram-se então as seguintes opções: Optou-se por recorrer a listas na Web, em detrimento das impressas, pela possibilidade de, através dos links para as instituições, obter informação mais pormenorizada sobre a formação. Face a várias listas disponíveis, optou-se pela WORLD mantida pelo Professor Tom Wilson em http://informationr.net/wl/index.html e com data da actualização registada de Outubro de 2002. Comparada com outras e nomeadamente a da ASIS American Society for Information Science, julgou-se a primeira mais exaustiva, com informação mais pormenorizada e links activos para todas as instituições. Para além da lista ser mantida pelo Professor Wilson, está disponível uma facilidade de carregamento da informação pela própria instituição. A METODOLOGIA Face às centenas de cursos enumerados, considerando diferentes níveis de formação e designações, foi decidido seguir a seguinte metodologia: Categorização dos cursos face ao seu conteúdo. Criaram-se treze categorias. Não registar todos os cursos mas a ocorrências de oferta de formação nas referidas categorias nas instituições listadas. Assim uma instituição poderá ter vários cursos, a diferentes níveis com a mesma designação, mas só será contabilizada uma ocorrência. Ter como preocupação a identificação de perfis de formação e posicionamentos face ao contexto actual, em detrimento da classificação profissional. As categorias criadas, e que vão ser usadas nos quadros que se seguem, são as seguintes:

44 45 EUROPA CI SI GI IE SP BI DI BioI KM IS AR ICT RE CATEGORIA Estudos/Ciência da Informação Sistemas de Informação Gestão de Informação Informação Empresarial Sistemas de Publicação Biblioteconomia e Informação Documentação e Informação Bioinformação Gestão do Conhecimento Informação para a Saúde Arquivologia Informação Científico-Técnica Informação Electrónica CÓDIGO CI SI GI IE SP BI DI BioI KM IS Ar ICT Importa realçar que a categoria Sistemas de Informação apresenta-se nesta representação com pouco relevo. Decidiu-se incluí-la, mesmo assim, pelo facto de, nos casos apresentados, esta área aparecer em contextos institucionais de forte integração com as outras áreas, nomeadamente a de Biblioteconomia e Informação. DADOS RECOLHIDOS Seguem-se as tabelas e os gráficos com os dados recolhidos a partir da lista citada e dos links aí contidos. A divisão geográfica que se apresenta representa a estrutura da lista, com excepção dos países da América do Sul, África e Ásia que foram agregados por continentes. RE Alemanha 5 1 Áustria 1 3 1 Bélgica 5 1 Croácia 1 Dinamarca 1 Eslovénia 1 Espanha 9 8 Estónia 1 Finlândia 3 1 França 1 3 1 5 1 1 Grécia 1 2 Hungria 5 Irlanda 1 1 1 1 Islândia 1 Itália 1 1 Letónia 1 Lituânia Noruega 1 1 1 Países Baixos 3 1 Polónia 1 6 1 Portugal 4 1 1 1 Reino Unido 5 25 15 27 4 13 3 3 6 República Checa 1 2 República Eslováquia 1 Rússia 3 Suécia 4 Suíça 1 3 Ucrânia 1 15 26 29 32 4 65 19 3 3 1 3 2 7

46 47 Europa EUA CI SI GI IE SP BI DI BioI KM IS AR ICT RE 11 44 10 17 59 3 EUA AMÉRICA DO SUL CI SI GI IE SP BI DI BioI KM IS AR ICT RE Argentina 1 4 Brasil 3 2 1 Chile 1 1 Costa Rica 1 Cuba 1 1 México 1 Peru 1 Porto Rico 1 5 0 1 0 0 12 0 0 0 0 1 0 0 CANADÁ CI SI GI IE SP BI DI BI KM IS AR ICT RE Canadá 3 3 6 América do Sul

48 49 ÁSIA CI SI GI IE SP BI DI BioI KM IS AR ICT RE China 1 Índia 19 Israel 1 3 1 1 1 Japão 1 2 Líbano 1 Malásia 1 Nova Zelândia 1 2 1 1 1 Paquistão 1 Arábia Saudita 1 1 Singapura Coreia do Sul 1 1 Sri Lanka 1 Taiwan 1 Turquia 1 2 3 8 4 1 0 31 0 0 0 0 1 0 0 ÁFRICA CI SI GI IE SP BI DI BioI KM IS AR ICT RE África do Sul 5 2 1 1 3 1 África AUSTRÁLIA CI SI GI IE SP BI DI BioI KM IS AR ICT RE 7 4 7 2 1 1 1 1 Ásia Austrália

50 51 CONCLUSÕES BIBLIOGRAFIA Griffiths, José-Marie; King, Donald, W New directions in library and information science education. New York: American Society for Information Science, 1986. International Encyclopedia of Information and Library Science. 2 nd ed. London: Routledge, 2003. Poirier, René "The information economy approach: characteristics, limitations, and future prospects". The Information Society. 507 (1970) 245-285. Agradeço ao Zé Azevedo a ajuda na tarefa de contagem e categorização dos cursos. (zepikaxe@hotmail.com) Constatou-se que, face aos dados utilizados, a designação de Biblioteconomia e Informação continua dominante na oferta de formação identificada. As variações constatadas provirão, possivelmente, de quatro factores: Respostas a necessidades de conteúdos específicos, caso da Bioinformática, da Informação Científico-Técnica, da Informação para a Saúde e de outras. Resposta a necessidades de gestão organizacional, caso da Gestão da Informação e da Gestão do Conhecimento. Exigências das novas tecnologias, o caso da Informação Electrónica e dos Sistemas de Publicação. Novas abordagens teóricas, como é o caso da Ciência de Informação, marcante no Brasil. Três dimensões urgiria ainda analisar quanto aos cursos de Biblioteconomia e Informação: 1. Estrutura comparativa dos planos curriculares. 2. Flexibilidade dos planos curriculares. 3. Organização da formação, em níveis. No âmbito deste trabalho foi realizada já alguma investigação nas áreas supra-referidas, cujos resultados recomendam a efectivação, ainda que por amostra, deste trabalho.