A MEMÓRIA NO ENSINO E NA APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA: O CASO DE UM 7º ANO DA ESCOLA MUNICIPAL LILA MAIA Sona Mara Souza Corrêa, UEA, sonalevi@hotmail.com Lucélida de Fátima Maia da Costa, UEA, celiamaia5@hotmail.com Bruno Lopes dos Reis, UEA, brunolopesdosreis@gmail.com Thiago Miranda Farias, UEA, thiago_farias18@hotmail.com RESUMO O interesse pela temática surgiu das experiências adquiridas no estágio supervisionado no curso de licenciatura em matemática. A pesquisa objetiva analisar como a prática docente mobiliza os processos da memória no ensino e na aprendizagem da matemática de alunos do 7º ano de uma escola do município de Parintins. Optou-se pelo estudo de caso e selecionou-se a observação direta e a entrevista como principais técnicas para a coleta de informações. O estudo aponta a necessidade de conhecimento docente sobre como os processos da memória podem tornar o ensino da matemática mais eficaz. Palavras-chave: Prática Docente, Memória, Ensino de Matemática. ABSTRACT The interest in the area emerged from the experience gained in the supervised training in undergraduate course in mathematics. The research aims to analyze how the teaching practice mobilizes memory processes in teaching and learning of mathematics for students in 7th grade at a school in the city of Parintins. We chose the case study and selected to direct observation and interviews as the main techniques for collecting information. The study highlights the need for knowledge about teaching the processes of memory can make mathematics teaching more effective. Keywords: Educational Practice, Memory, Teaching of Mathematics. 1 Introdução Durante o período de observações realizadas no estágio supervisionado do curso de Licenciatura em Matemática, da Universidade do Estado do Amazonas, nos níveis de Ensino Fundamental e Médio despertou-se o interesse pelas estratégias que os docentes de matemática utilizavam para que a matemática fosse compreendida pelos discentes. Nesse sentido, optou-se por pesquisar como os
docentes mobilizam os processos da memória no ensino e na aprendizagem com alunos do 7º ano da Escola Municipal Lila Maia, situada na cidade de Parintins Amazonas. Acredita-se na importância desta pesquisa, uma vez que a compreensão dos processos da memória poderá contribuir com a efetivação de um ensino de matemática mais efetivo por meio de uma prática docente que realmente desencadeie a aprendizagem mobilizando estes processos. Porém para isso, é necessária a compreensão de que a memória se dá em curto e longo prazo e que é indispensável uma diversidade de técnicas para mobilizá-la. Para o desenvolvimento da pesquisa optou-se pelo estudo de caso e pela observação direta combinada com entrevistas para a coleta de dados junto aos sujeitos da pesquisa. Neste texto, estão presentes parte do referencial teórico, os procedimentos metodológicos, os resultados preliminares, além das considerações finais. 2 Referencial Teórico A pesquisa alicerça-se em autores como Lorenzato e Fioretin (2001) e Fonseca (2009), os quais indicam que o ensino e a aprendizagem matemática decorrem de ações pedagógicas que possam não somente elevar os índices escolares, mas que viabilize, ao aluno, a real compreensão do que está aprendendo em sala de aula tornando os conceitos matemáticos significativos para sua educação. Nesse sentido, Costa (2007, p.17), afirma que é necessário conhecer as principais características das correntes e propostas que influenciam o processo de ensino da matemática, e analisar o que cada uma delas tem a contribuir para o trabalho do professor. A busca pela compreensão de como a mobilização da memória pode ser um mecanismo para a eficácia do ensino da matemática desencadeia a necessidade de conhecer sobre o processo psicológico da memória o que leva ao embasamento no pensamento de autores como Sternberg (2010, p.153), que se baseando nos estudos de Tulving (2000), Tulving e Craik(2000), afirma que: memória é o meio pelo qual retemos e nos valemos de nossas experiências passadas para usar essas informações no presente. Já para Silveira (2005, p.67), a memória é dúbia, pois ela nos faz reviver diferentes emoções quando reconhecemos e recordamos, mas ela
também provoca inquietação e dúvida, já que nem sempre se apresenta no momento em que delas precisamos, [...]. Desenha-se assim, um panorama que induz ao pensamento de que o ensino da matemática não se dá de forma passiva ou por simples processos de reprodução e memorização, pois o conhecimento envolve processos psicológicos como atenção, percepção e memória dentre outros. Para que no ensino de matemática haja mobilização da memória é necessário lembrar que psicólogos cognitivos identificaram três processos da memória: o da codificação (obtém-se a informação); o armazenamento (retém-se a informação) e a recuperação (acessa-se a informação que se precisa). Estes processos podem ser identificados na memória de curto e longo prazo (STERNBERG, 2010). A memória de curto prazo retém informações recentes e esta é captada principalmente pela audição, e a de longo prazo é a que permanece no consciente e se utiliza da audição, da semântica e visual. Nela acumula-se informações necessárias do nosso cotidiano, assim quanto mais significativa for processada a informação, tanto mais poderá ser reutilizada. A memória de longa duração pode ser relevante para a aprendizagem, visto que esta permanece na consciência (COSENZA e GUERRA, 2011), (STERNBERG, 2010). 