A Importância do brincar nas aulas de Educação Física MARCELO LEITE RESUMO Este texto é uma reflexão sobre o brincar nas aulas de educação física escolar do primeiro e segundo ciclo do ensino fundamental, fruto de observações do cotidiano da Escola Municipal Rolândia da Cidade de Curitiba, Paraná, na qual estamos inseridos por meio do subprojeto A perspectiva da cultura corporal em distintos contextos da formação docente na Educação Física escolar do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), da Universidade Federal do Paraná. Objetiva também, mostrar os eixos que norteiam a proposta da educação física na referida escola e como eles estão se modificando em função de um processo de trabalho pedagógico desse componente curricular. Quando iniciamos no subprojeto, foi nos apresentado o tradicional e outras formas de ensinar nas aulas educação física por meio da proposta de um Coletivo de Autores, que aborda sobre a educação física, definindo-a como uma prática pedagógica que tematiza cinco formas de atividades de expressão corporal: jogos, esportes, danças, ginásticas e lutas. Essas atividades configuram assim, uma área de conhecimento denominada de cultura corporal. Ao entrar no cotidiano da referida escola, fica nítido que aquele espaço de conhecimento utiliza uma metodologia de ensino problematizadora que tem surtido efeito no desenvolvimento do aluno e no ambiente escolar, além de estabelecer um vinculo entre comunidade, o aluno e a escola. As aulas são planejadas a partir de temáticas, por exemplo: no 3º bimestre do ano de 2015, está sendo trabalhada a temática do tempo e suas formas de apropriação através da relação com a escola. Nesse contexto, o brincar é a estratégia privilegiada para a implementação dessa temática. Sendo assim, notamos que a inserção da criança nessa proposta e o brincar ali desenvolvido, ajudam criar dentro das mesmas a concepção da importância do movimento corporal em suas mais diversas vertentes. Introdução
O objetivo do seguinte texto é refletir sobre o brincar e o lúdico nas aulas de Educação Física Escolar. Essa reflexão é fruto de observações do cotidiano da Escola Municipal Rolândia, na qual estamos inseridos por meio do subprojeto A perspectiva da cultura corporal em distintos contextos da formação docente na Educação Física escolar do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), da Universidade Federal do Paraná. Objetiva também mostrar que os conteúdos que norteiam a educação física nessa escola, estão perdendo força e até se modificando. A partir das primeiras observações na escola comecei a entender que a escola é um espaço de desenvolvimento da criança, espaço esse que não está sendo aproveitado, ou melhor, dizendo explorado. Muitas vezes o docente não explora os espaços de seu domínio, achando que o seu saber docente já é o bastante para sua profissão. A inserção da criança nesses espaços proporciona ao seu desenvolvimento o conhecimento de novas culturas, estabelecendo relações corporais com situações criadas a partir do novo contexto ali apresentado. O brincar é o maior responsável pela busca desses espaços, desencadeando em cada aula uma nova visão da maneira que esses eixos são postos nas aulas de educação física. O brincar é a forma rápida de detectar e saber sobre o sucesso da aula realizada. Ao passar dos dias de acompanhamento das aulas na escola mencionada, conseguimos perceber que na hora do recreio os alunos realizam atividades que aprenderam na educação física, e novamente fiz uma reflexão e fui à busca de respostas. Por que os alunos ao invés de fazerem suas atividades cotidianas estão fazendo atividades que aprenderam na aula de Educação Física? Por que não estão brincando com operações matemáticas, já que na educação infantil esse saber pedagógico utiliza atividades lúdicas para repassar o conhecimento? (...) é no brincar que a criança otimiza o desenvolvimento físico-motor e propicia uma relação com os símbolos que constituem as atividades do seu cotidiano; portanto, o brincar oferece à criança condições de se desenvolver e se apropriar de elementos da realidade por meio da compreensão dos seus significados (GARANHANI, 2002, p. 112).
