Profº Agenor Florencio. A sociologia vai ao Brasil

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Profº Agenor Florencio A sociologia vai ao Brasil

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SOCIOLOGIA INTERPRETAÇÃO DO BRASIL

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INTERPRETAÇÃO DO BRASIL Euclides da Cunha (1866-1909) Preconceito racial Conflitos políticos e culturais Relativismo racial Movimentos sociais no Brasil

Evolucionismo Determinismo geográfico Determinismo biológico

A TERRA "Ao sobrevir das chuvas, a terra, como vimos, transfigura-se em mutações fantásticas, contrastando com a desolação anterior. Os vales secos fazem-se rios. Insulam-se os cômoros escalvados, repentinamente verdejantes. A vegetação recama de flores, cobrindo-os, os grotões escancelados, e disfarça a dureza das barrancas, e arredonda em colinas os acervos de blocos disjungidos -de sorte que as chapadas grandes, entremeadas de convales, se ligam em curvas mais suaves aos tabuleiros altos. Cai a temperatura. Com o desaparecer das soalheiras anula-se a secura anormal dos ares. Novos tons na paisagem: a transparência do espaço salienta as linhas mais ligeiras, em todas as variantes da forma e da cor. Dilatam-se os horizontes. O firmamento, sem o azul carregado dos desertos, alteia-se, mais profundo, ante o expandir revivescente da terra. E o sertão é um vale fértil. É um pomar vastíssimo, sem dono. Depois tudo isto se acaba. Voltam os dias torturantes; a atmosfera asfixiadora; o empedramento do solo; a nudez da flora; e nas ocasiões em que os estios se ligam sem a intermitência das chuvas -o espasmo assombrador da seca."

O HOMEM "O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral. A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das organizações atléticas. É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-Quasímodo, reflete no aspecto a fealdade típica dos fracos. O andar sem firmeza, sem aprumo, quase gingante e sinuoso, aparenta a translação de membros desarticulados. Agrava-o a postura normalmente abatida, num manifestar de displicência que lhe dá um caráter de humildade deprimente. A pé, quando parado, recosta-se invariavelmente ao primeiro umbral ou parede que encontra; a cavalo, se sofreia o animal para trocar duas palavras com um conhecido, cai logo sobre um dos estribos, descansando sobre a espenda da sela. Caminhando, mesmo a passo rápido, não traça trajetória retilínea e firme. Avança celeremente, num bambolear característico, de que parecem ser o traço geométrico os meandros das trilhas sertanejas. (...) É o homem permanentemente fatigado."

A LUTA "Concluídas as pesquisas nos arredores, e recolhidas as armas e munições de guerra, os jagunços reuniram os cadáveres que jaziam esparsos em vários pontos. Decapitaram-nos. Queimaram os corpos. Alinharam depois, nas duas bordas da estrada, as cabeças, regularmente espaçadas, fronteando-se, faces volvidas para o caminho. Por cima, nos arbustos marginais mais altos, dependuraram os restos de fardas, calças e dólmãs multicores, selins, cinturões, quepes de listras rubras, capotes, mantas, cantis e mochilas... A caatinga mirrada e nua, apareceu repentinamente desabrochando numa florescência extravagantemente colorida no vermelho forte das divisas, no azul desmaiado dos dólmãs e nos brilhos vivos das chapas dos talins e estribos oscilantes... Um pormenor doloroso completou essa encenação cruel: a uma banda avultava, empalado, erguido num galho seco, de angico, o corpo do coronel Tamarindo. Era assombroso... Como um manequim terrivelmente lúgubre, o cadáver desaprumado, braços e pernas pendidos, oscilando à feição do vento no galho flexível e vergado, aparecia nos ermos feito uma visão demoníaca." Trechos extraídos do livro "Os Sertões".

SOCIOLOGIA INTERPRETAÇÃO DO BRASIL Relativismo cultural Relativização dos conflitos Funcionalismo / papeis sociais Gilberto Freyre (1900-1987) Precursor do discurso sobre democracia racial Gilberto Freyre defendia a idéia de que no Brasil a escravidão teria sido suave, amena, e que os escravos eram dóceis e passivos.

SOCIOLOGIA INTERPRETAÇÃO DO BRASIL Darcy Ribeiro (1922-1997) Relativismo cultural Grupos étnicos e culturais Relação conflituosa Dinâmica social Resistência do povo nativo

Interpretação do Brasil

1- casa-grande 2- capela 3- senzala 4- roda d'água 5- moenda 6- fornalha 7- cozimento do caldo 8- casa de purgar 9- roça 10- moradia trabalhadores livres 11- canavial 12- roça dos escravos 13- transporte de cana 14- transporte de lenha para a fornalha

1- casa-grande 2- capela 3- senzala 4- roda d'água 5- moenda 6- fornalha 7- cozimento do caldo 8- casa de purgar 9- roça 10- moradia trabalhadores livres 11- canavial 12- roça dos escravos 13- transporte de cana 14- transporte de lenha para a fornalha

1- casa-grande 2- capela 3- senzala 4- roda d'água 5- moenda 6- fornalha 7- cozimento do caldo 8- casa de purgar 9- roça 10- moradia trabalhadores livres 11- canavial 12- roça dos escravos 13- transporte de cana 14- transporte de lenha para a fornalha

SOCIOLOGIA INTERPRETAÇÃO DO BRASIL Relativismo cultural Resistência e Conflito Gilberto Freyre (1900-1987) Dinânica Social Grupos étnicos e culturais Conflitos / resistência Dinâmica social

INTERPRETAÇÃO DO BRASIL Florestan Fernandes (1920-1995) A colonização se deu através de conflitos. A democracia racial é um mito que mascara as desigualdades raciais O negro e o índio sofrem desvantagem política e econômica Conflito marcado pela desigualdade e exclusão social

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INTERPRETAÇÃO DO BRASIL Florestan Fernandes (1920-1995) A colonização se deu através de conflitos. A democracia racial é um mito que mascara as desigualdades raciais O negro e o índio sofrem desvantagem política e econômica Conflito marcado pela desigualdade e exclusão social