3 Procedimentos Metodológicos A pesquisa está sendo realizada com um professor que ministra a disciplina de matemática e com vinte alunos do 7º ano da Escola Municipal Lila Maia situada na cidade de Parintins/Amazonas. Os alunos foram selecionados obedecendo ao seguinte critério: dez alunos com bom rendimento e dez com baixo rendimento em matemática, com o intuito de perceber se a mobilização dos processos da memória influencia nos rendimentos destes. Os objetivos traçados levam a uma pesquisa qualitativa com abordagem de estudo de caso tomando-se orientações em Yin (2001, apud. Gil), Gil (2002) e Chizzotti (2011). Os dados estão sendo coletados por meio de observação direta da aula de matemática, a qual permitirá um contato mais próximo do objeto de estudo facilitando a coleta de dados, e entrevista não estruturada desenvolvida com o professor de matemática e com os alunos da turma escolhida, esses procedimentos
baseiam-se nas indicações de Ludke e André (2007), Marconi e Lakatos (2001) e Richardson (1999). Os dados obtidos estão sendo organizados em categorias de análise por possuírem amplitude e flexibilidade que permite abranger a maioria dos dados da pesquisa. Para a realização da análise das informações obtidas seguir-se-á os pressupostos da dialética que permite explicitar a dinâmica e as contradições internas dos fenômenos e explicam as relações entre homem-natureza em especial a teoria-prática (FAZENDA, 2004). 4 Resultados Preliminares As observações mostram um ensino de matemática ainda realizado de forma metodicamente indutivo, limitado pelo uso do livro didático, incapaz de desenvolver nos alunos a habilidade de dedução e generalização. A prática docente percebida, de modo geral, era pautada em pouco diálogo sem a capacidade de articulação entre o que se está ensinando e o que já foi ensinado e o que é vivido no contexto além escola. Os processos da memória eram vistos de forma negativa, isto é, apenas como a obrigação de memorização de regras e fórmulas, onde o que está na memória de curto prazo devesse de forma milagrosa ficar disponível para utilização, mesmo quando não se mobilizou mecanismos para que as informações fossem devidamente armazenadas na memória de longo prazo. Tal prática não é exclusividade da realidade observada, de modo geral, representa o ensino de matemática em muitas escolas. Diante disso, verificou-se que a utilização dos processos da memória pouco ou quase nada era mobilizada. Nesse sentido, pensa-se que apontar mecanismos e estratégias que mobilizem os processos da memória torna mais eficaz o ensino e aprendizagem da matemática. Contudo, a utilização dessas novas possibilidades dependerá unicamente dos atuais e futuros profissionais da área. 5 Considerações Finais O andamento da pesquisa vem mostrando a grandiosa e complexa responsabilidade de se fazer pesquisa na área de Educação Matemática e como seus resultados poderão ou não ser relevantes ao processo de ensino e aprendizagem da matemática em contexto escolar, principalmente quando se trata
de aspectos cognitivos indispensáveis à aprendizagem como é a mobilização dos processos da memória. Nesse sentido, é necessário que os cursos de formação de professores tenham a preocupação em fomentar fundamentos teóricos que permitam ao professor de matemática um conhecimento amplo sobre as formas de ensino e aprendizagem para além do conhecimento de técnicas. É necessário perceber que só se pode pensar em ensinar se souber como as pessoas aprendem e os mecanismos que podem ser mobilizados para tal objetivo. Sendo assim, ao se pensar em ensino de matemática é imperioso saber como e quais métodos utilizar para que os alunos consigam reter na memória o que está sendo ensinado e mais, essa escolha deve ser consciente, o professor não pode se enganar pensando que todos os conteúdos serão aprendidos e retidos na memória da mesma forma e por meio de uma única estratégia de ensino. 6 Referências CHIZZOTTI, Antonio. Pesquisa em ciências humanas e sociais. 3ª ed. São Paulo: Cortez, 2001 COSENZA, Ramon M. GUERRA Leonor B. Neurociência e educação: como o cérebro aprende. Porto Alegre: Artmed, 2011. COSTA, Iêda Maria de A. Câmara/coordenadora. Metodologia e Prática de Ensino de Matemática. Manaus: UEA/ PROFORMAR, ed. 2007. FONSECA, Vitor da. Cognição, neuropsicologia e aprendizagem: abordagem neuropsicológica. 4ª ed. Petrópolis: Vozes, 2009. GIL, Antonio. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2002. LUDKE, Menga. ANDRÉ, Mali. E. D. E. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. 10ª reimpressão. São Paulo: EPU, 2007. LORENZATO, Sérgio. FIORENTINI, Dario. O profissional em Educação Matemática. Universidade Santa Cecília. Anais, Santos SP, 2001.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de Pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisa e elaboração. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 1990. SILVEIRA, Cláudio de Carvalho/coordenador. Fundamentos da Educação IV. et all. Rio de Janeiro Fundação CEC/ERJ, 2005. STERNBERG, Robert J. Psicologia cognitiva. 3ª ed. São Paulo: Cengago Learning, 2010. RICHARDSON, Robert Jany. Pesquisa social: métodos e técnicas São Paulo: Atlas, 1999. YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e método. 2ª ed. Porto Alegre: Book-Man, 2001. IN GIL, Antonio. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2002.