Sendo assim, acredito que a inserção da criança nos novos espaços e o brincar ali desenvolvido, ajudam criar dentro das mesmas a concepção da importância do movimento corporal em suas mais diversas vertentes. Quando iniciamos no projeto, foi nos apresentado o tradicional e outras formas de ensinar a educação física por meio da proposta de um Coletivo de Autores (SOARES, et. al. 1992). Focamos nossas leituras no segundo capítulo da obra, que aborda sobre a EDUCAÇÃO FISICA ESCOLAR, definindo-a como uma prática pedagógica, que tematiza formas de atividades de expressão corporal. Somando-se a essa obra, utilizamos outros autores para definir os elementos da cultura corporal: - O jogo segundo HUIZINGA (2007, p. 33) é uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente da vida cotidiana - O esporte para BARBANTI (2006, p. 57) é uma atividade competitiva institucionalizada que envolve esforço físico vigoroso ou o uso de habilidades motoras relativamente complexas, por indivíduos, cuja participação é motivada por uma combinação de fatores intrínsecos e extrínsecos. - A dança conforme FERREIRA (1999, p. 604) é uma sequência de movimentos corporais executados de maneira ritmada, em geral ao som de música. - De acordo com a CBG (2006), a ginástica tem como objetivo central promover o lazer saudável, proporcionando bem estar físico, psíquico e social aos praticantes, favorecendo a performance coletiva, com respeito às individualidades, em busca da auto superação pessoal, sem qualquer tipo de limitação para a sua prática, seja quanto às possibilidades de execução, sexo ou idade, ou ainda quanto à utilização de elementos materiais, musicais e coreográficos, preocupando-se em apresentar, neste contexto, aspectos da cultura nacional, sempre sem fins competitivos. - Nas palavras de GOMES (2008, p. 49) a luta é uma: Prática corporal imprevisível, caracterizada por determinado estado de contato, que possibilita a duas ou mais
pessoas se enfrentarem numa constante troca de ações ofensivas e/ou defensivas, regida por regras, com o objetivo mútuo sobre um alvo móvel personificado no oponente Essas atividades configuram assim, uma área de conhecimento denominada de CULTURA CORPORAL. A partir da leitura dessa obra entendemos que a Educação Física não é apenas ESPORTE, mas sim uma ferramenta para ajudar a desenvolver de forma mais integral o indivíduo inserido em uma sociedade. É muito fácil ficar atrás de um birô escrevendo sobre a atuação do docente na educação física escolar, sem se quer nunca ter vivenciado as diversas dificuldades (falta de material, espaço, incentivo a profissional) que a maioria das escolas apresenta. Pela convivência que tivemos com alguns colegas professores, percebo que não há uma boa familiarização com os (eixos) elementos citados acima. Ao entrar no ambiente da Escola Municipal Rolândia, fica nítido que aquele espaço de conhecimento é diferente. O vinculo criado entre comunidade aluno escola, mostra que a metodologia problematizadora abordada naquela escola está dando certo. As aulas de educação física não são apenas aulas, mas um espetáculo de saber docente e pedagógico. Nas primeiras observações sem ainda ter tido o contato com a obra do Coletivo de Autores, ficava imaginando, o quanto aqueles professores trabalharam para colocar em prática o que eles aprenderam na academia, se aprenderam. Estavam fazendo brincadeiras com as crianças ao invés de aplicarem a iniciação ao esporte, como geralmente acontece nas escolas espalhadas pelo Brasil. Em nossas primeiras reuniões de planejamento observando ainda as formas de atuação dos professores, constatei que os mesmos estavam colocando em prática o que Soares et al (1992) consideram: a importância da problematização relacionada com o contexto sociocultural do aluno, como estratégia para otimização da transmissão dos conteúdos escolares da educação física. Nesse pensamento percebo que isso aplicado à prática, faz uma diferença enorme na metodologia de ensino, a qual dar oportunidade e espaço para que o conteúdo seja contextualizado direcionando o aluno a fazer a relação dos conceitos trabalhados nas aulas, abordando e problematizando situações vividas pelos mesmos, ou situações que estão postas pela comunidade em que vivem.
Fica claro ao observar as aulas, o entusiasmo e a vontade de participar, projetada através do sorriso de cada aluno dentro daquele espaço. Sabemos que a Educação Física é o carro chefe nas escolas, é a matéria que todo aluno quer participar, e em nossa escola não é diferente. Ao conversar com alguns alunos, consegui identificar em poucas palavras trocadas, que a as aulas ministradas naquele espaço estão de uma forma rápida e simples ajudando ao desenvolvimento psicomotor dos alunos, daquele aluno indisciplinado que só quer fazer sua vontade, mas por incrível que pareça o BRINCAR tem contribuído para a transformação desses alunos, ajudando a moldar sua personalidade. Também vem ajudando a desenvolver aqueles mais quietos, tímidos, vergonhosos, direcionando os mesmos ao exercício de troca de experiência entre os próprios. No 3º bimestre do ano de 2015, trabalhamos a temática do tempo e suas formas de apropriação por meio da relação com a escola pelos alunos. Essa temática proporcionou reflexões aos alunos a respeito da apropriação do tempo e sugere novas formas de se apropriar desse tempo. É aqui que encaixo nosso objetivo em relação a essa dissertação. Apesar de termos eixos para nortear nossas práticas de ensino, na maioria das vezes não utilizamos ou nos limitamos em apenas um. Segundo (PCN S, 1997, p. 23), esses eixos têm em comum a representação corporal, com características lúdicas, de diversas culturas humanas; todos eles ressignificam a cultura corporal humana e o fazem utilizando uma atitude lúdica. Finalizo esse texto acreditando que o brincar é de fundamental importância para a ativação e implantação correta desses eixos, pois os mesmos estão sendo utilizado de formas invertidas levando uma concepção exacerbada da educação física escolar. Acredito também que a foto, isso mesmo a foto do professor de educação física que chega à escola e dar uma bola para jogarem e fica sentado, vai ser rasgada. Está nítido que o enfraquecimento desses eixos, se dar por meio dessa preparação docente que muitas vezes se dar apenas pelo saber docente, criando assim uma desestimulante para a o firmamento desses atores principais de nosso sucesso. REFERÊNCIAS
GARANHANI, M. C. A Educação Física na escolarização da pequena infância. Revista Pensar a Prática. 5:106-122, jul / jun. 2002. HUIZINGA, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. 5edição. São Paulo: Perspectiva, 2007. BARBANTI, Valdir Jose. O que é esporte?. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, v. 2, p. 54-58, 2006. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da língua portuguesa. 3ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. Confederação Brasileira de Ginástica (CBG). Regulamento Técnico 2006. Ginástica Geral. Artigo 01 GOMES, M. S. P. Procedimentos pedagógicos para o ensino das lutas: contextos e possibilidades, 2008. Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2008. SOARES et. al. Metodologia do ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992. Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Educaçãofísica /Secretaria de Educação Fundamental Brasília:MEC/SEF, 1997.